domingo, fevereiro 29, 2004

Superar a dor para construir a paz

Reportagem Igreja da Libertação na Guatemala - Adital



(28.02) Algumas das contribuições mais importantes da igreja dos pobres à sociedade guatemalteca é o seu trabalho de informação e de denúncia internacional da situação de terror a que foi submetida a população, trabalhando pelo cumprimento dos Acordos de Paz e Reconciliação.

A partir de 1976, o CEG (Concelho episcopal da Guatemala) produz uma série de Cartas Pastorais que expressam uma clara opção pelos pobres, apontando critérios éticos de ação, denunciando e condenando os massacres dos camponeses e indígenas, exigindo justiça e respeito peloos Direitos Humanos e o fim da impunidade.

Em maio de 2003, os bispos emitiram uma mensagem com vistas a ajudar no "discernimento de uma das realidades da vida social que mais nos atingem: a participação na ação política". Reconhecem a desconfiança de muitos cidadãos nos processos eleitorais; chamam a votar livre e responsavelmente, rejeitando a prática dos políticos corruptos de comprar votos.

O CEG defende ainda "Uma maior consciência e promoção dos Direitos Humanos; maiores esforços na sociedade para destruir o muro da impunidade e atacar o flagelo da corrupção; a emergência da mulher em diferentes situações e circunstâncias; o papel fiscalizador dos meios de comunicação social diante da gestão governamental; o crescimento da consciência e a preocupação pelos problemas ecológicos e pelo uso racional dos recursos naturais".

Lei este artigo completo.

sábado, fevereiro 28, 2004

Democracias

Apesar de Pacheco Pereira resumir a Democracia a uma ida às urnas de quatro em quatro anos, sem direito a refilar nos entretantos, há exemplos onde a democracia é muita mais aprofundada. É o caso dos orçamentos participativos, em que a população participa nos destinos a dar aos dinheiros ou o caso da política das OGM na Europa. É que mesmo sem fazer referendos, a comissão Europeia sabe que a população Eurpeia é maioritariamente contra os OGM e por isso tem uma política em conformidade com o sentimento da população. É pena que o mesmo não tenha acontecido relativamente à guerra.... Pior, na vizinha Espanha, onde mais de 70% da população é contra a guerra (nas manifestações estiveram mais de 4 milhões de pessoas nas ruas), os media tentaram manipular a opinião publica. Na televisão, o tempo dado a defensores da guerra foi cerca de 70%, exactamente o inverso do sentimento da população. Ou seja, nestas democracias, para além de não se respeitar a vontade do povo, ainda se tenta manipular a coisa, usando todos os meios para levar as pessoas a tomar as posições do governo. É claro que sou totalmente favorável à democracia, mas esta pode ser substancialmente melhorada. Quando escolhemos representantes por 4 anos, queremos que eles nos representem a tempo inteiro, e não apenas naqueles momentos efémeros antes e depois da eleições. É assim tão difícil de perceber?

Fugas

O curioso do fenómeno descrito no mail anterior é que as pessoas fogem da cidade para o Montijo ou Alcochete porque esperam encontrar aí uma melhor qualidade de vida. Entretanto, daqui a uns 10 anos, estes novos paraísos estarão convertidos em cidades iguais ou piores do sítio de onde fugiram. E novamente, a população urbana fugirá para mais longe do epicentro da metrópole, sempre na busca do paraíso perdido, deixanto atrás de si um rasto de destruição ecológica (esta foi uma tirada de inspiração Matrixiana).

Porque não aprendemos com os erros passados? porque é que estamos necessariamente condenados a transformar Montijos e Alcochetes bucólicos e prasenteiros em cidades cinzentas e repulsivas? quando é que os decisores começam a pensar seriamente em praticar a sustentabilidade, em vez de papaguear a sustentabilidade politicamente correcta sem conteúdo e sem horizontes? Enfim, fiquei mesmo lixado com isto da CL (Privatização da Companhia das Lezírias). Fosga-se, ainda bem que me pisguei para Évora aqui há uns anos...

Lezírias

Ontem, Durão Barroso anunciou uma carrada de novas privatizações. Entre estas, é de salientar o anúncio da privatização da Companhia das Lezírias. O problema, é que a CL não dá prejuízo ao estado e tem um papel ecológico importantíssimo ao servir de tampão ao crescimento desenfreado do urbanismo na margem sul. Num estudo feito, verificou-se que a construção da ponte 25 de Abril foi a responsável directa pela expanção urbanista de Almada, Barreiro, Seixal, baixa da Banheira, criando uma malha urbana caótica e compromentendo completamente a ecologia e o ambiente da margem sul. Assistimos agora ao mesmo processo com a nova ponte, com a expansão urbanística a crescer vertiginosamente. Apenas não cresceu ainda mais, porque a norte a companhia das Lezírias ainda resistia. Caindo esta ultima fortaleza que impedia o avanço urbanístico, a qualidade de vida na área metropolitana baixará muitíssimo em poucos anos; a malha urbana irá extender-se sem interrupção de Vila Franca até Setúbal, de Sintra até Pegões, por muitos e muitos quilómetros quadrados. O legado deixado às gerações futuras não será muito animador: do montado de sobro mais extenso do mundo (CL), restará um sobreiro simbólico, como acontece hoje com as 4 oliveiras raquíticas dos Olivais Sul. Em contrapartida, haverá prédios e moradias e urbanizações a perder de vista. É esse o futuro que queremos?

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

A fé dá consolas grátis

A Igreja Baptista, de que faz parte o grande timoneiro Bush, tem uma abordagem muito peculiar da fé; este site é uma caricatura (acho eu) da dita Igreja, mas podia ser verdade:

Kids! Accept Jesus Christ as Your Lord and Savior and Get a Free PlayStation 2!

E como é que a fé arrebatadora pode dar PlayStation à borla? é muito simples:

Raizes de ódio

Porque não participo na reunião semiclandestina do dia 6 de Março

Companheir@s

Não tenciono ir à reunião do próximo dia 6 de Março, na residência particular do Miguel Vale de Almeida/Pedro Corte Real, cujo convite já agradeci pessoalmente, para decidir questões políticas e publicas, relativas ao dia do Orgulho, Pride, de 2004, pelas razões que a seguir exponho, e que vos avanço atempadamente:

1 - Não considero pertinente que uma reunião desta importância política, se realize numa semi-clandestinidade periférica, em casa particular, no 30º ano das comemorações da Revolução de Abril, aparentemente, graças à intervenção de boa vontade de um militante socio-activista da Ilga-p, e afirmativamente militante partidário , que aliás, conheceu bem, e também permitiu, todo o processo da crise forjada contra a Opus Gay , havendo disponíveis dois espaços públicos, centrais, onde ela se devia realizar: o "Centro Comunitário Gay e Lésbico de Lisboa", e a sede Opus Gay.

2 - Considero desmoralizante que nenhuma associação ou grupo das que fazem parte dos colectivos lgbt portugueses tivesse tido a coragem de, em primeiro lugar, convocar a reunião, e, seguidamente, proposto os locais possíveis. Concluo que estão portanto, sem forças morais pelo que (não) fizeram, ou sem iniciativa política.

3 - Além disso temos como dado objectivo, que desde que a Opus Gay foi fundada, e esta direcção está à frente dos seus destinos, para nosso enorme espanto, fomos, e fui sistematicamente insultado(s ), vilipendiado(s), maltratado(s), caluniado(s) e objecto de intrigas e complots, por modos e formas absolutamente inconcebíveis e vergonhosas de grande pendor homofóbico, mas sempre incutidoras de ódio contra a Opus Gay, e contra mim, sendo que os autores são pessoas glbt dos quadros associativos, embora a maior parte delas nunca me tenha conhecido, dialogado comigo, a despeito de inúmeros pedido que fizemos, sempre sem resposta.

5 - Não tendo havido até à data, da parte de nenhum dos intervenientes nestas campanhas, qualquer tentativa, mesmo a nível particular, de mostrar com um mínimo de sinceridade que houve um engano com essas atitudes (sem pretender humilhar ninguém), ou de uma possível autocrítica aos processos e tácticas utilizados, não estou pessoalmente disponível para me encontrar, presumivelmente, com tais protagonistas, no referido local, pelo respeito que tenho por mim próprio, e que eles deviam ter de si mesmos, depois do que disseram, e fizeram e pensam de mim. Julgo aliás, que esta proposta de reunião surge, agora, porque se aproximam etapas eleitorais importantes este ano(Junho 2004), e não foi possível, afinal, isolar a Opus Gay, como se desejava.

6 - Porém, considerando os interesses, ditos do movimento glbt, (que por este caminho não irão a bom porto, nem são de forma nenhuma prestigiantes, nem nunca mobilizarão novos actores sociais), mas considerando que poderá estar em causa a organização da "Marcha do Dia do Orgulho de 2004", solicitei logo à Anabela, vice Presidente da Opus Gay, que também se voluntarizou, e a outro membro da Direcção, que nos representassem institucionalmente nesse encontro, do dia 6 de Março, sabendo de antemão que terão todo o meu acordo para as decisões que resolverem tomar.

Votos de trabalhos transparentes, e agradecendo a atenção, A Luta continua!
Sou António Serzedelo

Rais'partam os futebóis

Não são só as tvs que monopolizam horas de transmissão com este desporto: eu só pergunto porque é que se há um público tão agarrado, porque raios não se faz uma rádio e uma tv só para futebol?? A Antena 1 fez a transmissão do jogo de ontem em directo. Essa transmissão começa 1h antes do jogo com os palpites de meio mundo sobre o que vai acontecer; depois há o jogo, relatado com um pormenor que só uma rádio consegue; depois segue-se mais uma hora com os palpites de meio mundo sobre o que se passou. Eu poderia pensar que alguma coisa escaparia ao relato, mas não: todos os entrevistados dizem exactamente a mesma coisa; mesmo que não haja nada a dizer é suposto termos que ouvir o treinador e o jogador e o comentador e... Depois de tudo isto (duas musiquinhas para intervalar) vem o jornal de desporto (desporto é uma palavra que em português quer dizer futebol), mais 15 minutos para pôr no ar as gravações das tais declarações descoloridas.

Finalmente chega a meia-noite para podermos (o povo que não partilha o interesse em futebol) ouvir o noticiário geral, do mundo. A primeira notícia: foi assassinada a freira que vinha denunciando o tráfico de órgãos humanos em Moçambique. E, logo após esta frase... futebol! Outra vez a repetição das gravações que acabara de ouvir! Oh meus senhores, tenham paciência! Um tráfico de órgãos é uma coisa que mereceria monopolizar qualquer noticiário; que tal aconteça num país lusófono (então não somos todos tão amiguinhos?!), maior razão ainda... Mas o locutor ainda refere, en passant, que a freira terá sido assassinada por denúncias que começaram na própria RDP! A ser (infelizmente) verdade, esta notícia é ainda por cima um furo jornalístico... mas um jogo de futebol que não entusiasmou ninguém foi mais importante. Rais' parta o futebol.

Bom, e o que é que eu apreendi de todas aquelas horas de discurso futebolístico? Antes do jogo: que a catedral do futebol estava meio vazia (tss tss...). No intervalo do jogo: que alguns treinadores e jogadores afirmaram já que a fantástica bola do Euro afinal não presta; que o Manchester United, esses grandes especialistas na matéria, assumiam que tinham sido derrotados há dias pelo Porto... em Espanha*! Desculpem lá, esta é demais: já se sabia que a Espanha iria ter o proveito do Euro, visto que metade dos adeptos-turistas acabarão é por passear e ficar em Espanha, mas pelos vistos Espanha também fica... com a fama! Parece que o magnífico mundo futebolístico só identifica os clubes, não as nações. Caem, portanto, por terra, as alegações de que os desvios de dinheiro (da saúde, da educação, da cultura...) para a megalomania eurofutebolística seriam um investimento na promoção do país. Claro, isto já assumia que era mais importante a imagem que lá fora têm de nós, que a realidade do que se cá passa; assumia que se pode comprometer o nosso futuro à conta de uma imagem externa (ou de uma paixão de alguns, paga por todos??). Como é que se pode continuar a gostar de futebol com este peso às costas? Como é que podes esquecer, Paulo?... Pronto, não faz mal, a gente até gosta da bola?...

mpf

*segundo afirmaram na Antena 1, várias pessoas teriam contactado o Manchester United durante o dia de ontem alertando para o “lapso” online, sem que eles tivessem corrigido o que fosse. Interrogavam-se os comentadores se seria de propósito??...

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Futebóis

Gosto de Futebol; o jogo de ontem fez-me recordar porque é que gosto de Futebol.

Quase me esqueci que dos 300 milhões de euros previstos para os Estádios foram gastos mais de 660 milhões de euros. Claro que no resto do país, todos os projectos de infraestruturas desportivas ficaram adiados por uns anos. Quem mais perde é como de costume o interior esquecido e ostracizado. Quem ganha são uns senhores cumpridores, que raramente fogem ao fisco e que são exemplares nas relações sociais com os seus pares. O Futebol seria sem dúvida muito melhor sem estes senhores...

PS - a relva, que pelo que soube é 100% natural, estava impecável. Custou os olhos da cara (acho que umas centenas de milhares de euros), mas resistiu heroicamente sem crateras até ao fim...

Vá tomar café com eles!

texto

No próximo dia 27 de Fevereiro de 2004 terá lugar a habitual Tertúlia da Academia Sénior da Covilhã, "Venha Tomar Café Connosco", desta vez centrada na Religião. A Tertúlia será precedida por uma palestra proferida pelo Dr. José S. Rosa, docente da Universidade da Beira Interior, sob o título "Da ilusão à esperança".
A Tertúlia acontecerá na sede da Academia Sénior, na Rua do Centro de Artes, e é aberta a todos os que nela queiram participar!
texto

Mais uma ilegalidade da guerra

Clare Short

Short diz que leu transcrições de conversas tidas por Kofi Annan, antes da Guerra do Iraque.
Short afirma que os serviços secretos Ingleses espionaram o secretário geral da ONU.
(tirado daqui)

Tony Blair

O primeiro-ministro inglês afirmou que as acusações de Short eram de "uma grande irresponsabilidade".
As pessoas que fazem comentários sobre os serviços secretos "atacam o seu trabalho e minam a segurança do país", rematou Blair

Nações Unidas

Mas as Nações Unidas dizem que se Annan foi efectivamente escutado, isso representa uma ilegalidade.
(tirado daqui)

BSP

O que eu acho mais curioso no meio disto tudo é que Blair não disse que Short era mentirosa; disse que era irresponsável, por desacreditar os serviços secretos. Ou seja, se calhar até disse a verdade, mas o importante é acusar a sua inegável traição à pátria. Enfim, mais um episódio de uma longa crónica de uma guerra anunciada, mas não justificada e cada vez mais ilegal. Quando é que chamam certos governantes ao TPI? não há provas de ADM mas começam a acumalar-se toneladas de provas das mentiras e ilegalidades que conduziram a esta guerra...

A miragem da retoma económica

Uma sondagem de ontem confirma que os Portugueses não acreditam na retoma económica:

56% diz que não

31% diz que sim

Ele é o governo a papagear incessantemente: "A retoma vem aí! A retoma vem aí!"
E ele é a sabedoria popular a responder-lhe: "Olhe que não, Olhe que não".

O custo de vida, o desemprego, a falta de confiança, a injustiça dos que fogem aos impostos, ajudam a formar a opinião pública; o preço do pão ter disparado foi a gota de água....

Debate sobre as Prisões

DEBATE NO CEM MEDOS, R. da Rosa Bairro Alto

DEBATE hoje (26 de Fevereiro) pelas 22 horas

Prisões
Com os convidados:
- António Pedro Dores (Sociólogo)
- José Maria Martins (Advogado)
- Pedro Namora (Jurista)

Moderado por:
- Alte Pinho (Jornalista)
Organização:
- ACED (Associação Contra a Exclusão pelo Desenvolvimento)
- CEM MEDOS - Café Cultural

Cidadania global

Boletim da Latitude zero

Sociedade Civil e Direitos Humanos

Jornalista Libertado

O jornalista marroquino Ali Lmrabet foi libertado da prisão, onde se encontrava detido desde 17 Junho de 2003, acusado de injúrias contra o Rei Mohamed VI e de ameaça à integridade do território nacional, através de artigos escritos no jornal que dirija, e particularmente a uma entrevista a um preso marroquino que apelava à autodeterminação do povo do Sahara Ocidental. A pressão exercida por organizações como a Amnistia Internacional foi decisiva para a libertação do jornalista.

Lula Razoável

A organização Human Rights Watch considera que o Presidente brasileiro Lula da Silva é já um exemplo na luta pelos direitos das minorias sexuais, tendo também demonstrado um empenho pessoal em elevar as questões de pobreza e fome às agendas internacionais. Ainda assim, esta organização mostra-se desapontada por Lula não ter condenado os abusos dos Direitos Humanos em países que visitou, como o Egipto, Líbia ou Cuba.

Direitos made in USA

Há dois anos que mais de 600 pessoas de 40 nacionalidades se encontram detidas na base norte americana de Guantanamo, sem terem qualquer conhecimento da acusação que os mantem presos, sem qualquer acesso a advogado ou a visitas de familiares. A Amnistia Internacional colocou em curso uma campanha em que é proposto o envio de uma carta de protesto ao Presidente Bush. Entre os detidos encontram-se também crianças com menos de 13 anos.

Site do Mês (http://www.unpo.org)

Dar voz a quem não a tem. A Unrepresented Nations and Peoples Organization (UNPO) quer promover as causas de povos indígenas, nações ocupadas, minorias e outras comunidades sem representação nos principais organismos internacionais. É um fórum democrático de comunidades e não de estados. Os seus princípios:
Não-Violência; Direitos Humanos; Auto-Determinação; Protecção Ambiental e Tolerância.

ECOSFERA

Boletim da Latitude zero

Ambiente

Luz Verde Para Milho Transgénico

Desde meados de Janeiro de 2004 que os agricultores do Reino Unido têm licença para, a partir desta Primavera, plantar milho geneticamente modificado. Um relatório do governo britânico publicado no início de 2004 afirma que o milho transgénico não tem um impacto negativo na biodiversidade, desde que sejam utilizados os herbicidas correctos.

Mais Próximos da Extinção

Um novo estudo publicado recentemente conclui que cerca de 37 por cento de uma amostra de mais de mil plantas e animais estão ameaçados de extinção, devido às alterações climáticas esperadas até ao ano 2050.

Será Mesmo “Energia Verde”?

As grandes empresas espanholas de electricidade, a Iberdrola e a Endesa, lançaram uma campanha publicitária para captar novos clientes para a denominada “energia verde”. Aparentemente, poderia dizer-se que é uma boa aposta a favor das energias renováveis e uma possível solução ao grave problema das alterações climáticas; no entanto, por detrás de uma publicidade convincente que toca na consciência ambiental dos cidadãos, esconde-se outra
realidade.

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Visto para os EUA

Para obter um visto para os States, é necessário responder a umas perguntinhas. Ficam aqui alguns exemplos:

1 - Já alguma vez foi traficante de estupefacientes, prostituto ou "chulo"?

2 - Procura entrar nos E.U para se dedicar a fins subversivos, terroristas ou outros fins ilegais? É membro ou representante de alguma organização terrorista? Já alguma vez participou em perseguições do Governo Nazi ou já participou num genocídio?

3 - Já alguma vez sofreu de doença infecto-contagiosa ou desordem física ou mental perigosa, ou foi viciado em estupefacientes?

Uma resposta afirmativa (SIM) não significa que automaticamente o requerente seja inelegível para um visto


Além da qualidade duvidosa do português da coisa, ninguém responderia afirmativamente a estas perguntas. Mas imaginemos que sim:

"(1) Olhe, eu por acaso até sou traficante de droga, e no ano passado tal era acrise que me dediquei à prostituição (à noite); (2) durante o dia, fiz parte de uma pequena célula terrorista, só para matar o tempo. Perseguições nazis é que não, mas uma vez amandei uma fisgada certeira a um cigano do Camboja, ali ao lado da quinta do narigão. Claro que os seus duzentos e vinte e sete familiares me fizeram uma espera e ainda hoje tenho esse encontro marcado nos ossos. Foi a modos que um intercâmbio cultural marcante. Ultimamente, não participei em genocídio nenhum, mas estava a pensar fazer isso brevemente, na primeira ocasião que surgir, de preferência antes das férias de Natal, para poder passar algum tempo de qualidade com os miúdos. (3) Drogas pesadas, só entre os meus 7 e 37 anos; há mais de 2 horas que já não amando cavalo prá veia, e por isso me treme um bocadinho a letra. Mas apesar destes deslizes, espero poder ir para os States trabalhar..."

A gerência do BSP agradece ao Torres a informação facultada...

PS - Até parece que foi o próprio Bush a redigir o questionário...

Incoerências

Bush veio dizer ao Povo Americano que ao contrário dos democratas, ele nunca iria interferir nas liberdade de cada um nem decidir por ninguêm. 2 segundos depois está dizer que o casamento entre um homem e uma mulher deve fazer parte da constituição. Compreende-se imediatamente que os americanos com orientação sexual "equivocada" não fazem parte do povo Americano. Ou como dizia o outro, somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
A Liberdade de orientação sexual vai assim ser banida da constituição dos Estados Unidos.

Arrumadores

Agora a Câmara Municipal de Lisboa quer "legalizar" (= burocratizar) a profissão de arrumador de automóveis. Eu acho bem, mas pergunto porque é que a EMEL nasceu de costas voltadas para os arrumadores, em vez de ter nascido com eles.

Há nas ruas de Lisboa uma luta entre a EMEL e os arrumadores. A EMEL veio tirar o trabalho aos arrumadores, estes retorquem vandalizando os parquímetros. (No outro dia uma amiga minha estacionou o carro aqui perto, numa zona de parquímetros. Quando tentou pagar, verificou que ambos os parquímetros mais próximos estavam inoperantes.)

Porque é que a EMEL, em vez de utilizar parquímetros, não contratou os ex-arrumadores para cobrar? Em vez de usarem máquinas, davam trabalho a homens. Não teria isso sido bom, tanto em termos humanos com empresariais? Teria ficado mais caro para os automobilistas? Pois teria, e depois?

Os parquímetros necessitam, de qualquer forma, de fiscais da EMEL. Não seria mais prático, e eficaz, ter permanentemente no terreno os ex-arrumadores, que controlariam quanto tempo cada carro ficava parado em
cada sítio, e que chamariam por telemóvel os bloqueadores de carros sempre que necessário?

Enfim, não percebo. Primeiro hostilizam os arrumadores, agora querem legalizá-los. Que raio de política. Decidam-se, porra!
Eu, por mim, sempre estive decidido: sou a favor dos arrumadores.

Luís Lavoura

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Que razão de Estado pode levar ao boicote da Ciência?

Segundo os termos do embargo comercial que os EUA impõem a alguns países, o editor que aceite publicar um artigo científico de alguém (eu, por exemplo) residente na Líbia, Iraque, Irão, Sudão ou Cuba, pode ser multado em 50.000 dólares e condenado a 10 anos de cadeia.

Algumas organizações profissionais, como sejam a American Chemical Society, a IEEE e a AAAS, têm corajosamente ignorado esta imposição. A American Chemical Society, por exemplo, atreveu-se a publicar 195 artigos produzidos em países sujeitos a embargo. A actual política do presidente Bush, contudo, prepara-se para fazer cumprir a lei. Isto tem juntado editores americanos de revistas científicas numa tentativa de ultrapassar esta situação grotesca. Estes editores produziram entretanto um petição que está online e pode ser assinada
aqui.

Pela liberdade de expressão científica,
mpf

Tragédia

texto

sábado, fevereiro 21, 2004

SUL > NORTE

Boletim da Latitude zero

Consumo, Comércio e Desenvolvimento


Mercearia do Mundo

Desde 7 de Fevereiro, Lisboa está mais solidária. A primeira loja de Comércio
Justo da capital abriu na Baixa, na Rua de São José nº 17 (junto ao Coliseu,
metro Avenida). Além da venda de produtos alimentares, artesanato e têxteis,
este novo espaço irá apresentar uma programação cultural alternativa.


Feijão por Café

Durante a última década, milhares de cultivadores de café da América Latina
empobreceram devido à quebra nos preços. Na Nicarágua, onde o café representa
25% das exportações, a baixa arruinou cerca de três mil pequenos produtores. A
FAO encontrou resposta no feijão preto, um produto muito procurado no mercado
interno. Cem mil quilos de sementes, 300 mil de fertilizante e nove mil
ferramentas são as armas para evitar a tragédia.


A Batalha do Século

Multiplicam-se os sinais de que este século será palco de uma violenta batalha
pelo controlo de um bem escasso: a água. Do Médio Oriente, onde esse factor é
determinante nos conflitos actuais, até ao resto do mundo, com importantes
interesses a tentarem banalizar a privatização dos sistemas de abastecimento,
irá travar-se um duro confronto entre o lucro e o bem comum.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

800 horas de seviço Público

É difícil para mim admitir, mas estou de acordo com o Abrupto; também acho um disparate as 500 horas que a RTP vai dedicar ao Euro (aliás, já começou a didicar, para mal dos nossos pecados); se a estas horitas adicionarmos os outros canais, vamos ter direito a pelo menos mil horas de Euro. Mas eu até gosto de futebol; suspeito é que de futebol vamos ter uns 20% da programação, enquanto que os 80% restantes serão dedicados ao admirável mundo do Futebol. 800 horas a ouvir falar os senhores de futebol, os que gostam de futebol, os que não gostam mas dizem que gostam, as telenovelas e historietas de faca e alguidar à volta de futebol, os milhares de comentadores (vai ser como na guerra do Iraque, os comentadores de futebol vão começar a surgir debaixo de cada pedra), ouvir ainda falar das vidas dos futebolistas, das suas mães e até do gato lá de casa é um serviço publico que francamente dispensava. Para telenovelas do real, mesmo assim ainda acho mais interessante o Tabu presidencial do PSD ou mesmo o mistério que envolve o vestido da noiva do príncipe Filipe....

Hoje Recebi Flores!

- Não é o meu aniversário ou nenhum outro dia especial; tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite e ele disse muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade. Mas sei que está arrependido e não as disse a sério, porque ele enviou flores hoje.

- Não é o nosso aniversário ou nenhum outro dia especial. Ontem ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me. Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos acordamos e sabemos que não é real. Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados. Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não é São Valentim ou nenhum outro dia especial.

- Ontem à noite bateu-me! e ameaçou matar-me. Nem a maquilhagem ou as mangas compridas poderiam ocultar os cortes e golpes que me ocasionou desta vez. Não pude ir ao emprego hoje porque não queria que se apercebessem. Mas eu sei que está arrependido porque ele me enviou flores hoje. E não era dia da mãe ou nenhum outro dia.

- Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior. Se conseguir deixá-lo, o que é vou fazer? Como poderia eu sozinha manter os meus filhos? O que acontecerá se faltar o dinheiro? Tenho tanto medo dele! Mas dependo tanto dele que tenho medo de o deixar. Mas eu sei que está arrependido, porque ele me enviou flores hoje.

- Hoje é um dia muito especial: É o dia do meu funeral. Ontem finalmente conseguiu matar-me. Bateu-me até eu morrer. Se ao menos tivesse tido a coragem e a força para o deixar... Se tivesse pedido ajuda profissional... Hoje não teria recebido flores!

Ajude-nos a descobrir o autor!
Por uma vida sem violência

Não podemos deixar que isto continue. É uma realidade muito triste... Morrem 5 Mulheres por mês em Portugal vitimas de maus tratos!

Mulheres lembrem-se, é vital ultrapassar o sentimento de culpa e
DENUNCIAR. CORAGEM!

Associação Portuguesa de Apoio á Vítima (APAV)

Exclusão

Pela Europa fora, a tal Europa que precisa de imigrantes como de pão para a boca, porque os europeus não procriam e cada vez vivem mais tempo e cada vez ficam mais velhos, a política xenófoba cresce de forma alarmante.

Depois da xenofobia francesa, que não deixa as pessoas trajarem como lhes apetece, aparece agora, mais preocupante, a xenofobia holandesa. A Holanda sempre foi um país aberto. Foi o país que acolheu os judeus portugueses, que ainda hoje conservam a sua sinagoga própria em Amsterdam. Foi o país que protegeu os judeus quando os nazis os arrancaram de suas casas.

Mas hoje a Holanda embarca numa perseguição aos estrangeiros, que fará corar de vergonha aqueles que ainda se lembrem dos nazis. Querem expulsar do país estrangeiros que já nele vivem há uma dezena de anos, com o argumento de que eles entraram a coberto de um pedido de asilo que não foi aceite.

Para quê, senhores? Que insanidade mental é esta, que se está a apoderar da Europa? Que maluqueira, que só faz lembrar a maluqueira anti-semita que se apoderou dos europeus nos anos 30, pode justificar isto?

Mete profundo nojo. Então na Holanda, é inacreditável.

Luís Lavoura

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Cultura?

COMUNICADO DE IMPRENSA

APÓS 6 MESES DE ESPERA POR UMA DECISÃO. ESTAMOS SEM PALAVRAS.

Vimos por este informar, que a Câmara Municipal de Évora, entidade gestora da programação do único equipamento cultural da cidade de Évora, capacitado para receber espectáculos - Teatro Municipal Garcia de Resende, não viabilizou os pedidos de cedência de Espaço (enviados a 18 de Setembro de 2003), pela Companhia de Dança Contemporânea de Évora.

A atitude inviabiliza a programação anual da companhia agendada para o teatro, a saber:

- realização da edição VI do Festival Internacional de Dança Contemporânea (único na região Alentejo);

- as comemorações do dia mundial da dança;

- estreia da criação das coreógrafas Nélia Pinheiro e Susanne Linke.

O que fazer perante uma atitude centralista de conduzir os gostos e as referências culturais de uma região carênciada?

Como reagir perante uma manifesta falta de uma política cultural definida e concertada com os agentes produtores e difusores de cultura na região?

a direcção artística
Companhia de Dança Contemporânea de Évora

Villas-Boas no Cruzes

Luís Villas-Boas, presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção portuguesa, afirma que mais vale uma criança passar toda a vida numa instituição ou em famílias de acolhimento à "infelicidade de ser educado por homossexuais, sejam dois ou um".

Tradução:
Luís Villas-Boas, tachista e traumatizado de infância, afirma que mais vale uma criança passar toda a vida num orfanato a apanhar porrada e a levar no cu contra vontade à "vergonha de ser bem tratado por gente que leva no cu por gosto".
J. (Cruzes Canhoto).

Villas-Boas no País relativo

Onde é que estão as figuras paterna e materna numa instituição de solidariedade social? Dir-me-á Villas-Boas que podem ser representadas, em última instância, por Jesus Cristo e pela Virgem Maria, e eu pergunto onde reside a funcionalidade sexual de uma mulher que se diz ter sido fecundada por uma luz e engravidado virgem. João H. de Jesus (País relativo)

No coments...



Santana Lopes

Li uma entrevista de 2-3 paginas deste senhor onde ele basicamente diz gostar de mulheres. Mesmo tendo em conta o número crescente de homens que têm vindo a sair do armário, eu diria que esta característica é comum à esmagadora maioria dos homens. É divorciado e vive sozinho: bom isso também é cada vez mais comum. Sobre o cargo que actualmente exerce, diz que é convidado para muitas festas, mas que antes de aceitar pergunta sempre quem lá vai estar. Diz que trabalha muitas horas (as tais festas devem aqui estar incluídas) e que se tem esforçado imenso por convencer os lisboetas de que é in (??) andar em transportes públicos. Sim, diz ele, porque as pessoas torcem logo o nariz ao facto de serem "públicos" (!). As "pessoas" devem ser os amigos dele, claro.

Mas este senhor já foi Ministro da Cultura: quando interrogado sobre esse período, diz que foi muito bom, pois conheceu imensa gente interessante e teve oportunidade de visitar muitos sítios e ver muita coisa que de outro modo teria perdido. Ora eu que não sabia o que ele fizera como Ministro, fiquei a saber que gozou muito. Agora quer ser Presidente, não precisa dizer mais nada: as festas de Lisboa devem estar uma chatice, e o senhor quer ir dar umas voltas. Em transporte presidencial, claro. Os transportes "in" ficarão para umas presidências abertas que fica sempre bem fazer.

Ouvi há dias um comentário interessante de Nicolau Santos na Antena 1: dizia ele que o Expresso deu grande cobertura ao anúncio de Santana Lopes sobre a abertura da caça às presidênciais, colocando toda a classe política em polvorosa. De facto, nas notícias só se ouviam os comentários deste ou aquele político às famosas declarações. Mas, dizia Nicolau Santos, o Expresso não teve qualquer aumento de vendas por causa disso. Isto é, o cidadão comum esteve-se nas tintas, mostrando que cada vez se interessa menos pelas tricas entre políticos...

mpf

Injustiças biológicas

Nas interacções sociais, quando se chega ao ponto do insulto, vem sempre à baila um animal qualquer para reduzirmos o nosso interlocutor à sua verdadeira natureza. Cabra, vaca, burro, besta, cavalgadura e outros bichos são os eleitos para figurar no nosso léxico de atributos pouco abonatórios. O que a mim me surpreende é que estes bichos todos são simpáticos, herbívoros, pacíficos, domésticos, nossos amigos e essênciais à nossa sobrevivência. A excepção à regra seriam as cobras e víboras, mas esse ódio é bíblico.

No entanto há bichos muita beras, como os Leões, que matam as crias todas quando se tornam dominantes, as orcas, que brincam cruelmente com as focas antes de as devorar, as fragatas, que devoram os filhotes de pinguins, os cucos, que matam os seus irmãos para serem os únicos a receberem o alimento da sua mãe adoptiva, os Leões marinhos, que esmagam crias nas lutas selvagens pelo harém, e a legião de insectos que devora os respectivos companheiros depois do acasalamento (aranhas, escorpiões, Louva-Deus). Claro que mesmo considerar estes animais como "maus" é apenas uma visão antropocêntrica da natureza, já que a aparente crueldade é apenas uma estratégia de sobrevivência. Maus gratuitamente, só mesmo os Homens...

Deviamos começar a substituir os nomes de animais, por nomes de pessoas realmente maléficas. Candidatos não faltam...

Villas-Boas homofóbico

As tiradas infelizes de Villas-Boas deram direito a Editorial hoje de Nuno Pacheco e a um artigo de Catarina Gomes. Involuntariamente, Villas-Boas está a prestar um bom serviço à causa Gay dando visibilidade aos argumentos das associações LGBT. Ficam aqui algumas frases:

Ser educado por homossexuais é uma infelicidade Villas-Boas

A criança não deve nunca ser adoptada por homossexuais, [porque tal irá interferir com a sua] sexualidade natural. Villas Boas

Qualquer criança também tem direito ao exercício da sua sexualidade original

Reacções:

[Villas-Boas] não estará a ignorar também, por assumido preconceito, que muitos dos abusos e maus tratos físicos ou morais a crianças se registam em famílias "normais" segundo os padrões que defende? Nuno Pacheco (Editorial Público)

A homofobia não é uma atitude responsável por parte de um responsável político. - Fabíola Cardoso (Clube Safo)

[não é verdade que crianças criadas por homossexuais desenvolvam mais tendências homossexuais] - a maior parte dos homossexuais são criados em lares heterossexuais - Fabíola Cardoso (Clube Safo)

Ao dizer que "a homossexualidade não é normal" e ao falar de "sexualidade natural", Villas-Boas está a "patologizá-la", o que significa "um retrocesso imenso dos direitos humanos" - Cristina Santos (Não te Prives)

Os meninos educados por casais homossexuais têm orientações homossexuais na mesma percentagem que crianças educadas em lares heterossexuais. António Serzedelo (Opus Gay)

Se conhecesse o sistema de adopção e o que representa para crianças jovens viverem institucionalizados sem um enquadramento familiar a que têm direito, o responsável pela comissão não proferiria tais disparates - Panteras Rosas

A adopção por homossexuais é defendida por instituições como a Associação Americana de Psiquiatras, a Associação Americana de Psicologia e a Academia de Pediatras Americana - Sara Martinho (Rede ex aequo)

Ciência em Portugal

Os verdadeiros números da Ciência

Os países da UE comprometeram-se a alcançar até 2010 um investimento médio de três por cento do Produto Interno Bruto na ciência e na tecnologia. Portugal está ainda nos 0,8 por cento e a média Europeia está nos 1,8, o que afasta cada vez mais o velho continente do Japão e dos Estados Unidos.

Entretanto a FCT viu o seu orçamento reduzido em 25%. As operações de charme de Óbidos e os números redondos apresentados não passaram de cosmética. É triste.

Só imitamos os Estates no que não interessa; vá lá, ala liberal deste governo, vamos lá a imitar os Estates no guito gasto em investigação, inovação e outras coisas in. Depois queixem-se da fuga de cérebros....

Secretismos...

Imitando Bush e Blair, Teresa Gouveia também visitou secretamente o Iraque. Quer dizer que depois de libertados, a única maneira de ir ao país é secretamente? se isto se torna moda, é um sarilho. Estou mesmo a ver as agências de viagens: "Visite secretamente o Iraque" ou "Toda a emoção de um político em missão secreta por metade do preço". Só não sei se terá levado algum bacalhau com coves de plástico para visitar o contingente Português...

Entrudanças

Para passar um carnaval diferente, em contacto com a natureza, com muita música, tradições e bailes, o melhor é dar um salto ao sul do País.

Onde?
Centro Cultural de Entradas - Castro Verde

O que é o Entrudanças?
Entradas, no Concelho de Castro Verde, será agora o palco do regresso do Entrudanças.
A programação será preenchida com oficinas de dança, de cante alentejano, bem como por actuações de grupos corais de Cante Alentejano e violas campaniças.
O artesanato terá a sua presença bem como os passeios ambientais e por pontos de interesse no Concelho.
Tudo isto culminará em bailes com grupos portugueses e estrangeiros.
A programação comecará no Sábado 21 e acabará na noite de 23 de Fevereiro.

Programa?

SÁBADO 21
14h00
Animação de rua Castro Verde e Entradas:
Vamos “entronxados” pelas ruas chamar todos para a festa.
16h00
Abertura do “Espaço de Artesanato”
Oficina de Danças Europeias com Mercedes Prieto
18h00
Actuação do Grupo Coral “Ganhões de Castro Verde”
Actuação de Grupo Coral “As Atabuas”
22h00
Baile com “Monte Lunai”

DOMINGO 22
10H00
Passeio ambiental com observação de avifauna, pela Liga Para a Protecção da Natureza
(concentração no Vale Gonçalinho)
Workshop de danças orientais com Elza Shamce
11h30
Oficinas de danças Africanas com Zé Barbosa
15h00
Oficinas de Danças Europeias com Lisou Guerbigny
17h00
Oficinas de Cante Alentejano
18h00
Actuação de Grupo Coral “Os Cardadores de Sete” e
Antigas “Mondadeiras de Casével”
22h00
Baile com “Uxu Kalhus”

SEGUNDA-FEIRA 23
10H00
Visita ao Concelho (Concentração junto ao Centro Cultural de Entradas)
Oficina de danças europeias com Mercedes Prieto
11h30
Oficina de danças Galegas com Montze
15h00
Oficina de Danças Orientais com Iris
17h00
Conferência "A Dança e a Sociedade" por Maria Luisa Roubaud
18h00
Actuação de Violas Campaniças
22h00
Baile com Grupo “Les Aminches”

Mais informação na Pédexumbo.

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Demita-se, Villas-Boas

Foi com estupefacção e indignação que a Opus Gay tomou conhecimento das declarações do psicólogo clínico Villas-Boas, presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção portuguesa, sobre a homossexualidade hoje no Público, com chamada para a 1ª pagina .

Como é possível, num país em que a homossexualidade não é crime e não é doença, tal como foi reconhecido há muitos anos pela Organização Mundial de
Saúde, um cientista, ainda por cima com responsabilidades políticas, vir dizer que a homossexualidade não é um comportamento normal?!!

Como é possível um cientista afirmar que, em termos de orientação sexual, há orientações naturais, originárias, genéticas e outras que não o são?!!

A Organização Mundial de Saúde, e dezenas de associações profissionais de psicólogos e psiquiatras consideram, há muitos anos, que a homossexualidade
é tão natural, normal e original como qualquer outra orientação sexual; apenas não é tão frequente.

Como é possível afirmar, por outro lado, que "ser lésbica não é ser mulher"?!! Com que direito vem este senhor retirar a feminilidade às lésbicas?!!!

E, finalmente, todos os estudos sobre homoparentalidade afirmam que as crianças desses pais crescem bem, com todo o amor e carinho, são estatisticamente tão heterossexuais como os filhos de pessoas heterossexuais, e têm até a vantagem de construírem modelos de masculino e feminino e de
união familiar mais ricos e diversos do que as crianças que convivem só com famílias heterossexuais.

Assim sendo, só por radical preconceito e falta de amor se pode afirmar que é preferível as crianças estarem em instituições do que serem adoptadas
por homossexuais... Os critérios para a lei de adopção devem ser, além de científicos, políticos e não, como se vê, moralistas. Abra-se definitivamente a discussão junto da opinião pública, informem-se as pessoas, combata-se preconceitos e receios. Depois então legisle-se, com amor e sentido de cidadania. Não com ódio, medo e preconceito.

Perante semelhantes disparates científicos, agravados ainda pelo ataque que constituem aos direitos humanos e à dignidade dos homossexuais, Villas-Boas perde toda a credibilidade científica e política e deve ser imediatamente demitido do seu cargo. E pode aproveitar o tempo que lhe sobre para voltar à escola... Ou aos grupos religiosos fundamentalistas de que deve fazer parte e que são ainda os únicos a defenderem semelhantes preconceitos e indignidades.

António Serzedelo

Barroso excluído da cozinha Europeia

O primeiro-ministro português Durão Barroso afirmou ser "inaceitável que dois ou três países se reúnam, cozinhem tudo e depois nos sirvam a comida", em reacção ao encontro dos G3, que reune os três "grandes" da Europa. Isto claro está, acontece relativamente à Europa. Porque é que nunca tiveram uma reacção parecida relativamente ao G8, que gosta de decidir em clube privado o futuro do Mundo? Ainda por cima, no caso do G8, o número de excluidos passa a ser de cento e muitos países. Se Durão ficou indignado com a "cozinha" do G3, deve conseguir imaginar a valente indigestão provocada pelas mistelas preparadas no G8 ao resto do mundo, em particular aos países mais pobres. Claro que neste último caso, esta refeição indigesta é administrada com a ajuda do FMI e do Banco Mundial, sendo as especialidades gastronómicas do G8 políticas neo-liberais selvagens, cortes nas prestações sociais e desregulamentação do trabalho. Claro está, tudo bem regado com muita pobreza e desigualdade. E sempre em nome da Santa Liberdade...

Afinal, ninguém gosta de ser excluído da cozinha europeia; no entanto, cá para mim, Durão teve muito sorte em não participar nestes cozinhados; é que ainda se lembravam de fazer Cherne na brasa ou arroz de Cherne ou uma sopinha de cabeça de Cherne. O que não seria mau de todo (ficávamos finalmente livres do bicho escamoso), mas dada a qualidade duvidosa do animal, era indigestão garantida durante umas semanitas valentes, mesmo se fosse bem amanhado e servido a frio...

O meu pedaço de auto-estrada

Na consequência desta notícia: "Bruxelas Aconselha Lisboa a Gastar Mais nas Pessoas e Menos em Auto-estradas", começaram a formar-se por todo o país grupos de Pessoas revoltadas com a desorientação do governo, e reclamando o seu bocado de auto-estrada correspondente, que por lapso foi parar onde não devia; armados de brocas, pás, picaretas e mesmo tratores e explosivos caseiros, os populares dirigiram-se às auto-estradas mais próximas e começaram a arrancar o pedaço de alcatrão que lhes estava destinado nos fundos de coesão. Estima-se que cada Português tenha direito a 100 cm2 de auto-estrada, e se conseguirem reconverter o alcatrão em dinheiro, poderão ter uma reforma muito jeitosa. Há mesmo uma proposta de um banco (que pelos vistos é mesmo muito simpático) que se dispõe a aceitar pedaços de auto-estrada como pagamento de uma casa de 4 assoalhadas no centro de Lisboa. Mas há quem diga que são só rumores sem fundamento...

Pechincha perigosa I

Relatório da ONG Oxfam revela: no vale-tudo para reduzir preços e prazos, cresceu no mundo o número de empresas que usam trabalho semi-escravo

Tiago Soares

Num mundo em que a caça ao consumidor é cada vez mais agressiva, as multinacionais do sector comercial (especialmente as que trabalham na venda a retalho, como é o caso da alimentação e do vestuário) apelam a todas as armas que têm à mão. Mas uma das principais é o menor preço. O que à primeira vista parece uma vitória da livre concorrência em favor do consumidor revela, ao olhar mais atento, uma face cruel. O relatório divulgado em fevereiro pela Oxfam – organização não-governamental que promove iniciativas de combate à pobreza – aponta que, na batalha global para baixar os preços e aumentar a eficiência produtiva, quem paga a conta são os países mais pobres.

Realizado a partir da análise das condições de trabalho em 12 países (Bangladesh, Chile, China, Colômbia, Honduras, Quénia, Marrocos, Sri Lanka, África do Sul, Tailândia, Reino Unido e Estados Unidos), o relatório publica dados eloquentes.

Traduzido daqui.

Pechincha perigosa II

Qualquer meio para reduzir custos e prazos?

Intitulado “Tradind Away Our Rights”*, o estudo afirma que, por estarem no topo da cadeia de distribuição, as grandes redes de supermercado, restaurantes e lojas de departamentos pressionam fornecedores do sector manufatureiro e agroindustrial, exigindo prazos e preços cada vez menores. Para cumprir com tais exigências, os fornecedores usam a força de trabalho dos países pobres, pagando salários muitas vezes abaixo do mínimo exigido legalmente, e atirando milhões de pessoas (mulheres especialmente) para condições de semi-escravidão. Colabora para o desastre a política do FMI e do Banco Mundial para nações pouco desenvolvidas, que condiciona empréstimos à progressiva desregulamentação do trabalho.

Em fevereiro de 2003, por exemplo, o empresário coreano Kil Soo Lee foi preso por aliciar trabalhadores chineses e vietnamitas, que eram obrigados a trabalhar em regime semi-escravo. Dono da Daweoosa Samoa, empresa de confecção localizada em Samoa Ocidental, Lee era fornecedor de produtos para a JC Penney, uma das maiores redes mundiais de lojas.

Traduzido daqui

Pechincha perigosa III

Paraísos do trabalho semi-escravo não ficam assim tão longe

Mas não é preciso ir tão longe para sentir os efeitos dessa corrida mundial por produtos agrícolas e industriais cada vez mais baratos. Na lista brasileira de empresas e empregadores condenados pelo uso de trabalho semi-escravo, emitida em novembro de 2003 pelo governo federal, consta a fazenda Senor, localizada em Ourinhos, no interior do Pará. Entre os seus proprietários, encontra-se a Sipef, multinacional belga do sector agroindustrial, responsável por intermediar a compra e venda de produtos agrícolas no mercado mundial - um negócio apontado no relatório da Oxfam como um dos principais responsáveis pela exploração abusiva de trabalhadores pobres.

Ao condenar milhões à miséria, as grandes multinacionais não cometem apenas um crime contra a humanidade: elas lançam uma pá de cal em qualquer esperança de desenvolvimento sustentável. Isso porque, como sustenta a Oxfam, a “melhoria de condições de trabalho seria um poderoso catalisador para a redução da pobreza. Fortaleceria um sistema de comércio internacional que hoje falha de modo claro no que toca aos necessitados, e criaria novas oportunidades para investimentos, crescimento e desenvolvimento”.

Para a instituição, a criação de um comércio mundial mais justo exige a mobilização conjunta de empresas e governos. Seria importante que as multinacionais dessem ouvidos ao bom senso, e deixassem de lucrar sobre a vulnerabilidade social de países pobres; paralelamente, os Estados deveriam prevenir possíveis abusos, através da fiscalização e de legislações do trabalho fortes. No fim de contas, a única certeza que fica é a de que, se nada for feito, aquela promoção incrível pode acabar não sendo tão em conta assim.

Traduzido daqui

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Casamentos aumentam na Califórnia

Mais de 2000 casais contrairam matrimónio em São Francisco, Califórnia, em quatro dias apenas.

O Presidente da Câmara Municipal lá do burgo deu autorização para passar certidões de casamento na 5ª feira passada, independentemente da orientação sexual. O número de casamentos saltou de uma média diária de 30 para uma média de 550 por dia, sendo os casais do mesmo sexo os responsáveis pelo aumento súbito de casamentos...

Ainda dizem que o matrimónio está em crise. Os conservadores, em vez de se sentirem ofendidos, deviam estar contentes pela instituição matrimonial ser tão prezada pela comunidade gay. Nunca estão contentes, é o que é; por estas e por outras é que nunca hei-de perceber estes gajos....

Governo estimula criatividade

Quem diz que este governo não estimula a criatividade, está muito enganado. O grupo Despe e Siga, que tinha entrado em dormência há uma carrada de anos, levantou-se dos mortos por causa deste governo. Segundo o vocalista, como são um grupo de intervenção e contestação, a actuação deste governo serviu de fonte de inspiração inesgotável para inúmeros novos temas. Assim, Durão Barroso está sem dúvida a estimular a criatividade em Portugal. Aliás, quase de certeza que a sua conduta é ditada pelo desejo de estimular a criatividade e a inovação nacional. À escala global, Bush também já deve ter estimulado bastante a criatividade.....

A distribuição dos fundos europeus

"O problema de Portugal não é nenhuma má aplicação dos fundos estruturais", explica um responsável europeu. "O problema de Portugal é que os fundos foram provavelmente concentrados de forma excessiva na região de Lisboa, e em estradas e auto-estradas", justificou. A partir de agora, defendeu a mesma fonte, "vai ser preciso diversificar os investimentos e orientá-los mais para a investigação científica, a inovação , o apoio às pequenas e médias empresas, o ambiente ou o ensino", ou seja, precisamente os objectivos da "estratégia de Lisboa".

Tirado daqui.

Pois, estou completamente de acordo, excepto com a primeira afirmação; realmente, houve má aplicação dos fundos. Cá ficamos à espera de uma rápida reorientação dos fundos...

Avalia a tua ética

Responde com sinceridade e poderás auto-avaliar a tua moral. É rápido.

Trata-se de uma situação imaginária, porém tens de decidir o que farias...

Imagina:
Está em Washington, no meio do caos dos terríveis momentos de
enchentes que ocorrem em épocas de chuvas mais intensas. És um repórter
fotográfico que trabalha para a REUTERS e estás desesperado, tirando as
fotos que possam ter maior impacto.

De repente, vês George W. Bush num Jeep, lutando desesperadamente para
não ser arrastado pela corrente, lodo e pedras. No entanto, ele acaba
sendo arrastado pela corrente e tu tens a oportunidade de salvá-lo ou
tirar a fotografia que será ganhadora do Prémio Pulitzer, que daria a
volta ao mundo ao mostrar a morte de tão famoso político...

Baseado nos teus princípios éticos e morais e na fraternidade e
solidariedade humanas, responde sinceramente:




Farias a foto a preto e branco ou a cores?

A Ética das mutinacionais

últimas 4 das 10 piores empresas em 2003

HealthSouth – A HealthSouth, que oferece seguros privados de saúde, é seguidora da escola Enron de administração. Os seus executivos não parecem lidar muito bem com o mundo real e insistem em emitir para público, governo e mercado dados maquilhados sobre a saúde financeira da companhia. À conta disso, os investidores da empresa perderam biliões de dólares no último ano, o que levou à condenação de quinze de seus mais altos executivos. A empresa, porém, saiu ilesa.

Inamed – Produto certo na hora certa -- para uma companhia como a Inamed, que produz implantes de silicone, a frase cai bem. A empresa, que vende o seu produto em mais de 60 países em todo o mundo, foi intimada pela FDA, agência norte americana que regula a venda de alimentos e medicamentos, a apresentar um relatório no qual provasse que seus implantes são seguros para os utentes. O estudo da Inamed não convenceu a FDA, e o produto continua proibido em seu país de origem -- nada que impedisse a empresa de seguir vendendo seus implantes “cosméticos” no resto do mundo.

Merril Lynch – O mundo é um lugar cheio de mistérios -- um dos maiores é o facto das pessoas continuarem a confiar nas análise da Merrill Lynch. É uma companhia que faz análises descalibradas sobre a economia de países em desenvolvimento. Os seus operadores recomendam a clientes acções nas quais eles mesmos não investiriam um centavo. Além disso, três de seus mais altos executivos estão envolvidos até o pescoço em negócios nebulosos com a Enron. Ainda assim a companhia não foi incomodada pelas agências do governo norte-americano. E, o que é mais impressionante: continua sendo levada a sério.

Safeway – Uma das maiores redes de supermercados norte-americanas, a Safeway sonha grande: quer eliminar gastos das empresas de comércio com encargos relativos à saúde de seus funcionários. O primeiro passo foi dado: a companhia hoje tenta convencer os seus próprios empregados a arcar com os gastos do seguro de saúde. Na disputa pelo mercado norte americano, a Safeway conseguiu subverter a dinâmica da livre concorrência. Na sua competição com o Wal Mart, quem abre mão dos ganhos são os funcionários. E o maior beneficiado é a empresa.

Naturalidades

Há uma escala de naturalidades a que somos sensíveis. Um gato por ser meio selvajem ainda tem um grãozinho de naturalidade; já um rebanho de ovelhas que se atravessa no meio de um caminho de terra, devorando todas as florinhas à sua passagem, tem ainda uns pózinhos de naturalidade; a pastagem, essa, ganha aos pontos as ovelhas que alimenta, sendo apenas um perpetuamento artificial de um ecossistema natural; uma floresta plantada, mesmo um eucaliptal, tem uma presença forte e natural (bem....mais ou menos); mas um pinhal ganha ainda mais pontos, por se harmonizar muito melhor com tudo o que está à volta, sejam as plantas da charneca sejam os gaios e os grilos; já um carvalhal velho, quase que rebenta a escala de naturalidade, com musgos, fetos, escaravelhos monstruosos, bichos a fazerem casa dos seus troncos já ocos, árvores meio apodrecidas a servir de pasto aos cogumelos, pássaros e passarões por todo o lado, delicados narcisos e jacintos a florescer por todo o lado... Enfim, um escândalo. As cidades, essas, raramente têm direito a entrar nesta escala.... Alguns jardins manhosos e umas árvores cinzentas a ladear as estradas são os preciosos óasis de naturalidade em Lisboa. A falta de estrelas à noite, é um verdadeiro atentado à naturalidade.

Viver sem estas coisas naturais afasta-nos irremediavelmente do ecossistema a que pertencemos e faz-nos perder o verdadeiro sentido das coisas. Se esse é o teu caso, se não reparas numa flor há mais de uma semana, não ouves o barulho de um rio há mais de 15 dias ou não vês uma estrela há mais de um mês, pisga-te da cidade e esfrega-te na primeira árvore que encontrares. Vais ver que não custa nada!

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

As patas azuis

As gansas patolas escolhem o seu parceiro pela intensidade da cor das suas patas. Quanto mais azul, melhor. Supostamente, a cor azulada das patas dos gansos é sinal de saúde e vigor. Se isto fosse assim na espécie humana, em vez de silicone e outros recursos similares haveria quem pintasse as patas de azul.... E pagaria um balúrdio por isso. Não sei porquê, acho imensa piada a que o azul das patas possa ser um critério de selecção sexual e por conseguinte, critério de selecção natural...



Estes gansos de patas azuis nidificam nas Galápagos. Este arquipélago está no término da riquissima corrente de Humbolt, com as suas águas frias literalmente carregadinhas de peixe. Mas nem sempre esta corrente chega a estas ilhas; por isso, os gansos patolas estão constantemente a "medir" a temperatura da água, que anuncia a abundância de peixe necessária ao acasalamento; se a corrente fria não chega, népias de acasalamento. Nos anos do El niño, em que a corrente de Humbolt desaparece, estes Gansos de patas azuis simplesmente não se reproduzem. E neste casos, não há azul que valha aos machos para conquistar a boa graça das gansas...


No inferno da terra ocupada

A brasileira Giullianna Lukan, ativista na Palestina, diz o que é viver em um pais submetido a rituais de humilhação e violência

André Deak e Rita Freire, de Paris

Quando a brasileira Giullianna Iukan rumou para a Palestina, em 2002, não imaginava que seu trabalho como relações públicas do Instituto de Saúde, Desenvolvimento, Informação e Política de Ramallah (HDIP) começaria de forma tão dramática. A etapa final de sua viagem precisou ser interrompida. O escritório para o qual se dirigia acabava de ser ocupado pelas forças israeltas.
O sinal de recrudescimento da violência dos invasores, a pretexto de combate ao terrorismo, era claro. Até então, a HDIP, uma ONG humanitária dirigida pelo médico Mustafá Barghouthi tinha sido poupada, pelo menos fisicamente. Mas a queda das torres gémeas nos Estados Unidos abriu novos pretextos e fronteiras para a repressão israelita. O Exército invadiu também o ministério da Cultura e o da Educação Superior, destruindo documentos e instalações, tomando o controle dos prédios e interrompendo comunicações. Giullianna tinha uma primeira tarefa. De onde estava, protegida por amigos da causa palestina e informada dos acontecimentos, cumpriu a difícil missão de fazer chegar os informes de alarme para organizações e imprensa internacional.
A activista brasileira, hoje em Ramallah, trabalha também para uma rede de ONGS palestinas (PNGO) que reúne mais de 90 organizações civis e com o Palestine Monitor, um centro de divulgação unificado que registra cerca de 1,5 milhão de acessos de internet em busca de informações cotidianas sobre os efeitos da ocupação israelita. Sempre assessorando o médico Mustafá Barghouthi, dirigente da recém criada Mubadara ou Iniciativa Nacional Palestina, (movimento de movimentos e organizações nacionais contra a ocupação e pela reconstrução política da Palestina), Giullianna acompanha de perto o dia-a-dia de sofrimento que se prolonga desde a Segunda Intifada, iniciada em setembro de 2000, quando os palestinos se revoltaram contra o opressor.
Na convivência com a Mubadara, ela vê também o avesso desse sofrimento: os sinais de esperança que movem uma iniciativa política cuja principal bandeira é restituir aos palestinos o direito de decidir sobre seu futuro. Exigindo eleições em todos os níveis, seus participantes acreditam que a estagnação política está servindo tanto para aprofundar o brutal desequilíbrio de forças entre Palestina e Israel, quanto para perpetuar no poder um governo obrigado a curvar-se cada vez mais às pressões externas.
É sobre este quotidiano difícil de imaginar que ela fala na entrevista que se segue.

Leia esta entrevista

Pistas para outra constituição

Salário Médio em Espanha: 1400 euros
Salário Médio em Portugal: 600 euros

Para quando a uniformidade salarial Europeia?? Porque é que só o défice é critério de convergência, porque não os salários?

Opus Gayfobia

"A revista de referência espanhola "Zero" deste mês, resolveu publicar, julgo que pela primeira vez, uma entrevista com um responsavel glbt português que me foi feita há dois meses. Nessa altura ainda havia, pensava eu, o GTH-PSR, e não existiam as Panteras Rosas que lhe sucederam agora.
Intitularam-na sintomaticamente, "Homofobia à Portuguesa". O trabalho ocupa uma página inteira da revista, com uma foto de um eléctrico subindo a Calçada do Combro.
Das várias perguntas que me fizeram tive 3 preocupações. Abrir a agenda glbt portuguesa, na perspectiva da Opus Gay , à discussão . Referir e denunciar as dificuldades crescentes de actuação que sentem os colectivos, quer por causa dos preconceitos , tanto a nível partidário de esquerda ou direita, inclusivé por causa de uma certa homofobia que começa a grassar, fruto da má gestão dos processos da Casa Pia. Finalmente, relembrar o que lhes venho dizendo há muito tempo, que os nossos colectivos são "fracos economicamente, tem pouca militância, e estão fragmentados, por causa de questões politico-partidárias, dado um deles estar ligado a movimentos trotquistas e radicais, e com bastante representação de um partido político, que tenta sempre impôr à nossa luta, a sua agenda, e sobretudo, as cores do seu partido, a despeito de lutar com serias dificuldades". O que explica que o GTH/PSR tenha desaparecido, de repente, ao fim de 11 anos de actividade,s em dar qualquer explicação, neste espaço de dois meses.
Miguel Vale de Almeida no seu blogue chama sarcasticamente a esta entrevista, "Zero à Esquerda ". Assim, tenta defender acrisoladamente os seus amigos trotskistas, entretanto desaparecidos e branquear as questões politico- partidárias que, de facto, dividem os colectivos, reduzindo-os a "desentendimentos pessoais", uma luta de galos pela visibilidade, que eles não conseguem obter.
Por causa da sua constante e consistente Opus Gayfobia, à portuguesa, Miguel Vale de Almeida prefere não abordar questões mais importantes, que interessam a todos, a agenda política apresentada, e até, como lutar contra o preconceito e homofobia que alastram entre nós. Se está de acordo com a nossa agenda, não o pode dizer. Se não está, prefere guardar segredo, para depois ser apresentada ao" povo gay" votante, como uma construção de eleitos "ex divinis", indiscutivel, em plena época eleitoral que se aproxima .
Enfim, para MVA, e os seus companheiros de "route", como se vê por alguns dos comentários apostos, o importante é elegendo a Opus Gay como inimigo principal, o zero à esquerda, provar, sobretudo, que não existe
qualquer manipulaçao dos colectivos, pelos seus companheir@s lideres de associações, sejam el@s alternativamente membros do Partido Socialista Revolucionario, ou militantes do Bloco de Esquerda, tod@s el@s sujeitos ou objecto, da táctica do enterismo (infiltrações dos movimentos) que caracterizam os partidos trotskistas.
É o deja´vu! O BE merecia melhor!

Paciência , Miguel!

A.S.

(Em resposta ao comentário de MVA.)

Porto, aquela naçon; Trás-os-montes, o paraíso que deitamos fora

Presa no Sul, este fim de semana subi a Bragança. Às tantas estava no bar da Escola Superior Agrária ouvindo um aluno que contava como todos os dias avistava da janela de casa um lobo que passava sistematicamente à mesma hora na peugada de um cabreiro que, aceitando uma eterna ordem da Natureza, o precedia.
lobo
O bar tem uma parede envidraçada com vista para um prado pelo qual serpenteia um rio ladeado por altos choupos. Pensava eu como de facto nada justifica que uma Faculdade de Ciências se amontoe num campo que de grande só guardou o nome. Nós temos demasiadas instituições de Ensino Superior, aquela dificilmente conseguirá sobreviver: regressaremos à circunstância de formar biólogos urbanos a quem pagamos visitas de estudo ao campo, deixaremos emigrar os que conhecem o lobo e resistem a ser comidos por ele.

Regressei pelo Porto já que, infelizmente, o comboio não chega a Bragança. Nunca tinha estado no Terminal Rodoviário do Porto, pensei que tinha recuado no Tempo: depois do tapete de auto-estradas e IPs, entra-se num buraco absolutamente indescritível! Pergunto quanto dinheiro custaria pintar aquela garagem nojenta? Quanto dinheiro custaria nivelar o solo e tapar os buracos; construir uma bilheteira decente? Como é possível discutir (em tom de guerra/catástrofe) as acessibilidades a um estádio de futebol, esquecendo as acessibilidades a um terminal rodoviário?! Meu deus, estes celtas estão loucos...

mpf

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

A Ética das mutinacionais

(continuação)

Clear Channel – O negócio da Clear Channel é comprar estações de rádio locais, impondo uma programação padronizada a seus ouvintes. A companhia é a grande detentora dos direitos de radiotransmissão nos EUA, o que significa deter poder sobre o que as pessoas vão ouvir -- e pensar sobre -- no país. Muitos apontam a Clear Channel como uma das mais importantes ferramentas para a disseminação da doutrina Bush.

Diebold – As urnas eletrónicas da Diebold são o sonho de qualquer hacker. Segurança de dados nunca parece ter sido o forte da companhia -- não é por acaso que a correspondência interna da empresa a respeito do pouco confiável sistema criptográfico de suas máquinas de votar estava esquecido na Web, num endereço eletrónico desprotegido. Estes "dados" vieram a saber-se, e o mundo soube que as eleições do mais poderoso país do mundo corriam risco de nova manipulação. A resposta da empresa? O Óbvio: processar quem divulgasse a informação.

Halliburton – Dirigida pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney até à sua entrada na Casa Branca, a empresa presta serviços de logística. Foi contratada para dar assessoria -- especialmente em logística -- à invasão do Iraque, e à destruição maciça do país. Em seguida, abocanhou a maior parte dos grandes contratos de “reconstrução”. O vice-presidente Cheney continua recebendo uma “compensação” anual de 150 mil dólares da companhia...

Entrevista de AS à Zero

Para que se possa discutir a entrevista inteira dada por António Serzedelo à revista Zero, fica aqui o texto na íntegra (MVA responde a um trecho desta entrevista):

"HOMOFOBIA A LA PORTUGUESA"


Zero - Mientras el comercio rosa crece y define Lisboa como um dos destinos turísticos preferidos por gays e lesbianas,varios indicios delatam uma progressiva marginalizacion de la militancia gay e lesbica portuguesa.
En esta entrevista Antonio Serzedelo da Opus Gay enciende una luz de alarme e nos poe al dia con los avatares del colectivo glbt vecino.

Zero - ¿Cómo se encuentra la situación actual del colectivo LGBT de Portugal?


AS - En Portugal se ha dado una evidente evolución en el colectivo lgbt en los últimos años, si bien es verdad que no es equiparable su situación a la de otros países del entorno europeo. A pesar de haber una mayor cantidad de personas asumiendo su identidad sexual a nivel íntimo o dentro de un pequeñocírculo social, al mismo tiempo las cuestiones de visibilidad y asociacionismo son muy precarias.

Zero - ¿Cuáles son las reivindicaciones puntuales por las que se lucha hoy en día?

AS - 1. Registro de las Uniones de hecho, aprovado ha cerca de dos años

2. Implementación adecuada de la Directiva sobre Igualdad en el Trabajo

3. Campañas contra la discriminación

4. Un mayor reconocimiento de las Uniones de hecho, como familia

5. Apoyo a la inseminación artificial para lesbianas y mujeres solteras.

6. Apoyo a los transexuales en la rapidez de los procesos de cambio de sexo

7. Discusión sobre la posibilidad de matrimonio homosexual

8. Discusión sobre la posibilidad de adopción por homosexuales

Zero - ¿Qué consensos hay en la clase política portuguesa con respecto a las
reivindicaciones de igualdad jurídica y de lucha contra la discriminación?


AS - No hay ninguno, salvo en lo tocante a las discriminaciones por cuestiones de raza, exceptuando el Partido Popular portugués, homófobo y xenófobo, regido por la cartilla de Le Pen, con posturas, en algunos casos, similares a lás del Partido Popular español.

Zero - ¿Cuáles son las posturas de los partidos de derecha y de izquierda?

AS - Hay preconceptos y homofobias fuertes en todos los partidos, desde la izquierda a la derecha. En los de derecha son declarados. En la izquierda aparecen disfrazados, sólo con apoyos estratégicos. Los partidos de izquierda tienen amplias declaraciones de apoyo, pero poco o nada pasa a la práctica cotidiana, salvo, puntualmente, el Bloco de Esquerda (situado políticamente a la izquierda de Partido Comunista). Se unió toda la izquierda para aprobar la Ley de Uniones de Hecho en el Parlamento y, recientemente, para criticar al ayuntamiento por rechazar los apoyos al Festival de Cinema Gay e Lésbico, pero, igualmente se niegan a ligar esta cuestión a los Derechos Humanos y a la calidad de la Democracia.

Zero - ¿Qué consecuencias han tenido las administraciones de derecha, centro derecha en el país y en la ciudad de Lisboa? ¿Qué avances y qué retrocesos se han dado en este último período?

AS - La consecuencia inmediata ha sido una pérdida de apoyos a la visibilidad.
A pesar de esta falta de apoyos cada vez hay más jovenes asumiéndose, la prensa, diariamente habla de asuntos relacionados con el mundo lgbt, lo que está produciendo, poco a poco, la maduración de la mentalidad de lás clases médias . Esa también es la razón por la cual el poder político ha intentado intimidar estos avances, escaracterizarlos y guetizarlos. Por otro lado, con el avance del autoritarismo en varios niveles hay regresiones sociales.

Zero - ¿Notas un avance de la homofobia en Portugal? ¿En qué casos puntuales?

AS - El avance de la homofobia tiene que ver también con la creciente visibilidad que el movimiento va teniendo, a pesar de todo y a diversos niveles. Hay casos graves de agresiones físicas, malos tratos sicológicos, extorsiones, etc., pero, al mismo tiempo, comienzan a ser relatados en la prensa y a ser presentadas demandas por parte de las víctimas.

Zero - Del centro a la periferia. ¿En qué clave se puede leer la marginalización del Pride lisboeta?

AS - Con las administraciones socialistas-comunistas de Lisboa las fiestas ocurrían en el centro de Lisboa. Con la actual de centroderecha ha sido empujada hacia la periferia, incluso para sítios completamente yermos

Zero - "La prensa y la gente en general está colocando pedofilia y homosexualidad en el mismo saco". Esta es una de las preocupaciones que nos han llegado a la redacción de Zero a partir del caso de Casa Pía. ¿Cuál es tu opinión al respecto? ¿Cómo han tratado el tema los medios de comunicación masiva?

AS - Bueno, de hecho, al principio fue así, los periodistas en general, y la TV en particular, no sabían cómo lidiar con el asunto. Luego, con la intervención de sicólogos, juristas, siquiatras y avogados, comunicados en los colectivos, la presentación de una plataforma "Contra o Abuso Sexual de Crianças" que integramos, y el envío de un Código de Conducta para periódicos por parte de la organización que presido, las cosas poco a poco han mejorado y se han clarificado.

Pegada Ecológica

Alguma vez pensaste na quantidade de Natureza necessária para manter o teu estilo de vida? Já imaginaste avaliar o impacto no Planeta das tuas opções no dia-a-dia, daquilo que consomes e dos resíduos que geras? Com este questionário ficarás a conhecer esse impacto.

Este Teste calcula a tua Pegada Ecológica fazendo uma estimativa da quantidade de recursos necessária para produzir os bens e serviços que consomes e absorver os resíduos que produzes.

ATENÇÃO! O RESULTADO DESTE QUESTIONÁRIO PODERÁ SURPREENDER-TE. CERTAMENTE VAI DAR-TE QUE PENSAR.

Embora as mudanças no estilo de vida possam contribuir para a redução da Pegada Ecológica de cada indivíduo, esta ferramenta também pode ser usada por uma comunidade e levá-la, no seu conjunto, a procurar modos de vida mais sustentáveis. Para alcançar a sustentabilidade, é necessário colocar a nós próprios algumas perguntas difíceis sobre como queremos viver as nossas vidas e usar os recursos do nosso Planeta. Responder a estas perguntas enquanto sociedade significa partilhar as nossas preocupações com amigos e vizinhos, e com responsáveis políticos e económicos.

Envolve a sociedade:

Convida agentes económicos e líderes políticos a analisar o uso de recursos naturais nas localidades, organizações e países que dirigem ou são responsáveis. Encoraja as escolas a ensinar aos estudantes o conceito de Pegada Ecológica. Usa a Pegada Ecológica como medida de responsabilização, conseguindo encorajar actividades que funcionem de modo responsável e sustentável e desencorajando as que não o fazem.

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A minha pegada é de 3.2 hectares. E a tua, qual é?
Ontem chegou-me esta mensagem ao correio:

Olá
O marido de uma amiga minha faz parte da Direcção do Clube do Chiado.
Pedia-vos que respondessem ao inquérito "Portugal e o futuro da Europa" que
está no site http://clubedochiado.com.pt/.
A associação é independente constituída por cidadãos maioritariamente do
centro esquerda e a ideia principal (podem ver a declaração de princípios)
é a discussão e promoção de propostas sobre desenvolvimento da soc.
portuguesa.
Nas formas de intervenção propostas pela associação incluem-se os weblogs
ou a publicação e discussão de documentos sobre, por exemplo, políticas
públicas.
Se puderem divulgar o inquérito façam-no.
Obrigada.
Rita


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AVISO DE CONFIDENCIALIDADE: Esta mensagem, assim como os ficheiros
eventualmente anexos, é confidencial e reservada apenas ao conhecimento
da(s) pessoa(s) nela indicada(s) como destinatária(s). Se não é o seu
destinatário, solicitamos que não faça qualquer uso do respectivo conteúdo
e proceda à sua destruição, notificando o remetente.

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Contrariando este aviso (até agora ainda não me transformei em abóbora), finjo que sou o destinatário e divulgo o seu conteudo. Curiosamente, no tal questionário sobre a constituição Europeia, as perguntas estão agrupadas nos seguintes temas:

Direitos 3
Institucional 12
Economia 7
Defesa 4
Justiça 2
Global 3

Claramente, na nova Europa, o que interessa é a parte institucional, a economia e a defesa. A parte social, nem aparece, os direitos, são poucos e manhosos. Para quando, um ordenado minímo Europeu? ou uma estratégia de investigação e educação comuns? Para quando, uma Europa das pessoas?

Spinolada II

Senhores da Elite, já que são tão-tão-tão neo-neo-neo-liberais deixem lá o Estado em paz e preocupem-se no vosso tecido empresarial com as linhas com que se cosem (e muitas vezes também cozem, só que nem todos comem).
Eu, de minha costela elitista só vejo um futuro para Portugal no seio da Europa e no Mundo quando se apostar na EDUCAÇÃO e na CULTURA, não a educação (mais da que temos) vigente, mas de uma reforma a começar nas bases. Não da cultura que temos (se é que temos alguma) mas da cultura que se espelhe, não em Portugal mas na Europa e no Mundo.(É evidente que se eu não disser ao outro (o não Portugal) ele não me conhece, mas se eu disser ao outro barbaridades ele também não tem interesse em me conhecer, e se me quiser conhecer por inciativa dele então é por interesse ou mera curiosidade, já lá vai o tempo do "orgulhosamente sós" mas a mentalidade persiste. A nossa cultura só vingará quando disser alguma coisa aos outros, e só dirá alguma coisa aos outros quando comungar com eles interesses e "cultura" comum. Na música só quando percebermos colectivamente o que é aquilo a que chamam "música clássica" é que seremos europeus, pois esta foi a linguagem musical da Europa durante muistos séculos. No teatro só seremos bons quando representarmos aquilo que reflecte os valores da cultura comum e não a mera "pseudo-revista à portuguesa", mesmo as iscas à portuguesa só as podemos exportar se souberem o que é fígado, portanto as nossas larachas só serão europeias quando forem larachas para os outros também, porque é que há companhias de teatro que vêm em digressão a Portugal e não há companhias portuguesas a fazer digressão pelos outros países? a verdade é que não têm qualidade comparável. Dói mas é assim.
Porque é que os nossos empresários, os compromissistas andam com o rabinho a tremer? Não têm qualidade comparável com os seus congéneres, por isso querem que os trabalhadores deles, que têm a qualidade dos seus congéneres se lha derem em formação, paguem a sua incompetência, quer através de baixos ordenados (não para os gestores públicos -como eles pedem-, que são eles os compromissistas, e são-no não por competência mas por convite, pois se fosse por competência estariam muitos mais estrangeiros por cá a tirar-lhes o lugar no Pálio capelístico), bem como as leis laborais pró-chinesas (não proxenesas) (a que chamam flexibilidade no despedimento).
Mas eu pergunto, por que é que tais compromissistas não vão estagiar para o estrangeiro, ganhava sempre Portugal. Primeiro via-se livre deles durante o seu estado de imcompetência e depois (segundo) quando regressavam - se e sómente se tivessem vencido o trauma da competitividade real, séria e sem o papá ou a mãmã (estado/mama do subsidio) .
Vamos comprometer-nos por Portugal, mas todos, não só os beatistas, que eu saiba há muitas mais capelas (perceberam esta das capelinhas) e mais importante que as capelas são a religião que as ergue e que as mantém - seja a portugalidade.
Antigamente dizia-se vamos "aportuguesar Portugal", isto não foi conseguido, na minha modesta opinião a não ser pela estúpida e mesquinha tese do "orgulhosamente sós" (que ela em si não era o que dela dizem, mas isso é outra conversa), hoje já se impõe outro desafio, "vamos europeizar Portugal", não cometamos de novo outra estupidez que é fazê-lo tendo como modelo um outro país europeu. Não. Há um ideal europeu, não o espanhlol, o francês...(podem continuar a viagem geográfica), mas algo que perpassa por todos os países geograficamente falando (uns dizem que é o cristianismo, outros os valores dos direitos humanos, eu digo que é a voracidade com que se quer europeizar o mundo se os outros deixassem, também, mas não só. Europa é CULTURA, independentemente do folclore endógeno a cada cadinho há ideais europeus. Eu gostava de saber quais são, mas é como aquela das bruxas "que as há, há". Só lá chegaremos pela educação e pela cultura. A ciência é um paradigma europeu, foram os europeus que a inventaram, logo é importante investir nela. Mas ciência não é o mesmo que Ciência, ciência também é arte, técnica, moral, ética, teologia etc.
Procuremos aos filósofos gregos (e assim sucessivamente) o que é a europa e eles dir-nos-ão com mais propriedade o que ela é, e acreditem que não anda nem de perto nem de longe com a ideia que têm os "compromissistas do Beato".
Não pensem que sou bota-a-baixo, não. Sou descompromissista, ou melhor, os compromissos só vinculam quem os produz e não os outros, por isso estou sossegado. O pior é que quem os produziu neste caso vertente não foi para se comprometer a ele próprio (ou eles próprios) mas para comprometer os outros.
Obrigado mas já lá vai o tempo das "cabecinhas pensadoras", deixem-nos pensar pela nossa cabeça se faz favor.
Chamei espinolada a isto só porque me apeteceu, podia chamar-lhe, agora mais europeisticamente, maquiavelada (de Maquiavel, claro!- vou comprometer os outros para me safar a mim - Brilhante bábáloo (lembram-se).

dixit
in
capela dos mártires

Spinolada I

Eis o messianismo portugues no seu melhor:
Um movimento de 0,000005% de portugueses dizem de sua justica (da sua claro, não da Justiça democraticamente aceite - qualquer rawlsiano sabe do que falo) qual o caminho para portugal.
P.: De quem falo ?
R.: Dos esclarecidos sabichões (não sábios) que se juntaram no Beato (o nome diz tudo) para nos dizerem , ou melhor para nos comprometerem com o seu compromisso para com eles próprios, sobre aquilo que eles querem que seja Portugal.
- Acho muito bem que eles queiram um futuro para Portugal, também eu, pelo menos há alguém que quer um futuro para Portugal. Eu já me contentava com um "presente", uma vez que ando sempre a ouvir dizer que somos um país adiado.
Sabem qual foi o resultado desta meguinha (diminuitivo de mega e menos que minimazinha) reunião "beatal", eu digo-vos:
ou - Avizinha-se uma revolução, pois quando alguém escreveu "portugal que futuro" foi o que aconteceu.
ou - todos os países europeus fazem uma coisa parecida, e temos então a Europa das Nações, em vez da Europa das Regiões.

Quer num caso quer no outro estamos com o futuro comprometido, aliás, já estamos há muito tempo. Temos uma história, isto é um passado que não nos permite ter o futuro que quisermos mas aquele que podemos ter.
Explico: Estes pseudo-neo-liberais (futuristas e compromissistas) esquecem-se que foi em Portugal que surgiu o mutualismo e historicamente temos um trajecto de assistência aos desfavorecidos. Por muito que tais pseudo-neo-liberais queiram eles próprios não estão imaculados em relação ao Estado, todos eles já "deglutiram" subsídios, ou de uma maneira ou de outra.
Dir-me-ão que não me posso esquecer que tais compromissistas, apesar de 0,0000005% dos Portugeses são a "ELITE". Mas que elite, de quê?
da economia, da finança, do "tecido empresarial". Muito bem, eu também quero ser "Elite" pois faço parte da economia (como consumidor de bens necessários), como membro da Alta Finança (pago IRS sem estrabuchar, além do IVA - digo alta Finança porque são sempre as finanças públicas que estão na baila, nunca as finanças privadas, estão sempre preocupados com os tostõeszinhos que vamos amialhando no nosso MF), e faço ainda parte do tecido empresarial (aqui vou meter os pés pelas mãos, porque não sei bem de que é o tecido nem a empresa - 1% algodão 99% poliester -produto natural) O que é uma empresa (um subaru-impreza logo um carro) - Uma navegação? (sim porque sempre ouvi falar na empresa dos descobrimentos).
Ahhhhhh, se calhar é isto o nosso tecido empresarial, navegar à bolina dos dinheirinhos públicos, assim também quero um "compromisso portugal"

dixit
in
capela dos mártires

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Censura Bush

A Moveon.org avançou com uma campanha pública para que o congresso dos EUA censure Bush, por ter traído a confiança da Nação. Hoje haverá já mais de 300 000 assinaturas na petição desencadeada pela Moveon. Pelos vistos, a sociedade civil está bem viva nos EUA...

A ética das multinacionais

Bayer – A companhia alemã não teve um 2003 dos mais memoráveis. Além de dar a volta ao sistema de saúde norte americano, cobrando valores super-inflacionados pelos seus medicamentos, a multinacional omitiu dados sobre os riscos do uso do remédio anti-colesterol Baycol. O produto é apontado, segundo o relatório, como responsável pela morte de aproximadamente 100 pessoas, e a invalidez de 1.600, motivo pelo qual a Bayer enfrenta hoje uma avalanche de processos na justiça. E não é tudo. Segundo o diário britânico The Times, a divisão de tecnologia agrícola da Bayer ofereceu dinheiro a estudantes pobres para que se sujeitassem como cobaias em testes com pesticidas.

Boeing – Negócios muito estranhos foram realizados entre o Pentágono e a Boeing no último ano. A companhia foi acusada de superfacturamento num contrato no qual cedia 767s para o reabastecimento em vôo de aviões militares americanos. A denúncia causou o cancelamento dos acordos. Estranhamente, a agente do governo responsável por intermediar o negócio foi contratada logo a seguir pela empresa -- apenas para ser despedida pela companhia quando o caso veio a público.

Brighthouse – A Brighthouse é uma companhia de assessoria em negócios que procura levar as campanhas publicitárias a um nível ainda mais profundo de manipulação e subliminaridade. Através de seu Instituto de Neuroestratégias, empreende testes nos quais analisa, através de tecnologia de ressonância magnética, a resposta do cérebro humano a peças publicitárias. As informações obtidas, diz a empresa, dão aos seus clientes a chave para a investida publicitária perfeita. Para muitos estudiosos, porém, o trabalho da Brighthouse é uma investida pouco ética na área das técnicas de controle mental.

Sem comentários....

Tirado daqui

A feira do relógio

Desde pequenino que sou cliente assíduo da feira do relógio. Nela, concentram-se todas as minorias de Lisboa, Cabo Verdianos, Angolanos, Moldavos, Russos, Ucranianos, Ciganos, Indianos, Brasileiros, etc. À venda, vemos desde o tradicional molho de roupa, tudo a 1 euro, até ao peixe "fresco" e a mandioca vendido como em qualquer rua do Mindelo, passando pelos tradicionais comes e bebes de sandochas de bifanas e coratos e entremeada, com ou sem cebola. Mas também podemos encontrar, sofás, alguidares, panelas, rádios, louça, plantas, baús, camas, piriquitos, ferramentas, livros, CD's, DVD's, queijos, pão, azeitonas, fruta, hotaliça e todo o tipo de roupa possível. É uma das maiores feiras da Europa, se não a maior, com cerca de 3 Km de comprimento.

Em tempos de crise, poder comprar uma T-shirt a 50 cêntimos ou dois pares de calças a 5 euros é sem dúvida uma benesse; a malta pode ser pobre, mas continua a poder vestir-se. Como é que farão os mais desfavorecidos nos países onde não há feiras?

Feira do Relógio, Chelas, Domingos de manhã.

O mentiroso e o coxo I

Alberto Matos, Radio pax .

Passou, a 5 de Fevereiro, um ano sobre o relatório apresentado pelo Secretário de Estado norte-americano, Collin Powell, perante o Conselho de Segurança da ONU. Convém recordar aos mais distraídos os principais pontos desta intervenção, feita em tom solene e apoiada por fotografias de satélite, ou melhor, por fotomontagens. Sobre a posse de armas de destruição massiva pelo regime iraquiano, Powell afirmou que havia de 100 a 500 toneladas de armas químicas e biológicas e que Saddam Hussein tinha conseguido criar laboratórios químicos móveis, a partir de camiões TIR. Entretanto Bush e Blair garantiam que o Iraque tinha capacidade para desencadear um ataque químico em 45 minutos. Em nome dessa mentira, desencadearam uma guerra na qual já morreram mais de 9000 pessoas, entre civis iraquianos e militares dos países ocupantes.

Hoje sabemos que TUDO o que Powell disse naquele dia, diante da Nações Unidas, era mentira. Uma a uma, as suas afirmações foram desmascaradas pela realidade. O chefe dos inspectores de armas americanos, David Kay, veio a público dizer que não existiam armas de destruição massiva e que, provavelmente, não existiam desde antes da Guerra do Golfo de 1991.

Bush e Blair, apertados pelas opiniões públicas, nomeiam comissões de inquérito à pressa. Mas é difícil convencer, até os mais incautos, que a CIA estava mal informada: um ex-director da agência veio confirmar o que toda a gente já sabia, isto é, que as informações são manipuladas para satisfazer as exigências da Casa Branca. Em campanha eleitoral, Bush ensaia a fuga para a frente, num discurso em que se apresentou como Presidente de Guerra – por uma vez, falou verdade – e anunciou um plano para democratizar o "Grande Médio Oriente". À bomba, já se vê… Esperemos que alguém lhe dê umas aulas de Geografia; senão, o conceito um tanto lato de “Grande Médio Oriente” pode ser estendido a África, à América Latina ou… quem sabe?... à Península Ibérica.

O mentiroso e o coxo II

Alberto Matos, Radio pax

Em Londres, o relatório Hutton terá adiado a queda de Blair e soou como uma espécie de segunda morte de David Kelly. O seu autor, lorde Brian Hutton, é conhecido por um passado de repressão colonial na Irlanda, pelo papel decisivo na libertação do ditador Pinochet (detido em Inglaterra, em 1999) e pelas suas ligações aos serviços secretos britânicos, o célebre MI 5, cuja frieza e cinismo imperial não serão alheios ao fim trágico de Kelly, o cientista estranhamente ‘suicidado’…

E se as mentiras estão mais que demonstradas, todos os restantes objectivos apontados para a guerra e ocupação do Iraque se saldam por um completo fracasso. Desde logo, a destruição das bases de apoio do terrorismo e a pacificação da região: nunca no Iraque houve tanta liberdade de actuação de todo o tipo de seitas e facções político-religiosas, agora misturadas e legitimadas pela resistência ao invasor. A farsa da prisão de Saddam Hussein num buraco é digna de uma cena de Hollywood: sabe-se hoje que o antigo ditador estava preso há semanas por um comando do PUK - União Patriótica do Curdistão - o mesmo que descobriu o paradeiro dos filhos de Saddam e recebeu a recompensa. E Saddam só foi entregue depois do recebimento do prémio de 25 milhões de dólares, a tempo de preparar a cena para o exército EUA botar figura…

Quanto à pretensa democratização do Iraque, os EUA e os seus aliados estão metidos num autêntico lamaçal: perante a ameaça do fundamentalismo xiita, já tentam recorrer à aliança com os sunitas que foram a base de apoio do poder de Saddam e, no passado, do império britânico.

E que dizer dos nossos mentirosos domésticos, Durão Barroso e Paulo Portas? Pior do que servir de altifalante da ‘Voz do Dono’, expuseram Portugal à vergonha da cimeira de guerra dos Açores. Eles não foram enganados, puseram-se a jeito… Só é estranho que em Portugal, ao contrário dos EUA e de Inglaterra, não se extraiam consequências políticas destas mentiras, a começar pelo Presidente da República e a acabar no PS que agora vêm apoiar o envio de militares para o Afeganistão – não bastava já a GNR e o José Lamego no Iraque…Enfim, o bloco central no seu pior!

Mas os defensores da Paz, em Portugal e em todo o mundo, não vão ficar parados. Por iniciativa do FSE, apoiada pelo FSM de Bombaim, 20 de Março vai ser dia de mobilização mundial pelo fim à ocupação do Iraque, no seguimento das grandes manifestações de 15 de Fevereiro de 2003. No ano passado, Ferro Rodrigues faltou à primeira manifestação mas foi à segunda. Esperemos que, este ano, não apareça a coxear da perna esquerda…

terça-feira, fevereiro 10, 2004

O telemóvel da outra

O Causa Liberal ataca ferozmente os manifestantes anti-globalização. Fica aqui o registo. Fica também o protesto, porque agora somos alter-globalização, porque lutamos por uma outra globalização, mais justa e centrada nas pessoas. É verdade, fanáticos também não gostamos. É mais radicais. O aparente paradoxo apresentado, é perfeitamente normal: não é por uma pessoa ter guito que ela não há-de poder manifestar-se. Ainda por cima comprando aquela T-shirt giraça ajudou uma associação qualquer (já o telefone e os óculos, são realmente sinais externos de riqueza). Até agora não aconteceu, mas se o não-sei-quantos-Castelo-Branco mais o Balsemão quiserem participar na próxima manif contra a guerra (dia 20 de Março), não sou eu que os irei impedir. E a esquerda caviar, segundo esse preconceito, também não pode manifestar-se? para se ser alternativo não é obrigatório andar esfarrapado, a morrer à fome, ter apenas a quarta classe, ser desempregado, ter trabalhado desde os 5 anos ou nunca ter visto um médico na vida; basta que lute para que deixe de haver pessoas nessas condições....

PS - nisto dos alternativos, ser gadelhudo ajuda, mas não é obrigatório; já a franjinha a cair para os olhos não é interdita, mas é fortemente desaconcelhada nestas lides...