Paraísos do trabalho semi-escravo não ficam assim tão longe
Mas não é preciso ir tão longe para sentir os efeitos dessa corrida mundial por produtos agrícolas e industriais cada vez mais baratos. Na lista brasileira de empresas e empregadores condenados pelo uso de trabalho semi-escravo, emitida em novembro de 2003 pelo governo federal, consta a fazenda Senor, localizada em Ourinhos, no interior do Pará. Entre os seus proprietários, encontra-se a Sipef, multinacional belga do sector agroindustrial, responsável por intermediar a compra e venda de produtos agrícolas no mercado mundial - um negócio apontado no relatório da Oxfam como um dos principais responsáveis pela exploração abusiva de trabalhadores pobres.
Ao condenar milhões à miséria, as grandes multinacionais não cometem apenas um crime contra a humanidade: elas lançam uma pá de cal em qualquer esperança de desenvolvimento sustentável. Isso porque, como sustenta a Oxfam, a “melhoria de condições de trabalho seria um poderoso catalisador para a redução da pobreza. Fortaleceria um sistema de comércio internacional que hoje falha de modo claro no que toca aos necessitados, e criaria novas oportunidades para investimentos, crescimento e desenvolvimento”.
Para a instituição, a criação de um comércio mundial mais justo exige a mobilização conjunta de empresas e governos. Seria importante que as multinacionais dessem ouvidos ao bom senso, e deixassem de lucrar sobre a vulnerabilidade social de países pobres; paralelamente, os Estados deveriam prevenir possíveis abusos, através da fiscalização e de legislações do trabalho fortes. No fim de contas, a única certeza que fica é a de que, se nada for feito, aquela promoção incrível pode acabar não sendo tão em conta assim.
Traduzido daqui
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