sexta-feira, janeiro 30, 2004

Nem pai nem padastro

Eu há muito que deixei de ver os tele-jornais, já que não me interessa que conversas teve Ferro Rodrigues ao telefone, nem quantas vezes a mulher de Carlos Cruz foi de visita à prisão, etc.. Porém, ontem, sem querer, dei com a notícia da Dra. Celeste Cardona a justificar-se perante alguns deputados ter cometido uma ilegalidade (ou pelo menos uma imoralidade) para salvar não sei quantos postos de trabalho.

Eu há muito que ando confusa sobre o comportamento do estado e sobre a grande diferença entre o que exige que o cidadão faça e o que o próprio estado faz.

Os exemplos são vários. Quem trabalha na secção administrativa da maior parte dos organismos públicos sabe que não foram feitos pagamentos durante o mês de Dezembro de 2003. Isto para que estas dividas passassem para 2004 e se atingisse a tal barreira do défice. Para além de se estar a enganar o povo com números do défice que não são reais, estes atrasos prejudicam imenso as empresas que trabalham com o Estado (estamos a falar de milhares de contos), pois não receberam o que tinham a receber, ainda têm de esperar a abertura de contas de 2004, o que pode muito bem levar algum tempo e pôr algumas empresas menos precavidas em muito maus lençois. Não são nada raros as empresas que trabalham para o Estado que sucumbem ante tantos atrasos em pagamentos.Por outro lado, ouvimos o Estado a falar em penhoras a privados por atrasos no pagamento de impostos por parte de privados.

E agora isto da retenção dos dinheiros da segurança social. Será que se uma empresa ou autarquia retivesse o dinheiro da segurança social sob o argumento de que era indispensável para salvar empregos a coisa decorria com esta suavidade? penso que não. Tanto que houve uma presidente de câmara de foi condenada a 8 meses de prisão por ter feito exactamente isso.

Eu não me sinto nada confortavel em viver num país cujo Estado, para se defender, quebre as regras que forem preciso, sejam elas juridicas ou morais. Por outras palavras, assusta-me viver num país em que o Estado que se defende mais a si próprio do que ao cidadão.

EN

Sem comentários: