Que la pluma sea también una espada y que su filo corte el oscuro muro por el que habrá de colarse el mañana [Subcomandante Marcos]
sábado, janeiro 31, 2004
A crítica televisiva
Extrato do tal artigo de Marcos Pombal "Um programa para ver de costas" (quando deito as unhas a um Inimigo Publico, é quem mais gosto de ler):
A quadratura do círculo consiste em demonstrar que José Magalhães, Pacheco Pereira e Lobo Xavier exprimem o arco das opiniões políticas Portuguesas. Ninguém acredita nessa pratanha. Para além de outras minudências, não se pode fugir a um facto: faltam ali os comunas. Debates sem amigos de Estaline, próceres de Lenine, seguidores de Trotsky ou amas-secas de Mao não é debate a sério. Para cada opinião engravatada e demo-liberal devia existir um contraditor de charro e pistola de assalto a bramir um exemplar coçado de "Materialismo e Empiro-Criticismo". Em russo.
Além do mais, este programa de telvisão nada tem de televisivo. Desde logo, porque preenche 50 minutos sem uma única gaja boa, partida que a SIC notícias raramente nos prega. Depois, porque os rapazes não são lá muito bonitos: Pacheco Pereira é um saco de batatas que leu Max Weber; José Magalhães um Coktail Molotov esgazeado; Lobo Xavier um biquinho de beto com penteado de queque. E Carlos Andrade parece, na melhor das hipóteses, um urso bondoso a comer Corn Flakes.
A quadratura do círculo consiste em demonstrar que José Magalhães, Pacheco Pereira e Lobo Xavier exprimem o arco das opiniões políticas Portuguesas. Ninguém acredita nessa pratanha. Para além de outras minudências, não se pode fugir a um facto: faltam ali os comunas. Debates sem amigos de Estaline, próceres de Lenine, seguidores de Trotsky ou amas-secas de Mao não é debate a sério. Para cada opinião engravatada e demo-liberal devia existir um contraditor de charro e pistola de assalto a bramir um exemplar coçado de "Materialismo e Empiro-Criticismo". Em russo.
Além do mais, este programa de telvisão nada tem de televisivo. Desde logo, porque preenche 50 minutos sem uma única gaja boa, partida que a SIC notícias raramente nos prega. Depois, porque os rapazes não são lá muito bonitos: Pacheco Pereira é um saco de batatas que leu Max Weber; José Magalhães um Coktail Molotov esgazeado; Lobo Xavier um biquinho de beto com penteado de queque. E Carlos Andrade parece, na melhor das hipóteses, um urso bondoso a comer Corn Flakes.
A advocacia em Portugal
No último Inimigo Publico, Marcos Pombal afirma que Pacheco Pereira tem três estilos de debate: a prédica, o enfado enervado e o "mas eu não sou jurista" (sempre que o assunto é concreto). Para minha surpresa, enquanto lia estas singelas linhas, Luís delgado afirma exactamente o mesmo "mas eu não sou jurista" para falar do artigo 109 (ou mais ou menos) segundo o qual a nossa amiga Celeste Cardona está completamente ilibada e que fez muito bem e que tinha mais do que direito de fazê-lo. 5 minutos depois, noutro canal da TV Cabo (podia ser de humor, mas os senhores sentam-se todos muito sérios dispostos em meio círculo, a debitar ofensas e mimos uns aos outros), Francisco Louçã ao dizer que a ministra era inimputável, levou um puxão de orelhas do Presidente Mota Amaral que lhe prespegou logo que "apesar de ser um economista ilustre, o senhor não é jurista....
Mas que obsessão com os juristas; da próxima vez, para poder dizer alguma barbaridade, Louçã terá que empregar o já tradicional "mas eu não sou jurista", antes de formular uma frase. Parece que obra maravilhas, e é verdade que fica sempre bem.....
PS - entretanto o Primeiro Ministro veio dizer que o que foi feito foi para manter o emprego daqueles trabalhadores.... é pena que não tenham feito o mesmo pelos outros milhares que se quilharam no mesmo ano...
Mas que obsessão com os juristas; da próxima vez, para poder dizer alguma barbaridade, Louçã terá que empregar o já tradicional "mas eu não sou jurista", antes de formular uma frase. Parece que obra maravilhas, e é verdade que fica sempre bem.....
PS - entretanto o Primeiro Ministro veio dizer que o que foi feito foi para manter o emprego daqueles trabalhadores.... é pena que não tenham feito o mesmo pelos outros milhares que se quilharam no mesmo ano...
Opus Gay e CGTP
A Opus Gay esteve presente na abertura do 10º Congresso da CGTP, 30 anos depois de Abril, tendo sido a primeira vez que uma federação sindical convida os movimentos lgbt para um Congresso.
A Opus Gay saúda a CGTP por incluir no seu programa de acção o reconhecimento da discriminação de que são alvo as pessoas com orientação sexual homossexual (3.7.1.), a necessidade de combater a homofobia (7.1.6.), o respeito pela protecção de dados pessoais sensíveis, como os respeitantes à orientação sexual (3.5.4), e o reconhecimento do movimento lgbt como enriquecedor da diversidade social (ponto 8.4.1.).
No entanto, na proposta de Estatutos, no ponto relativos ao Princípios (II), nomeadamente o ponto "Unidade", refere uma série de discriminações e não refere a discriminação com base na orientação sexual, o que nos parece de corrigir no futuro. Também o ponto III, "A natureza de classe da CGTP-In", refere múltiplos tipos de desigualdades e discriminações e não refere a homofobia, o que nos parece também de corrigir.
A Opus Gay solidariza-se com a preocupação exposta por Carvalho da Silva no seu importante discurso de abertura, ao denunciar o forte ataque de que os direitos dos trabalhadores estão a ser alvo, e concorda também a importância de estar atento ao processo de discussão pública da
Regulamentação do novo Código de Trabalho. Este discurso de Carvalho da Silva não foi meramente crítico e soube apresentar as linhas principais para um rumo de desenvolvimento novo para o país, que se faça com os trabalhadores e não contra eles, com os movimentos sociais e sindicais mobilizados pela positiva.
A Opus Gay tomou boa nota da escolha do grande poeta e lutador José Carlos Ary dos Santos, reconhecidamente de orientação homossexual, na emotiva apresentação multimédia que deu início ao Congresso.
A Direcção da Opus Gay
A Opus Gay saúda a CGTP por incluir no seu programa de acção o reconhecimento da discriminação de que são alvo as pessoas com orientação sexual homossexual (3.7.1.), a necessidade de combater a homofobia (7.1.6.), o respeito pela protecção de dados pessoais sensíveis, como os respeitantes à orientação sexual (3.5.4), e o reconhecimento do movimento lgbt como enriquecedor da diversidade social (ponto 8.4.1.).
No entanto, na proposta de Estatutos, no ponto relativos ao Princípios (II), nomeadamente o ponto "Unidade", refere uma série de discriminações e não refere a discriminação com base na orientação sexual, o que nos parece de corrigir no futuro. Também o ponto III, "A natureza de classe da CGTP-In", refere múltiplos tipos de desigualdades e discriminações e não refere a homofobia, o que nos parece também de corrigir.
A Opus Gay solidariza-se com a preocupação exposta por Carvalho da Silva no seu importante discurso de abertura, ao denunciar o forte ataque de que os direitos dos trabalhadores estão a ser alvo, e concorda também a importância de estar atento ao processo de discussão pública da
Regulamentação do novo Código de Trabalho. Este discurso de Carvalho da Silva não foi meramente crítico e soube apresentar as linhas principais para um rumo de desenvolvimento novo para o país, que se faça com os trabalhadores e não contra eles, com os movimentos sociais e sindicais mobilizados pela positiva.
A Opus Gay tomou boa nota da escolha do grande poeta e lutador José Carlos Ary dos Santos, reconhecidamente de orientação homossexual, na emotiva apresentação multimédia que deu início ao Congresso.
A Direcção da Opus Gay
sexta-feira, janeiro 30, 2004
Notícias LGBT
ONU RECONHECE DIREITOS A FUNCIONÁRIOS HOMOSSEXUAIS
As Nações Unidas reconhecem uniões de facto e casamentos homossexuais dos seus funcionários cujos países de nacionalidade também as reconheçam
CARDEAL BELGA PROCESSADO POR DISCURSO HOMOFÓBICO
Gustaaf Joos, Cardeal belga que na semana passada mencionou em discurso público que os gays são prevertidos foi acusado pelo Centre for Equal Opportunities and the Fight Against Racism (CEOFAR), ao abrigo das leis anti-discriminação belgas. Esta organização acusa o Cardeal, não a Igreja Católica.
PRIMEIRO CASAMENTO GAY DE UM MINISTRO CANADIANO
Ted Nebbeling, Ministro de Estado da British Columbia, Vancouver, casou dia 26. Este Ministro é o responsável pelos Jogos Olímpicos de 2010 em Vancouver.
BUENOS AIRES TEM MILONGA GAY
Esta cidade, que foi a primeira da América Latina a reconhecer as uniões de facto, em 2003, e que possui dezenas de discotecas gays, tem agora um local de dança de tango para gays e lésbicas - La Marshall
Opus Gay
As Nações Unidas reconhecem uniões de facto e casamentos homossexuais dos seus funcionários cujos países de nacionalidade também as reconheçam
CARDEAL BELGA PROCESSADO POR DISCURSO HOMOFÓBICO
Gustaaf Joos, Cardeal belga que na semana passada mencionou em discurso público que os gays são prevertidos foi acusado pelo Centre for Equal Opportunities and the Fight Against Racism (CEOFAR), ao abrigo das leis anti-discriminação belgas. Esta organização acusa o Cardeal, não a Igreja Católica.
PRIMEIRO CASAMENTO GAY DE UM MINISTRO CANADIANO
Ted Nebbeling, Ministro de Estado da British Columbia, Vancouver, casou dia 26. Este Ministro é o responsável pelos Jogos Olímpicos de 2010 em Vancouver.
BUENOS AIRES TEM MILONGA GAY
Esta cidade, que foi a primeira da América Latina a reconhecer as uniões de facto, em 2003, e que possui dezenas de discotecas gays, tem agora um local de dança de tango para gays e lésbicas - La Marshall
Opus Gay
“Deixem-me rir…” I
Por Alberto Matos, Radio pax
A regulamentação da Lei de Imigração foi anunciada, com pompa e circunstância, em conferência de imprensa que mobilizou nada menos de três ministros: Bagão Félix, Figueiredo Lopes e Morais Sarmento, tendo este último sublinhado tratarem-se de instrumentos de "uma política única" dentro do Governo, recusando assim a divisão entre os partidos da coligação. Nem de propósito, três dias depois, o CDS-PP promoveu um jantar onde o líder parlamentar Telmo Correia apresentou Nuno Magalhães, secretário de Estado da Administração Interna, como "o membro do Governo que tem a tutela desta política" e o deputado Nuno Melo manifestou "muita satisfação por um assunto como a imigração ter ficado sob a tutela de um secretário de Estado do CDS, partido que elegeu esta matéria como prioritária desde sempre".
Deixando de lado os arrufos entre os partidos do governo, a verdade é que a obra produzida não é merecedora de tanta prosápia. Desde logo porque o decreto regulamentar tem quase onze meses de atraso, faltando ainda a aprovação do Presidente da República que, esperemos, promova algumas alterações positivas; até à publicação final em Diário da República, vai ser ultrapassado o prazo de um ano em relação à lei de 25 de Fevereiro de 2003. Mas se o governo legislou tarde, o pior é que legislou mal.
Logo que foi anunciada uma quota de 6500 novos imigrantes para 2004, foi unânime o coro de críticas de sindicatos, associações de imigrantes, igrejas e até do patronato: Francisco Vanzeller, presidente da CIP, que sabe do que fala, foi claro ao comentar “deixem-me rir”. Mas se detalharmos este número, o absurdo torna-se ainda mais evidente: 2100 para a agricultura não dão nem para as culturas de primavera nas estufas do Brejão e Vila Nova de Mil Fontes; 2000 para a hotelaria, só se Portugal todo coubesse não no Algarve mas, digamos, no concelho de Portimão; e 1900 para a construção civil, enfim, dispensam-se mais comentários… Bagão Félix procurou somar-lhes os cerca de 13 mil imigrantes inscritos nos centros de emprego – o que, mesmo assim, não perfaz sequer 20 mil – esquecendo que estas inscrições estão por norma desactualizadas.
A regulamentação da Lei de Imigração foi anunciada, com pompa e circunstância, em conferência de imprensa que mobilizou nada menos de três ministros: Bagão Félix, Figueiredo Lopes e Morais Sarmento, tendo este último sublinhado tratarem-se de instrumentos de "uma política única" dentro do Governo, recusando assim a divisão entre os partidos da coligação. Nem de propósito, três dias depois, o CDS-PP promoveu um jantar onde o líder parlamentar Telmo Correia apresentou Nuno Magalhães, secretário de Estado da Administração Interna, como "o membro do Governo que tem a tutela desta política" e o deputado Nuno Melo manifestou "muita satisfação por um assunto como a imigração ter ficado sob a tutela de um secretário de Estado do CDS, partido que elegeu esta matéria como prioritária desde sempre".
Deixando de lado os arrufos entre os partidos do governo, a verdade é que a obra produzida não é merecedora de tanta prosápia. Desde logo porque o decreto regulamentar tem quase onze meses de atraso, faltando ainda a aprovação do Presidente da República que, esperemos, promova algumas alterações positivas; até à publicação final em Diário da República, vai ser ultrapassado o prazo de um ano em relação à lei de 25 de Fevereiro de 2003. Mas se o governo legislou tarde, o pior é que legislou mal.
Logo que foi anunciada uma quota de 6500 novos imigrantes para 2004, foi unânime o coro de críticas de sindicatos, associações de imigrantes, igrejas e até do patronato: Francisco Vanzeller, presidente da CIP, que sabe do que fala, foi claro ao comentar “deixem-me rir”. Mas se detalharmos este número, o absurdo torna-se ainda mais evidente: 2100 para a agricultura não dão nem para as culturas de primavera nas estufas do Brejão e Vila Nova de Mil Fontes; 2000 para a hotelaria, só se Portugal todo coubesse não no Algarve mas, digamos, no concelho de Portimão; e 1900 para a construção civil, enfim, dispensam-se mais comentários… Bagão Félix procurou somar-lhes os cerca de 13 mil imigrantes inscritos nos centros de emprego – o que, mesmo assim, não perfaz sequer 20 mil – esquecendo que estas inscrições estão por norma desactualizadas.
“Deixem-me rir…” II
Por Alberto Matos, Radio pax
Em todo o caso, estamos a falar de poucas dezenas de milhar. Se não se tratasse de seres humanos e a situação não fosse muito séria, justificar-se-ia o cinismo patronal do “deixem-me rir”. Alguns comentadores amigos do governo somaram-lhe ainda os 31 mil brasileiros inscritos para no processo de legalização. Só que este acordo revela-se não apenas discriminatório para as outras comunidades mas uma autêntica fraude para os brasileiros, a quem foi exigido deslocarem-se aos consulados de Sevilha ou Vigo para obterem vistos de trabalho; muitos já tiveram de ir a Madrid e a maioria volta para trás, à procura de mais um papel… que falta sempre! Em seis meses, apenas 64 (!) conseguiram visto, o que começa a motivar naturais protestos da embaixador, da Casa do Brasil e do próprio governo Lula que assinou este acordo de boa fé.
Toda esta trapalhada resulta duma paródia de afirmação de autoridade do governo e da sua recusa em encarar a realidade dos mais de 100 mil clandestinos a trabalhar em Portugal - o Sindicato do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), entidade credível nesta área, tem vindo a falar em cerca de 200 mil. Claro que estes números estão muito longe das quotas do governo, elaboradas com base em inquéritos às entidades patronais; mas é óbvio que nenhum dos muitos patrões que explora mão de obra clandestina responde a estes inquéritos. Façamos justiça ao governo: eles sabem que isto é verdade, Bagão Félix não é cego, talvez pensem é que nós não sabemos que eles sabem…
Quando entramos na casa das centenas de milhar de clandestinos, nenhuma política realista e respeitadora dos direitos humanos pode deixar de encarar a abertura de um processo extraordinário de legalização dos imigrantes de todas as nacionalidades que já estão hoje a trabalhar em Portugal. É com este objectivo que se realiza no próximo sábado, 31 de Janeiro, a Jornada Europeia pela Legalização de Todos os Imigrantes – também em Lisboa, às 15 horas, no Largo Camões. Afinal, a velha Europa precisa dos imigrantes como de pão para a boca!
Em todo o caso, estamos a falar de poucas dezenas de milhar. Se não se tratasse de seres humanos e a situação não fosse muito séria, justificar-se-ia o cinismo patronal do “deixem-me rir”. Alguns comentadores amigos do governo somaram-lhe ainda os 31 mil brasileiros inscritos para no processo de legalização. Só que este acordo revela-se não apenas discriminatório para as outras comunidades mas uma autêntica fraude para os brasileiros, a quem foi exigido deslocarem-se aos consulados de Sevilha ou Vigo para obterem vistos de trabalho; muitos já tiveram de ir a Madrid e a maioria volta para trás, à procura de mais um papel… que falta sempre! Em seis meses, apenas 64 (!) conseguiram visto, o que começa a motivar naturais protestos da embaixador, da Casa do Brasil e do próprio governo Lula que assinou este acordo de boa fé.
Toda esta trapalhada resulta duma paródia de afirmação de autoridade do governo e da sua recusa em encarar a realidade dos mais de 100 mil clandestinos a trabalhar em Portugal - o Sindicato do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), entidade credível nesta área, tem vindo a falar em cerca de 200 mil. Claro que estes números estão muito longe das quotas do governo, elaboradas com base em inquéritos às entidades patronais; mas é óbvio que nenhum dos muitos patrões que explora mão de obra clandestina responde a estes inquéritos. Façamos justiça ao governo: eles sabem que isto é verdade, Bagão Félix não é cego, talvez pensem é que nós não sabemos que eles sabem…
Quando entramos na casa das centenas de milhar de clandestinos, nenhuma política realista e respeitadora dos direitos humanos pode deixar de encarar a abertura de um processo extraordinário de legalização dos imigrantes de todas as nacionalidades que já estão hoje a trabalhar em Portugal. É com este objectivo que se realiza no próximo sábado, 31 de Janeiro, a Jornada Europeia pela Legalização de Todos os Imigrantes – também em Lisboa, às 15 horas, no Largo Camões. Afinal, a velha Europa precisa dos imigrantes como de pão para a boca!
Nem pai nem padastro
Eu há muito que deixei de ver os tele-jornais, já que não me interessa que conversas teve Ferro Rodrigues ao telefone, nem quantas vezes a mulher de Carlos Cruz foi de visita à prisão, etc.. Porém, ontem, sem querer, dei com a notícia da Dra. Celeste Cardona a justificar-se perante alguns deputados ter cometido uma ilegalidade (ou pelo menos uma imoralidade) para salvar não sei quantos postos de trabalho.
Eu há muito que ando confusa sobre o comportamento do estado e sobre a grande diferença entre o que exige que o cidadão faça e o que o próprio estado faz.
Os exemplos são vários. Quem trabalha na secção administrativa da maior parte dos organismos públicos sabe que não foram feitos pagamentos durante o mês de Dezembro de 2003. Isto para que estas dividas passassem para 2004 e se atingisse a tal barreira do défice. Para além de se estar a enganar o povo com números do défice que não são reais, estes atrasos prejudicam imenso as empresas que trabalham com o Estado (estamos a falar de milhares de contos), pois não receberam o que tinham a receber, ainda têm de esperar a abertura de contas de 2004, o que pode muito bem levar algum tempo e pôr algumas empresas menos precavidas em muito maus lençois. Não são nada raros as empresas que trabalham para o Estado que sucumbem ante tantos atrasos em pagamentos.Por outro lado, ouvimos o Estado a falar em penhoras a privados por atrasos no pagamento de impostos por parte de privados.
E agora isto da retenção dos dinheiros da segurança social. Será que se uma empresa ou autarquia retivesse o dinheiro da segurança social sob o argumento de que era indispensável para salvar empregos a coisa decorria com esta suavidade? penso que não. Tanto que houve uma presidente de câmara de foi condenada a 8 meses de prisão por ter feito exactamente isso.
Eu não me sinto nada confortavel em viver num país cujo Estado, para se defender, quebre as regras que forem preciso, sejam elas juridicas ou morais. Por outras palavras, assusta-me viver num país em que o Estado que se defende mais a si próprio do que ao cidadão.
EN
Eu há muito que ando confusa sobre o comportamento do estado e sobre a grande diferença entre o que exige que o cidadão faça e o que o próprio estado faz.
Os exemplos são vários. Quem trabalha na secção administrativa da maior parte dos organismos públicos sabe que não foram feitos pagamentos durante o mês de Dezembro de 2003. Isto para que estas dividas passassem para 2004 e se atingisse a tal barreira do défice. Para além de se estar a enganar o povo com números do défice que não são reais, estes atrasos prejudicam imenso as empresas que trabalham com o Estado (estamos a falar de milhares de contos), pois não receberam o que tinham a receber, ainda têm de esperar a abertura de contas de 2004, o que pode muito bem levar algum tempo e pôr algumas empresas menos precavidas em muito maus lençois. Não são nada raros as empresas que trabalham para o Estado que sucumbem ante tantos atrasos em pagamentos.Por outro lado, ouvimos o Estado a falar em penhoras a privados por atrasos no pagamento de impostos por parte de privados.
E agora isto da retenção dos dinheiros da segurança social. Será que se uma empresa ou autarquia retivesse o dinheiro da segurança social sob o argumento de que era indispensável para salvar empregos a coisa decorria com esta suavidade? penso que não. Tanto que houve uma presidente de câmara de foi condenada a 8 meses de prisão por ter feito exactamente isso.
Eu não me sinto nada confortavel em viver num país cujo Estado, para se defender, quebre as regras que forem preciso, sejam elas juridicas ou morais. Por outras palavras, assusta-me viver num país em que o Estado que se defende mais a si próprio do que ao cidadão.
EN
quinta-feira, janeiro 29, 2004
ANÚNCIO
No âmbito de um protesto europeu organizado pelo Fórum Social Europeu, manifestação "pela regularização de todos os imigrantes"
no largo de Camões, Lisboa, sábado a partir das 15 horas.
Luís Lavoura
no largo de Camões, Lisboa, sábado a partir das 15 horas.
Luís Lavoura
Um argumento sobre propinas
Um argumento que tem sido recorrentemente apresentado em defesa de propinas no ensino superior é o seguinte. O ensino superior dá acesso aos empregos mais bem remunerados numa sociedade. É justo que aqueles que dele usufruem paguem o ensino que lhes vai permitir no futuro ganhar muito dinheiro.
Este argumento parece atraente, mas deixa para trás duas questões.
1) Será justo o enorme diferencial de remunerações que atualmente se verifica entre diferentes profissões? Este diferencial de remunerações assenta num mérito efetivo, num verdadeiro serviço prestado à sociedade, ou antes na exploração de vantagens monopolistas e corporativas por parte de certos profissionais? Achamos aceitável que este diferencial continue a aumentar? Que uma consulta médica se pague a 100 euros? Que um gestor exija 1.000 contos por mês, mais carro e cartão de crédito?
2) O ensino superior é todo uma mercadoria? Todo ele dá acesso a profissões altamente remuneradas? Certamente que não: um estudante de belas-artes ou de antropologia não virá, provavelmente, a alcançar no futuro uma profissão altamente remunerada. Achamos então aceitável que todos os estudantes vejam o seu estudo apenas e principalmente
como um investimento no futuro, um passo que dão no sentido de no futuro virem a ganhar rios de massa? Achamos aceitável que todos os melhores alumos queiram entrar para medicina ou arquitetura, deixando para piores estudantes cursos que até exigem, nalguns casos, capacidades intelectuais bastante superiores? Será este um desenvolvimento harmonioso e desejável de uma sociedade?
Luís Lavoura
Este argumento parece atraente, mas deixa para trás duas questões.
1) Será justo o enorme diferencial de remunerações que atualmente se verifica entre diferentes profissões? Este diferencial de remunerações assenta num mérito efetivo, num verdadeiro serviço prestado à sociedade, ou antes na exploração de vantagens monopolistas e corporativas por parte de certos profissionais? Achamos aceitável que este diferencial continue a aumentar? Que uma consulta médica se pague a 100 euros? Que um gestor exija 1.000 contos por mês, mais carro e cartão de crédito?
2) O ensino superior é todo uma mercadoria? Todo ele dá acesso a profissões altamente remuneradas? Certamente que não: um estudante de belas-artes ou de antropologia não virá, provavelmente, a alcançar no futuro uma profissão altamente remunerada. Achamos então aceitável que todos os estudantes vejam o seu estudo apenas e principalmente
como um investimento no futuro, um passo que dão no sentido de no futuro virem a ganhar rios de massa? Achamos aceitável que todos os melhores alumos queiram entrar para medicina ou arquitetura, deixando para piores estudantes cursos que até exigem, nalguns casos, capacidades intelectuais bastante superiores? Será este um desenvolvimento harmonioso e desejável de uma sociedade?
Luís Lavoura
A kultura de PSL
Pedro Santana Lopes quer candidatar o fado a património "imaterial" da humanidade.
http://jornal.publico.pt/2004/01/29/Cultura/C12.html
É pena que a recuperação do Parque Mayer não esteja já concluída (nem iniciada, aliás). Se não, poder-se-ia imaginar uma candidatura conjunta do fado e da "revista à portuguesa". As hipóteses de sucesso aumentariam imenso...
Luís Lavoura
http://jornal.publico.pt/2004/01/29/Cultura/C12.html
É pena que a recuperação do Parque Mayer não esteja já concluída (nem iniciada, aliás). Se não, poder-se-ia imaginar uma candidatura conjunta do fado e da "revista à portuguesa". As hipóteses de sucesso aumentariam imenso...
Luís Lavoura
Desvios
O presidente da Federação Internacional de Voleibol, Ruben Acosta (um mexicano), afirma que os transexuais vão continuar a ser impedidos de jogar em competições organizadas por essa federação. "Creio que não devemos autorizar [os transexuais a jogar] mesmo se os suecos insistem para os aceitar, em nome dos direitos do Homem e das liberdades individuais, pois há direitos humanos que na realidade são desvios humanos." (No PÚBLICO de hoje.)
(Dão-se alvíssaras a quem identifique outros direitos humanos que sejam também desvios humanos.)
(Sacanas dos suecos...)
Luís Lavoura
(Dão-se alvíssaras a quem identifique outros direitos humanos que sejam também desvios humanos.)
(Sacanas dos suecos...)
Luís Lavoura
O lucro ou as pessoas: epílogo
Nem de propósito, esta notícia do Publico (fresquinha de 1 hora):
O Vaticano acusou hoje a indústria farmacêutica de praticar genocídio em África, por se recusar a baixar o preço dos medicamentos contra a sida.
"Actualmente, pelo menos 400 pessoas morrem por dia no Quénia devido à sida. Na Europa e na América do Norte, a sida já não é uma doença mortal, mas uma doença crónica. Qual é a diferença? É a acção genocida do cartel de empresas farmacêuticas que rejeitam tornar acessíveis os medicamentos em África quando declararam lucros de 517 milhares de milhões de dólares em 2002", argumentou Angelo D’Agostino, jesuíta americano, em conferência de imprensa.
Angelo D’Agostino falava na apresentação da mensagem do Papa João Paulo II consagrada este ano às vítimas da sida e, em particular, às crianças tocadas pela pandemia.
"É uma questão de moral que mostra a falta de consciência social destas empresas capitalistas, que podem salvar as vidas de 25 milhões de pessoas que vivem na África subsariana, que são seropositivas e que se arriscam a morrer de sida", criticou.
Ganda Jesuíta, a chamar os bois pelos nomes. Neste particular, estou de corpo e alma com o Vaticano. Confirma o que tinha escrito há um par de horas....
O lucro ou as pessoas I
O lucro ou as pessoas: o que é que está em 1º lugar?
Em discussões recentes, falávamos das direitas e das esquerdas e das pessoas; quando no alter-mundialismo se fala de neo-liberalismo, está-se a falar de um tipo muito concreto de prática que claramente põe o lucro à frente das pessoas. Nestes três posts (I, II e III) dou exemplos concretos; são estas algumas das situações que o alter-mundialismo quer inverter. É apenas isso...
Luta contra as minas terrestres
Neste sentido, já não falando da senda guerreira da Administração Bush, está o comércio de armas; sendo uma das industrias mais lucrativas, o comércio de armas é sagrada dentro (veja-se o Bowling for colombine) e fora dos EUA (com a inadmissível negociata das minas anti-pessoais a ser defendida pelo governo, sabendo que é a causa de milhares de mortes e estropiados civis todos os anos). Claro que esta posição não se limita aos EUA; países como a China também acham que o comércio das minas deve continuar. O cúmulo da falta de humanismo é que muitas vezes as minas são oferecidas na compra de outro material de guerra, tipo brinde. Curiosamente, as empresas de desminagem pertencem amiúde ao mesmo grupo que vendeu as minas, mas o preço de retirar uma mina é 1000 vezes superior ao preço que ela custou. Jest business!
Luta contra a dívida externa
A dívida externa faz com que um Indiano ou um Latino Americano tenha que pagar mais de 1/3 do seu ordenado durante a vida toda para pagar uma dívida contraída por vezes antes do seu nascimento. Neste caso, é flagrante a prioridade do Banco Mundial e do FMI: primeiro o guito, as pessoas que se lixem. Há quem diga que o problema são os governantes, e que por isso, não serve de nada perdoar a dívida. O ex-ministro da Educação Brasileiro, Cristovam Buarque, tem uma solução: obrigar os países a utilizar o dinheiro da dívida na educação. Com esta medida, estima que centenas de milhões de crianças poderiam ter acesso à educação nos países em desenvolvimento...
Em discussões recentes, falávamos das direitas e das esquerdas e das pessoas; quando no alter-mundialismo se fala de neo-liberalismo, está-se a falar de um tipo muito concreto de prática que claramente põe o lucro à frente das pessoas. Nestes três posts (I, II e III) dou exemplos concretos; são estas algumas das situações que o alter-mundialismo quer inverter. É apenas isso...
Luta contra as minas terrestres
Neste sentido, já não falando da senda guerreira da Administração Bush, está o comércio de armas; sendo uma das industrias mais lucrativas, o comércio de armas é sagrada dentro (veja-se o Bowling for colombine) e fora dos EUA (com a inadmissível negociata das minas anti-pessoais a ser defendida pelo governo, sabendo que é a causa de milhares de mortes e estropiados civis todos os anos). Claro que esta posição não se limita aos EUA; países como a China também acham que o comércio das minas deve continuar. O cúmulo da falta de humanismo é que muitas vezes as minas são oferecidas na compra de outro material de guerra, tipo brinde. Curiosamente, as empresas de desminagem pertencem amiúde ao mesmo grupo que vendeu as minas, mas o preço de retirar uma mina é 1000 vezes superior ao preço que ela custou. Jest business!
Luta contra a dívida externa
A dívida externa faz com que um Indiano ou um Latino Americano tenha que pagar mais de 1/3 do seu ordenado durante a vida toda para pagar uma dívida contraída por vezes antes do seu nascimento. Neste caso, é flagrante a prioridade do Banco Mundial e do FMI: primeiro o guito, as pessoas que se lixem. Há quem diga que o problema são os governantes, e que por isso, não serve de nada perdoar a dívida. O ex-ministro da Educação Brasileiro, Cristovam Buarque, tem uma solução: obrigar os países a utilizar o dinheiro da dívida na educação. Com esta medida, estima que centenas de milhões de crianças poderiam ter acesso à educação nos países em desenvolvimento...
O lucro ou as pessoas II
O lucro ou as pessoas: o que é que está em 1º lugar?
Luta contra a obesidade
Retirado da azia do dia:
É por isso que o Governo dos EUA quer boicotar a estratégia mundial sobre dietas, exercício físico e saúde, proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), alegando que (pasme-se!) existem imprecisões científicas.
Segundo a administração Bush, não tem fundamento dizer que os alimentos de alto teor calórico e os “fast-food” aumentam os riscos de obesidade. O Governo norte-americano defende que uma dieta deve ter todos os alimentos. Note-se que o que é posto em causa é esta constatação, pelos vistos ‘nada científica’: a principal causa de doenças cardíacas, diabetes e certos tipos de cancro são as dietas desequilibradas e a falta de exercício físico.
Claro que a industria alimentar nada tem a ver com esta decisão dos EUA. Porque obviamente, a saúde pública está à frente dos lucros destas empresas...
Luta contra o protecionismo
O proteccinismo agrícola Europeu e Americano é um dos principais entraves ao desenvolvimento dos países em via de desenvolvimento. A lógica deste proteccinismo defende descaradamente os interesses de alguns Europeus e Americanos, mas essencialmente das suas poderosas industrias alimentares, em detrimento de centenas de milhões de pessoas na África e na América latina. A prova provada de que o Liberalismo é igual para todos, mas para uns é mais igual que para outros.
Luta contra a fome
Há uns anos atrás, a Nestlé, na sua imensa bondade, resolveu oferecer umas toneladas de leite em pó aos povos carenciados de África. O problema é que esse leite criava “dependência”, e os putos que o provaram já não queriam mais nada. A solução passava por comprar mais leite em pó ou então ver o miúdo a definhar de dia para dia. A ética desta solidariedade é gritante!
Luta contra a obesidade
Retirado da azia do dia:
É por isso que o Governo dos EUA quer boicotar a estratégia mundial sobre dietas, exercício físico e saúde, proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS), alegando que (pasme-se!) existem imprecisões científicas.
Segundo a administração Bush, não tem fundamento dizer que os alimentos de alto teor calórico e os “fast-food” aumentam os riscos de obesidade. O Governo norte-americano defende que uma dieta deve ter todos os alimentos. Note-se que o que é posto em causa é esta constatação, pelos vistos ‘nada científica’: a principal causa de doenças cardíacas, diabetes e certos tipos de cancro são as dietas desequilibradas e a falta de exercício físico.
Claro que a industria alimentar nada tem a ver com esta decisão dos EUA. Porque obviamente, a saúde pública está à frente dos lucros destas empresas...
Luta contra o protecionismo
O proteccinismo agrícola Europeu e Americano é um dos principais entraves ao desenvolvimento dos países em via de desenvolvimento. A lógica deste proteccinismo defende descaradamente os interesses de alguns Europeus e Americanos, mas essencialmente das suas poderosas industrias alimentares, em detrimento de centenas de milhões de pessoas na África e na América latina. A prova provada de que o Liberalismo é igual para todos, mas para uns é mais igual que para outros.
Luta contra a fome
Há uns anos atrás, a Nestlé, na sua imensa bondade, resolveu oferecer umas toneladas de leite em pó aos povos carenciados de África. O problema é que esse leite criava “dependência”, e os putos que o provaram já não queriam mais nada. A solução passava por comprar mais leite em pó ou então ver o miúdo a definhar de dia para dia. A ética desta solidariedade é gritante!
O lucro ou as pessoas III
O lucro ou as pessoas: o que é que está em 1º lugar?
Luta contra a Sida
Outro caso gritante é o das multinacionais Farmacêuticas que sempre colocaram os seus lucros como prioritários relativamente às vidas humanas; o caso mais recente é o dos medicamentos contra a Sida (ver por ex. a notícia de hoje do Publico), que apesar de vitimar milhões de pessoas, não podiam ser fabricados ou vendidos a preços inferiores aos praticados pelas multinacionais; apenas depois de confrontos ferozes entre países como a África do Sul e o Brasil e algumas multinacionais, alegando a prioridade das vidas dos seus cidadão relativamente ao lucro da venda destes medicamentos é que a situação se inverteu, não sem antes ter havido uma enorme resistência por parte da industria Farmacêutica.
Luta contra a Hemofilia
No início dos anos 80 as empresas que vendiam plasma sanguíneo floresciam; o negócio de angariação de dadores passava por centros localizados em países do 3º mundo, onde os “dadores” vinham 2 vezes por semana, cediam o seu precioso sangue e recebiam 40 dólares. Este centros eram chamados de vampiros. Quando se descobriu o vírus da SIDA, foi aconselhado que se retirassem do mercado todos os produtos até despistarem a coisa. O governo dos EUA fechou os olhos e mais de 10 000 hemofílicos ficaram contaminados. Esse grupo pede agora ao estado uma indemnização de mais de 700 000 milhões de dólares. Entretanto, o mesmo voltou a acontecer no Japão, na Alemanha e em França. Em todos os casos, as empresas que comercializaram os produtos tinham conhecimento de que estavam contaminados, mas os cifrões falaram mais alto; em média, mais de metade dos consumidores contraiu a doença; a falta de escrúpulos é tremenda....
Luta contra a Sida
Outro caso gritante é o das multinacionais Farmacêuticas que sempre colocaram os seus lucros como prioritários relativamente às vidas humanas; o caso mais recente é o dos medicamentos contra a Sida (ver por ex. a notícia de hoje do Publico), que apesar de vitimar milhões de pessoas, não podiam ser fabricados ou vendidos a preços inferiores aos praticados pelas multinacionais; apenas depois de confrontos ferozes entre países como a África do Sul e o Brasil e algumas multinacionais, alegando a prioridade das vidas dos seus cidadão relativamente ao lucro da venda destes medicamentos é que a situação se inverteu, não sem antes ter havido uma enorme resistência por parte da industria Farmacêutica.
Luta contra a Hemofilia
No início dos anos 80 as empresas que vendiam plasma sanguíneo floresciam; o negócio de angariação de dadores passava por centros localizados em países do 3º mundo, onde os “dadores” vinham 2 vezes por semana, cediam o seu precioso sangue e recebiam 40 dólares. Este centros eram chamados de vampiros. Quando se descobriu o vírus da SIDA, foi aconselhado que se retirassem do mercado todos os produtos até despistarem a coisa. O governo dos EUA fechou os olhos e mais de 10 000 hemofílicos ficaram contaminados. Esse grupo pede agora ao estado uma indemnização de mais de 700 000 milhões de dólares. Entretanto, o mesmo voltou a acontecer no Japão, na Alemanha e em França. Em todos os casos, as empresas que comercializaram os produtos tinham conhecimento de que estavam contaminados, mas os cifrões falaram mais alto; em média, mais de metade dos consumidores contraiu a doença; a falta de escrúpulos é tremenda....
Ainda o Aborto
A propósito da petição, não estou nada de acordo com a posição aqui defendida pelo Luis Lavoura, que põe num pedestal o BE e lança nas profundezas dos Infernos o restante espectro político. O petição é essencialmente uma vitória da sociedade civil, e só com os votos em massa dessa mesma sociedade é que o referendo terá algum sentido; se for apenas o eleitorado do BE a votar, parece-me que a coisa non passara...
Este tipo de vanglorização, típida dos partidos e seus militantes, é uma das coisas que mais me deixa de pé atrás relativamente ás sua acções; é que parece que só se meteram nisto para depois dizer que eles é que fizeram tudo, e deram uma lição na direita, e que o PCP fez tudo mal e o PS não se mexeu.... Eu pensava que se tinham metido nisto porque acreditavam na causa que defendiam. O resultado é que interessa; se o BE trabalhou bem, fico muito contente, mas que não tente monopolizar a causa do referendo, porque nesse momento, perderá de certeza a razão e o referendo também....
Tirada deliciosa retirada do Silhuetas:
Ouve-se dizer que o país vai ser, de novo, referendado sobre o aborto.
Ao que consegui apurar, a questão que será exposta aos cidadãos já está formulada. A saber:
Qual a sua opinião sobre o aborto?
a) Tem sido um bom primeiro-ministro.
b) Tem sido um primeiro-ministro ineficaz.
c) Nem sequer tem sido primeiro-ministro.
Este tipo de vanglorização, típida dos partidos e seus militantes, é uma das coisas que mais me deixa de pé atrás relativamente ás sua acções; é que parece que só se meteram nisto para depois dizer que eles é que fizeram tudo, e deram uma lição na direita, e que o PCP fez tudo mal e o PS não se mexeu.... Eu pensava que se tinham metido nisto porque acreditavam na causa que defendiam. O resultado é que interessa; se o BE trabalhou bem, fico muito contente, mas que não tente monopolizar a causa do referendo, porque nesse momento, perderá de certeza a razão e o referendo também....
Tirada deliciosa retirada do Silhuetas:
Ouve-se dizer que o país vai ser, de novo, referendado sobre o aborto.
Ao que consegui apurar, a questão que será exposta aos cidadãos já está formulada. A saber:
Qual a sua opinião sobre o aborto?
a) Tem sido um bom primeiro-ministro.
b) Tem sido um primeiro-ministro ineficaz.
c) Nem sequer tem sido primeiro-ministro.
Manif dia 30 de Março
Chamamento da Assembleia dos Movimentos Sociais
A Assembleia dos Movimentos sociais reunida na cidade de Mumbai, Índia, durante o Fórum Social Mundial, emitia dia 21 de Janeiro um apelo, no qual convoca a cidadania mundial a mobilizar-se no próximo dia 20 de Março, aniversário do início da guerra do Iraque, “numa jornada internacional de protesto contra a guerra e a ocupação do Iraque, imposta pelos governos dos EUA, Inglaterra e seus aliados.
O apelo recorda que “A ocupação do Iraque mostrou a todo o mundo a cumplicidade existente entre militarismo e os interesses de algumas grandes empresas multinacionais, confirmando assim as razões que levaram às mobilizações contra a guerra.” Os movimentos pedem a retirada imediata das tropas de ocupação do Iraque e apoiam o povo Iraquiano “no seu direito à auto-determinação e soberania, assim como o direito a serem compensados pelos prejuízos causados pelo embargo e pela guerra.”
Declaram-se ainda em luta “contra todas as formas de terrorismo, incluindo o terrorismo de estado”, mas também contra “a utilização da luta ao terrorismo como pretexto para criminalizar os movimentos populares e os activistas sociais”. Denunciam as chamadas leis contra o terrorismo que estão a restringir os direitos civis e as liberdades democráticas em todo o Planeta. Exigem pôr um fim ao militarismo, cancelar os orçamentos militares astronómicos e fechar todas as bases norte Americanas em todo o Mundo.
[...]
Além da mobilização prevista para 20 de Março, outros objectivos deste ano será a mobilização a favor do povo Palestino, especialmente dia 30 de Março, Dia da Terra em Palestina, para reivindicar o direito dos refugiados ao regresso a casa e contra a construção do muro; dia 8 de Março, Dia internacional dos Direitos das Mulheres; mobilização mundial de dia 17 de Abril, Dia internacional de luta camponesa. Convocam-se ainda todos os Movimentos sociais à mobilização em Hong Kong para a próxima reunião da OMC.
Traduzido por Paulo Pereira da Agencia Latinoamericana de Informacion - ALAI
A Assembleia dos Movimentos sociais reunida na cidade de Mumbai, Índia, durante o Fórum Social Mundial, emitia dia 21 de Janeiro um apelo, no qual convoca a cidadania mundial a mobilizar-se no próximo dia 20 de Março, aniversário do início da guerra do Iraque, “numa jornada internacional de protesto contra a guerra e a ocupação do Iraque, imposta pelos governos dos EUA, Inglaterra e seus aliados.
O apelo recorda que “A ocupação do Iraque mostrou a todo o mundo a cumplicidade existente entre militarismo e os interesses de algumas grandes empresas multinacionais, confirmando assim as razões que levaram às mobilizações contra a guerra.” Os movimentos pedem a retirada imediata das tropas de ocupação do Iraque e apoiam o povo Iraquiano “no seu direito à auto-determinação e soberania, assim como o direito a serem compensados pelos prejuízos causados pelo embargo e pela guerra.”
Declaram-se ainda em luta “contra todas as formas de terrorismo, incluindo o terrorismo de estado”, mas também contra “a utilização da luta ao terrorismo como pretexto para criminalizar os movimentos populares e os activistas sociais”. Denunciam as chamadas leis contra o terrorismo que estão a restringir os direitos civis e as liberdades democráticas em todo o Planeta. Exigem pôr um fim ao militarismo, cancelar os orçamentos militares astronómicos e fechar todas as bases norte Americanas em todo o Mundo.
[...]
Além da mobilização prevista para 20 de Março, outros objectivos deste ano será a mobilização a favor do povo Palestino, especialmente dia 30 de Março, Dia da Terra em Palestina, para reivindicar o direito dos refugiados ao regresso a casa e contra a construção do muro; dia 8 de Março, Dia internacional dos Direitos das Mulheres; mobilização mundial de dia 17 de Abril, Dia internacional de luta camponesa. Convocam-se ainda todos os Movimentos sociais à mobilização em Hong Kong para a próxima reunião da OMC.
Traduzido por Paulo Pereira da Agencia Latinoamericana de Informacion - ALAI
quarta-feira, janeiro 28, 2004
Aborto: a petição
Segundo o Barnabé, serão entregues hoje na Assembleia da Republica 121.151 assinaturas para pedir a realização de um referendo à descriminalização do aborto.
Fórum de Davos
Dois mundos diferentes (Gustavo Capdevila)
23.janeiro/2004 - Davos, Suíça - A imagem do Fórum Social Mundial, recém-concluído na cidade indiana de Mumbai, pairou sobre os empresários e governantes reunidos no Fórum Económico Mundial desde quarta-feira no centro turístico de Davos, na Suíça. O Fórum de Mumbai, quarta edição das maciças assembleias iniciadas em 2001 em Porto Alegre, reune activistas mundiais preocupados pela iniquidade endémica da sociedade, enquanto que o Fírum de Davos atrai personalidades mais interessadas na marcha dos negócios.
Em Davos as principais preocupações centraram-se na prosperidade e na segurança do mundo.
Leia o artigo completo
23.janeiro/2004 - Davos, Suíça - A imagem do Fórum Social Mundial, recém-concluído na cidade indiana de Mumbai, pairou sobre os empresários e governantes reunidos no Fórum Económico Mundial desde quarta-feira no centro turístico de Davos, na Suíça. O Fórum de Mumbai, quarta edição das maciças assembleias iniciadas em 2001 em Porto Alegre, reune activistas mundiais preocupados pela iniquidade endémica da sociedade, enquanto que o Fírum de Davos atrai personalidades mais interessadas na marcha dos negócios.
Em Davos as principais preocupações centraram-se na prosperidade e na segurança do mundo.
Leia o artigo completo
Elefantes ébrios
Esta notícia surpreendente confirma o que já se afirma há algum tempo: o alcoolismo humano pode ser inato. Já tinham sido contadas histórias com pássaros que comiam frutos fermentados e iam contra os postes, abelhas que depois de beber demais não acertavam com a entrada da colmeia e eram literalmente expulsas pelas guardas ou adaptações de macacos ao alcoól numa ilha já não sei onde, com a curiosidade distribuição das percentagens de macacos alcoólicos, consumidores moderados e abstémicos ser exactamente igual à observada na população humana. Mas uma manada de 25 elefantes apanhar uma ganda piela com cerveja de arroz e depois ir contra poste eléctricos (o que causou a morte imediata de 4 deles), nunca tinha ouvido falar; é que parece que foi uma atitude deliberada, tipo uma ganda rave de Elefantes, já que todos eles ficaram completamente a cair para o lado.
Se não acreditam, vão ver o artigo original: Drunken elephants die in accident
Esgatafunhando na Blogosfera
Trocando impressões sobre o artigo de EPC a propósito do FSM, que o felino também tinha comentado (e que amavelmente voltou a comentar), chego à conclusão que para além da esquerda e da direita estão as pessoas; pela parte que me toca, aceito facilmente que existam várias direitas, assim como tenho perfeita consciência de que há muitos empresários decentes. A mim o que me irrita é a desonestidade, a falsidade e aquelas pessoas que mentem com todos os dentes para sacar mais uns cobres e ainda aquelas empresas e países que consideram as pessoas sempre menos importantes que a sua sede de poder ou a sua fome de lucro. Amanhã publico um post sobre este assunto: Pessoas e lucros; sobre o verdadeiro valor da vida humana na era da globalização neo-liberal.
terça-feira, janeiro 27, 2004
A Cobaia
Brevemente num cinema perto de si...
O FIlme "Super size me" explora a obesidade epidémica de que sofre a América: é uma espécie de "Bowling for Columbine" da fast food.
Um corajoso Americano resolveu experimentar alimentar-se apenas de Haburgueres durante um mês.
O dito personagem, Spurlock, lembrou-se de fazer um filme (que ainda não tem distribuição assegurada) quando viu na televisão que a Mac Donald's afirmava que a sua comida era nutritiva e boa para as pessoas. O filme relata a evolução desta experiência bizarra, acompanhada de perto por três médicos.
O resultado foi espantoso: Spurlock aumentou 12 kg, o fígado ficou completamente atrofiado, o colestrol passou de 156 para 230, o homem ficou doente, deprimido, com enchaquecas e com um desempenho sexual lastimoso (a vontade foi-se toda). A passar em Portugal, deverá ser na categoria dos filmes de terror....
O FIlme "Super size me" explora a obesidade epidémica de que sofre a América: é uma espécie de "Bowling for Columbine" da fast food.
Um corajoso Americano resolveu experimentar alimentar-se apenas de Haburgueres durante um mês.
O dito personagem, Spurlock, lembrou-se de fazer um filme (que ainda não tem distribuição assegurada) quando viu na televisão que a Mac Donald's afirmava que a sua comida era nutritiva e boa para as pessoas. O filme relata a evolução desta experiência bizarra, acompanhada de perto por três médicos.
O resultado foi espantoso: Spurlock aumentou 12 kg, o fígado ficou completamente atrofiado, o colestrol passou de 156 para 230, o homem ficou doente, deprimido, com enchaquecas e com um desempenho sexual lastimoso (a vontade foi-se toda). A passar em Portugal, deverá ser na categoria dos filmes de terror....
Tintim I
Inventariação e classificação das imprecações proferidas pelo Capitão Haddock no Livro “Carvão no Porão” - 1ª parte
Atributos pessoais
1 - Semente de valdevinos
2 - Semente de vadio
3 - Biltrezinho
4 - Pés descalços
5 - Desavergonhado
6 - Tratante
7 - Bebedolas
8 – Lorpa
9 - Malandro
10 – 11 - Ectoplasma
12 - Iconoclastas
13 - Anacolutos – [frase em que a construção gramatical muda bruscamente]
Temas marítimos
14 – 19 - Raios e coriscos
20 - Raios de raios e coriscos
21 - 24 - Com mil raios
25 - Mil milhões de raios e coriscos
26 - Mil biliões de mil milhões de mil raios
27 - Almirante de falua
28 - Cáfila de marinheiros de água doce
29 - Provocadores de naufrágios
30 – 33 - Piratas
34 – 35 - Flibusteiros
36 - Ladrões da costa
37 - Rapinante
Casos clínicos
38 -39 - Bexigoso
40 - Micróbio da cólera
41 - Paranóico
42 - Esquizofrénico
Atributos pessoais
1 - Semente de valdevinos
2 - Semente de vadio
3 - Biltrezinho
4 - Pés descalços
5 - Desavergonhado
6 - Tratante
7 - Bebedolas
8 – Lorpa
9 - Malandro
10 – 11 - Ectoplasma
12 - Iconoclastas
13 - Anacolutos – [frase em que a construção gramatical muda bruscamente]
Temas marítimos
14 – 19 - Raios e coriscos
20 - Raios de raios e coriscos
21 - 24 - Com mil raios
25 - Mil milhões de raios e coriscos
26 - Mil biliões de mil milhões de mil raios
27 - Almirante de falua
28 - Cáfila de marinheiros de água doce
29 - Provocadores de naufrágios
30 – 33 - Piratas
34 – 35 - Flibusteiros
36 - Ladrões da costa
37 - Rapinante
Casos clínicos
38 -39 - Bexigoso
40 - Micróbio da cólera
41 - Paranóico
42 - Esquizofrénico
Tintim II
Inventariação e classificação das imprecações proferidas pelo Capitão Haddock no Livro “Carvão no Porão” - 2ª parte
Biologia
43 - 47 - Mil Milhões de macacos
48 - Mil Milhões de Mil macacos
49 – 57 - Mil macacos
58 - Bando de ratos
59 - Vermes
60 - Víbora
61 - Sapo
62 - Equinoderme
63 - Cercopiteco
64 - Ornitorrinco
65 - Extracto de pepino de conserva
66 - Colocíntida
[Citrullus colocynthis (L.) Schrad. (Coloquíntida )]
Antropologia e espécies afins
67 - Espécies de cabeças de mulas
68 - Espécie de traficante de carne humana
69 - Espécie de degolador
70 - Espécie de Zuavo [soldado argelino ao serviço da França]
71 - Espécie de bailadeira de Carnaval
72 - Ostrogodo
73 - Vândalo
74 - Visigodos
75 - Trogloditas
76 - Canibal
77 - Antropófago
78 - Morto-vivo
79 - Mercador de tapetes
Maquinetas
80 - Malvada maquineta
81 - Maldita quinquilharia
82 - Engenhoca brunida
Frases complexas
83 - Velhaco fenómeno bexigoso de raios e coriscos
84 - Que o Diabo vos arranque as tripas
85 - Pepinos amargos fritos em gordura de ouriço-cacheiro
86 - Malvados ectoplasmas com rodinhas
Isto é que é verdadeiro serviço publico; esta é a primeira tentativa de análise, classificação e ordenação do Universo de Hergé (em todo o mundo).
Biologia
43 - 47 - Mil Milhões de macacos
48 - Mil Milhões de Mil macacos
49 – 57 - Mil macacos
58 - Bando de ratos
59 - Vermes
60 - Víbora
61 - Sapo
62 - Equinoderme
63 - Cercopiteco
64 - Ornitorrinco
65 - Extracto de pepino de conserva
66 - Colocíntida
[Citrullus colocynthis (L.) Schrad. (Coloquíntida )]
Antropologia e espécies afins
67 - Espécies de cabeças de mulas
68 - Espécie de traficante de carne humana
69 - Espécie de degolador
70 - Espécie de Zuavo [soldado argelino ao serviço da França]
71 - Espécie de bailadeira de Carnaval
72 - Ostrogodo
73 - Vândalo
74 - Visigodos
75 - Trogloditas
76 - Canibal
77 - Antropófago
78 - Morto-vivo
79 - Mercador de tapetes
Maquinetas
80 - Malvada maquineta
81 - Maldita quinquilharia
82 - Engenhoca brunida
Frases complexas
83 - Velhaco fenómeno bexigoso de raios e coriscos
84 - Que o Diabo vos arranque as tripas
85 - Pepinos amargos fritos em gordura de ouriço-cacheiro
86 - Malvados ectoplasmas com rodinhas
Isto é que é verdadeiro serviço publico; esta é a primeira tentativa de análise, classificação e ordenação do Universo de Hergé (em todo o mundo).
Igreja e LGBT I
Igreja Católica, homossexualidade e medo (I)
Artigo escrito para o Diário de Notícias por Anabela Rocha
A Congregação para a Doutrina da Fé, cujo prefeito é a segunda figura da Santa Sé, cardeal Ratzinger, publicou em Agosto de 2003 o documento «Considerações sobre os projectos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais». Estas considerações são de tal forma ofensivas para com os homossexuais que provocaram reacções em todo o mundo, nomeadamente por parte dos católicos.
Por exemplo, no site da Igreja Católica portuguesa, está online a discordância do padre Manuel Vieira, chefe de redacção do conhecido jornal católico eborense A Defesa. O padre considera que, com estas posições, a Igreja falha totalmente o alvo no que são os verdadeiros inimigos da família e matrimónio, e afirma ainda: «As pessoas homossexuais têm direito à sua realização afectiva e sexual. E isso passa pela união com pessoas do mesmo sexo. Sujeitá-las à clandestinidade é promover a instabilidade. Ao contrário do que se afirma, é mais prejudicial ao equilíbrio do tecido social essa precariedade do que o enquadramento social dessas relações.»
Continue a ler este artigo
Artigo escrito para o Diário de Notícias por Anabela Rocha
A Congregação para a Doutrina da Fé, cujo prefeito é a segunda figura da Santa Sé, cardeal Ratzinger, publicou em Agosto de 2003 o documento «Considerações sobre os projectos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais». Estas considerações são de tal forma ofensivas para com os homossexuais que provocaram reacções em todo o mundo, nomeadamente por parte dos católicos.
Por exemplo, no site da Igreja Católica portuguesa, está online a discordância do padre Manuel Vieira, chefe de redacção do conhecido jornal católico eborense A Defesa. O padre considera que, com estas posições, a Igreja falha totalmente o alvo no que são os verdadeiros inimigos da família e matrimónio, e afirma ainda: «As pessoas homossexuais têm direito à sua realização afectiva e sexual. E isso passa pela união com pessoas do mesmo sexo. Sujeitá-las à clandestinidade é promover a instabilidade. Ao contrário do que se afirma, é mais prejudicial ao equilíbrio do tecido social essa precariedade do que o enquadramento social dessas relações.»
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Igreja e LGBT II
Igreja Católica, homossexualidade e medo (II)
Artigo escrito para o Diário de Notícias por Anabela Rocha
Outro grande motivo pelo qual a Igreja Católica sobre a homossexualidade é desastrada, precipitada, resultando da desorientação ante a forte, crescente, inadiável e irreversível conquista dos direitos homossexuais, é a dificuldade de as posições defendidas, por um lado, apontarem um caminho de «respeito» para com os homossexuais (se castos e discretos, como p. e. muitos padres - alguns não tão castos assim, como muitos paroquianos portugueses bem sabem) e condenar a homossexualidade visível, social e legalmente aceite.
Porque, não tenhamos dúvidas, o que a Igreja Católica quer não é nada mais nada menos que manter o status quo da invisibilidade homossexual, nomeadamente da dos seus padres, que são muitos. Por isso este documento distingue homossexualidade como «fenómeno privado», que tolera, e homossexualidade «relação social legalmente prevista e aprovada», que condena.
Continue a ler este artigo
Artigo escrito para o Diário de Notícias por Anabela Rocha
Outro grande motivo pelo qual a Igreja Católica sobre a homossexualidade é desastrada, precipitada, resultando da desorientação ante a forte, crescente, inadiável e irreversível conquista dos direitos homossexuais, é a dificuldade de as posições defendidas, por um lado, apontarem um caminho de «respeito» para com os homossexuais (se castos e discretos, como p. e. muitos padres - alguns não tão castos assim, como muitos paroquianos portugueses bem sabem) e condenar a homossexualidade visível, social e legalmente aceite.
Porque, não tenhamos dúvidas, o que a Igreja Católica quer não é nada mais nada menos que manter o status quo da invisibilidade homossexual, nomeadamente da dos seus padres, que são muitos. Por isso este documento distingue homossexualidade como «fenómeno privado», que tolera, e homossexualidade «relação social legalmente prevista e aprovada», que condena.
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A alameda das mimosas
Na estrada que vai de Pegões a Vendas Novas, antes de chegar a Bombel, há um troço de estrada com mais ou menos 3 Km ladeada por Mimosas. Não é uma espécie nativa (em muitos sítios é uma praga), mas a floração simultânea de milhares de flores de mimosa com o seu amarelo descomplexado e um perfume acutilante levam-nos literalmente para outra dimensão. São estas "pequenas coisas" que nos fazem sentir diminutos e insignificantes, mas em harmonia com um todo complexo e surpreendente (com podem reparar, trata-se de uma experiência profundamente mística, à beira da religiosidade profana). Se no fim do corredor de mimosas fosse parar a um jardim do Éden cheio de flores nunca antes vistas, não me espantaria muito. Daqui a um mês as flores murcham e aquela alameda irreal volta à sua normalidade verde....é pena.
Vampiros
Estes gajos esticam-se. Da notícia da morte pública de Feher até a vampirização do caso pelos media bastaram um par de horas. Fez-me lembrar o caso da ponte de Entre-os-rios, onde os familiares das vítimas eram vampirados sem dó nem piedade por jornalistas com a sensibilidade de um elefante numa loja de porcelana; quanto mais lágrimas e dor publicamente expostos, melhor para as audiências. Eles bem tentam fazer cara de caso, mas a excitação do acontecimento é superior à dor que hipoteticamente possam sentir.
Entretanto, como comentou a Sara, o caso do julgamento em Aveiro dessas prevaricadoras que interromperam a gravidez ficou escondido num canto dos telejornais, bem lá no fim, depois de mais de 40 minutos e não sei quantas repetições da morte em directo do malogrado jogador. É que não é todos os dias que as televisões têm uma morte em directo, pelo que convém explorar até à exaustão esta fantástica reportagem. Se Feher tivesse morrido de indigestão no recato da sua casa, sem televisões nem grandes cenários, de certeza que não faziam metade do alarido. A exploração da dor e a exposição despudorada da morte, é no mínimo obscena. "Shame on you", Media, ou por outras palavras, deviam ter um bocadinho mais de vergonha na cara...
Entretanto, como comentou a Sara, o caso do julgamento em Aveiro dessas prevaricadoras que interromperam a gravidez ficou escondido num canto dos telejornais, bem lá no fim, depois de mais de 40 minutos e não sei quantas repetições da morte em directo do malogrado jogador. É que não é todos os dias que as televisões têm uma morte em directo, pelo que convém explorar até à exaustão esta fantástica reportagem. Se Feher tivesse morrido de indigestão no recato da sua casa, sem televisões nem grandes cenários, de certeza que não faziam metade do alarido. A exploração da dor e a exposição despudorada da morte, é no mínimo obscena. "Shame on you", Media, ou por outras palavras, deviam ter um bocadinho mais de vergonha na cara...
segunda-feira, janeiro 26, 2004
Morte em Lisboa
Em terrenos camarários, o já célebre "museu da PIDE", foi hoje demolido pela manhã, cabendo ao Dr. Pedro Santana Lopes após tão trágico acontecimento ontem nos relvados, provocar a morte (será prematura?) à mais temida escola da nação.
Não só temida durante o estado novo, esta escola, continuava a aterrorizar até ontem quem ali passava todos os dias, devido ao perigo de derrocada do muro adjacente, que até à poucos minutos continuava de pé. Continuará?
A escola da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) está a ser demolida, enquanto escrevo. Alguns espectadores do acontecimento, que é sem dúvida histórico para a democracia portuguesa, interrogavam-se onde estariam as televisões.
Comentava-se também o destino futuro do espaço. Ali mesmo ao lado das Twin Towers, em pleno neo-cbd alfacinha. Irá este fantasma do estado novo, transformar-se num novo casino? A nova residência oficial?
Os transeuntes mangavam sorrindo, enquanto assistiam especados, à rápida destruição do edificio, que ia dando lugar ao verde dum relvado escondido, mesmo atrás.
O gigantesco dente da máquina ia comendo lentamente a fachada, depois de consumir praticamente todo o interior, provando mais uma vez a sólida construção, que nem a ARA conseguiu destruir à bomba antes da revolução dos cravos.
A meu ver, Sete-Rios, aliás praça General Humberto Delgado, estava mesmo a precisar de um verde contraste de esperança que equilibrasse a presença do Eixo Norte-Sul, e relembrasse às pessoas que nas situações mais difíceis houve quem tivesse a coragem de resistir e morrer pela liberdade frágil, que hoje consumimos sem pedagogia nem memória.
Talvez por isso, os mais tristes, com este acontecimento, sejam os taggers, que perdem com este acto "infame" um local de culto dos seus graffitis mais ousados.
(A mim intriga-me como conseguem eles escrever tão alto numa parede vertical, será esta a originalidade que falta à oposição em Portugal? Pelo menos, estes taggers fizeram da temida escola da PIDE um local de inspiração criativa). Os outros, parece-me, cunham moedas.
O antes e depois:
FSM - Davos I
O primeiro é um dos fundadores do FSM, em 2001, o segundo criou o Fórum Económico mundial de Davos, em 1971. O Liberation confronta Chico Withaker (em Mumbai) e Klaus Schwab (em Davos) com as mesmas 5 questões.
1ª questão – depois de 4 anos de Fóruns cruzados, qual a vossa opinião do outro Fórum?
Chico Whitaker : Davos perdeu a sua pretendida legitimidade. A prova é que depois de 2001, tudo gira em redor do tema “reconstruir a confiança”. Qual? A do sistema ou a do Fórum? As ONG que iam à Suiça porque era o único sítio no Planeta a discutir a globalização têm agora uma alternativa: ir ao FSM. Eles escolherem juntar-se aos movimentos sociais, já que aí, pelo menos, existe um verdadeiro diálogo.
Klaus Schwab : Os altermundialistas não podem limitar-se a criticar de forma estéril o “sistema” que alberga todos os males. Para um mundo melhor temos que investir no crescimento da economia e da segurança; é por isso que a sociedade civil não pode excluir do diálogo todo um sector da sociedade como as empresas e as organizações internacionais em nome de uma ideologia. O risco que existe é o do FSM se desmoronar se não corrigir as suas diferenças e divergências nestes pontos.
Traduzido por Paulo Pereira daqui
1ª questão – depois de 4 anos de Fóruns cruzados, qual a vossa opinião do outro Fórum?
Chico Whitaker : Davos perdeu a sua pretendida legitimidade. A prova é que depois de 2001, tudo gira em redor do tema “reconstruir a confiança”. Qual? A do sistema ou a do Fórum? As ONG que iam à Suiça porque era o único sítio no Planeta a discutir a globalização têm agora uma alternativa: ir ao FSM. Eles escolherem juntar-se aos movimentos sociais, já que aí, pelo menos, existe um verdadeiro diálogo.
Klaus Schwab : Os altermundialistas não podem limitar-se a criticar de forma estéril o “sistema” que alberga todos os males. Para um mundo melhor temos que investir no crescimento da economia e da segurança; é por isso que a sociedade civil não pode excluir do diálogo todo um sector da sociedade como as empresas e as organizações internacionais em nome de uma ideologia. O risco que existe é o do FSM se desmoronar se não corrigir as suas diferenças e divergências nestes pontos.
Traduzido por Paulo Pereira daqui
FSM - Davos II
2ª questão - Pensa que é possível haver diálogo entre os dois Fóruns?
Chico Whitaker : Não. A questão passa eventualmente por falar com as pessoas que vão a Davos, mas certamente não com os sues organizadores do fórum, que não passa de um local para negócios. Davos é uma pirâmide, um clube fechado; nós somos um espaço, e os espaços não falam com os dirigentes. E nós não queremos a sociedade piramidal defendida em Davos. Além disso, o que é que quer que negociemos? Tanto de um lado como de outro não existe nenhuma legitimidade para negociar o que quer que seja. Nós apenas nos representamos a nós próprios.
Klaus Schwab : A questão não passa tanto por institucionalizar um diálogo entre os dois Fóruns, mas sim de estabelecer um diálogo verdadeiro entre os diferentes sectores da sociedade. Nenhuma organização internacional, nenhum governo, nenhum movimento, por mais poderoso que seja, poderá decidir os desafios do mundo sozinho.
3ª questão – O vosso Fórum influência a marcha do mundo?
Chico Whitaker : Provamos com as manifestações mundiais contra a guerra do Iraque o poder deste sistema em rede. Não impediram a guerra, mas influenciaram certamente alguns países a não integrar a coligação, assim como confrontaram alguns governos (como em Inglaterra) com uma clara opinião pública negativa relativamente à guerra. Kofi Annan, o secretário geral da Onu, compreendeu bem o nosso crescimento: ele pediu propostas vindas da sociedade civil para a futura reforma das Nações unidas e em Mumbai estiveram reunidas quatro comissões a discutir esta questão.
Klaus Schwab : Davos dói a plataforma internacional previligiada para o lançamento de iniciativas decisivas para a reconfiguração do mundo moderno. Posso dar como exemplo a aproximação entre a Grécia e a Turquia ou o fim do Apartheid na África do Sul.
Traduzido por Paulo Pereira daqui
Chico Whitaker : Não. A questão passa eventualmente por falar com as pessoas que vão a Davos, mas certamente não com os sues organizadores do fórum, que não passa de um local para negócios. Davos é uma pirâmide, um clube fechado; nós somos um espaço, e os espaços não falam com os dirigentes. E nós não queremos a sociedade piramidal defendida em Davos. Além disso, o que é que quer que negociemos? Tanto de um lado como de outro não existe nenhuma legitimidade para negociar o que quer que seja. Nós apenas nos representamos a nós próprios.
Klaus Schwab : A questão não passa tanto por institucionalizar um diálogo entre os dois Fóruns, mas sim de estabelecer um diálogo verdadeiro entre os diferentes sectores da sociedade. Nenhuma organização internacional, nenhum governo, nenhum movimento, por mais poderoso que seja, poderá decidir os desafios do mundo sozinho.
3ª questão – O vosso Fórum influência a marcha do mundo?
Chico Whitaker : Provamos com as manifestações mundiais contra a guerra do Iraque o poder deste sistema em rede. Não impediram a guerra, mas influenciaram certamente alguns países a não integrar a coligação, assim como confrontaram alguns governos (como em Inglaterra) com uma clara opinião pública negativa relativamente à guerra. Kofi Annan, o secretário geral da Onu, compreendeu bem o nosso crescimento: ele pediu propostas vindas da sociedade civil para a futura reforma das Nações unidas e em Mumbai estiveram reunidas quatro comissões a discutir esta questão.
Klaus Schwab : Davos dói a plataforma internacional previligiada para o lançamento de iniciativas decisivas para a reconfiguração do mundo moderno. Posso dar como exemplo a aproximação entre a Grécia e a Turquia ou o fim do Apartheid na África do Sul.
Traduzido por Paulo Pereira daqui
FSM - Davos III
4ª questão - O que diriam es estivessem frente a frente?
Chico Whitaker : Para além das diferenças ideológicas, e como ser humano, não acreditas que o sistema actual, exclusivo, concentrador e inigualitário, se tornou numa máquina que liberta a economia, aprisiona o social e “rapta” o ambiente?
Klaus Schwab : Somos tão diferentes e no entanto tão semelhantes no nosso desejo de melhorar o mundo.
5ª questão - Tem uma boa razão para não desesperar com o sistema actual?
Chico Whitaker : A esperança é a emergência de uma sociedade civil realmente planetária que venha a ser uma mova força política. Ele pode “desafiar” os governos e pressioná-los a pensar primeiro na sua população. Memos aqueles que têm a vontade política de o fazer, como Lula no Brasil, quase que não têm espaço de manobra. A sociedade civil está em plena ascensão : é ela que está na origem da iniciativa de Genebra para tentar resolver a questão Israelo-Palestiniana.
Klaus Schwab : O mundo não vai assim tão mal como o pintam. Apenas um terço da população mundial vivia em democracia nos anos 50... Hoje, são mais de dois terços! Dito isto, é verdade que podemos e devemos melhorar o sistema em que vivemos. Mas não esqueçamos, que no passado recente, outros sistemas demonstraram não apenas a sua ineficácia económica para produzir bem-estar, como também destruíram as liberdades fundamentais do homem.
Traduzido por Paulo Pereira daqui
Chico Whitaker : Para além das diferenças ideológicas, e como ser humano, não acreditas que o sistema actual, exclusivo, concentrador e inigualitário, se tornou numa máquina que liberta a economia, aprisiona o social e “rapta” o ambiente?
Klaus Schwab : Somos tão diferentes e no entanto tão semelhantes no nosso desejo de melhorar o mundo.
5ª questão - Tem uma boa razão para não desesperar com o sistema actual?
Chico Whitaker : A esperança é a emergência de uma sociedade civil realmente planetária que venha a ser uma mova força política. Ele pode “desafiar” os governos e pressioná-los a pensar primeiro na sua população. Memos aqueles que têm a vontade política de o fazer, como Lula no Brasil, quase que não têm espaço de manobra. A sociedade civil está em plena ascensão : é ela que está na origem da iniciativa de Genebra para tentar resolver a questão Israelo-Palestiniana.
Klaus Schwab : O mundo não vai assim tão mal como o pintam. Apenas um terço da população mundial vivia em democracia nos anos 50... Hoje, são mais de dois terços! Dito isto, é verdade que podemos e devemos melhorar o sistema em que vivemos. Mas não esqueçamos, que no passado recente, outros sistemas demonstraram não apenas a sua ineficácia económica para produzir bem-estar, como também destruíram as liberdades fundamentais do homem.
Traduzido por Paulo Pereira daqui
Davos
Até agora não falei de Davos só para não dizerem que isto dos alternativos é só ser do contra. Pessoalmente, até preferia que o FSM fosse num sítio pitoresco cheio de neve; tenho uma certa obsessão pela neve e a bem dizer, ele há muito mais neve em Davos que em Mumbai. Se ainda fosse nos Himalaias, numa montanhazita simpática carregada de neve e a abarrotar de rododendros, ainda vá que não vá.
Até ver, a obrigatoriedade de o FSM acontecer em locais tórridos não está na carta de princípios. Por isso, vamos lá a rever as nossas prioridades e num destes anos organizamos o FSM num local cheio de neve. Proponho inclusivamente que possa ser em Davos, antes do Fórum económico, havendo assim uma enorme economia de escala e de recursos: onde antes se discutiu a alter-globalização mais justa, outros virão para discutir a globalização financeira e económica. Tudo nas mesmas salas, com o mesmo sistema de som e a mesma equipa de tradutores. Ficávamos todos a ganhar.
Pelo sim pelo não, fica aqui a sugestão...
Até ver, a obrigatoriedade de o FSM acontecer em locais tórridos não está na carta de princípios. Por isso, vamos lá a rever as nossas prioridades e num destes anos organizamos o FSM num local cheio de neve. Proponho inclusivamente que possa ser em Davos, antes do Fórum económico, havendo assim uma enorme economia de escala e de recursos: onde antes se discutiu a alter-globalização mais justa, outros virão para discutir a globalização financeira e económica. Tudo nas mesmas salas, com o mesmo sistema de som e a mesma equipa de tradutores. Ficávamos todos a ganhar.
Pelo sim pelo não, fica aqui a sugestão...
Cidadania global
Boletim da LATITUDE ZER0 (Comércio Justo)
Sociedade Civil e Direitos Humanos
Pobres deficientes
80% dos indivíduos com deficiência estão nos países do Sul, segundo dados do Banco Mundial. As suas incapacidades, produto das guerras, da má nutrição e das doenças contagiosas, são agravadas pela inoperância dos governos dos seus países. Segundo a organização Mundial de Pessoas com Deficiência, apenas 2% das crianças nestas condições recebe algum tipo de educação ou reabilitação, e os adultos têm três vezes mais hipóteses de estar desempregados.
Herança do Horror
A Liga Argelina para a Defesa dos Direitos Humanos descobriu uma vala comum com os cadáveres de 200 pessoas, desaparecidas após a detenção por uma milícia apoiada pelo estado, no seguimento da guerra civil que rompeu em 1991 e que durou uma década, colocando em confronto o regime e os seus adversários islamitas. Os defensores dos direitos humanos na região acreditam que pelo menos 7000 pessoas terão sido mortas após a sua prisão.
Fórum Social Mundial
Decorreu em Bombaim, Índia, até quarta-feira dia 21, o IV Fórum Social Mundial. Cinco temas estruturaram o evento: Globalização imperialista; Sectarismo religioso, políticas de identidade e fundamentalismo; Castas, racismo e exclusão social; Patriarcado e Militarização. Cada manhã fizeram-se quatro painéis de discussão, pela tarde decorreram actividades autogeridas e à noite deu-se uma conferência em torno de um de quatro eixos: Militarização, guerra e paz; Media, informação, conhecimentos e cultura; Democracia, segurança ambiental e economia e Exclusão, discriminação, dignidade, direitos e igualdade. Vale a pena consultar as conclusões deste evento único.
Sociedade Civil e Direitos Humanos
Pobres deficientes
80% dos indivíduos com deficiência estão nos países do Sul, segundo dados do Banco Mundial. As suas incapacidades, produto das guerras, da má nutrição e das doenças contagiosas, são agravadas pela inoperância dos governos dos seus países. Segundo a organização Mundial de Pessoas com Deficiência, apenas 2% das crianças nestas condições recebe algum tipo de educação ou reabilitação, e os adultos têm três vezes mais hipóteses de estar desempregados.
Herança do Horror
A Liga Argelina para a Defesa dos Direitos Humanos descobriu uma vala comum com os cadáveres de 200 pessoas, desaparecidas após a detenção por uma milícia apoiada pelo estado, no seguimento da guerra civil que rompeu em 1991 e que durou uma década, colocando em confronto o regime e os seus adversários islamitas. Os defensores dos direitos humanos na região acreditam que pelo menos 7000 pessoas terão sido mortas após a sua prisão.
Fórum Social Mundial
Decorreu em Bombaim, Índia, até quarta-feira dia 21, o IV Fórum Social Mundial. Cinco temas estruturaram o evento: Globalização imperialista; Sectarismo religioso, políticas de identidade e fundamentalismo; Castas, racismo e exclusão social; Patriarcado e Militarização. Cada manhã fizeram-se quatro painéis de discussão, pela tarde decorreram actividades autogeridas e à noite deu-se uma conferência em torno de um de quatro eixos: Militarização, guerra e paz; Media, informação, conhecimentos e cultura; Democracia, segurança ambiental e economia e Exclusão, discriminação, dignidade, direitos e igualdade. Vale a pena consultar as conclusões deste evento único.
Ecosfera (ambiente)
Boletim da LATITUDE ZER0 (Comércio Justo)
Amazónia em risco
A desflorestação da Amazónia, na zona Norte do Brasil, atingiu já 15,7% da área total da floresta. Segundo um estudo elaborado por 12 ministérios brasileiros, apenas 8,7% foi autorizada pelas autoridades, tendo a restante sido feita de forma clandestina. A pecuária é considerada responsável pela maioria da área destruída.
Água maltratada
A qualidade e a protecção da água na Europa tem vindo a melhorar mas, ainda assim, tem-se registado pouco ou quase nenhum progresso no combate a alguns tipos específicos de poluição e ao uso exagerado de água em certas regiões.
Quioto demasiado longe
Novas projecções da European Environment Agency revelam que as medidas domésticas adoptadas ou planeadas até este momento pela maioria dos Estados Membros da União Europeia são insuficientes para atingir as metas respeitantes às emissões climáticas estabelecidas no Protocolo de Quioto.
Amazónia em risco
A desflorestação da Amazónia, na zona Norte do Brasil, atingiu já 15,7% da área total da floresta. Segundo um estudo elaborado por 12 ministérios brasileiros, apenas 8,7% foi autorizada pelas autoridades, tendo a restante sido feita de forma clandestina. A pecuária é considerada responsável pela maioria da área destruída.
Água maltratada
A qualidade e a protecção da água na Europa tem vindo a melhorar mas, ainda assim, tem-se registado pouco ou quase nenhum progresso no combate a alguns tipos específicos de poluição e ao uso exagerado de água em certas regiões.
Quioto demasiado longe
Novas projecções da European Environment Agency revelam que as medidas domésticas adoptadas ou planeadas até este momento pela maioria dos Estados Membros da União Europeia são insuficientes para atingir as metas respeitantes às emissões climáticas estabelecidas no Protocolo de Quioto.
sexta-feira, janeiro 23, 2004
Aborto: a acabar
Está a acabar a recolha de assinaturas da petição a favor de um referendo sobre o aborto. Descriminalização do aborto praticado em hospitais até às 10 semanas de gravidez, é o que se pede. 10.000 assinaturas, é o que falta. Pretende-se ter todas as assinaturas recolhidas até segunda-feira. Quem tiver ainda algumas assinaturas perdidas em casa, envie-as por
correio azul para a rua Augusta, 246, 2º, 1100 Lisboa. Quem quiser dar uma ajudinha à causa e trabalhar umas horinhas a recolher assinaturas durante este fim-de-semana, vá ver à página do BE (que é quem dá o litro, porque os outros só falam), que há bancas em quase todos os pontos do país:
http://www.bloco.org/index.php?option=news&task=viewarticle&sid=969
Luís Lavoura
correio azul para a rua Augusta, 246, 2º, 1100 Lisboa. Quem quiser dar uma ajudinha à causa e trabalhar umas horinhas a recolher assinaturas durante este fim-de-semana, vá ver à página do BE (que é quem dá o litro, porque os outros só falam), que há bancas em quase todos os pontos do país:
http://www.bloco.org/index.php?option=news&task=viewarticle&sid=969
Luís Lavoura
EPC e o FSM
Eduardo Prado Coelho, no Publico de hoje
EPC - Quando se simpatiza [com o FSM], diz-se: aqui temos, na sua confusão, na sua balbúrdia, nas suas contradições, na sua vocação folclorizante, nas suas ortodoxias anacrónicas, a dor e a miséria do mundo. E exprimem-se com uma vitalidade e uma energia contagiantes. E podemos odiar, claro, se pensarmos que se trata de um conjunto de arruaceiros que pretendem pôr em causa a ordem pública. (...) Alguns vão mesmo mais longe: todos eles são terroristas em potência. E a esquerda, que sorri de Bush e do seu peru plastificado, é no fundo cúmplice dos anarquistas, cúmplice dos arruaceiros e, em última instância, cúmplice dos terroristas. Mesmo que diga que não, mas toda a gente sabe que só o diz para disfarçar...
EPC introduz o tema do altermundialismo, explicando ao comum dos mortais os dois lados da barricada: educativo e claro. A tirada do Perú é interessante: quem se riu do Perú de plástico, é de esquerda. É destas explicações que o povo precisa para clarificar a dicotomia esquerda-direita.
EPC - (...) [O FSM] mudou de escala: deixou-se absorver pelo local, perdeu um pouco das grandes linhas de uma política mundializada. Que tenha havido esta evolução é o preço do sucesso, mas é também um sério óbice para um trabalho sério. Segundo os relatos, a confusão e a vozearia em Bombaim quase que impediam que uns ouvissem os outros.
Aqui, EPC demonstra a sua preocupação pelo rumo que o FSM tomou; sem saber (julgo eu), EPC assume uma posição semelhante à do Professor BSS, que defende mudanças no FSM de forma a que seja mais deliberativo. É que a confusão e a vozearia são também o FSM, e em nada prejudica o objectivo do FSM: criar um espaço de encontro e de partilha entre os movimentos sociais. Essa confusão faz parte desta nova experiência. Pelo contrário, debater "grandes linhas de uma política mundializada" nunca foi o objectivo do FSM. Esse é o FSM que desejam uns quantos, muitas vezes (curiosamente) próximos de forças partidárias.
EPC - Nestas circunstâncias, o Fórum Social Mundial vai ser obrigado a repensar as suas estruturas de forma a articular estes lugares de reivindicação nua e espontânea com instâncias onde se tornem visíveis os problemas essenciais e se elaboram soluções construtivas verdadeiramente capazes de criarem alternativas.
Aqui até parece que EPC teve uma reunião secreta com BSS. As "soluções construtivas e as alternativas" já fazem parte da agenda dos movimentos sociais que participam no FSM. O FSM não pode assumir uma estrutura hierárquica e do alto desse pedestal emanar umas quantas directivas para os movimentos sociais. Fazer isso será matar o FSM. Como diz Francisco Withaker, um dos mentores do FSM, no FSM "não há autoridade. O Fórum tem um comité de organizadores que não assumem os trabalhos de dirigir o Fórum se não prestarem o serviço de criar este espaço, construir o espaço. O Fórum é um processo que mais do que uma sucessão de eventos, estabelece uma rede permanente de intercomunicação e contacto."
EPC - Em Bombaim, o comité de organização incluía cerca de 135 organizações. No Brasil, limitava-se a oito. E isto mostra o salto qualitativo a que se assistiu, mas ao mesmo tempo o modo como as periferias invadiram o centro e desequilibraram o empreendimento.
Aqui não percebo de todo como é que e quem desequilibrou o que quer que seja....
EPC - A esquerda tem de manter a causa da liberdade (perante a liberdade estritamente económica e muitas vezes antiliberal do neoliberalismo), mas não pode abandonar os princípios de igualdade, que são a sua última e mais profunda razão de ser.
Resumindo e concluindo, o EPC até simpatiza com o FSM mais ainda não percebeu o que é que é o FSM; a alma do FSM são as actividades auto-organizadas, que cada associação ou mesmo cada pessoa propõe. A linha política do FSM caracteriza-se por não existir. Claro que o FSM é político, já que é um caldo de cultura de activistas e alargamento de redes e contactos. Mas é sobretudo e essencialmente um espaço. E definitivamente, difere muito do que os partidos entendem por política...
EPC - Quando se simpatiza [com o FSM], diz-se: aqui temos, na sua confusão, na sua balbúrdia, nas suas contradições, na sua vocação folclorizante, nas suas ortodoxias anacrónicas, a dor e a miséria do mundo. E exprimem-se com uma vitalidade e uma energia contagiantes. E podemos odiar, claro, se pensarmos que se trata de um conjunto de arruaceiros que pretendem pôr em causa a ordem pública. (...) Alguns vão mesmo mais longe: todos eles são terroristas em potência. E a esquerda, que sorri de Bush e do seu peru plastificado, é no fundo cúmplice dos anarquistas, cúmplice dos arruaceiros e, em última instância, cúmplice dos terroristas. Mesmo que diga que não, mas toda a gente sabe que só o diz para disfarçar...
EPC introduz o tema do altermundialismo, explicando ao comum dos mortais os dois lados da barricada: educativo e claro. A tirada do Perú é interessante: quem se riu do Perú de plástico, é de esquerda. É destas explicações que o povo precisa para clarificar a dicotomia esquerda-direita.
EPC - (...) [O FSM] mudou de escala: deixou-se absorver pelo local, perdeu um pouco das grandes linhas de uma política mundializada. Que tenha havido esta evolução é o preço do sucesso, mas é também um sério óbice para um trabalho sério. Segundo os relatos, a confusão e a vozearia em Bombaim quase que impediam que uns ouvissem os outros.
Aqui, EPC demonstra a sua preocupação pelo rumo que o FSM tomou; sem saber (julgo eu), EPC assume uma posição semelhante à do Professor BSS, que defende mudanças no FSM de forma a que seja mais deliberativo. É que a confusão e a vozearia são também o FSM, e em nada prejudica o objectivo do FSM: criar um espaço de encontro e de partilha entre os movimentos sociais. Essa confusão faz parte desta nova experiência. Pelo contrário, debater "grandes linhas de uma política mundializada" nunca foi o objectivo do FSM. Esse é o FSM que desejam uns quantos, muitas vezes (curiosamente) próximos de forças partidárias.
EPC - Nestas circunstâncias, o Fórum Social Mundial vai ser obrigado a repensar as suas estruturas de forma a articular estes lugares de reivindicação nua e espontânea com instâncias onde se tornem visíveis os problemas essenciais e se elaboram soluções construtivas verdadeiramente capazes de criarem alternativas.
Aqui até parece que EPC teve uma reunião secreta com BSS. As "soluções construtivas e as alternativas" já fazem parte da agenda dos movimentos sociais que participam no FSM. O FSM não pode assumir uma estrutura hierárquica e do alto desse pedestal emanar umas quantas directivas para os movimentos sociais. Fazer isso será matar o FSM. Como diz Francisco Withaker, um dos mentores do FSM, no FSM "não há autoridade. O Fórum tem um comité de organizadores que não assumem os trabalhos de dirigir o Fórum se não prestarem o serviço de criar este espaço, construir o espaço. O Fórum é um processo que mais do que uma sucessão de eventos, estabelece uma rede permanente de intercomunicação e contacto."
EPC - Em Bombaim, o comité de organização incluía cerca de 135 organizações. No Brasil, limitava-se a oito. E isto mostra o salto qualitativo a que se assistiu, mas ao mesmo tempo o modo como as periferias invadiram o centro e desequilibraram o empreendimento.
Aqui não percebo de todo como é que e quem desequilibrou o que quer que seja....
EPC - A esquerda tem de manter a causa da liberdade (perante a liberdade estritamente económica e muitas vezes antiliberal do neoliberalismo), mas não pode abandonar os princípios de igualdade, que são a sua última e mais profunda razão de ser.
Resumindo e concluindo, o EPC até simpatiza com o FSM mais ainda não percebeu o que é que é o FSM; a alma do FSM são as actividades auto-organizadas, que cada associação ou mesmo cada pessoa propõe. A linha política do FSM caracteriza-se por não existir. Claro que o FSM é político, já que é um caldo de cultura de activistas e alargamento de redes e contactos. Mas é sobretudo e essencialmente um espaço. E definitivamente, difere muito do que os partidos entendem por política...
A Bolsa ou a Vida I
Crónica de Alberto Matos na Radiopax, Beja, 20/1/2004
A imposição de aumento zero na função pública para os salários acima de 1000 euros significa, na prática, uma perda directa de poder de compra superior a 3%, já que a inflação em 2003 atingiu os 3,3% segundo o INE. Estes 3% assim vêm somar-se a perdas consecutivas dos salários nos últimos dois anos que já ultrapassam os 5% na função pública e não só, já que o Estado serve de (mau) exemplo para todo o patronato. O mais revoltante, porém, é o miserável populismo - com a marca de Bagão Félix - que procura mascarar este autêntico assalto aos rendimentos do trabalho com umas tintas de pseudo justiça social e de combate aos privilégios desses ricaços – vejam lá! – que ganham 200 contos… Mais ou menos o preço de um jantar em Cascais, de umas voltas de Jaguar e entre cinco a dez vezes menos do que ganha cada um da dúzia de assessores do ministro Paulo Portas.
Na função pública trata-se, aliás, de populismo barato, num sector onde há salários inferiores ao salário mínimo nacional. Imaginemos um salário de 500 euros (100 contos), bem acima da maioria dos trabalhadores das autarquias: 2% representam um aumento de 10 euros mensais, o que não dá sequer uma bica por dia…Afinal, não era preciso tanto alarido para tão fracos proventos, a que teremos ainda que descontar a inflação – é que a meia-bica do aumento já foi gasta em 2003…
A par deste autêntico roubo salarial, o governo aumentou para o dobro (ou seja 100%) o tecto de despesas pessoais e de representação (que incluem automóvel, telemóvel, cartão de crédito, etc) dos gestores hospitalares. Há que dar os parabéns a estes concidadãos que prestam tão notável serviço à pátria e cujos ordenados tinham sido fixados, há um ano, entre 6 527 e os 8 339 euros por mês - em tempo de ‘vacas magras’, não está mau… Ou seja: a crise, quando nasce, não é para todos! E não estamos a falar de gestores de empresas privadas (pelo menos por enquanto), mas sim de administradores de hospitais públicos cujo único accionista é o Estado.
A imposição de aumento zero na função pública para os salários acima de 1000 euros significa, na prática, uma perda directa de poder de compra superior a 3%, já que a inflação em 2003 atingiu os 3,3% segundo o INE. Estes 3% assim vêm somar-se a perdas consecutivas dos salários nos últimos dois anos que já ultrapassam os 5% na função pública e não só, já que o Estado serve de (mau) exemplo para todo o patronato. O mais revoltante, porém, é o miserável populismo - com a marca de Bagão Félix - que procura mascarar este autêntico assalto aos rendimentos do trabalho com umas tintas de pseudo justiça social e de combate aos privilégios desses ricaços – vejam lá! – que ganham 200 contos… Mais ou menos o preço de um jantar em Cascais, de umas voltas de Jaguar e entre cinco a dez vezes menos do que ganha cada um da dúzia de assessores do ministro Paulo Portas.
Na função pública trata-se, aliás, de populismo barato, num sector onde há salários inferiores ao salário mínimo nacional. Imaginemos um salário de 500 euros (100 contos), bem acima da maioria dos trabalhadores das autarquias: 2% representam um aumento de 10 euros mensais, o que não dá sequer uma bica por dia…Afinal, não era preciso tanto alarido para tão fracos proventos, a que teremos ainda que descontar a inflação – é que a meia-bica do aumento já foi gasta em 2003…
A par deste autêntico roubo salarial, o governo aumentou para o dobro (ou seja 100%) o tecto de despesas pessoais e de representação (que incluem automóvel, telemóvel, cartão de crédito, etc) dos gestores hospitalares. Há que dar os parabéns a estes concidadãos que prestam tão notável serviço à pátria e cujos ordenados tinham sido fixados, há um ano, entre 6 527 e os 8 339 euros por mês - em tempo de ‘vacas magras’, não está mau… Ou seja: a crise, quando nasce, não é para todos! E não estamos a falar de gestores de empresas privadas (pelo menos por enquanto), mas sim de administradores de hospitais públicos cujo único accionista é o Estado.
A Bolsa ou a Vida II
Crónica de Alberto Matos na Radiopax, Beja, 20/1/2004
Além de deitar por terra este populismo barato que, afinal, sai tão caro, o aumento das mordomias dos gestores públicos é um indicador claro do destino que este governo pretende dar às funções sociais do Estado na saúde, na educação ou na segurança social. A privatização da gestão é apenas o primeiro passo da entrega de todos os sectores lucrativos aos bancos e seguradoras: o grupo Mello foi pioneiro no Hospital Amadora-Sintra e até ganhou um processo contra o Estado, representado por um ministro que foi (e será?) seu empregado. E há grupos norte-americanos, europeus e outros para abocanhar as restantes fatias do bolo – veja-se o Citigroup que acabou de comprar, por 15% do seu valor, o direito de cobrança de dívidas fiscais e à Segurança Social de 11,45 mil milhões de euros, na última operação da ministra das finanças para manter o défice de 2003 artificialmente abaixo dos 3%. Ainda dizem que não bons negócios…
Neste autêntico “é fartar, vilanagem…” que começou com a criação de Institutos e Fundações e prossegue com as gestões hospitalares e o que mais se verá, o Estado está a criar dois tipos de emprego: o dos gestores milionários e a respectiva corte de ‘engraxadores’ que serve para colocar clientelas políticas; e o trabalho precário para milhares de trabalhadores a ‘recibo verde’ que, com o futuro contrato individual de trabalho, ficam impedidos de passar a efectivos ao fim de alguns anos de contrato a prazo – isto é pior do que no sector privado. Infelizmente, este perfil neoliberal de emprego está também a ser adoptado por algumas autarquias com a multiplicação de empresas municipais, criadas à semelhança dos institutos, fundações e hospitais-empresa.
Este mau exemplo do Estado patrão estende-se ao sector privado, com a degradação geral dos salários num país em que os rendimentos do trabalho representam apenas 40,3% do PIB – isto é, quase 60% vai para o capital e, dentro deste, sobretudo para os bancos (que pagam apenas 16% de IRC) e para todo o tipo de actividades especulativas que engordam em paraísos fiscais, como a zona franca da Madeira. E as percentagens oficiais tornam-se ainda mais negras no país real, em que de um terço da economia é informal e a fuga e evasão fiscais continuam impunes.
Neste quadro, há que saudar a greve dos trabalhadores de toda a administração pública da próxima sexta-feira [hoje], 23 de Janeiro, apoiada por sindicatos da CGTP, UGT e independentes, alguns dos quais dirigidos por membros dos TSD, do partido do primeiro-ministro. Sobre a justeza desta greve pouco haverá a acrescentar. Espero que este dia geral de protesto se desdobre em múltiplas formas de luta eficazes que não dêem tréguas a este governo em guerra contra o mundo do trabalho.
Além de deitar por terra este populismo barato que, afinal, sai tão caro, o aumento das mordomias dos gestores públicos é um indicador claro do destino que este governo pretende dar às funções sociais do Estado na saúde, na educação ou na segurança social. A privatização da gestão é apenas o primeiro passo da entrega de todos os sectores lucrativos aos bancos e seguradoras: o grupo Mello foi pioneiro no Hospital Amadora-Sintra e até ganhou um processo contra o Estado, representado por um ministro que foi (e será?) seu empregado. E há grupos norte-americanos, europeus e outros para abocanhar as restantes fatias do bolo – veja-se o Citigroup que acabou de comprar, por 15% do seu valor, o direito de cobrança de dívidas fiscais e à Segurança Social de 11,45 mil milhões de euros, na última operação da ministra das finanças para manter o défice de 2003 artificialmente abaixo dos 3%. Ainda dizem que não bons negócios…
Neste autêntico “é fartar, vilanagem…” que começou com a criação de Institutos e Fundações e prossegue com as gestões hospitalares e o que mais se verá, o Estado está a criar dois tipos de emprego: o dos gestores milionários e a respectiva corte de ‘engraxadores’ que serve para colocar clientelas políticas; e o trabalho precário para milhares de trabalhadores a ‘recibo verde’ que, com o futuro contrato individual de trabalho, ficam impedidos de passar a efectivos ao fim de alguns anos de contrato a prazo – isto é pior do que no sector privado. Infelizmente, este perfil neoliberal de emprego está também a ser adoptado por algumas autarquias com a multiplicação de empresas municipais, criadas à semelhança dos institutos, fundações e hospitais-empresa.
Este mau exemplo do Estado patrão estende-se ao sector privado, com a degradação geral dos salários num país em que os rendimentos do trabalho representam apenas 40,3% do PIB – isto é, quase 60% vai para o capital e, dentro deste, sobretudo para os bancos (que pagam apenas 16% de IRC) e para todo o tipo de actividades especulativas que engordam em paraísos fiscais, como a zona franca da Madeira. E as percentagens oficiais tornam-se ainda mais negras no país real, em que de um terço da economia é informal e a fuga e evasão fiscais continuam impunes.
Neste quadro, há que saudar a greve dos trabalhadores de toda a administração pública da próxima sexta-feira [hoje], 23 de Janeiro, apoiada por sindicatos da CGTP, UGT e independentes, alguns dos quais dirigidos por membros dos TSD, do partido do primeiro-ministro. Sobre a justeza desta greve pouco haverá a acrescentar. Espero que este dia geral de protesto se desdobre em múltiplas formas de luta eficazes que não dêem tréguas a este governo em guerra contra o mundo do trabalho.
Solidariedade
COMUNICADO DE SOLIDARIEDADE
A Opus Gay divulga o comunicado de hoje do grupo Panteras Rosas e solidariza-se contra a gressão de que foram vítimas.
A Opus Gay considera ainda que deveria ser dado o mesmo tratamento a todo o tipo de famílias reconhecidas pela lei portuguesa, no que ao realojamento diz respeito.
A Opus Gay considera também que os casos de violência familiar contra mulheres deveriam ter um tratamento preferencial e mais rápido.
Opus Gay
COMUNICADO: PANTERAS ROSAS AGREDIDAS POR FUNCIONÁRIOS DA CML
CML ASSUME DISCRIMINAÇÃO EXPLÍCITA EM CASO DE REALOJAMENTO
As "Panteras Rosas", associação de luta contra a homofobia, vêm por este meio denunciar a agressão de que foram vítimas, esta manhã [ontem], os seus activistas por parte de funcionários da Câmara Municipal de Lisboa que procediam à demolição de uma habitação degradada no Bairro da Cruz Vermelha do Lumiar, em Lisboa, perante a impassividade de agentes da polícia municipal.
A cerca de dezena de activistas d@s Panteras Rosas encontravam-se frente ao portão da casa de um casal de jovens lésbicas que foi excluído do processo de realojamento do seu bairro por discriminação homofóbica da família de uma delas, que há um ano se viu excluída da casa nova que lhe foi atribuída pela CML por parte da família. As Panteras Rosas pretendiam realizar uma acção SIMBÓLICA para marcar a denúncia da situação, colocando-se em frente ao portão e saindo, naturalmente, assim que a polícia o solicitasse. Ao invés, alguns dos fiscais da CML ali presentes, sem aviso prévio ou qualquer abordagem, e com anuência da polícia municipal ali presente, agrediram violentamente quatro activistas, três raparigas e um rapaz, da nossa associação, e mantiveram sequestrada - afirmando que não estava detida - durante meia-hora uma das activistas, a quem tinham temporariamente confiscado a máquina fotográfica. (...)
As "Panteras Rosas" não vão deixar passar em claro a actuação injustificável e discriminatória da CML. A partir das 15h de hoje, estaremos em permanência frente à Câmara Municipal de Lisboa, nos Paços do Concelho, para exigir explicações. Vamos ali permanecer até que a autarquia se mostre disponível para dialogar e ajudar a procurar uma solução alternativa à de "sem-abrigo" para este casal a quem hoje demoliu o único tecto que lhe restava.
A CML (...) nega a um casal, por ser de duas mulheres, o estatuto de "agregado familiar". Não foi aprovada uma Lei de Uniões de Facto em Portugal? Será um casal de lésbicas um grupo alienígena excluído do direito
constitucional à Habitação?
Panteras Rosas
A Opus Gay divulga o comunicado de hoje do grupo Panteras Rosas e solidariza-se contra a gressão de que foram vítimas.
A Opus Gay considera ainda que deveria ser dado o mesmo tratamento a todo o tipo de famílias reconhecidas pela lei portuguesa, no que ao realojamento diz respeito.
A Opus Gay considera também que os casos de violência familiar contra mulheres deveriam ter um tratamento preferencial e mais rápido.
Opus Gay
COMUNICADO: PANTERAS ROSAS AGREDIDAS POR FUNCIONÁRIOS DA CML
CML ASSUME DISCRIMINAÇÃO EXPLÍCITA EM CASO DE REALOJAMENTO
As "Panteras Rosas", associação de luta contra a homofobia, vêm por este meio denunciar a agressão de que foram vítimas, esta manhã [ontem], os seus activistas por parte de funcionários da Câmara Municipal de Lisboa que procediam à demolição de uma habitação degradada no Bairro da Cruz Vermelha do Lumiar, em Lisboa, perante a impassividade de agentes da polícia municipal.
A cerca de dezena de activistas d@s Panteras Rosas encontravam-se frente ao portão da casa de um casal de jovens lésbicas que foi excluído do processo de realojamento do seu bairro por discriminação homofóbica da família de uma delas, que há um ano se viu excluída da casa nova que lhe foi atribuída pela CML por parte da família. As Panteras Rosas pretendiam realizar uma acção SIMBÓLICA para marcar a denúncia da situação, colocando-se em frente ao portão e saindo, naturalmente, assim que a polícia o solicitasse. Ao invés, alguns dos fiscais da CML ali presentes, sem aviso prévio ou qualquer abordagem, e com anuência da polícia municipal ali presente, agrediram violentamente quatro activistas, três raparigas e um rapaz, da nossa associação, e mantiveram sequestrada - afirmando que não estava detida - durante meia-hora uma das activistas, a quem tinham temporariamente confiscado a máquina fotográfica. (...)
As "Panteras Rosas" não vão deixar passar em claro a actuação injustificável e discriminatória da CML. A partir das 15h de hoje, estaremos em permanência frente à Câmara Municipal de Lisboa, nos Paços do Concelho, para exigir explicações. Vamos ali permanecer até que a autarquia se mostre disponível para dialogar e ajudar a procurar uma solução alternativa à de "sem-abrigo" para este casal a quem hoje demoliu o único tecto que lhe restava.
A CML (...) nega a um casal, por ser de duas mulheres, o estatuto de "agregado familiar". Não foi aprovada uma Lei de Uniões de Facto em Portugal? Será um casal de lésbicas um grupo alienígena excluído do direito
constitucional à Habitação?
Panteras Rosas
SUL > NORTE
BOLETIM da Latitude Zer0
Consumo, Comércio e Desenvolvimento
Uma Marca Justa e Global
Na passada segunda-feira, 19 de Janeiro, decorreu um acontecimento singular no mais miserável bairro da lata em Bombaim, Índia, durante o Fórum Social Mundial: a apresentação da nova imagem do Comércio Justo. Pela primeira vez, existe uma marca mundial para o CJ, que distingue as organizações de CJ das outras organizações comerciais envolvidas neste comércio apenas através da aquisição de produtos certificados.
Arroz é Vida
Eis o lema do Ano Internacional do Arroz, declarado pela FAO para debater as potencialidades deste cereal na luta contra a desnutrição que aflige 840 milhões de pessoas (200 milhões de crianças). Quatro quintos dos que dependem do seu cultivo - que tem decaído nos últimos anos – habitam países pobres. No próximo mês decorrerá em Roma uma conferência mundial sobre o tema.
Droga de Vida
Milhares de agricultores em países como a Etiópia e a Colômbia substituem o cultivo de café pelo de opiáceos e de coca, devido à queda dos preços do café. Esta queda só se sente junto dos produtores, pois o mercado mundial tem crescido, em benefício das poucas empresas transnacionais que controlam a comercialização deste produto.
Consumo, Comércio e Desenvolvimento
Uma Marca Justa e Global
Na passada segunda-feira, 19 de Janeiro, decorreu um acontecimento singular no mais miserável bairro da lata em Bombaim, Índia, durante o Fórum Social Mundial: a apresentação da nova imagem do Comércio Justo. Pela primeira vez, existe uma marca mundial para o CJ, que distingue as organizações de CJ das outras organizações comerciais envolvidas neste comércio apenas através da aquisição de produtos certificados.
Arroz é Vida
Eis o lema do Ano Internacional do Arroz, declarado pela FAO para debater as potencialidades deste cereal na luta contra a desnutrição que aflige 840 milhões de pessoas (200 milhões de crianças). Quatro quintos dos que dependem do seu cultivo - que tem decaído nos últimos anos – habitam países pobres. No próximo mês decorrerá em Roma uma conferência mundial sobre o tema.
Droga de Vida
Milhares de agricultores em países como a Etiópia e a Colômbia substituem o cultivo de café pelo de opiáceos e de coca, devido à queda dos preços do café. Esta queda só se sente junto dos produtores, pois o mercado mundial tem crescido, em benefício das poucas empresas transnacionais que controlam a comercialização deste produto.
A não perder!
Não percam este fantástico documentário: Ser e Ter ("Etre et Avoir).
Tive a sorte de o ver aqui há uns meses por terras Gaulesas, e fiquei completamente rendido aos seus encantos. De uma humanidade impressionante. Supostamente é um filme mais para professores, mas garanto-vos que não. Definitivamente, mais um grão de areia a demonstrar que há outras práticas possíveis na sociedade. Neste caso concreto, um professor, com toda a sua paixão, contribui para a esperança e formação de crianças esquecidas no interior remoto de França. É a grande aventura da aprendizagem que é relatada, com mestria e muita sensibilidade. O filme começa sem se dar nada por ele, mas pouco a pouco insinua-se com toda a sua beleza, como um perfume que primeiro é quase imperceptível mas depois nos cativa com o seu irresistível fragor e personalidade, envolvendo-nos numa teia de emoções de que só nos desprendemos quando chega o fim. De 1 a 5 *****!
Salas que passam este filme.
quinta-feira, janeiro 22, 2004
As origens do FSM
No ano 2000, quando o empresário Oded Grajew e o professor Chico Withaker discutiam a ideia de criar um fórum internacional que se opusesse ao Fórum Económico de Davos, não esperavam colocá-la em prática senão dois ou três anos depois. Quem deu o grito para avançar foi Cândido Grzybowski, director-geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Económicas (Ibase). No entanto, foi Bernard Cassens, director do jornal francês Le Monde Diplomatique e da ONG Attac, que deu a sugestão de realizar esse encontro no Brasil.
O mais genial do FSM foi ter sido pensado como um encontro destinado a criar a sua própria agenda, construir o seu próprio campo, em termos de imaginário, ideias e propostas, em vez de ser dominado pela agenda dos outros. Com o apelo de “um outro mundo é possível”, começou a ser claro que esta ideia era viável, desde que se conseguisse juntar os que não se juntavam.
Antes, os movimentos reagiam aos eventos oficiais, de forma temática e segmentada: dívida externa, comércio, direitos humanos, meio ambiente, feminismo. O FSM veio proporcionar um espaço de convergência entre todos estes diferentes sectores (e muitos outros), que anteriormente, raramente se cruzavam.
Texto baseado nesta entrevista de Cândido Grzybowski.
O mais genial do FSM foi ter sido pensado como um encontro destinado a criar a sua própria agenda, construir o seu próprio campo, em termos de imaginário, ideias e propostas, em vez de ser dominado pela agenda dos outros. Com o apelo de “um outro mundo é possível”, começou a ser claro que esta ideia era viável, desde que se conseguisse juntar os que não se juntavam.
Antes, os movimentos reagiam aos eventos oficiais, de forma temática e segmentada: dívida externa, comércio, direitos humanos, meio ambiente, feminismo. O FSM veio proporcionar um espaço de convergência entre todos estes diferentes sectores (e muitos outros), que anteriormente, raramente se cruzavam.
Texto baseado nesta entrevista de Cândido Grzybowski.
O FSM é dos participantes
LUIS JAVIER GARRIDO
"Mumbai 2004 termina com uma lição para os organizadores do encontro, que deverão corrigir muitos dos seus esquemas se querem proseguir com esta iniciativa. A grande riqueza do Fórum é constituida pelas pessoas que participam nele, dando-lhe conteúdo e vitalidade; os cerca de 120 000 delegados, tiveram muito mais interesse que os conferencistas, pouco preparados para a ocasião, e que apenas confirmaram o que constitui o verdadeiro fórum: um encontro entre dirigentes sociais, representantes de ONG, líderes sindicais, agricultores e intelectuais."
"O 4º FSM doi mais uma manifestação de inconformismo das maiorias do planeta com as políticas económicas e sociais mundiais, (..) dando um claro não às políticas de força dos EUA para controlar os recursos estratégicos do planeta, mas um enorme sim à vida e aos direitos dos povos que acreditam que "outro mundo é possível", e que este pode ser construido entre todos, respeitando as respectivas diversidades, como são disso exemplo os "campesinos" de Chiapas."
Veja o artigo completo aqui (em castelhano)
Não podia estar mais de acordo com o Luis Garrido. O que nos chega normalmente do FSM são as entrevistas e as palavras dos "cromos", mas o FSM vale muito mais pelo encontro entre pessoas que antes não tinham oportunidade de se conhecer. Os cromos são a face mediática do FSM. Mas os frutos concretos do FSM são as redes formadas, as parcerias estabelecidas, a partilha de experiências. Foi pelo menos isso que aconteceu em Portugal: os cromos e as conferências já desapareceram da realidade e das memórias; as parecerias e as redes, essas continuam bem vivas e a trabalhar para que um outro mundo seja possível.
Pessoalmente, não tenho nada contra os cromos (quer dizer, mais ou menos); no entanto, irrita-me que os media só passem informação dessas fontes "previligiadas". O FSM é uma galáxia; os cromos são os buracos negros nessa galáxia que sorvem toda a atenção para o seu vórtex. Assim, a visão que os media têm dos FSM é necessariamente distorcida, já que da enorme galáxia, apenas descreve uns quantos buracos negros. Bem, não me saiu lá muito bem a parábola, mas vocês sabem do que é que estou a falar...
"Mumbai 2004 termina com uma lição para os organizadores do encontro, que deverão corrigir muitos dos seus esquemas se querem proseguir com esta iniciativa. A grande riqueza do Fórum é constituida pelas pessoas que participam nele, dando-lhe conteúdo e vitalidade; os cerca de 120 000 delegados, tiveram muito mais interesse que os conferencistas, pouco preparados para a ocasião, e que apenas confirmaram o que constitui o verdadeiro fórum: um encontro entre dirigentes sociais, representantes de ONG, líderes sindicais, agricultores e intelectuais."
"O 4º FSM doi mais uma manifestação de inconformismo das maiorias do planeta com as políticas económicas e sociais mundiais, (..) dando um claro não às políticas de força dos EUA para controlar os recursos estratégicos do planeta, mas um enorme sim à vida e aos direitos dos povos que acreditam que "outro mundo é possível", e que este pode ser construido entre todos, respeitando as respectivas diversidades, como são disso exemplo os "campesinos" de Chiapas."
Veja o artigo completo aqui (em castelhano)
Não podia estar mais de acordo com o Luis Garrido. O que nos chega normalmente do FSM são as entrevistas e as palavras dos "cromos", mas o FSM vale muito mais pelo encontro entre pessoas que antes não tinham oportunidade de se conhecer. Os cromos são a face mediática do FSM. Mas os frutos concretos do FSM são as redes formadas, as parcerias estabelecidas, a partilha de experiências. Foi pelo menos isso que aconteceu em Portugal: os cromos e as conferências já desapareceram da realidade e das memórias; as parecerias e as redes, essas continuam bem vivas e a trabalhar para que um outro mundo seja possível.
Pessoalmente, não tenho nada contra os cromos (quer dizer, mais ou menos); no entanto, irrita-me que os media só passem informação dessas fontes "previligiadas". O FSM é uma galáxia; os cromos são os buracos negros nessa galáxia que sorvem toda a atenção para o seu vórtex. Assim, a visão que os media têm dos FSM é necessariamente distorcida, já que da enorme galáxia, apenas descreve uns quantos buracos negros. Bem, não me saiu lá muito bem a parábola, mas vocês sabem do que é que estou a falar...
Erro on-line
O Publico on-line "fechou" a sua cobertura do FSM com um verdadeiro lapso Freudiano; ora vejam:
Activistas pediam "o fim da ocupação do Iraque" ao lado de outros que ostentavam cartazes pedindo "façam do Tibete uma zona de paz", sem esquecer os que garantiam "um mundo socialista é possível" - o "slogan" do fórum.
"Um mundo socialista é possível?" só de fôr na cabeça do jornalista que escreveu o artigo; o slogan é "Um outro Mundo é possível!"; valha-nos a nossa santinha Alexandrina (a tal que sobreviveu a hóstias durante anos a fio)... o senhor Jornalista devia estar a pensar que estava no meio da revolução de 1917, no coração da Rússia, e não em Mumbai (antiga Bombaim), no FSM 2004, no coração da Índia.
PS - na versão escrita do Público não sei se está assim.... a malta anda a poupar uns tustos pelo que jornais, só na internet.
Activistas pediam "o fim da ocupação do Iraque" ao lado de outros que ostentavam cartazes pedindo "façam do Tibete uma zona de paz", sem esquecer os que garantiam "um mundo socialista é possível" - o "slogan" do fórum.
"Um mundo socialista é possível?" só de fôr na cabeça do jornalista que escreveu o artigo; o slogan é "Um outro Mundo é possível!"; valha-nos a nossa santinha Alexandrina (a tal que sobreviveu a hóstias durante anos a fio)... o senhor Jornalista devia estar a pensar que estava no meio da revolução de 1917, no coração da Rússia, e não em Mumbai (antiga Bombaim), no FSM 2004, no coração da Índia.
PS - na versão escrita do Público não sei se está assim.... a malta anda a poupar uns tustos pelo que jornais, só na internet.
Francisco Withaker no FSM
“Temos de continuar nosso caminho, que está dando certo”
Fausto Rêgo, Rits
“Temos de aprofundar nossos métodos para que cada Fórum não seja um começo de tudo de novo”. A autocrítica é de Francisco Whitaker, membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e do Comité Organizador do Fórum Social Mundial. Numa entrevista improvisada colectiva no final do seminário “Neoliberalismo, guerra e o Fórum Social Mundial”, do qual foi mediador. Num balanço deste primeiro Fórum realizado fora do Brasil e dos resultados obtidos após quatro edições do evento, ele aponta outros aspectos que ainda podem ser melhorados: garantir mais visibilidade às proposições finais, estimular o contacto e a interacção entre os movimentos no intervalo entre os Fóruns e continuar a expansão pelo mundo afora. Sobre Mumbai, Whitaker destaca um ensinamento será levado para o próximo Fórum, novamente em Porto Alegre (RS): “A grande lição de que é possível trabalhar na diversidade, respeitando a diversidade”.
Leia a entrevista completa com Francisco Withaker
Fausto Rêgo, Rits
“Temos de aprofundar nossos métodos para que cada Fórum não seja um começo de tudo de novo”. A autocrítica é de Francisco Whitaker, membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz e do Comité Organizador do Fórum Social Mundial. Numa entrevista improvisada colectiva no final do seminário “Neoliberalismo, guerra e o Fórum Social Mundial”, do qual foi mediador. Num balanço deste primeiro Fórum realizado fora do Brasil e dos resultados obtidos após quatro edições do evento, ele aponta outros aspectos que ainda podem ser melhorados: garantir mais visibilidade às proposições finais, estimular o contacto e a interacção entre os movimentos no intervalo entre os Fóruns e continuar a expansão pelo mundo afora. Sobre Mumbai, Whitaker destaca um ensinamento será levado para o próximo Fórum, novamente em Porto Alegre (RS): “A grande lição de que é possível trabalhar na diversidade, respeitando a diversidade”.
Leia a entrevista completa com Francisco Withaker
Optimismo
Ontem, no jornal da 2, mais uma cura milagrosa para os fumadores: a auriculoterappia; uma pressãozita nas órelhas, umas mezinhas, e já está; tudo pela módica quantia de 298 euros.
Fiquei assim a saber que poupei 298 euros. É que há um mês que deixei de fumar. Entre esta poupança e o que não gastei com tabaco, já devo ter ganho meio salário. Afinal há sempre maneiras de um gajo se safar, quando está no desemprego, sem guito nenhum.
Entretanto, o FSM teve direito a 15 segundos enóóóóórmes no Telejornal da 2. Fosga-se, 15 segundos é muita fruta!!
Fiquei assim a saber que poupei 298 euros. É que há um mês que deixei de fumar. Entre esta poupança e o que não gastei com tabaco, já devo ter ganho meio salário. Afinal há sempre maneiras de um gajo se safar, quando está no desemprego, sem guito nenhum.
Entretanto, o FSM teve direito a 15 segundos enóóóóórmes no Telejornal da 2. Fosga-se, 15 segundos é muita fruta!!
Destaques
Abrimos uma janela (aqui à esquerda abaixo dos arquivos) para destacar alguns blogs que nos surprendam pela sua qualidade. Para começar, dois que na forma e nos conteúdos são referências obrigatórias.
O Jumento, blog irreverente, com um album de fotografias invejável, um template muito, mas mesmo muito à frente e conteudos fantásticos. "Na Governação como na Administração Pública, antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube".
Visita obrigatória diária!
O novíssimo Sous les pavés, la plage!, em "contiguidade" com o recente abandono, Múrmurios de um Silêncio. O Tiago (dos Murmurios) faz agora parte de uma equipa de quatro que alimentam este novo Blog. Mais uma vez, forma e conteúdos de excelente qualidade. Vale mesmo a pena!
O Jumento, blog irreverente, com um album de fotografias invejável, um template muito, mas mesmo muito à frente e conteudos fantásticos. "Na Governação como na Administração Pública, antes quero asno que me leve que cavalo que me derrube".
Visita obrigatória diária!
O novíssimo Sous les pavés, la plage!, em "contiguidade" com o recente abandono, Múrmurios de um Silêncio. O Tiago (dos Murmurios) faz agora parte de uma equipa de quatro que alimentam este novo Blog. Mais uma vez, forma e conteúdos de excelente qualidade. Vale mesmo a pena!
A barba
Depois do controverso Véu Islâmico, o ministro da Educação Francês propõe o desaparecimento das barbas Islâmicas nas Escolas Francesas. Só falta obrigar os alunos muçulmanos a comer córatos de porco ao pequeno almoço e então sim: as escolas francesas serão muito mais Laicas!
Moral da história: se o camarada JPP desejar fazer uma pós graduação em frança terá que cortar a sua estimada barba grisalha. Ou então não, já que as barbas ditas Islâmicas vêm sempre agarradas a caras denominados Mohamed, Abdul ou Mustafá. Pacheco Pereira não tem nem de perto nem de longe essa sonoridade; só se for lido como Paxê Kupe Reira: neste caso, o rapaz é capaz de estar quilhado...
Moral da história: se o camarada JPP desejar fazer uma pós graduação em frança terá que cortar a sua estimada barba grisalha. Ou então não, já que as barbas ditas Islâmicas vêm sempre agarradas a caras denominados Mohamed, Abdul ou Mustafá. Pacheco Pereira não tem nem de perto nem de longe essa sonoridade; só se for lido como Paxê Kupe Reira: neste caso, o rapaz é capaz de estar quilhado...
quarta-feira, janeiro 21, 2004
O FSM na Blogosfera
Fica aqui a referência aos blogs que falaram do FSM (que ainda será actualizada), ajudando assim a passar a informação:
Bloguitica
Cibertulia
Avatares
Barnabé
Janela para o Rio
Grão de Areia
Rio Acima
SOS racismo
A quinta coluna
Abrangente
Analiticamente incorrecto
Cacaoccino
Murmurios do silêncio
Posts de pescada
PickPocket
QueerMondego
Quase em Português
Anarca
BdE II
Terras do Nunca
Estrangeirados
Isqueiro
timshel
O Jumento
Cruzes Canhoto
O Teu Olhar
Hello_world
Trocadero
Fazendo Caminho
Uns & outras
Sopa de nabos
A brincar a brincar, foram 31 os Blogs a chamar a atenção para o FSM; graças ao novo Technorati (ainda em fase experimental), a tarefa de descobrir Blogs que falam de determinado assunto ficou brutalmente facilitada. Isto até parece um anúncio do Tide, mas é mesmo verdade.
Bloguitica
Cibertulia
Avatares
Barnabé
Janela para o Rio
Grão de Areia
Rio Acima
SOS racismo
A quinta coluna
Abrangente
Analiticamente incorrecto
Cacaoccino
Murmurios do silêncio
Posts de pescada
PickPocket
QueerMondego
Quase em Português
Anarca
BdE II
Terras do Nunca
Estrangeirados
Isqueiro
timshel
O Jumento
Cruzes Canhoto
O Teu Olhar
Hello_world
Trocadero
Fazendo Caminho
Uns & outras
Sopa de nabos
A brincar a brincar, foram 31 os Blogs a chamar a atenção para o FSM; graças ao novo Technorati (ainda em fase experimental), a tarefa de descobrir Blogs que falam de determinado assunto ficou brutalmente facilitada. Isto até parece um anúncio do Tide, mas é mesmo verdade.
Viagem ao Planeta Mumbai
Antonio Martins, do Porto Alegre.Net
"O Fórum Social Mundial precisava pisar o chão de terra batida, respirar esta poeira, sentir o cheiro do povo", diz o cubano José Miguel Hernandez, que representa a campanha pan-americana contra a ALCA (...).
Ainda que muito relevantes (aqui se avançou, por exemplo, na convocação do dia internacional de protestos contra a guerra em 20 de março, aniversário da invasão do Iraque), os blocos que expressam reivindicações políticas explícitas são minoritários. Muito mais numerosos são os que querem mostrar ao Fórum Social Mundial – e talvez a si mesmos, acima de tudo – que têm identidade, beleza, cultura, expressão. Eles emergiram da pobreza abissal para dizer que existem.
Vêm com todas as danças do mundo; com gestos desconcertantes; com sons exóticos (o mais marcante dos quais é o de uma corneta aguda, tocada em silvos longos); com tons de pele que vão (no caso dos indianos e paquistaneses) do quase branco ao quase negro, mas conservam sempre o brilho azeitonado; com roupas de cores e cortes infinitos.
Veja o artigo completo
"O Fórum Social Mundial precisava pisar o chão de terra batida, respirar esta poeira, sentir o cheiro do povo", diz o cubano José Miguel Hernandez, que representa a campanha pan-americana contra a ALCA (...).
Ainda que muito relevantes (aqui se avançou, por exemplo, na convocação do dia internacional de protestos contra a guerra em 20 de março, aniversário da invasão do Iraque), os blocos que expressam reivindicações políticas explícitas são minoritários. Muito mais numerosos são os que querem mostrar ao Fórum Social Mundial – e talvez a si mesmos, acima de tudo – que têm identidade, beleza, cultura, expressão. Eles emergiram da pobreza abissal para dizer que existem.
Vêm com todas as danças do mundo; com gestos desconcertantes; com sons exóticos (o mais marcante dos quais é o de uma corneta aguda, tocada em silvos longos); com tons de pele que vão (no caso dos indianos e paquistaneses) do quase branco ao quase negro, mas conservam sempre o brilho azeitonado; com roupas de cores e cortes infinitos.
Veja o artigo completo
Bombaim é aqui e ali
Jayme Benvenuto Lima Jr.
Para além da festa e do intercâmbio cultural que o evento possibilita, o Fórum Social Mundial é uma grande busca por um projeto de sociedade viável e alternativo a tudo o que se tem experimentado, do campo capitalista ao socialista. Não importa se esse projeto ainda não tem uma cara definida, importa mais a busca – e que ela se faça com a ampliação da participação, o respeito às diferenças e muita dignidade. Aqui há espaço até para manifestações contra o Fórum Social Mundial, como a feita pelo grupo "Resistência de Bombaim", que encontrei no sábado e queria me convencer de que o FSM é um erro por não ter um objetivo claro. Menos, busquem seus reais inimigos, disse-lhes.
Às margens do Mar das Arábias, o mundo empobrecido, vulnerável, terceiro-mundista ou em desenvolvimento – como quer que se classifique - parece estar, cada vez mais, dando-se conta de que pode jogar um papel determinante na construção do mundo melhor que almejamos, se for capaz de reunir forças para exigir que as mudanças locais, nacionais e internacionais aconteçam para valer.
Leia o artigo completo
Para além da festa e do intercâmbio cultural que o evento possibilita, o Fórum Social Mundial é uma grande busca por um projeto de sociedade viável e alternativo a tudo o que se tem experimentado, do campo capitalista ao socialista. Não importa se esse projeto ainda não tem uma cara definida, importa mais a busca – e que ela se faça com a ampliação da participação, o respeito às diferenças e muita dignidade. Aqui há espaço até para manifestações contra o Fórum Social Mundial, como a feita pelo grupo "Resistência de Bombaim", que encontrei no sábado e queria me convencer de que o FSM é um erro por não ter um objetivo claro. Menos, busquem seus reais inimigos, disse-lhes.
Às margens do Mar das Arábias, o mundo empobrecido, vulnerável, terceiro-mundista ou em desenvolvimento – como quer que se classifique - parece estar, cada vez mais, dando-se conta de que pode jogar um papel determinante na construção do mundo melhor que almejamos, se for capaz de reunir forças para exigir que as mudanças locais, nacionais e internacionais aconteçam para valer.
Leia o artigo completo
Foi bonita a festa, pá!
Fórum Social Mundial termina com maior marcha popular já vista em Mumbai
Márcia Detoni, Agência Brasil
Os milhares de participantes do 4o. Fórum Social Mundial (FSM) tomaram, hoje, as ruas de Mumbai, na Índia, no último dia do maior evento internacional da sociedade civil, provocando caos no já congestionado trânsito da cidade. Foi a maior marcha já vista em Mumbai.
Agitando bandeiras, cartazes e faixas e pedindo um mundo melhor, os mais de 75 mil delegados inscritos no FSM caminharam durante duas horas até chegar ao Agad Maidan, um espaço aberto no centro da cidade, onde concertos com músicos de vários países, entre eles o ministro Gilberto Gil, prosseguem até o final da noite.
“É um grande carnaval social mundial”, disse a ambientalista brasileira Raquel Trajberg, da Aliança por um Mundo Social e Responsável. “Essas pessoas que nunca tiveram voz estão precisando se expressar e mostrar ao mundo que existem”, acrescentou.
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Márcia Detoni, Agência Brasil
Os milhares de participantes do 4o. Fórum Social Mundial (FSM) tomaram, hoje, as ruas de Mumbai, na Índia, no último dia do maior evento internacional da sociedade civil, provocando caos no já congestionado trânsito da cidade. Foi a maior marcha já vista em Mumbai.
Agitando bandeiras, cartazes e faixas e pedindo um mundo melhor, os mais de 75 mil delegados inscritos no FSM caminharam durante duas horas até chegar ao Agad Maidan, um espaço aberto no centro da cidade, onde concertos com músicos de vários países, entre eles o ministro Gilberto Gil, prosseguem até o final da noite.
“É um grande carnaval social mundial”, disse a ambientalista brasileira Raquel Trajberg, da Aliança por um Mundo Social e Responsável. “Essas pessoas que nunca tiveram voz estão precisando se expressar e mostrar ao mundo que existem”, acrescentou.
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Qual FSM?
Por: Renato Rovai, Revista Fórum
O debate a respeito dos rumos do Fórum Social Mundial aqueceu e, ao contrário das outras edições, onde as divergências ficavam "ocultas" em reuniões reservadas, agora (e talvez isso seja positivo) estão sendo debatidas em público. Hoje numa das principais conferências da manhã, Neoliberalismo e Guerra e a Importância do FSM, ficou evidente que há pelo menos duas tendências bem distintas. Uma que defende a manutenção da fórmula actual do evento e outra que sustenta que o Fórum precisa ter mecanismos que resultem em propostas e ações a serem apresentadas à sociedade.
1ª tendência - O brasileiro Francisco Whitaker, membro da Comissão de Justiça e Paz e do Comité Internacional do FSM, defende que o Fórum continue como está e até usou a máxima brasileira de que em time que está ganhando não se mexe. Na sua opinião, o Fórum existe para ampliar a rede de organizações não-governamentais e debater ideias. Whitaker sustenta que essa rede tem-se alargado muito desde o primeiro FSM e que o desafio de expandir ainda mais deve ser o principal objectivo. Para ele, as pessoas que defendem alterações no formato não se deram conta de que o Fórum veio para mudar a cultura política e não se pode repetir fórmulas da antiga política, onde há hierarquias e longos debates com votações.
2ª tendência - O argentino Roberto Savio, da IPS, já entende que depois de quatro anos o FSM precisa reavaliar os seus mecanismos estruturais para não ficar discutindo sempre as mesmas coisas sem avançar em nada. "Tivemos quase duas mil oficinas aqui e o que você e eu sabemos delas?", provocou. Savio entende que o FSM tem de fazer propostas para a sociedade e dá como exemplo a criação de um código de ética para os veículos de comunicação. "Poderíamos fazer um grande debate com as pessoas da área e construir um código que seria apresentado aos veículos de mídia do mundo inteiro", sustenta. O professor Boaventura de Sousa Santos também defende reformulações no Fórum para que ele seja mais deliberativo e chegou a sugerir plebiscitos pela internet em relação a algumas propostas. Nos próximos dias 22 e 23 o Conselho Internacional do FSM reúne-se para discutir também estas questões.
O debate a respeito dos rumos do Fórum Social Mundial aqueceu e, ao contrário das outras edições, onde as divergências ficavam "ocultas" em reuniões reservadas, agora (e talvez isso seja positivo) estão sendo debatidas em público. Hoje numa das principais conferências da manhã, Neoliberalismo e Guerra e a Importância do FSM, ficou evidente que há pelo menos duas tendências bem distintas. Uma que defende a manutenção da fórmula actual do evento e outra que sustenta que o Fórum precisa ter mecanismos que resultem em propostas e ações a serem apresentadas à sociedade.
1ª tendência - O brasileiro Francisco Whitaker, membro da Comissão de Justiça e Paz e do Comité Internacional do FSM, defende que o Fórum continue como está e até usou a máxima brasileira de que em time que está ganhando não se mexe. Na sua opinião, o Fórum existe para ampliar a rede de organizações não-governamentais e debater ideias. Whitaker sustenta que essa rede tem-se alargado muito desde o primeiro FSM e que o desafio de expandir ainda mais deve ser o principal objectivo. Para ele, as pessoas que defendem alterações no formato não se deram conta de que o Fórum veio para mudar a cultura política e não se pode repetir fórmulas da antiga política, onde há hierarquias e longos debates com votações.
2ª tendência - O argentino Roberto Savio, da IPS, já entende que depois de quatro anos o FSM precisa reavaliar os seus mecanismos estruturais para não ficar discutindo sempre as mesmas coisas sem avançar em nada. "Tivemos quase duas mil oficinas aqui e o que você e eu sabemos delas?", provocou. Savio entende que o FSM tem de fazer propostas para a sociedade e dá como exemplo a criação de um código de ética para os veículos de comunicação. "Poderíamos fazer um grande debate com as pessoas da área e construir um código que seria apresentado aos veículos de mídia do mundo inteiro", sustenta. O professor Boaventura de Sousa Santos também defende reformulações no Fórum para que ele seja mais deliberativo e chegou a sugerir plebiscitos pela internet em relação a algumas propostas. Nos próximos dias 22 e 23 o Conselho Internacional do FSM reúne-se para discutir também estas questões.
O que propõe o movimento altermundialista!
Se querem saber em que consiste o movimento altermundialista de A a Z , cliquem nos seguintes links:
1 - Altermundialismo de A a G
2 - Altermundialismo de H a M
3 - Altermundialismo de N a S
4 - Altermundialismo de T a Z
Se quiserem saber para que serve o altermundialismo (alguns exemplos):
1ª parte - Introdução
2ª parte - O direito à vida é mais importante que o direito de patente: a guerra dos medicamentos genéricos
3ª parte - Uma taxa mundial sobre os lucros para benefício dos mais pobres
4ª parte - O perdão da dívida externa dos países em desenvolvimento.
Agora é só clicar nos links (vá lá, que esta cena deu um trabalhão a traduzir!).
(Post feito por ocasião o FSE, re-editado)
1 - Altermundialismo de A a G
2 - Altermundialismo de H a M
3 - Altermundialismo de N a S
4 - Altermundialismo de T a Z
Se quiserem saber para que serve o altermundialismo (alguns exemplos):
1ª parte - Introdução
2ª parte - O direito à vida é mais importante que o direito de patente: a guerra dos medicamentos genéricos
3ª parte - Uma taxa mundial sobre os lucros para benefício dos mais pobres
4ª parte - O perdão da dívida externa dos países em desenvolvimento.
Agora é só clicar nos links (vá lá, que esta cena deu um trabalhão a traduzir!).
(Post feito por ocasião o FSE, re-editado)
Fico contente
Tenho que reconhecer (e fico contente com isso) que a cobertura que o Publico está a fazer do FSM me surprendeu pela positiva; depois do editorial de há dois dias, ontem voltaram a falar do FSM, falando essencialmente das intervenções de Stiglitz (ex-vice-presidente do Banco Mundial):
"As grandes agências querem impor políticas que já mostraram que não funcionam. Devemos bater-nos por um sistema de protecção social baseado num Estado forte e não na privatização desejada pelo Banco Mundial", disse o antigo número dois do BM, que se demitiu do cargo há quatro anos.
Hoje, o Publico fala do nosso Tony Guterres:
O presidente da Internacional Socialista (IS), António Guterres, (...) numa das suas intervenções centrais, referiu as "mudanças" que devem ser introduzidas no "sistema de governo mundial" para transformar a globalização numa "oportunidade para todos". Sublinhou que é necessário proceder à "revisão da constituição" do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nomeadamente abrindo-o a outros países, casos do Brasil e da Índia.
Quem o viu e quem o vê....ninguém diria que é o mesmo Homem de há uns anitos atrás....
Finalmente, fala também das vítimas da Sida:
Se tivermos de pagar o preço que as companhias farmacêuticas internacionais querem, será impossível sobreviver", disse o activista brasileiro Almir Pereira. O Brasil e a Índia são dois países que produzem genéricos dos medicamentos para o HIV a preços que custam cerca de 500 a mil dólares por ano por doente, quando o fármaco de marca pode chegar a 10 mil dólares.
A possibilidade de produzir medicamentos genéricos foi uma luta travada pelo altermundialismo, conseguindo finalmente que pudessem ser vendidos a países terceiros (sem a capacidade de os produzir, como Moçambique). A OMS aconcelha que o plano Mundial de cobate à SIDA siga o exemplo do Brasil.
Pelos exemplos acima dados, facilmente se compreende que, finalmete, os Ecos dos FSM já não tratam apenas do folclore e dos montras partidas; finalmente, são os conteúdos do FSM que aparecem nas páginas do Publico, não a sua superfície...
"As grandes agências querem impor políticas que já mostraram que não funcionam. Devemos bater-nos por um sistema de protecção social baseado num Estado forte e não na privatização desejada pelo Banco Mundial", disse o antigo número dois do BM, que se demitiu do cargo há quatro anos.
Hoje, o Publico fala do nosso Tony Guterres:
O presidente da Internacional Socialista (IS), António Guterres, (...) numa das suas intervenções centrais, referiu as "mudanças" que devem ser introduzidas no "sistema de governo mundial" para transformar a globalização numa "oportunidade para todos". Sublinhou que é necessário proceder à "revisão da constituição" do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nomeadamente abrindo-o a outros países, casos do Brasil e da Índia.
Quem o viu e quem o vê....ninguém diria que é o mesmo Homem de há uns anitos atrás....
Finalmente, fala também das vítimas da Sida:
Se tivermos de pagar o preço que as companhias farmacêuticas internacionais querem, será impossível sobreviver", disse o activista brasileiro Almir Pereira. O Brasil e a Índia são dois países que produzem genéricos dos medicamentos para o HIV a preços que custam cerca de 500 a mil dólares por ano por doente, quando o fármaco de marca pode chegar a 10 mil dólares.
A possibilidade de produzir medicamentos genéricos foi uma luta travada pelo altermundialismo, conseguindo finalmente que pudessem ser vendidos a países terceiros (sem a capacidade de os produzir, como Moçambique). A OMS aconcelha que o plano Mundial de cobate à SIDA siga o exemplo do Brasil.
Pelos exemplos acima dados, facilmente se compreende que, finalmete, os Ecos dos FSM já não tratam apenas do folclore e dos montras partidas; finalmente, são os conteúdos do FSM que aparecem nas páginas do Publico, não a sua superfície...
O preço de ser honesto!
Pois para quem compra casas degradadas (por não ter possibilidade de comprar das outras), olhem bem onde se mete. Se decidir ser honesto, vai passar pelas maiores provas de paciência e desgaste, mas também sofrer enormes gastos fincanceiros.
No meu caso pessoal, e devido aos preços praticados em Portugal, procuro casas degradadas que possam ser restauradas. Sai mais barato e as obras vão-se fazendo. Uma vez adquirida a casa, começam os problemas. É na fase dos procedimentos legais para obras que se inicia a fase do absurdo. Começa-se por ter de envolver um arquitecto, mas também um engenheiro (para o projecto de estrutura e especialidades: cozinha e casa de banho). Aqui começaram já as despesas, mas não é ainda esta fase que me choca. Depois submete-se o projecto à câmara e fica-se à espera não menos de seis meses, podendo ir muito além de um ano. Depois deste tempo podemos ser chamados para fazer alterações ao projecto. Volta-se então à fase dos engenheiros e arquitectos que refazem o projecto. Depois volta-se a submeter o projecto e aguarda-se mais um tempo. Depois há a obra em si. Depois há a vistoria do fim de obra que pode terminar o processo ou pode dar algum passo para trás. Não sei por quanto tempo se pode arrastar um processo destes, mas têm-me falado em processos de 3 e 4 anos.
Ora esta é a minha reflecção: a partir do momento que fiz a escritura começo a pagar o empréstimo ao banco. Como a casa não está habitável continuo a pagar uma renda pelo local onde moro actualmente( duas rendas, portanto!). A pergunta está em que com que direito qualquer câmara faz as pessoas pagarem pela sua imcompetência? Seria normal um mês, dois meses que fosse. Mas um ano?!? Isto aumenta brutalmente os gastos da aquisição de uma casa. Eu não condeno ninguém por fazer obras ilegais.
Não é só o cidadão que tem o dever de respeitar as leis. A aplicação das leis também têm de respeitar o cidadão. As instituições públicas deveriam assegurar isso mesmo. Se não o fazem, não é justo que seja o cidadão a pagar por isso.
Elza Neto
No meu caso pessoal, e devido aos preços praticados em Portugal, procuro casas degradadas que possam ser restauradas. Sai mais barato e as obras vão-se fazendo. Uma vez adquirida a casa, começam os problemas. É na fase dos procedimentos legais para obras que se inicia a fase do absurdo. Começa-se por ter de envolver um arquitecto, mas também um engenheiro (para o projecto de estrutura e especialidades: cozinha e casa de banho). Aqui começaram já as despesas, mas não é ainda esta fase que me choca. Depois submete-se o projecto à câmara e fica-se à espera não menos de seis meses, podendo ir muito além de um ano. Depois deste tempo podemos ser chamados para fazer alterações ao projecto. Volta-se então à fase dos engenheiros e arquitectos que refazem o projecto. Depois volta-se a submeter o projecto e aguarda-se mais um tempo. Depois há a obra em si. Depois há a vistoria do fim de obra que pode terminar o processo ou pode dar algum passo para trás. Não sei por quanto tempo se pode arrastar um processo destes, mas têm-me falado em processos de 3 e 4 anos.
Ora esta é a minha reflecção: a partir do momento que fiz a escritura começo a pagar o empréstimo ao banco. Como a casa não está habitável continuo a pagar uma renda pelo local onde moro actualmente( duas rendas, portanto!). A pergunta está em que com que direito qualquer câmara faz as pessoas pagarem pela sua imcompetência? Seria normal um mês, dois meses que fosse. Mas um ano?!? Isto aumenta brutalmente os gastos da aquisição de uma casa. Eu não condeno ninguém por fazer obras ilegais.
Não é só o cidadão que tem o dever de respeitar as leis. A aplicação das leis também têm de respeitar o cidadão. As instituições públicas deveriam assegurar isso mesmo. Se não o fazem, não é justo que seja o cidadão a pagar por isso.
Elza Neto
Pela legalização dos Imigrantes
Apelamos à participação de todas as organizações/ associações na
concentração de 31 de Janeiro pela legalização dos/as imigrantes.
Divulgem esta mensagem.
Obrigado
CONCENTRAÇÃO PELA LEGALIZAÇÃO DOS/AS IMIGRANTES
31 de Janeiro, 15h00, Largo de Camões, Lisboa
concentração de 31 de Janeiro pela legalização dos/as imigrantes.
Divulgem esta mensagem.
Obrigado
CONCENTRAÇÃO PELA LEGALIZAÇÃO DOS/AS IMIGRANTES
31 de Janeiro, 15h00, Largo de Camões, Lisboa
terça-feira, janeiro 20, 2004
Technorati Beta
Nas últimas semanas o Technorati está a pregar-nos partidas e não conseguimos saber quem é que fala de nós, o que impede um digladiar de ideias fluente e contínuo. Entretanto descobri uma versão Beta do Technorati que faz maravilhas, detectando um inbound link feito nos últimos minutos!
Tudo sobre o novo Technorati pode ser lido aqui
Vantagens:
1 - Em 7 minutos sabemos se alguém falou de nós (é mesmo verdade!);
2 - Um inquirição da base de dados demora menos de 1 segundo ( a ver vamos....)
3 - O sitema adapta-se ao crescimento de tráfico...
4 - Melhor para as línguas estrangeiras.
5 - Link directo para o post que tem o Link (é verdade; é muito útil)
6 - Uma nova página de resultados.
Por isso, não percam o próximo Technorati, que nós também não!
!
Tudo sobre o novo Technorati pode ser lido aqui
Vantagens:
1 - Em 7 minutos sabemos se alguém falou de nós (é mesmo verdade!);
2 - Um inquirição da base de dados demora menos de 1 segundo ( a ver vamos....)
3 - O sitema adapta-se ao crescimento de tráfico...
4 - Melhor para as línguas estrangeiras.
5 - Link directo para o post que tem o Link (é verdade; é muito útil)
6 - Uma nova página de resultados.
Por isso, não percam o próximo Technorati, que nós também não!
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O nosso Marte
Secção de 1700Km X 65 Km do Valles Marineris
O nosso Marte é mais giraço que o deles: é 3 D, faz lembrar as raizes de uma árvore e é definitivamente vermelho (como nos diziam há muitos e muitos anos). A resolução é de 12 metros, melhor que a resolução do Landsat, que produz a maioria das imagens de satélite utilizadas em detecção remota e cartografia.
Democratizar a globalização
Democratizar a globalização e globalizar a democracia
Por Erkki Tuomioja, ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia.
Ao mesmo tempo que a democracia se espalhou amplamente pelo mundo (como nunca antes na história da humanidade), o descontentamento com ela está crescendo. Milhões de pessoas sentem que são postas de lado na tomada de decisões e existe um crescente sentimento de que as forças e os acontecimentos que modelam as nossas vidas estão para lá do controlo democrático. O actual processo de globalização é incompleto, desigual e caracteriza-se por um déficit no exercício democrático do poder. Alguns países em desenvolvimento optaram pela integração na economia mundial através de estratégias industriais inspiradas nas histórias de sucesso do Leste da Ásia. No entanto, uma reprodução disto é impossível, ou, pelo menos muito difícil.
As estratégias baseadas no trabalho barato e nas zonas de livre comércio oferecem alguns postos de trabalho, mas não muitos mais (...).
Quando falamos da globalização da economia referimo-nos essencialmente à interação entre agentes económicos formais, como empresas, governos, instituições multilaterais, etc. Entretanto, a maioria das pessoas vive à margem desta economia formal. Em muitos países em desenvolvimento, o sector da economia formal constitui uma minúscula parte da sociedade, a maioria da qual foi deixada de fora do processo de globalização ou sofre apenas os seus efeitos negativos. A maior parte da população mundial carece da proteção da lei ou de providência social, que no essencial estão limitadas aos países industrializados. (...) Segundo a OIT, muito mais de 90% da força de trabalho agrícola do México e da Índia são informais. O melhor meio de combater a informalidade, a pobreza ou o trabalho infantil, é criar trabalho decente e projectar estratégias a favor do crescimento.
Este material foi produzido pela Inter Press Service e distribuído pela Agência Envolverde, tendo depois sido editado por Paulo Pereira. Leia o artigo original completo!
Por Erkki Tuomioja, ministro dos Negócios Estrangeiros da Finlândia.
Ao mesmo tempo que a democracia se espalhou amplamente pelo mundo (como nunca antes na história da humanidade), o descontentamento com ela está crescendo. Milhões de pessoas sentem que são postas de lado na tomada de decisões e existe um crescente sentimento de que as forças e os acontecimentos que modelam as nossas vidas estão para lá do controlo democrático. O actual processo de globalização é incompleto, desigual e caracteriza-se por um déficit no exercício democrático do poder. Alguns países em desenvolvimento optaram pela integração na economia mundial através de estratégias industriais inspiradas nas histórias de sucesso do Leste da Ásia. No entanto, uma reprodução disto é impossível, ou, pelo menos muito difícil.
As estratégias baseadas no trabalho barato e nas zonas de livre comércio oferecem alguns postos de trabalho, mas não muitos mais (...).
Quando falamos da globalização da economia referimo-nos essencialmente à interação entre agentes económicos formais, como empresas, governos, instituições multilaterais, etc. Entretanto, a maioria das pessoas vive à margem desta economia formal. Em muitos países em desenvolvimento, o sector da economia formal constitui uma minúscula parte da sociedade, a maioria da qual foi deixada de fora do processo de globalização ou sofre apenas os seus efeitos negativos. A maior parte da população mundial carece da proteção da lei ou de providência social, que no essencial estão limitadas aos países industrializados. (...) Segundo a OIT, muito mais de 90% da força de trabalho agrícola do México e da Índia são informais. O melhor meio de combater a informalidade, a pobreza ou o trabalho infantil, é criar trabalho decente e projectar estratégias a favor do crescimento.
Este material foi produzido pela Inter Press Service e distribuído pela Agência Envolverde, tendo depois sido editado por Paulo Pereira. Leia o artigo original completo!
Um FSM que vai bem mais além do folclore
Se o objetivo era massificar e asiatizar o processo nascido em Porto Alegre, nada melhor que esta aterrissagem do FSM na Índia.
Sergio Ferrari
Concebida para "asiatizar" o Fórum Social Mundial (FSM), e assim universalizar o processo iniciado em Porto Alegre, a reunião de Mumbai já atingiu seus primeiros objetivos. Com suas complexidades, suas riquezas, contradições e simbolismo, a Índia conquistou seu lugar e a Ásia terá a partir de agora em Mumbai um ponto de referência geográfico e altermundista.
As 13 línguas oficiais do FSM — hinti, marata, tamil, bengali, malaio, coreano, bahasa, indonésio, tai, japonês... inglês, francês e espanhol — já são um testemunho evidente.
Cor e dança, o primado da identidade
A abertura do Fórum, na tarde do dia 16, serviu de termómetro e abalou os cépticos.
Desde o início do FSM, uma maré humana transbordou as vastas instalações do Nesco Ground, antiga fábrica abandonada reconvertida em "capital da solidariedade sem fronteiras", segundo o seu idealizador, o jovem arquiteto militante K. P. Das.
Desde então até agora — e certamente assim será até o encerramento, quarta-feira — tudo parece pequeno num ambiente que equivale a vários estádios de futebol adjacentes, em forma de bairro popular. A maré humana vai e vem sem cessar, percorrendo as ruas ao ritmo dos cantos e danças representando as regiões mais diversas do continente, do folclore paquistanês aos monges tibetanos, passando por grupos tribais com seus arcos e flechas... Toros hasteando cartazes ou insígnias do FSM.
Assim, o número de participantes ultrapassa largamente os 100 mil inicialmente previstos. E parece bem superior — o dobro ou o triplo — devido a uma incessante e repetida circulação. Por trás do ritmo, do barulho constante e das cores rutilantes, todo este movimento humano de feições asiáticas ultrapassa o simples folclore ou o show de mídia. É a irrupção de uma outra maneira de compreender o FSM que se formaliza em Mumbai: ela privilegia o encontro com os outros a partir de uma forte identidade cultural própria.
Ela não aceita ser mediatizada por quem quer que seja. Reconhece a diversidade extrema dos povos e línguas - só na Índia (com 1,1 bilhão de habitantes) falam-se 15 idiomas oficiais e mais de mil dialetos autóctones. A identidade cultural exige um exercício etnológico para compreender a política. Ela afirma que um outro mundo será possível... a partir da diversidade. Estima que a globalização uniformizante se combate com um alteromundismo construído a partir da realidade local, de baixo para cima, do particular para o consenso, do vivido quotidianamente para a alternativa macro.
Leia o artigo completo aqui
Sergio Ferrari
Concebida para "asiatizar" o Fórum Social Mundial (FSM), e assim universalizar o processo iniciado em Porto Alegre, a reunião de Mumbai já atingiu seus primeiros objetivos. Com suas complexidades, suas riquezas, contradições e simbolismo, a Índia conquistou seu lugar e a Ásia terá a partir de agora em Mumbai um ponto de referência geográfico e altermundista.
As 13 línguas oficiais do FSM — hinti, marata, tamil, bengali, malaio, coreano, bahasa, indonésio, tai, japonês... inglês, francês e espanhol — já são um testemunho evidente.
Cor e dança, o primado da identidade
A abertura do Fórum, na tarde do dia 16, serviu de termómetro e abalou os cépticos.
Desde o início do FSM, uma maré humana transbordou as vastas instalações do Nesco Ground, antiga fábrica abandonada reconvertida em "capital da solidariedade sem fronteiras", segundo o seu idealizador, o jovem arquiteto militante K. P. Das.
Desde então até agora — e certamente assim será até o encerramento, quarta-feira — tudo parece pequeno num ambiente que equivale a vários estádios de futebol adjacentes, em forma de bairro popular. A maré humana vai e vem sem cessar, percorrendo as ruas ao ritmo dos cantos e danças representando as regiões mais diversas do continente, do folclore paquistanês aos monges tibetanos, passando por grupos tribais com seus arcos e flechas... Toros hasteando cartazes ou insígnias do FSM.
Assim, o número de participantes ultrapassa largamente os 100 mil inicialmente previstos. E parece bem superior — o dobro ou o triplo — devido a uma incessante e repetida circulação. Por trás do ritmo, do barulho constante e das cores rutilantes, todo este movimento humano de feições asiáticas ultrapassa o simples folclore ou o show de mídia. É a irrupção de uma outra maneira de compreender o FSM que se formaliza em Mumbai: ela privilegia o encontro com os outros a partir de uma forte identidade cultural própria.
Ela não aceita ser mediatizada por quem quer que seja. Reconhece a diversidade extrema dos povos e línguas - só na Índia (com 1,1 bilhão de habitantes) falam-se 15 idiomas oficiais e mais de mil dialetos autóctones. A identidade cultural exige um exercício etnológico para compreender a política. Ela afirma que um outro mundo será possível... a partir da diversidade. Estima que a globalização uniformizante se combate com um alteromundismo construído a partir da realidade local, de baixo para cima, do particular para o consenso, do vivido quotidianamente para a alternativa macro.
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