O primeiro-ministro português Durão Barroso afirmou ser "inaceitável que dois ou três países se reúnam, cozinhem tudo e depois nos sirvam a comida", em reacção ao encontro dos G3, que reune os três "grandes" da Europa. Isto claro está, acontece relativamente à Europa. Porque é que nunca tiveram uma reacção parecida relativamente ao G8, que gosta de decidir em clube privado o futuro do Mundo? Ainda por cima, no caso do G8, o número de excluidos passa a ser de cento e muitos países. Se Durão ficou indignado com a "cozinha" do G3, deve conseguir imaginar a valente indigestão provocada pelas mistelas preparadas no G8 ao resto do mundo, em particular aos países mais pobres. Claro que neste último caso, esta refeição indigesta é administrada com a ajuda do FMI e do Banco Mundial, sendo as especialidades gastronómicas do G8 políticas neo-liberais selvagens, cortes nas prestações sociais e desregulamentação do trabalho. Claro está, tudo bem regado com muita pobreza e desigualdade. E sempre em nome da Santa Liberdade...
Afinal, ninguém gosta de ser excluído da cozinha europeia; no entanto, cá para mim, Durão teve muito sorte em não participar nestes cozinhados; é que ainda se lembravam de fazer Cherne na brasa ou arroz de Cherne ou uma sopinha de cabeça de Cherne. O que não seria mau de todo (ficávamos finalmente livres do bicho escamoso), mas dada a qualidade duvidosa do animal, era indigestão garantida durante umas semanitas valentes, mesmo se fosse bem amanhado e servido a frio...
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