Se o objetivo era massificar e asiatizar o processo nascido em Porto Alegre, nada melhor que esta aterrissagem do FSM na Índia.
Sergio Ferrari
Concebida para "asiatizar" o Fórum Social Mundial (FSM), e assim universalizar o processo iniciado em Porto Alegre, a reunião de Mumbai já atingiu seus primeiros objetivos. Com suas complexidades, suas riquezas, contradições e simbolismo, a Índia conquistou seu lugar e a Ásia terá a partir de agora em Mumbai um ponto de referência geográfico e altermundista.
As 13 línguas oficiais do FSM — hinti, marata, tamil, bengali, malaio, coreano, bahasa, indonésio, tai, japonês... inglês, francês e espanhol — já são um testemunho evidente.
Cor e dança, o primado da identidade
A abertura do Fórum, na tarde do dia 16, serviu de termómetro e abalou os cépticos.
Desde o início do FSM, uma maré humana transbordou as vastas instalações do Nesco Ground, antiga fábrica abandonada reconvertida em "capital da solidariedade sem fronteiras", segundo o seu idealizador, o jovem arquiteto militante K. P. Das.
Desde então até agora — e certamente assim será até o encerramento, quarta-feira — tudo parece pequeno num ambiente que equivale a vários estádios de futebol adjacentes, em forma de bairro popular. A maré humana vai e vem sem cessar, percorrendo as ruas ao ritmo dos cantos e danças representando as regiões mais diversas do continente, do folclore paquistanês aos monges tibetanos, passando por grupos tribais com seus arcos e flechas... Toros hasteando cartazes ou insígnias do FSM.
Assim, o número de participantes ultrapassa largamente os 100 mil inicialmente previstos. E parece bem superior — o dobro ou o triplo — devido a uma incessante e repetida circulação. Por trás do ritmo, do barulho constante e das cores rutilantes, todo este movimento humano de feições asiáticas ultrapassa o simples folclore ou o show de mídia. É a irrupção de uma outra maneira de compreender o FSM que se formaliza em Mumbai: ela privilegia o encontro com os outros a partir de uma forte identidade cultural própria.
Ela não aceita ser mediatizada por quem quer que seja. Reconhece a diversidade extrema dos povos e línguas - só na Índia (com 1,1 bilhão de habitantes) falam-se 15 idiomas oficiais e mais de mil dialetos autóctones. A identidade cultural exige um exercício etnológico para compreender a política. Ela afirma que um outro mundo será possível... a partir da diversidade. Estima que a globalização uniformizante se combate com um alteromundismo construído a partir da realidade local, de baixo para cima, do particular para o consenso, do vivido quotidianamente para a alternativa macro.
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