quarta-feira, janeiro 21, 2004

O preço de ser honesto!

Pois para quem compra casas degradadas (por não ter possibilidade de comprar das outras), olhem bem onde se mete. Se decidir ser honesto, vai passar pelas maiores provas de paciência e desgaste, mas também sofrer enormes gastos fincanceiros.

No meu caso pessoal, e devido aos preços praticados em Portugal, procuro casas degradadas que possam ser restauradas. Sai mais barato e as obras vão-se fazendo. Uma vez adquirida a casa, começam os problemas. É na fase dos procedimentos legais para obras que se inicia a fase do absurdo. Começa-se por ter de envolver um arquitecto, mas também um engenheiro (para o projecto de estrutura e especialidades: cozinha e casa de banho). Aqui começaram já as despesas, mas não é ainda esta fase que me choca. Depois submete-se o projecto à câmara e fica-se à espera não menos de seis meses, podendo ir muito além de um ano. Depois deste tempo podemos ser chamados para fazer alterações ao projecto. Volta-se então à fase dos engenheiros e arquitectos que refazem o projecto. Depois volta-se a submeter o projecto e aguarda-se mais um tempo. Depois há a obra em si. Depois há a vistoria do fim de obra que pode terminar o processo ou pode dar algum passo para trás. Não sei por quanto tempo se pode arrastar um processo destes, mas têm-me falado em processos de 3 e 4 anos.

Ora esta é a minha reflecção: a partir do momento que fiz a escritura começo a pagar o empréstimo ao banco. Como a casa não está habitável continuo a pagar uma renda pelo local onde moro actualmente( duas rendas, portanto!). A pergunta está em que com que direito qualquer câmara faz as pessoas pagarem pela sua imcompetência? Seria normal um mês, dois meses que fosse. Mas um ano?!? Isto aumenta brutalmente os gastos da aquisição de uma casa. Eu não condeno ninguém por fazer obras ilegais.

Não é só o cidadão que tem o dever de respeitar as leis. A aplicação das leis também têm de respeitar o cidadão. As instituições públicas deveriam assegurar isso mesmo. Se não o fazem, não é justo que seja o cidadão a pagar por isso.

Elza Neto

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