Aulil, um blog com o calor Africano das terras de Cabo Verde; mais uma referência obrigatória, com uma pitada de naturalismo simplesmente deliciosa:
Passer iagoensis - Ave comum em Cabo Verde. Alimenta-se de insectos e sementes. Vive em regiões áridas com fraca vegetação, encontrando-se também nos arredores de povoações e vilas. Ambos os sexos apresentam uma sobrancelha amarelo-pálida. Constrói o ninho em buracos de paredes ou sob calhaus, podendo ocasionalmente construir ninhos nas árvores, onde conversam com o Barão Trepador. São os primeiros pássaros, parecidos com os nossos pardais vulgares. Pedem trocos junto da máquina de câmbios, no aeroporto Amílcar Cabral.
Ouvem a voz do pai pelo telefone, sobre o mar maior.
Em Espargos, gostam de ver as cores muito vivas – verdes, rosas, azuis – que lhes ficam como num Alentejo de litoral, Algarve colorido. Foi a Ana que lhes disse esse Sul a Norte.
Silvenius
Com as febres de poder cá em Portugal, valham-nos estes ventos benfazejos oriundos de Cabo Verde para refrescar os sentidos....
Que la pluma sea también una espada y que su filo corte el oscuro muro por el que habrá de colarse el mañana [Subcomandante Marcos]
quarta-feira, junho 30, 2004
Vamos dar cabo das laranjas
Hoje havemos de derrotar a laranja mecânica; amanhã vamos expremer os laranjinhas, arrancando-os da árvore do poder!! Força, Portugueses!!
Manif 5ª feira, às 19 horas (Lisboa - Belém, Coimbra - Governo Civil e Porto - CM) - a bem do sumo de laranja natural e das eleições antecipadas.
Manif 5ª feira, às 19 horas (Lisboa - Belém, Coimbra - Governo Civil e Porto - CM) - a bem do sumo de laranja natural e das eleições antecipadas.
Solvente especial: a fórmula!
Vontade do povo + ilegitimidade de um futuro governo nomeado + 35 litros de água de nascente + opiniões de todos os quadrantes políticos a exigir eleições antecipadas + Manifs catitas Q.B. + um presidente inteligente = excelente solvente, especial para dissover assembleias teimosas, governos agarrados ao poder e vices-presidentes com uma ambição desmesurada obcecados com brilhantina.
PS - com tanta brilhantina naquela cabecinha laroca, será necessário aumentar a dose de vontade do povo e acrescentar uma boa mão cheia de manifs, de forma a assegurar a eficácia do produto.
PS - com tanta brilhantina naquela cabecinha laroca, será necessário aumentar a dose de vontade do povo e acrescentar uma boa mão cheia de manifs, de forma a assegurar a eficácia do produto.
Diz-se
De repente, com a crise política aberta pela ida de Durão Barroso para Bruxelas, o país descobriu que o velho partido do sistema é já maioritariamente o partido de Santana Lopes. Que a mudança de geração que se está a operar desde a saída de Cavaco Silva ameaça trazer com ela um outro partido. Populista, "berlusconiano" à portuguesa - sem o aparato novo-rico do "cavallieri", nem os seus meios colossais - , ainda temperado pela peso da tradição social-democrata e conservadora do PSD. Mas muito mais próximo do PP de Paulo Portas.
Teresa de Sousa
O PSD PORTUGUÊS FOI UM DOS QUATRO ou cinco partidos europeus (de um número superior a 100!) mais penalizados e que mais votos perdeu nas últimas europeias. (...)Os quatro primeiros-ministros mais derrotados da Europa escolheram para presidir à Comissão um quinto igualmente derrotado! Eis quanto basta para demonstrar o "défice democrático" europeu. Quem perde, ganha! Não há nada que o eleitorado compreenda melhor. Não há nada que afaste tanto os eleitores quanto saberem que as suas escolhas não têm qualquer influência nas decisões e nas nomeações que se seguem.
António Barreto
No respeitante à questão governativa, é evidente que, face às dificuldades que o Executivo enfrentava e ao divórcio que as recentes eleições revelaram entre o Governo e a opinião pública, a substituição do primeiro-ministro originário por outro que não detém nem a mesma legitimidade partidária nem eleitoral não podia deixar de criar dificuldades quanto à sua credibilidade e autoridade política.
Vital Moreira
Acresce que o país está em crise política, económica e social. O próximo Governo precisa de plena legitimidade política. Se Durão Barroso foi escolhido pelo voto de sete milhões de portugueses, deveremos achar bem que o seu sucessor - com todas as dificuldades que vai enfrentar - seja escolhido por 70 dirigentes partidários? E alguém pode garantir-nos que um novo primeiro-ministro, escolhido sem eleições terá legitimidade política e autoridade institucional suficientes para assegurar estabilidade ao país?
Freitas do Amaral
Teresa de Sousa
O PSD PORTUGUÊS FOI UM DOS QUATRO ou cinco partidos europeus (de um número superior a 100!) mais penalizados e que mais votos perdeu nas últimas europeias. (...)Os quatro primeiros-ministros mais derrotados da Europa escolheram para presidir à Comissão um quinto igualmente derrotado! Eis quanto basta para demonstrar o "défice democrático" europeu. Quem perde, ganha! Não há nada que o eleitorado compreenda melhor. Não há nada que afaste tanto os eleitores quanto saberem que as suas escolhas não têm qualquer influência nas decisões e nas nomeações que se seguem.
António Barreto
No respeitante à questão governativa, é evidente que, face às dificuldades que o Executivo enfrentava e ao divórcio que as recentes eleições revelaram entre o Governo e a opinião pública, a substituição do primeiro-ministro originário por outro que não detém nem a mesma legitimidade partidária nem eleitoral não podia deixar de criar dificuldades quanto à sua credibilidade e autoridade política.
Vital Moreira
Acresce que o país está em crise política, económica e social. O próximo Governo precisa de plena legitimidade política. Se Durão Barroso foi escolhido pelo voto de sete milhões de portugueses, deveremos achar bem que o seu sucessor - com todas as dificuldades que vai enfrentar - seja escolhido por 70 dirigentes partidários? E alguém pode garantir-nos que um novo primeiro-ministro, escolhido sem eleições terá legitimidade política e autoridade institucional suficientes para assegurar estabilidade ao país?
Freitas do Amaral
“Um Outro Mundo é Possível”
Fórum Social Mundial 2005
Porto Alegre (Brasil) – 26 a 31 de janeiro de 2005
Chamamento a intérpretes, tradutores/as e técnicos/as voluntários/as
Em 2005, o Fórum Social Mundial (FSM) vai acontecer na cidade de Porto Alegre, remodelando ruas, praças, armazéns e parques, procurando transformar em realidade algumas das alternativas que propomos para um outro mundo. O Comitê Organizador do FSM definiu uma forma ainda mais inclusiva e participativa para organizar o evento de 2005. O processo busca a participação e a interação crescentes, não apenas nos discursos e no encontro de ideias, mas também na forma como o próprio Fórum será realizado. Uma novidade desse processo é a consulta temática que já está no ar (), através da qual se busca identificar questões, problemas, desafios e propostas para o FSM 2005.
O trabalho voluntário é um componente-chave desse avanço, que deve integrar, entre outros aspectos, processos culturais, uma arquitetura que respeite o meio ambiente e práticas de economia solidária. Dentro dessa perspectiva, outra decisão política importante foi a de que todo o trabalho relacionado com a tradução, que envolve intérpretes, tradutores e técnicos, será voluntário e que os equipamentos levarão em conta a economia solidária e o uso de software livre. Tudo isso reforça a ideia de que esse trabalho não é mais um “serviço” a ser contratado, mas sim um esforço de convergência e militância: uma maior diversidade de idiomas leva a uma representação mais ampla de culturas e, portanto, a uma maior participação.
Para garantir a tradução simultânea e escrita e o apoio técnico para a tradução durante o FSM 2005 serão necessárias ao redor de 1.400 pessoas. Partimos das seguintes premissas:
- O trabalho deve ser 100% voluntário
- Prioridade para voluntários/as da região (estados brasileiros e países vizinhos)
- A ampliação dos idiomas oficiais para 12: castelho, inglês, francês, português, árabe, chinês, russo, hindi, telegu, japonês, quéchua, suahili e, se possível coreano e tailandês.
- Esse chamamento diz respeito única e exclusivamente ao evento do FSM. Outros eventos paralelos, embora relacionados ao FSM, não estão incluídos.
Convocamos pessoas que, além do seu idioma materno, dominem um outro idioma e, sobretudo, intérpretes e tradutores profissionais que se disponilizem para realizar esse trabalho voluntário como parte de uma militância para com o movimento altermundialista e contra a guerra. Para ser voluntário durante o evento FSM 2005, é necessário estar disponível por um mínimo de 8 dias: de 24 a 31 de janeiro (do começo ao fim do evento) de 2005. Buscaremos encorajar a participação voluntária local, além de hospedagem e alimentação solidárias. Já a tradução escrita pode ser realizada desde já e durante o evento sem que a presença física no local seja necessária.
O Comité Organizador do Fórum Social Mundial convida você a participar de uma das experiências mais desafiadoras desde a criação do Fórum Social Mundial. Sua participação é essencial. Traduzindo os debates do FSM, você vai tornar possível a participação activa de mais de 100.000 pessoas, independente do conhecimento que tenham dos idiomas estrangeiros.
Você pode inscrever-se como voluntário através das redes Babels ou Nomad, dependendo da sua disponibilidade, vontade e habilidade.
Se você quiser trabalhar com interpretação simultânea e tradução voluntária, por favor inscreva-se no site www.babels.org/registration – clique em fsm-wsf 2005 (intérpretes) ou transtrad (tradução escrita).
Porto Alegre (Brasil) – 26 a 31 de janeiro de 2005
Chamamento a intérpretes, tradutores/as e técnicos/as voluntários/as
Em 2005, o Fórum Social Mundial (FSM) vai acontecer na cidade de Porto Alegre, remodelando ruas, praças, armazéns e parques, procurando transformar em realidade algumas das alternativas que propomos para um outro mundo. O Comitê Organizador do FSM definiu uma forma ainda mais inclusiva e participativa para organizar o evento de 2005. O processo busca a participação e a interação crescentes, não apenas nos discursos e no encontro de ideias, mas também na forma como o próprio Fórum será realizado. Uma novidade desse processo é a consulta temática que já está no ar (), através da qual se busca identificar questões, problemas, desafios e propostas para o FSM 2005.
O trabalho voluntário é um componente-chave desse avanço, que deve integrar, entre outros aspectos, processos culturais, uma arquitetura que respeite o meio ambiente e práticas de economia solidária. Dentro dessa perspectiva, outra decisão política importante foi a de que todo o trabalho relacionado com a tradução, que envolve intérpretes, tradutores e técnicos, será voluntário e que os equipamentos levarão em conta a economia solidária e o uso de software livre. Tudo isso reforça a ideia de que esse trabalho não é mais um “serviço” a ser contratado, mas sim um esforço de convergência e militância: uma maior diversidade de idiomas leva a uma representação mais ampla de culturas e, portanto, a uma maior participação.
Para garantir a tradução simultânea e escrita e o apoio técnico para a tradução durante o FSM 2005 serão necessárias ao redor de 1.400 pessoas. Partimos das seguintes premissas:
- O trabalho deve ser 100% voluntário
- Prioridade para voluntários/as da região (estados brasileiros e países vizinhos)
- A ampliação dos idiomas oficiais para 12: castelho, inglês, francês, português, árabe, chinês, russo, hindi, telegu, japonês, quéchua, suahili e, se possível coreano e tailandês.
- Esse chamamento diz respeito única e exclusivamente ao evento do FSM. Outros eventos paralelos, embora relacionados ao FSM, não estão incluídos.
Convocamos pessoas que, além do seu idioma materno, dominem um outro idioma e, sobretudo, intérpretes e tradutores profissionais que se disponilizem para realizar esse trabalho voluntário como parte de uma militância para com o movimento altermundialista e contra a guerra. Para ser voluntário durante o evento FSM 2005, é necessário estar disponível por um mínimo de 8 dias: de 24 a 31 de janeiro (do começo ao fim do evento) de 2005. Buscaremos encorajar a participação voluntária local, além de hospedagem e alimentação solidárias. Já a tradução escrita pode ser realizada desde já e durante o evento sem que a presença física no local seja necessária.
O Comité Organizador do Fórum Social Mundial convida você a participar de uma das experiências mais desafiadoras desde a criação do Fórum Social Mundial. Sua participação é essencial. Traduzindo os debates do FSM, você vai tornar possível a participação activa de mais de 100.000 pessoas, independente do conhecimento que tenham dos idiomas estrangeiros.
Você pode inscrever-se como voluntário através das redes Babels ou Nomad, dependendo da sua disponibilidade, vontade e habilidade.
Se você quiser trabalhar com interpretação simultânea e tradução voluntária, por favor inscreva-se no site www.babels.org/registration – clique em fsm-wsf 2005 (intérpretes) ou transtrad (tradução escrita).
A fuga do cherne…
A indigitação de Durão Barroso como provável futuro presidente da Comissão Europeia caiu como uma bomba, num país aparentemente alheado da política e concentrado nas peripécias do Euro 2004 – como, aliás, voltará a acontecer a partir de amanhã, se a selecção for apurada para a final. A vida tem destas coisas, mesmo para quem não quer nada com a política: ela entra-nos pela casa dentro, ou melhor, sai pela televisão fora sem pedir licença; no fundo, comanda a nossa vida mesmo sem darmos por isso, nos actos mais banais, no jantar de grãos, de caviar ou da fome por que passam mais de 200 mil portugueses e vários biliões de pessoas por este mundo fora… Cá por mim, sempre preferi meter-me com a política como sujeito activo do que esperar que ela se metesse comigo quando menos esperava, de cerveja na mão, à beira de mais uma jornada do Euro 2004.
Passado o efeito de choque, comecei a torcer o nariz ao coro de elogios ao ‘perfil de estadista’ do nosso futuro ex-primeiro-ministro e às soluções instantâneas (tipo 1, 2, 3…) para a sucessão no cargo, com ministros já em carteira. E tornou-se óbvio um cenário pré-fabricado, em que nada tinha sido deixado ao acaso. Não é verdade que Durão Barroso continuou a falar das hipóteses da candidatura de António Vitorino, mesmo depois das eleições europeias terem confirmado a maioria conservadora do PPE em Estrasburgo? Não é que o homem afirmou, quando surgiram os primeiros rumores, que não era sequer candidato ao cargo de presidente da Comissão Europeia? Mas ninguém se pode espantar com uma estratégia assente na mentira, depois do ‘choque fiscal’ que aumentou o IVA para 19%, das ‘armas de destruição maciça’ e da cimeira da guerra e da mentira nos Açores…
Agora que a UE tenha encontrado num ‘cherne’ o seu “menor denominador comum”, como editava a BBC Internacional, é revelador do estado a que chegou esta Europa cinzenta, tristonha e atrelada ao carro de guerra norte-americano… É certo que Durão Barroso foi a quarta escolha, depois do inglês Chris Patten ter sido recusado pela França; de o belga Guy Verhofstadt, candidato de Paris e Berlim, ter sido vetado pela Inglaterra e pela Itália; e de o primeiro-ministro de um país com o peso do Luxemburgo ter recusado o cargo com o argumento simples do seu compromisso com o eleitorado. Nada que fizesse demover Durão Barroso, ávido de um milagre que o salvasse do calvário de carregar com a cruz de um governo desgastado, de uma coligação com morte anunciada e, ainda por cima, lhe oferecesse o céu… em Bruxelas!
Mas o cozinhado que deu origem a esta solução põe também em evidência as malfeitorias do método inter-governamental, grande responsável pelo défice democrático e de participação cidadã na vida comunitária que está na origem da enorme abstenção nas eleições europeias. Dum Conselho Europeu que deu à luz um arremedo de Constituição, cartilha constitucional do neoliberalismo, dum conjunto de chefes de governo copiosamente derrotados nas urnas há menos de duas semanas (com excepção da Grécia e da Espanha), só se poderia esperar a indicação de um dos seus pares: Durão, ‘O Derrotado’, o homem que confirmou Portugal como o último dos 15 e encostou o país à direita, facilitando a sua ultrapassagem por alguns dos novos parceiros desta Europa a 25. É até a perversão do famoso ‘princípio de Peter’, uma vez que é promovido a presidente da Comissão Europeia quem que já atingira o seu grau de incompetência como primeiro-ministro e abandona o cargo no meio da maior crise económica, social e política que Portugal já viveu desde o 25 de Abril…
Deixemos de lado os argumentos de que a presença de Durão em Bruxelas trará grandes benefícios para Portugal – apesar de “falar um excelente francês”, com ironizava o ‘Le Monde’. É ainda a cultura da ‘cunha’, espelho do subdesenvolvimento português e que não resiste ao fracasso de quase vinte anos da postura do ‘bom aluno’ de Bruxelas, agravada pela estúpida submissão ao PEC, à PAC e a todos os pactos da grande burguesia europeia. Contra a continuação desta política e contra o seu principal futuro executante, só pode ser o voto das esquerdas no Parlamento Europeu, recusando qualquer espírito de “selecção nacional”…
Que saídas para a crise política interna, aberta pela ‘fuga do cherne’ para Bruxelas? Optei, deliberadamente, por deixar este tema para a próxima semana. As cenas dos próximos capítulos só podem reforçar a realização de eleições antecipadas como única saída democrática.
Alberto Matos
Passado o efeito de choque, comecei a torcer o nariz ao coro de elogios ao ‘perfil de estadista’ do nosso futuro ex-primeiro-ministro e às soluções instantâneas (tipo 1, 2, 3…) para a sucessão no cargo, com ministros já em carteira. E tornou-se óbvio um cenário pré-fabricado, em que nada tinha sido deixado ao acaso. Não é verdade que Durão Barroso continuou a falar das hipóteses da candidatura de António Vitorino, mesmo depois das eleições europeias terem confirmado a maioria conservadora do PPE em Estrasburgo? Não é que o homem afirmou, quando surgiram os primeiros rumores, que não era sequer candidato ao cargo de presidente da Comissão Europeia? Mas ninguém se pode espantar com uma estratégia assente na mentira, depois do ‘choque fiscal’ que aumentou o IVA para 19%, das ‘armas de destruição maciça’ e da cimeira da guerra e da mentira nos Açores…
Agora que a UE tenha encontrado num ‘cherne’ o seu “menor denominador comum”, como editava a BBC Internacional, é revelador do estado a que chegou esta Europa cinzenta, tristonha e atrelada ao carro de guerra norte-americano… É certo que Durão Barroso foi a quarta escolha, depois do inglês Chris Patten ter sido recusado pela França; de o belga Guy Verhofstadt, candidato de Paris e Berlim, ter sido vetado pela Inglaterra e pela Itália; e de o primeiro-ministro de um país com o peso do Luxemburgo ter recusado o cargo com o argumento simples do seu compromisso com o eleitorado. Nada que fizesse demover Durão Barroso, ávido de um milagre que o salvasse do calvário de carregar com a cruz de um governo desgastado, de uma coligação com morte anunciada e, ainda por cima, lhe oferecesse o céu… em Bruxelas!
Mas o cozinhado que deu origem a esta solução põe também em evidência as malfeitorias do método inter-governamental, grande responsável pelo défice democrático e de participação cidadã na vida comunitária que está na origem da enorme abstenção nas eleições europeias. Dum Conselho Europeu que deu à luz um arremedo de Constituição, cartilha constitucional do neoliberalismo, dum conjunto de chefes de governo copiosamente derrotados nas urnas há menos de duas semanas (com excepção da Grécia e da Espanha), só se poderia esperar a indicação de um dos seus pares: Durão, ‘O Derrotado’, o homem que confirmou Portugal como o último dos 15 e encostou o país à direita, facilitando a sua ultrapassagem por alguns dos novos parceiros desta Europa a 25. É até a perversão do famoso ‘princípio de Peter’, uma vez que é promovido a presidente da Comissão Europeia quem que já atingira o seu grau de incompetência como primeiro-ministro e abandona o cargo no meio da maior crise económica, social e política que Portugal já viveu desde o 25 de Abril…
Deixemos de lado os argumentos de que a presença de Durão em Bruxelas trará grandes benefícios para Portugal – apesar de “falar um excelente francês”, com ironizava o ‘Le Monde’. É ainda a cultura da ‘cunha’, espelho do subdesenvolvimento português e que não resiste ao fracasso de quase vinte anos da postura do ‘bom aluno’ de Bruxelas, agravada pela estúpida submissão ao PEC, à PAC e a todos os pactos da grande burguesia europeia. Contra a continuação desta política e contra o seu principal futuro executante, só pode ser o voto das esquerdas no Parlamento Europeu, recusando qualquer espírito de “selecção nacional”…
Que saídas para a crise política interna, aberta pela ‘fuga do cherne’ para Bruxelas? Optei, deliberadamente, por deixar este tema para a próxima semana. As cenas dos próximos capítulos só podem reforçar a realização de eleições antecipadas como única saída democrática.
Alberto Matos
segunda-feira, junho 28, 2004
Coitadinho dele...
Na Antena 1, lamentavam a sorte de Durão por ser obrigado a passar por Lisboa antes de aceitar o cargo de Presidente da Comissão Europeia... Coitadinho, ter que fazer um desvio tão grande por causa de um problema tão pequenino: o seu abandono do Governo Português.
Mas o que o preocupa não são os 10 milhõezitos de Portugueses (esses não valeriam certamente a maçada do inconveniente desvio); ná! são problemas internos do partido: é que pelos vistos os tubarões do PSD já começaram a arrancar barbatanas uns aos outros por causa da carcaça do poder agora à deriva...
Vou ver se fico quietinho e sossegadinho no meu canto à espera que o PSD decida internamente os destinos do País...
Mas o que o preocupa não são os 10 milhõezitos de Portugueses (esses não valeriam certamente a maçada do inconveniente desvio); ná! são problemas internos do partido: é que pelos vistos os tubarões do PSD já começaram a arrancar barbatanas uns aos outros por causa da carcaça do poder agora à deriva...
Vou ver se fico quietinho e sossegadinho no meu canto à espera que o PSD decida internamente os destinos do País...
Trauma
Sem querer, ouvi o discurso do Santana Lopes a propósito da crise que vive o país (ele há coisas em que a ignorância é realmente uma benção)...
Mesmo que ninguém tivesse dito nada, o discurso de "estado" do homem, a dizer que "vamos assegurar a estabilidade" e que "vamos continuar o trabalho para que nos elegeram nas últimas eleições ... legislativas" foi simplesmente vomitivo... ele já se está a imaginar primeiro ministro, já só deve pensar nisso, obcecado pelo precioso cargo de primeiro ministro, e não cabe em si de contente...
Transição
À semelhança do Iraque, a transferência de poder prepara-se em Portugal, sem nenhuma legitimidade, substituindo um ministro de uma coligação não escolhida pelos eleitores por um oportunista que nem sequer concorreu às eleições... com a agravante de terem apanhado um espancamento nas últimas eleições.
O rídiculo da situação é Durão ir para Bruxelas depois da esmagadora derrota nas Europeias. Já que não votámos neles, temos agora que o gramar na Europa. E desenganem-se: Durão vai para a Europa defender os interesses Europeus, penso eu de que... se não seria a mesma coisa eleger Cavaco para Primeiro Ministro com o objectivo de melhor defender Boliqueime.
Diz-se
Nas bancadas, incrédulos e ainda estupefactos com a substituição do treinador, os adeptos aguardam que seja comunicada a constituição da equipa.
José Leite Pereira (Jornal de Notícias)
José Leite Pereira (Jornal de Notícias)
Manif 29, 19h
Hoje, às 19 horas, nos Jardins de Belém, Manif pelas eleições antecipadas.
O melhor mesmo é o pessoal trazer umas tendas, uns sacos cama, umas sardinhas, e improvisar um enorme arraial em frente do palácio de Belém: a sombra é convidativa, o rio está mesmo ali ao lado, os repuchos têm da melhor agua canalizada de Lisboa... Não há que vacilar!
Eleições antecipadas estão na área!!!
domingo, junho 27, 2004
Manif 4
Para surpresa minha, na Manif estava presente o Manuel Fernandes; e não, não era o do Sporting, era mesmo o director do Público (em alegre cavaqueira com o Daniel Oliveira). Maior surpresa, só no Sábado, às 8 da manhã, na Carreira para Lisboa, a ouvir uma locutora com pronúncia do Norte a afirmar que o nosso Primeiro emigrava para Bruxelas. Eu, na minha inocência, nem sabia que um primeiro Ministro podia mudar assim de Emprego sem mais nem ontem; é que o homem tem por patrão 10 milhões de Portugueses (pelo menos é esse o peixe que nos vendem, que estão lá para servir e tal), e dada a hora madrugadora do anúncio, duvido que tenha telefonado previamente aos tais 10 milhões para saber se podia ser, se estavam de acordo...
Bielorrússia
Segundo o jornal PÚBLICO de hoje, domingo, o senhor Chris Patten, por alguns muito elogiado como possível presidente da Comissão Europeia, afirmou, a propósito das eleições sérvias de hoje:
"A Sérvia tem a escolher entre a integração na Europa, e a Bielorrússia."
Esta afirmação é inqualificável.
Primeiro, temos aqui o desprezo imperial por um país, a Bielorrússia, afirmado com todas as letras e sem rebuços. A Bielorrússia ocupa nesta frase o lugar que podia ser ocupado por "a África", "os cafres", ou qualquer outra expressão daquilo que o senhor Patten despreza. Muito agradecidos podem ficar os bielorrussos pela forma como o senhor Patten trata o seu país; para o senhor Patten, claramente, a Bielorrússia é um balde de merda. E, como o senhor Patten tem a noção da sua superioridade britânica, não se coíbe nem tem vergonha de afirmar essa sua opinião.
Segundo, temos aqui uma clara interferência sobre as eleições do povo sérvio. A mensagem é clara: se ganhar o candidato que nós queremos recebereis um doce, se não, ficareis na choldra. A solidariedade europeia é isto: obedecei às ordens. A democracia na versão europeia é isto: ganha quem deve, ou então que vão para a Bielorrússia.
Faz lembrar Reagan com a Nicarágua, quando avisou claramente que, ou os nicaraguenses votavam contra os sandinistas, ou teriam mais guerra. Claramente, Reagan deixou escola na Europa. E o senhor Chris Patten é um digno representante dessa escola.
Luís Lavoura
"A Sérvia tem a escolher entre a integração na Europa, e a Bielorrússia."
Esta afirmação é inqualificável.
Primeiro, temos aqui o desprezo imperial por um país, a Bielorrússia, afirmado com todas as letras e sem rebuços. A Bielorrússia ocupa nesta frase o lugar que podia ser ocupado por "a África", "os cafres", ou qualquer outra expressão daquilo que o senhor Patten despreza. Muito agradecidos podem ficar os bielorrussos pela forma como o senhor Patten trata o seu país; para o senhor Patten, claramente, a Bielorrússia é um balde de merda. E, como o senhor Patten tem a noção da sua superioridade britânica, não se coíbe nem tem vergonha de afirmar essa sua opinião.
Segundo, temos aqui uma clara interferência sobre as eleições do povo sérvio. A mensagem é clara: se ganhar o candidato que nós queremos recebereis um doce, se não, ficareis na choldra. A solidariedade europeia é isto: obedecei às ordens. A democracia na versão europeia é isto: ganha quem deve, ou então que vão para a Bielorrússia.
Faz lembrar Reagan com a Nicarágua, quando avisou claramente que, ou os nicaraguenses votavam contra os sandinistas, ou teriam mais guerra. Claramente, Reagan deixou escola na Europa. E o senhor Chris Patten é um digno representante dessa escola.
Luís Lavoura
Manif 3
A manifestação de hoje (que começou às 19 horas em Belém) é o primeiro caso conhecido de Manifestações preventivas; neste caso concreto, esta manifestação preventiva é perfeitamente justificada, já que Santana Lopes é uma arma de destruição massiva.
Manif 1
Vá de retro Santanaz!!
Santana, careca, vai mandar prá discoteca!!
Santana sai de perto, isto não é um bar aberto!
Enfim, recortes de uma manifestação Alegre, simpática, provavelmente localizada num dos melhores sítios de Lisboa para uma manif: os jardins de Belém em frente ao palácio do presidente.
Santana, careca, vai mandar prá discoteca!!
Santana sai de perto, isto não é um bar aberto!
Enfim, recortes de uma manifestação Alegre, simpática, provavelmente localizada num dos melhores sítios de Lisboa para uma manif: os jardins de Belém em frente ao palácio do presidente.
sexta-feira, junho 25, 2004
Curiosidades biológicas
Esta história é verídica e aconteceu aqui há uns anitos
Um lindo dia, certo pato que nasceu chocado por uma galinha, reconheceu nessa galinha a sua mãe legítima (tipo patinho feio). O pato entretanto foi tendo alguns problemitas existenciais, já que por mais que tentasse, não conseguia esgravatar na terra como a sua progenitora adoptiva teimosamente lhe tentava ensinar; por seu lado, a galinha, repleta de um profundo instinto maternal, entrava em pânico sempre que o pato se aventurava na água, com medo que o seu filho querido se afogasse; enfim, nada de vida ou de morte.
O pato entretanto cresceu, e aí é que começaram os problemas. É que naquele momento mágico em que o patinho quebrou o ovo e reconheceu a galinha como sua mãe, também ficou destinado a ver nas galinhas as suas futuras parceiras sexuais (não há nada a fazer: está nos seus genes). Por isso, quando cresceu, o dito pato corria desesperado atrás das formosas galináceas e desafiava com brio os galos que o desafiavam.
Claro que entretanto as galinhas passavam os dias a fugir do pato; pensando que o único problema do pato era a falta de patas, resolveu-se mudar o pato para um quintal cheio de apetitosas patas receptivas. Qual o espanto quando se percebeu que o malfadado pato não ligava pevide às provocantes patinhas... Sem solução à vista, com as galinhas à beira de um ataque de nervos e os galos estupefactos com tão espantoso rival, o pato acabou os seus gloriosos dias na panela.
Esta história é apenas isso, uma história, sem moral nem ilações abusivas relativamente aos direitos dos LGBT. No entanto, esta história (verídica) poderia ter tido um final diferente: bastava que o pato tivesse conhecido uma galinha criada por uma pata choca, que reconheceria nele o parceiro dos seus sonhos...
Um lindo dia, certo pato que nasceu chocado por uma galinha, reconheceu nessa galinha a sua mãe legítima (tipo patinho feio). O pato entretanto foi tendo alguns problemitas existenciais, já que por mais que tentasse, não conseguia esgravatar na terra como a sua progenitora adoptiva teimosamente lhe tentava ensinar; por seu lado, a galinha, repleta de um profundo instinto maternal, entrava em pânico sempre que o pato se aventurava na água, com medo que o seu filho querido se afogasse; enfim, nada de vida ou de morte.
O pato entretanto cresceu, e aí é que começaram os problemas. É que naquele momento mágico em que o patinho quebrou o ovo e reconheceu a galinha como sua mãe, também ficou destinado a ver nas galinhas as suas futuras parceiras sexuais (não há nada a fazer: está nos seus genes). Por isso, quando cresceu, o dito pato corria desesperado atrás das formosas galináceas e desafiava com brio os galos que o desafiavam.
Claro que entretanto as galinhas passavam os dias a fugir do pato; pensando que o único problema do pato era a falta de patas, resolveu-se mudar o pato para um quintal cheio de apetitosas patas receptivas. Qual o espanto quando se percebeu que o malfadado pato não ligava pevide às provocantes patinhas... Sem solução à vista, com as galinhas à beira de um ataque de nervos e os galos estupefactos com tão espantoso rival, o pato acabou os seus gloriosos dias na panela.
Esta história é apenas isso, uma história, sem moral nem ilações abusivas relativamente aos direitos dos LGBT. No entanto, esta história (verídica) poderia ter tido um final diferente: bastava que o pato tivesse conhecido uma galinha criada por uma pata choca, que reconheceria nele o parceiro dos seus sonhos...
Portugal - Inglaterra
O melhor - Dentro das 4 linhas, o jogo, emocionante até ao fim, com uma vontade de ganhar das duas equipas impressionante, ficando sucessivamente empatado por mais de 3 horas, até ao final fantástico de Ricardo... Ganda Jóga! apesar de tudo, valha-nos o Futebol, principalmente quando é de qualidade. O Deco, o Ricardo Carvalho, o Rui Costa, o Figo, o Nuno Valente, o Helder Postiga (grande estreia), o Maniche (grande jogo), o Jorge Andrade, o Simão Saborosa, o Miguel, o Ricardo, o Costinha, o Scolari e o Ronaldo. A equipa Inglesa, que fez também um grande jogo.
O pior - as 6 horas anteriores na televisão que nada ou muito pouco tiveram a ver com Futebol (tipo versão de Domingo Desportivo hiper-prolongado onde em vez de se falar de Futebol se fala das cuecas dos jogadores, dos seus filhos, das suas mulheres, das suas escolas primárias e das suas professoras, dos adeptos das ilhas maurícias, dos iates ancorados no Porto de Lisboa, e, quando se enganam, lá discutem uma táticazita ou outra), o (interessantíssimo) acompanhamento de helicópetero da camioneta com os jogadores de Alcochete para o Estádio da Luz (ainda tivemos sorte do jogo não ser no Dragão, se não teríamos direito a um par de horas de camioneta, com rostos desfocados e comentários desnecessários), as músicas pimba a propósito de Futebol (todas de elevada qualidade musicó-pedagógica), as palavras de Durão Barroso logo após a vitória (estava eu tão contente, aos pulos, que nem quis acreditar na lata do homem, a querer colar-se descaradamente à vitória Portuguesa com aquele sorriso forçado de doninha artificialmente feliz) e o mau perder dos Media Ingleses...
O pior - as 6 horas anteriores na televisão que nada ou muito pouco tiveram a ver com Futebol (tipo versão de Domingo Desportivo hiper-prolongado onde em vez de se falar de Futebol se fala das cuecas dos jogadores, dos seus filhos, das suas mulheres, das suas escolas primárias e das suas professoras, dos adeptos das ilhas maurícias, dos iates ancorados no Porto de Lisboa, e, quando se enganam, lá discutem uma táticazita ou outra), o (interessantíssimo) acompanhamento de helicópetero da camioneta com os jogadores de Alcochete para o Estádio da Luz (ainda tivemos sorte do jogo não ser no Dragão, se não teríamos direito a um par de horas de camioneta, com rostos desfocados e comentários desnecessários), as músicas pimba a propósito de Futebol (todas de elevada qualidade musicó-pedagógica), as palavras de Durão Barroso logo após a vitória (estava eu tão contente, aos pulos, que nem quis acreditar na lata do homem, a querer colar-se descaradamente à vitória Portuguesa com aquele sorriso forçado de doninha artificialmente feliz) e o mau perder dos Media Ingleses...
Orgulho (?) Gay
De que Orgulho falamos (?), pergunta-se Esther Mucznik no Público de 25-06-04, sobre os eventos de comemoração do Orgulho Lésbico, Gay, Bissexual e Trans (LGBT).
É, no entanto, um conceito errado e nocivo. A coesão do tecido social é feita não da soma das diferenças, mas de um todo coerente que, sem as anular, as integra num conjunto mais vasto, com uma ordem, princípios e regras gerais que se sobrepõem a todos os particularismos. Afirmar a sua identidade de grupo acima de tudo e de todos - e é isto o que significa o "orgulho"- conduz directamente à autocomplacência e, mais do que isso, a permitir-se tudo aquilo de que se acusa os outros. (Esther Mucznik)
Não falamos do Orgulho de se ser ou deixar de se ser homossexual. Falamos de Orgulho, não da nossa orientação sexual mas sim de lhe irmos sobrevivendo num país que nos agride todos os dias. Falamos do Orgulho de que alguém tem que falar a quem na verdade vive na vergonha de ser quem e como é, porque outra coisa não lhe foi ensinada. Falamos da vergonha em que tantos/as de nós crescemos tendo por referência do que somos apenas o insulto e o estereótipo.
Falamos do Orgulho - ou auto-estima, se preferir - desta parte da população portuguesa a quem tanto amor-próprio (não enquanto LGB ou T, mas enquanto seres humanos) foi e continua a ser roubado pelo insulto e pela discriminação quotidianos. Falamos do Orgulho de quem decidiu que basta de esconder metade de si, mas ora é acusado de não se assumir, ora de se assumir demasiado.
Tal como as declarações recentes de Santana Lopes são uma caricatura do preconceito, a Marcha do Orgulho é uma metáfora das vidas LGBT em Portugal, dadas as resistências que se opõem a este momento de visibilidade. Santana gostaria de inviabilizar a Marcha, retirando-a do centro da cidade, tal como a maioria heterossexual impõe invisibilidade constante às vivências homo. Ninguém é homossexual enquanto não se afirma, expondo-se, como parte desse "grupo". Ou seja, toda a gente é heterossexual enquanto não afirmar o contrário.
Não me parece que a heterossexualidade precise de se afirmar da mesma forma para ser presumida. Curioso é que é no mundo hetero que se exibe o orgulho de uma orientação sexual, que até nos dizem ser mais "natural"- superior - que aquelas que ficam fora da moral dominante.
Sérgio Vitorino
Lisboa
É, no entanto, um conceito errado e nocivo. A coesão do tecido social é feita não da soma das diferenças, mas de um todo coerente que, sem as anular, as integra num conjunto mais vasto, com uma ordem, princípios e regras gerais que se sobrepõem a todos os particularismos. Afirmar a sua identidade de grupo acima de tudo e de todos - e é isto o que significa o "orgulho"- conduz directamente à autocomplacência e, mais do que isso, a permitir-se tudo aquilo de que se acusa os outros. (Esther Mucznik)
Não falamos do Orgulho de se ser ou deixar de se ser homossexual. Falamos de Orgulho, não da nossa orientação sexual mas sim de lhe irmos sobrevivendo num país que nos agride todos os dias. Falamos do Orgulho de que alguém tem que falar a quem na verdade vive na vergonha de ser quem e como é, porque outra coisa não lhe foi ensinada. Falamos da vergonha em que tantos/as de nós crescemos tendo por referência do que somos apenas o insulto e o estereótipo.
Falamos do Orgulho - ou auto-estima, se preferir - desta parte da população portuguesa a quem tanto amor-próprio (não enquanto LGB ou T, mas enquanto seres humanos) foi e continua a ser roubado pelo insulto e pela discriminação quotidianos. Falamos do Orgulho de quem decidiu que basta de esconder metade de si, mas ora é acusado de não se assumir, ora de se assumir demasiado.
Tal como as declarações recentes de Santana Lopes são uma caricatura do preconceito, a Marcha do Orgulho é uma metáfora das vidas LGBT em Portugal, dadas as resistências que se opõem a este momento de visibilidade. Santana gostaria de inviabilizar a Marcha, retirando-a do centro da cidade, tal como a maioria heterossexual impõe invisibilidade constante às vivências homo. Ninguém é homossexual enquanto não se afirma, expondo-se, como parte desse "grupo". Ou seja, toda a gente é heterossexual enquanto não afirmar o contrário.
Não me parece que a heterossexualidade precise de se afirmar da mesma forma para ser presumida. Curioso é que é no mundo hetero que se exibe o orgulho de uma orientação sexual, que até nos dizem ser mais "natural"- superior - que aquelas que ficam fora da moral dominante.
Sérgio Vitorino
Lisboa
Sabor Livre
Outro argumento [a favor da barragem do Sabor] falacioso é o que utiliza, demagogicamente, a importância da barragem como promotora do desenvolvimento regional. Ora numa região em que abundam as barragens, como é o caso de Trás-os-Montes, vale a pena questionarmos qual o verdadeiro benefício desta primazia. Mas a impudência dos argumentos vai tão longe que, a par da construção da nova barragem, se anunciam como medidas de minimização dos seus impactes e em jeito de estratégia de desenvolvimento regional a criação de novas dinâmicas de conservação da natureza, envolvendo as áreas afectadas pela barragem. Não se pode apoiar a destruição de um sistema ecológico desta qualidade e importância ao mesmo tempo que se anunciam benevolentes intenções conservacionistas. É mais uma desonestidade para com os portugueses.
Com excepção do argumento energético, mesmo este apenas pela inépcia em fazer mais e melhor com o que já está edificado, nenhum dos argumentos justifica a opção pela construção de mais uma barragem. Em relação à opção pelo Baixo Sabor, é inquestionável que todos os argumentos ambientais e legais justificariam uma opção diferente. Aliás, foram estes mesmos argumentos que, por serem válidos, sustentaram a classificação destas áreas no âmbito de directivas comunitárias, subscritas e propostas pelo próprio Ministério do Ambiente. É pois legítimo conjecturar sobre a verdadeira razão para esta decisão: se prevalecem eventuais compromissos do passado ou se é apenas mais um sintoma de soçobro do Governo perante um grupo económico.
Helena Freitas (Plataforma Sabor Livre)
Leia o artigo completo
Com excepção do argumento energético, mesmo este apenas pela inépcia em fazer mais e melhor com o que já está edificado, nenhum dos argumentos justifica a opção pela construção de mais uma barragem. Em relação à opção pelo Baixo Sabor, é inquestionável que todos os argumentos ambientais e legais justificariam uma opção diferente. Aliás, foram estes mesmos argumentos que, por serem válidos, sustentaram a classificação destas áreas no âmbito de directivas comunitárias, subscritas e propostas pelo próprio Ministério do Ambiente. É pois legítimo conjecturar sobre a verdadeira razão para esta decisão: se prevalecem eventuais compromissos do passado ou se é apenas mais um sintoma de soçobro do Governo perante um grupo económico.
Helena Freitas (Plataforma Sabor Livre)
Leia o artigo completo
A Concertina I
Contexto social e musical
Hoje em dia, a concertina substituiu em toda a faixa litoral os cordofones que antes dominava a música festiva e lírica de tipo recente: cantares de festa e coreográficos alegres e vivos, “chulas”, rusgas, cantigas românticas e satíricas, cantares de desgarrada, fados, serenatas e tunas; na região raiana Beiroa assim como no Campo Alentejano, a concertina é usada, tal como no Ocidente, para música lúdica e festiva: “saias”, “despiques”, “modas” mais alegres e vivas. No entanto, hoje em dia a concertina sai da esfera estritamente lúdica e aventura-se em ocasiões sagradas. De resto, com a carência da obrigatoriedade estrita e a progressiva quebra de força da velha tradição, podemos hoje ver a concertina (que conhece maior difusão que a viola) em ocasiões cerimoniais onde há pouco não figurava. Por exemplo, em Creixomil, na região de Barcelos, ouvimos uma primeira parte de uns cantares de reis onde as vozes cantam a pedir o donativo, de uma forma grave e austera, com a concertina a sublinhar a linha melódica.
Actualmente, por toda a parte, os cordofones tradicionais vão sendo postos de parte, aparecendo a par deles, ou em sua substituição, a concertina e o acordeão. Na faixa litoral do alto Minho, por exemplo, pode-se mesmo dizer que o único instrumento que hoje se ouve nas rusgas, bailes de terreiro, romarias e outras festas, é a concertina.
Na Serra duriense, nas tocatas que acompanham a dura faina da vindima, está presente a concertina. Mais tarde, durante o bailarico e festa final da “entrega do ramo” aos patrões, esta tocata consegue suscitar a atmosfera lúdica dessa duríssima quadra.
(Extraido e adaptado por Paulo Pereira do livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses" de Ernesto de Oliveira e Benjamim Pereira)
Hoje em dia, a concertina substituiu em toda a faixa litoral os cordofones que antes dominava a música festiva e lírica de tipo recente: cantares de festa e coreográficos alegres e vivos, “chulas”, rusgas, cantigas românticas e satíricas, cantares de desgarrada, fados, serenatas e tunas; na região raiana Beiroa assim como no Campo Alentejano, a concertina é usada, tal como no Ocidente, para música lúdica e festiva: “saias”, “despiques”, “modas” mais alegres e vivas. No entanto, hoje em dia a concertina sai da esfera estritamente lúdica e aventura-se em ocasiões sagradas. De resto, com a carência da obrigatoriedade estrita e a progressiva quebra de força da velha tradição, podemos hoje ver a concertina (que conhece maior difusão que a viola) em ocasiões cerimoniais onde há pouco não figurava. Por exemplo, em Creixomil, na região de Barcelos, ouvimos uma primeira parte de uns cantares de reis onde as vozes cantam a pedir o donativo, de uma forma grave e austera, com a concertina a sublinhar a linha melódica.
Actualmente, por toda a parte, os cordofones tradicionais vão sendo postos de parte, aparecendo a par deles, ou em sua substituição, a concertina e o acordeão. Na faixa litoral do alto Minho, por exemplo, pode-se mesmo dizer que o único instrumento que hoje se ouve nas rusgas, bailes de terreiro, romarias e outras festas, é a concertina.
Na Serra duriense, nas tocatas que acompanham a dura faina da vindima, está presente a concertina. Mais tarde, durante o bailarico e festa final da “entrega do ramo” aos patrões, esta tocata consegue suscitar a atmosfera lúdica dessa duríssima quadra.
(Extraido e adaptado por Paulo Pereira do livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses" de Ernesto de Oliveira e Benjamim Pereira)
Andanças 2004
Festival Internacional de Danças Populares
1 a 7 de Agosto 2004, São Pedro do Sul
A PédeXumbo traz de novo ao terreiro a dança e a música tradicionais. Na sua 9ª edição, e de 1 a 7 de Agosto o Andanças vai reunir no mesmo espaço todos os que chegam, não para ver mas para fazer. Durante o dia, decorrem oficinas de dança, à noite... baila-se!
Poderá encontrar mais informações no novo Site da PédeXumbo.
1 a 7 de Agosto 2004, São Pedro do Sul
A PédeXumbo traz de novo ao terreiro a dança e a música tradicionais. Na sua 9ª edição, e de 1 a 7 de Agosto o Andanças vai reunir no mesmo espaço todos os que chegam, não para ver mas para fazer. Durante o dia, decorrem oficinas de dança, à noite... baila-se!
Poderá encontrar mais informações no novo Site da PédeXumbo.
quinta-feira, junho 24, 2004
Futebolite aguda, uma doença nacional
Confesso que o excesso de exposição ao nacionalismo barato consegue retirar-me entusiasmo em torcer pela selecção nacional de futebol.
Cheguei mesmo a marcar uma consulta no dentista para uma hora perigosamente próxima do início da partida (Freud explica).
Rui (Adufe)
Para mim a gota de água foi hoje a abertura dos telejornais, com Hinos, prognósticos em forma de comentários histéricos, ainda mais bandeiras, relatos da vida dos petizes que hoje deram em craques, etc. etc. etc.
Faz-me lembrar a guerra do Iraque, onde de repente toda a gente se transformou em comentador especializado em confrontos armados, armas de destruição maciça, guerra biológica, terrorismo internacional e estratégia bélica.
O que mais irrita é ver pessoas que nunca ligaram ao futebol aparecerem a falar só de futebol durante horas a fio. Até Durão Barroso disse que o dia em que Portugal venceu a Espanha foi o Dia mais feliz da vida dele (quando ouvi isto até tive pena do homem: fazer de um jogo de futebol o seu dia mais feliz é no mínimo triste). Haja paciência...
É que eu que até gosto de futebol (tenho a certeza que a maioria dos fervorosos neo-adeptos aprendeu os nomes dos jogadores de futebol nos últimos meses); neste momento sinto-me como aqueles condutores de carros comerciais que fazem 100 000 Km por ano, a ver os condutores de fim-de-semana a aparecer de todos os lados, fazendo de uma auto-estrada deserta uma segunda circular em hora de ponta, todos a quererem ir na frente, a apitar, buzinar, numa eufórica e frenética corrida de automóveis...
Cheguei mesmo a marcar uma consulta no dentista para uma hora perigosamente próxima do início da partida (Freud explica).
Rui (Adufe)
Para mim a gota de água foi hoje a abertura dos telejornais, com Hinos, prognósticos em forma de comentários histéricos, ainda mais bandeiras, relatos da vida dos petizes que hoje deram em craques, etc. etc. etc.
Faz-me lembrar a guerra do Iraque, onde de repente toda a gente se transformou em comentador especializado em confrontos armados, armas de destruição maciça, guerra biológica, terrorismo internacional e estratégia bélica.
O que mais irrita é ver pessoas que nunca ligaram ao futebol aparecerem a falar só de futebol durante horas a fio. Até Durão Barroso disse que o dia em que Portugal venceu a Espanha foi o Dia mais feliz da vida dele (quando ouvi isto até tive pena do homem: fazer de um jogo de futebol o seu dia mais feliz é no mínimo triste). Haja paciência...
É que eu que até gosto de futebol (tenho a certeza que a maioria dos fervorosos neo-adeptos aprendeu os nomes dos jogadores de futebol nos últimos meses); neste momento sinto-me como aqueles condutores de carros comerciais que fazem 100 000 Km por ano, a ver os condutores de fim-de-semana a aparecer de todos os lados, fazendo de uma auto-estrada deserta uma segunda circular em hora de ponta, todos a quererem ir na frente, a apitar, buzinar, numa eufórica e frenética corrida de automóveis...
A guerra do Ópio
Em 1995, o antigo director das operações da CIA no Afeganistão, Charles Cogan, admitiu que a CIA tinha efectivamente sacrificado a guerra à droga pela Guerra Fria.
Tal como foi revelado pelos escândalos do Irão-Contras e do Banco de Comércio e de Crédito Internacional (BCCI), as operações clandestinas da CIA de apoio aos mujaidines tinham sido financiadas através do branqueamento do dinheiro da droga.
O semanário Time revelava, em 1991, que, “pelo facto de quererem fornecer aos rebeldes mujaidines do Afeganistão mísseis Stinger e outros equipamentos militares, os Estados Unidos tinham necessidade da total cooperação do Paquistão”. A partir de meados dos anos de 1980, a presença da CIA em Islamabad era uma das mais importantes do mundo. Um oficial do serviço de informações americano havia confiado ao Time que, então, os Estados Unidos fechavam voluntariamente os olhos ao tráfico de heroína no Afeganistão.
De acordo com MacCoy, este tráfico de droga era secretamente controlado pela CIA. À medida que ganhavam terreno no Afeganistão, os mujaidines ordenavam aos camponeses que plantassem ópio, como taxa revolucionária. Nessa época, as autoridades americanas recusaram-se a investigar vários casos de tráfico de droga dos seus aliados afegãos. Em 1995, o antigo director das operações da CIA no Afeganistão, Charles Cogan, admitiu que a CIA tinha efectivamente sacrificado a guerra à droga pela Guerra Fria.
A reciclagem do dinheiro da droga pela CIA era utilizada para financiar as insurreições pós-Guerra Fria na Ásia Central e nos Balcãs, incluindo a Al Qaeda.
Os rendimentos gerados pelo tráfico da droga afegã patrocinado pela CIA são consideráveis. O comércio afegão dos opiáceos constitui, à escala mundial, uma grande parte dos rendimentos anuais dos narcóticos, avaliados pelas Nações Unidas num montante da ordem dos 400 ou 500 mil milhões. Na altura em que estes números da ONU foram tornados públicos (1994), calculava-se que o comércio mundial da droga era da mesma ordem de grandeza que o do petróleo.
Segundo os números de 2003, publicados por The Independent , o tráfico de droga constitui o terceiro comércio mais importante em dinheiro, depois do petróleo e da venda de armas.
Artigo completo no Resistir, por Michel Chossudovsky (traduzido por MJS)
A SIDA em África
Retirado do Desfibrilhador Histórico, por Timothy Bancroft-Hinchey
A ONU fala numa “espiral de morte” na África Austral, com a população presa entre uma epidemia de SIDA, que só tende a aumentar e a "insegurança alimentar"… na língua de alguns. Na língua de outros, chama-se FOME.
“Um vácuo verdadeiramente extraordinário” está a ser causado pela morte de professores e profissionais de saúde na região, de acordo com as declarações de James Morris, representante especial de Kofi Annan para necessidades humanitárias na África Austral e Director do Programa Alimentar Mundial.
“Uma tragédia de proporções sem igual” em Malawi, Moçambique, Suazilândia, Namíbia. Infra-estruturas enfraquecidas, a contínua falta de pessoal por causa da pandemia da SIDA, aumento de pobreza, disparidade de riqueza, disparidade entre os géneros. Um défice humanitário.
A África Austral tem a maior taxa de prevalência de SIDA no mundo, com 11 milhões de órfãos hoje. E amanhã? Daqui a dez anos, este número está previsto chegar aos 20 milhões.
“Se um avião 747 caísse todos os dias, haveria uma onda de revolta numa escala internacional. O que enfrentamos aqui é o equivalente, mas não sentimos esta onda de ultraje”, disse James Morris.
Pois não. Nem ultraje, nem interesse. Crianças africanas não dão dinheiro, antes custam dinheiro.
Leia o artigo completo
A ONU fala numa “espiral de morte” na África Austral, com a população presa entre uma epidemia de SIDA, que só tende a aumentar e a "insegurança alimentar"… na língua de alguns. Na língua de outros, chama-se FOME.
“Um vácuo verdadeiramente extraordinário” está a ser causado pela morte de professores e profissionais de saúde na região, de acordo com as declarações de James Morris, representante especial de Kofi Annan para necessidades humanitárias na África Austral e Director do Programa Alimentar Mundial.
“Uma tragédia de proporções sem igual” em Malawi, Moçambique, Suazilândia, Namíbia. Infra-estruturas enfraquecidas, a contínua falta de pessoal por causa da pandemia da SIDA, aumento de pobreza, disparidade de riqueza, disparidade entre os géneros. Um défice humanitário.
A África Austral tem a maior taxa de prevalência de SIDA no mundo, com 11 milhões de órfãos hoje. E amanhã? Daqui a dez anos, este número está previsto chegar aos 20 milhões.
“Se um avião 747 caísse todos os dias, haveria uma onda de revolta numa escala internacional. O que enfrentamos aqui é o equivalente, mas não sentimos esta onda de ultraje”, disse James Morris.
Pois não. Nem ultraje, nem interesse. Crianças africanas não dão dinheiro, antes custam dinheiro.
Leia o artigo completo
Fórum para a defesa dos direitos indígenas
Fórum acompanhará aplicação dos direitos indígenas
23.junho/2004 - Brasil – Adital/ Rogéria Araújo - Entidades e organizações que lutam pelos direitos dos povos indígenas lançaram oficialmente ontem, um Fórum para a Defesa dos Direitos Indígenas. O Fórum foi criado com o objetivo de unir as diversas realidades indígenas espalhadas pelo país numa só discussão capaz de ganhar mais força junto das autoridades.
Ainda a dar os primeiros passos, a criação do Fórum representa muito para a comunidade indígena brasileira que, até então, não tinha nenhuma forma de ter uma voz comum, que a defendesse nos seus diversos e complexos conflitos.
O Fórum será uma garantia para as comunidades indígenas, uma vez que os direitos desses povos garantidos pela Constituição de 1988 têm sido constantemente ameaçados. A intenção é que este instrumento seja utilizado para debater e acompanhar as políticas públicas e a aplicação dos direitos indígenas.
"Após um período de significativos avanços, assistimos hoje a uma real ameaça dos direitos indígenas. Antigos preconceitos que balizaram as relações entre Estado e índios voltam a ser reivindicados por alguns sectores do Estado e do governo, baseados nos mesmos argumentos ultrapassados e em interesses privados. O resultado desse retrocesso já são visíveis no acréscimo de conflitos, no aumento da violência contra os indígenas, no incremento de posturas racistas e preconceituosas, e na iniciativa de agentes do Estado em limitar a aplicação dos direitos indígenas", afirmam as entidades indigenistas e outras organizações que propuseram a criação deste Fórum.
* Rogéria Araújo é jornalista da Adital.
23.junho/2004 - Brasil – Adital/ Rogéria Araújo - Entidades e organizações que lutam pelos direitos dos povos indígenas lançaram oficialmente ontem, um Fórum para a Defesa dos Direitos Indígenas. O Fórum foi criado com o objetivo de unir as diversas realidades indígenas espalhadas pelo país numa só discussão capaz de ganhar mais força junto das autoridades.
Ainda a dar os primeiros passos, a criação do Fórum representa muito para a comunidade indígena brasileira que, até então, não tinha nenhuma forma de ter uma voz comum, que a defendesse nos seus diversos e complexos conflitos.
O Fórum será uma garantia para as comunidades indígenas, uma vez que os direitos desses povos garantidos pela Constituição de 1988 têm sido constantemente ameaçados. A intenção é que este instrumento seja utilizado para debater e acompanhar as políticas públicas e a aplicação dos direitos indígenas.
"Após um período de significativos avanços, assistimos hoje a uma real ameaça dos direitos indígenas. Antigos preconceitos que balizaram as relações entre Estado e índios voltam a ser reivindicados por alguns sectores do Estado e do governo, baseados nos mesmos argumentos ultrapassados e em interesses privados. O resultado desse retrocesso já são visíveis no acréscimo de conflitos, no aumento da violência contra os indígenas, no incremento de posturas racistas e preconceituosas, e na iniciativa de agentes do Estado em limitar a aplicação dos direitos indígenas", afirmam as entidades indigenistas e outras organizações que propuseram a criação deste Fórum.
* Rogéria Araújo é jornalista da Adital.
Apostas futebolísticas
Numa bolsa de apostas a circular onde trabalho, reparei que toda a gente apostava na vitória de Portugal. Claro que estou por Portugal (é que ainda por cima não gosto nada da Inglaterra), mas nisto das apostas, é preciso ser calculista. Por isso, estou a pensar em apostar na vitória da Inglaterra, não por convicção, mas para ter uma razão para me alegrar se Portugal perder: ganhar o dinheiro das apostas.
Nós, os alternativos, quando é preciso, também sabemos ser frios e calculistas...
Nós, os alternativos, quando é preciso, também sabemos ser frios e calculistas...
Campanha de combate à Malária
No próximo sábado, dia 26 de Junho, entre as 21.30h e as 23h, na Ler Devagar(Rua de S. Boaventura, 115/119, Bairro Alto, Lisboa) a associação "Acção Humanista - Cooperação e Desenvolvimento" (que se inscreve na corrente de opinião conhecida como Movimento Humanista) leva a efeito uma sessão explicativa sobre a campanha de combate à malária em Moçambique, que está a levar a cabo.
Esta campanha insere-se no projecto de apoio humano que esta ONGD tem vindo a desenvolver desde há três anos naquele país.
A sessão consta de uma curta palestra e da exibição de dois pequenos vídeos sobre o tema em questão, seguidos de um debate breve e informal sobre as características da acção social humanista.
Além disso, paralelamente, a AHCD organiza no mesmo local uma exposição-venda de "batiques" (panos tradicionais moçambicanos pintados por métodos artesanais), cuja receita será aplicada nesta campanha.
Luís Guerra
Esta campanha insere-se no projecto de apoio humano que esta ONGD tem vindo a desenvolver desde há três anos naquele país.
A sessão consta de uma curta palestra e da exibição de dois pequenos vídeos sobre o tema em questão, seguidos de um debate breve e informal sobre as características da acção social humanista.
Além disso, paralelamente, a AHCD organiza no mesmo local uma exposição-venda de "batiques" (panos tradicionais moçambicanos pintados por métodos artesanais), cuja receita será aplicada nesta campanha.
Luís Guerra
MANIFESTO 2004 OPUS GAY
POR UMA REAL PROMOÇÃO DE POLÍTICAS DA DIVERSIDADE!
A Constituição Portuguesa incluiu recentemente a orientação sexual como um dos motivos pelos quais ninguém pode ser discriminado em qualquer área da sua vida: no emprego, na saúde, na família, na habitação, na segurança social, etc.
Também o novo Código de Trabalho, pese embora ter noutras áreas retirado direitos aos trabalhadores, alargou a sua protecção contra a discriminação dos homossexuais e doutras minorias.
Estes são importantes avanços legislativos que reafirmam Portugal como um país europeu. Os príncipios da igualdade e da não discriminação estão no centro do modelo social europeu. Estes princípios são a base duma real política da diversidade, comprovadamente benéfica para os cidadãos, a sociedade, a cultura e a economia.
Mas não basta respeitar passivamente; a diversidade promove-se. Activamente. Com eficácia.
Ora quantos portugueses sabem e reconhecem o valor da diversidade? O que tem feito o Estado e o Governo para sensibilizar os portugueses para a riqueza cultural, social e económica duma sociedade efectivamente respeitadora da diversidade?
Quatro coisas se impõem:
1) Campanhas públicas massivas, como são feitas em todos os países da União Europeia, para a sensibilização para o valor da diversidade religiosa, étnica, sexual, etária, de condições de saúde, etc.
2) Punições exemplares para aqueles que discriminam e promovem o ódio contra grupos sociais específicos, apenas porque são religiosa, étnica, sexual, etáriamente, e ainda ao nível da saúde, diferentes de si próprios.
3) Adequação da totalidade da legislação portuguesa ao novo príncipio da igualdade, acabando com toda a legislação inconstitucional discriminatória, como a que limita a possibilidade do casamento civil e da adopção aos casais heterossexuais, e a que diferencia a idade de consentimento sexual para homo e heterosexuais.
4) Continuar a luta contra a discriminação a nível europeu, nomeadamente reconhecendo sempre a diversidade de famílias e contribuindo para o avanço dos direitos humanos lgbt no mundo.
A responsabilidade principal da promoção duma cultura da diversidade é do Estado e de quem o governa, não é das associações. São o Estado e o Governo os responsáveis pelos crimes de discriminação e de ódio que se praticam no nosso país porque nunca nada fizeram para sensibilizar os cidadãos. Os ganhos duma sociedade efectivamente respeitadora da diversidade são de todos os cidadãos, são do país; não são dos homossexuais e de outras minorias.
Chega de palavras! O desenvolvimento do país exige acções concretas de promoção da diversidade!
IGUALDADE JÁ! DIVERSIDADE JÁ!
Opus Gay
A Constituição Portuguesa incluiu recentemente a orientação sexual como um dos motivos pelos quais ninguém pode ser discriminado em qualquer área da sua vida: no emprego, na saúde, na família, na habitação, na segurança social, etc.
Também o novo Código de Trabalho, pese embora ter noutras áreas retirado direitos aos trabalhadores, alargou a sua protecção contra a discriminação dos homossexuais e doutras minorias.
Estes são importantes avanços legislativos que reafirmam Portugal como um país europeu. Os príncipios da igualdade e da não discriminação estão no centro do modelo social europeu. Estes princípios são a base duma real política da diversidade, comprovadamente benéfica para os cidadãos, a sociedade, a cultura e a economia.
Mas não basta respeitar passivamente; a diversidade promove-se. Activamente. Com eficácia.
Ora quantos portugueses sabem e reconhecem o valor da diversidade? O que tem feito o Estado e o Governo para sensibilizar os portugueses para a riqueza cultural, social e económica duma sociedade efectivamente respeitadora da diversidade?
Quatro coisas se impõem:
1) Campanhas públicas massivas, como são feitas em todos os países da União Europeia, para a sensibilização para o valor da diversidade religiosa, étnica, sexual, etária, de condições de saúde, etc.
2) Punições exemplares para aqueles que discriminam e promovem o ódio contra grupos sociais específicos, apenas porque são religiosa, étnica, sexual, etáriamente, e ainda ao nível da saúde, diferentes de si próprios.
3) Adequação da totalidade da legislação portuguesa ao novo príncipio da igualdade, acabando com toda a legislação inconstitucional discriminatória, como a que limita a possibilidade do casamento civil e da adopção aos casais heterossexuais, e a que diferencia a idade de consentimento sexual para homo e heterosexuais.
4) Continuar a luta contra a discriminação a nível europeu, nomeadamente reconhecendo sempre a diversidade de famílias e contribuindo para o avanço dos direitos humanos lgbt no mundo.
A responsabilidade principal da promoção duma cultura da diversidade é do Estado e de quem o governa, não é das associações. São o Estado e o Governo os responsáveis pelos crimes de discriminação e de ódio que se praticam no nosso país porque nunca nada fizeram para sensibilizar os cidadãos. Os ganhos duma sociedade efectivamente respeitadora da diversidade são de todos os cidadãos, são do país; não são dos homossexuais e de outras minorias.
Chega de palavras! O desenvolvimento do país exige acções concretas de promoção da diversidade!
IGUALDADE JÁ! DIVERSIDADE JÁ!
Opus Gay
Seminário com o Porf. Kevin McDonald
Movimentos globais: paradigmas emergentes de acção e cultura
Realiza-se no próximo dia 29 de Junho, terça-feira, às 11h, um Seminário do Professor Kevin McDonald sobre o tema "Movimentos globais: paradigmas emergentes de acção e cultura".
O seminário realiza-se no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e tem o apoio do Mestrado de Sociologia do Trabalho, das Organizações e do Emprego do ISCTE.
O Prof. Kevin McDonald é Professor de Sociologia na Universidade de Melbourne na Austrália e Vice-Presidente do Comité de Investigação 47 da Associação Internacional de Sociologia - "Movimentos Sociais e Classes Sociais".
Marinús Pires de Lima
Investigador Principal-ICS;Professor-ISCTE
Realiza-se no próximo dia 29 de Junho, terça-feira, às 11h, um Seminário do Professor Kevin McDonald sobre o tema "Movimentos globais: paradigmas emergentes de acção e cultura".
O seminário realiza-se no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e tem o apoio do Mestrado de Sociologia do Trabalho, das Organizações e do Emprego do ISCTE.
O Prof. Kevin McDonald é Professor de Sociologia na Universidade de Melbourne na Austrália e Vice-Presidente do Comité de Investigação 47 da Associação Internacional de Sociologia - "Movimentos Sociais e Classes Sociais".
Marinús Pires de Lima
Investigador Principal-ICS;Professor-ISCTE
quarta-feira, junho 23, 2004
11 razões para optimismo no Iraque
Estatísticas optimistas para o Iraque:
1 - Mais de 50% dos polícias Iraquianos não desertou.
2 - A esmagadora maioria dos Iraquianos (99%) está viva.
3 - Dos 24 milhões de Iraquianos, praticamente nenhum está preso.
4 - Dos que estão presos, uma boa parte tem uma acusação e apenas uma minoria foi sujeita a humilhações, choque elétricos,torturas e ataques com cães polícia.
5 - Uma parte significativa do país (principalmente no deserto) é segura.
6 - Um grande número de cidades não foi bombardeado ou destruido pelos confrontos.
7 - 80% das Mesquitas mantém-se de pé.
8 - 80% dos tesouros nacionais não foi destruido ou roubado.
9 - Milhões de casas estão ainda de pé, a maioria com mais de 4 horas de eltricidade por dia.
10 - 137 980 soldados americanos continuam vivos. Se tudo correr bem, mais de 90% dos soldados regressará a casa.
11 - 23 dos 25 membros do governo provisório continuam vivos.
Percentagem de Iraquianos vivos
Sacado da Cebola
Razões para a felicidade de Bush e dos seus falcões....
1 - Mais de 50% dos polícias Iraquianos não desertou.
2 - A esmagadora maioria dos Iraquianos (99%) está viva.
3 - Dos 24 milhões de Iraquianos, praticamente nenhum está preso.
4 - Dos que estão presos, uma boa parte tem uma acusação e apenas uma minoria foi sujeita a humilhações, choque elétricos,torturas e ataques com cães polícia.
5 - Uma parte significativa do país (principalmente no deserto) é segura.
6 - Um grande número de cidades não foi bombardeado ou destruido pelos confrontos.
7 - 80% das Mesquitas mantém-se de pé.
8 - 80% dos tesouros nacionais não foi destruido ou roubado.
9 - Milhões de casas estão ainda de pé, a maioria com mais de 4 horas de eltricidade por dia.
10 - 137 980 soldados americanos continuam vivos. Se tudo correr bem, mais de 90% dos soldados regressará a casa.
11 - 23 dos 25 membros do governo provisório continuam vivos.
Percentagem de Iraquianos vivos
Sacado da Cebola
Razões para a felicidade de Bush e dos seus falcões....
Adeus, direitos humanos I
Washington montou uma rede internacional de prisões onde se eliminam as garantias dos detidos e se pratica com frequência a tortura. Outras Palavras
Tiago Soares (traduzido por PP)
Sabe-se que uma boa parte dos suspeitos de terrorismo é despachada para Guantanamo, prisão administrada pelos EUA em Cuba e várias vezes apontada por entidades de defesa dos direitos humanos como um pedaço de inferno na Terra. O que apenas recentemente começa a tornar-se público é que Guantánamo é apenas a ponta do iceberg. Os EUA têm coordenado, junto com outros países alinhados com os falcões de Washington na sua “guerra ao terror”, uma “rede subterrânea” de prisões, cuja existência, bem como o destino de seus ocupantes, é mantida em segredo perante a opinião pública e órgãos de defesa dos direitos humanos (Reuters - Report says U.S. has "secret" detention centres).
Reed Brody, conselheiro especial da Human Rights Watch, alertou que “Os EUA têm mantido em todo mundo, prisioneiros cativos em bases norte-americanas e em prisões estrangeiras nas quais o monitorização de possíveis maus-tratos é impossível” (International Herald Tribune - Prisoner abuse: What about the other secret U.S. prisons?). Brody viu os seus argumentos reforçados na semana passada, depois de ter sido publicado um relatório detalhado sobre o mesmo tema por outra entidade de defesa dos direitos humanos, a Human Rights First (Human Rights First - U.S. Holding Prisoners in More Than Two Dozen Secret Detention Facilities Worldwide, New Report Says).
Tiago Soares (traduzido por PP)
Sabe-se que uma boa parte dos suspeitos de terrorismo é despachada para Guantanamo, prisão administrada pelos EUA em Cuba e várias vezes apontada por entidades de defesa dos direitos humanos como um pedaço de inferno na Terra. O que apenas recentemente começa a tornar-se público é que Guantánamo é apenas a ponta do iceberg. Os EUA têm coordenado, junto com outros países alinhados com os falcões de Washington na sua “guerra ao terror”, uma “rede subterrânea” de prisões, cuja existência, bem como o destino de seus ocupantes, é mantida em segredo perante a opinião pública e órgãos de defesa dos direitos humanos (Reuters - Report says U.S. has "secret" detention centres).
Reed Brody, conselheiro especial da Human Rights Watch, alertou que “Os EUA têm mantido em todo mundo, prisioneiros cativos em bases norte-americanas e em prisões estrangeiras nas quais o monitorização de possíveis maus-tratos é impossível” (International Herald Tribune - Prisoner abuse: What about the other secret U.S. prisons?). Brody viu os seus argumentos reforçados na semana passada, depois de ter sido publicado um relatório detalhado sobre o mesmo tema por outra entidade de defesa dos direitos humanos, a Human Rights First (Human Rights First - U.S. Holding Prisoners in More Than Two Dozen Secret Detention Facilities Worldwide, New Report Says).
Adeus, direitos humanos II
Washington montou uma rede internacional de prisões onde se eliminam as garantias dos detidos e se pratica com frequência a tortura. Outras Palavras
Tiago Soares (traduzido por PP)
Rede de maus tratos
Além de Guantânamo, há indícios apontam para a existência de centros de detenção administrados pelos EUA no Iraque, Afeganistão, Jordânia e em diversas bases militares norte americanas espalhadas pelo mundo árabe, segundo uma investigação levada a cabo pelo semanário britânico The Observer e publicada em 13 de junho (The Observer - Secret world of US jails). Baseada em documentos dos serviços secretos, a reportagem aponta também para o recurso bastante utilizado por Washington de enviar suspeitos para cárceres em locais como o Egipto, a Arábia Saudita, Marrocos, Síria, Sudão, Jordânia e Afeganistão, com um histórial já confirmado de prática de tortura e de maus tratos infligidos aos prisioneiros.
Os suspeitos enviados para essas prisões, geralmente detidos sem que haja qualquer processo legal, são mantidos fora do alcance do sistema jurídico de seus – ou de quaisquer outros – países, e têm negado o contacto com suas famílias ou mesmo com a Cruz Vermelha (BBC - Red Cross to study ghost prisoner).
Ainda que não sejam diretamente administrados pelos EUA, esses centros de detenção trabalham em regime de cooperação com as centrais de inteligência norte americanas, recebendo suspeitos deixados sob custódia CIA e do FBI e alimentando um intercâmbio bastante activo de informações – a maioria, obtida através de métodos de investigação como a tortura.
Tiago Soares (traduzido por PP)
Rede de maus tratos
Além de Guantânamo, há indícios apontam para a existência de centros de detenção administrados pelos EUA no Iraque, Afeganistão, Jordânia e em diversas bases militares norte americanas espalhadas pelo mundo árabe, segundo uma investigação levada a cabo pelo semanário britânico The Observer e publicada em 13 de junho (The Observer - Secret world of US jails). Baseada em documentos dos serviços secretos, a reportagem aponta também para o recurso bastante utilizado por Washington de enviar suspeitos para cárceres em locais como o Egipto, a Arábia Saudita, Marrocos, Síria, Sudão, Jordânia e Afeganistão, com um histórial já confirmado de prática de tortura e de maus tratos infligidos aos prisioneiros.
Os suspeitos enviados para essas prisões, geralmente detidos sem que haja qualquer processo legal, são mantidos fora do alcance do sistema jurídico de seus – ou de quaisquer outros – países, e têm negado o contacto com suas famílias ou mesmo com a Cruz Vermelha (BBC - Red Cross to study ghost prisoner).
Ainda que não sejam diretamente administrados pelos EUA, esses centros de detenção trabalham em regime de cooperação com as centrais de inteligência norte americanas, recebendo suspeitos deixados sob custódia CIA e do FBI e alimentando um intercâmbio bastante activo de informações – a maioria, obtida através de métodos de investigação como a tortura.
Adeus, direitos humanos III
Washington montou uma rede internacional de prisões onde se eliminam as garantias dos detidos e se pratica com frequência a tortura. Outras Palavras
Tiago Soares (traduzido por PP)
Desculpa esfarrapada
Para justificar essa prática, Washington argumenta que o envio de suspeitos para prisões clandestinas deve-se à maior intimidade dos serviços secretos desses países com os costumes islâmicos, bem como a existência de maiores facilidades para romper barreiras linguísticas. Esses factores, explicam, tornaria mais eficiente o trabalho de investigar e interrogar possíveis terroristas, o que resultaria em informação preciosa – e rápida.
Além disso, existe o interesse político por parte desses países no enfraquecimento dos grupos islâmicos mais radicais, que representam uma ameaça ao poder fortemente centralizado dos seus governos.
Muitos, porém, discordam das justificações oferecidas pelo governo norte americano, bem como da qualidade da informação obtida. Afinal de contas, a maioria desses países para os quais os suspeitos são enviados já foram acusados pelos próprios EUA por desrespeito aos direitos humanos. E a prática parece ser comum já há algum tempo. “Tem aumentado o número de suspeitos de ligação com a Al-Qaeda transferidos de volta para cá, mas não tem havido qualquer anúncio oficial relativo a essas transferências” declarou em entrevista Ahmed Moussa, correspondente do jornal egípcio Al-Ahram especialista em segurança interna (Christian Science Monitor - US ships Al Qaeda suspects to Arab states). E afirmou ainda: “É certo que (os serviços secretos de países islâmicos) têm mais experiência nisso que a CIA. Mas os egípcios, e especialmente os sírios, recorrem frequentemente à tortura”.
E não é só isso. Além de criminosa, a informação obtida através de tortura é, muitas vezes, pouco fiável. “(Quando se tortura) obtem-se qualquer tipo de confissões, que acabam por se revelar completamente falsas ”, declarou Milton Bearden, ex-agente da CIA (The Observer - Secret world of US jails). “Além disso, entregar um prisioneiro para alguém que vai sde certeza torturá-lo é tão condenável como se fosse a própria CIA a fazê-lo.”
Tiago Soares (traduzido por PP)
Desculpa esfarrapada
Para justificar essa prática, Washington argumenta que o envio de suspeitos para prisões clandestinas deve-se à maior intimidade dos serviços secretos desses países com os costumes islâmicos, bem como a existência de maiores facilidades para romper barreiras linguísticas. Esses factores, explicam, tornaria mais eficiente o trabalho de investigar e interrogar possíveis terroristas, o que resultaria em informação preciosa – e rápida.
Além disso, existe o interesse político por parte desses países no enfraquecimento dos grupos islâmicos mais radicais, que representam uma ameaça ao poder fortemente centralizado dos seus governos.
Muitos, porém, discordam das justificações oferecidas pelo governo norte americano, bem como da qualidade da informação obtida. Afinal de contas, a maioria desses países para os quais os suspeitos são enviados já foram acusados pelos próprios EUA por desrespeito aos direitos humanos. E a prática parece ser comum já há algum tempo. “Tem aumentado o número de suspeitos de ligação com a Al-Qaeda transferidos de volta para cá, mas não tem havido qualquer anúncio oficial relativo a essas transferências” declarou em entrevista Ahmed Moussa, correspondente do jornal egípcio Al-Ahram especialista em segurança interna (Christian Science Monitor - US ships Al Qaeda suspects to Arab states). E afirmou ainda: “É certo que (os serviços secretos de países islâmicos) têm mais experiência nisso que a CIA. Mas os egípcios, e especialmente os sírios, recorrem frequentemente à tortura”.
E não é só isso. Além de criminosa, a informação obtida através de tortura é, muitas vezes, pouco fiável. “(Quando se tortura) obtem-se qualquer tipo de confissões, que acabam por se revelar completamente falsas ”, declarou Milton Bearden, ex-agente da CIA (The Observer - Secret world of US jails). “Além disso, entregar um prisioneiro para alguém que vai sde certeza torturá-lo é tão condenável como se fosse a própria CIA a fazê-lo.”
Adeus, direitos humanos IV
Washington montou uma rede internacional de prisões onde se eliminam as garantias dos detidos e se pratica com frequência a tortura. Outras Palavras
Tiago Soares (traduzido por PP)
Cortina de fumo
“Os governos devem encontrar meios de atingir o terrorismo sem que sejam postas em risco obrigações fundamentais, incluindo o dever de que as pessoas não sejam expostas à tortura”, declarou a diretora executiva da entidade, Rachel Denber, em comunicado sobre o assunto emitido pela Human Rights Watch em Abril deste ano (Human Rights Watch - Terrorism Suspects Sent Back to Countries That Torture).
Este recado parece não ter sido levado muito a sério por Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos EUA. O assessor de Bush foi duramente criticado após a vinda a público, na última semana, de um pedido seu para que um prisioneiro suspeito de ligações com o terrorismo fosse encarcerado no Iraque sem o devido registro – o que impossibilitaria qualquer monitorização por parte de entidades de defesa de direitos humanos.
A cortina de fumo pretendida pelos falcões de Washington chegou mesmo a ser estendida ao Senado dos EUA. Segundo noticiou a Associated Press (Seattle Post/AP - Democrats Seek Interrogation Documents), republicanos defensores da “guerra ao terror” começaram na semana passada a legislar para que seja impedida a investigação de memorandos dos serviço secretos Americanos referentes à pratica de tortura contra suspeitos de terrorismo. “A tentativa de esconder tais documentos é um sinal flagrante de encobrimento dos factos”, declarou o senador Patrick Deahy, do Partido Democrata.
Enquanto isso, os oficiais norte americanos seguem no vale-tudo da guerra ao terrorismo, atropelando Direitos humanos, Tribunais e Convenção de Genebra. “O mundo é um lugar terrível”, declarou um falcão à reportagem do The Observer. Se depender deles, não parece que a coisa vá melhorar muito.
Tiago Soares (traduzido por PP)
Cortina de fumo
“Os governos devem encontrar meios de atingir o terrorismo sem que sejam postas em risco obrigações fundamentais, incluindo o dever de que as pessoas não sejam expostas à tortura”, declarou a diretora executiva da entidade, Rachel Denber, em comunicado sobre o assunto emitido pela Human Rights Watch em Abril deste ano (Human Rights Watch - Terrorism Suspects Sent Back to Countries That Torture).
Este recado parece não ter sido levado muito a sério por Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos EUA. O assessor de Bush foi duramente criticado após a vinda a público, na última semana, de um pedido seu para que um prisioneiro suspeito de ligações com o terrorismo fosse encarcerado no Iraque sem o devido registro – o que impossibilitaria qualquer monitorização por parte de entidades de defesa de direitos humanos.
A cortina de fumo pretendida pelos falcões de Washington chegou mesmo a ser estendida ao Senado dos EUA. Segundo noticiou a Associated Press (Seattle Post/AP - Democrats Seek Interrogation Documents), republicanos defensores da “guerra ao terror” começaram na semana passada a legislar para que seja impedida a investigação de memorandos dos serviço secretos Americanos referentes à pratica de tortura contra suspeitos de terrorismo. “A tentativa de esconder tais documentos é um sinal flagrante de encobrimento dos factos”, declarou o senador Patrick Deahy, do Partido Democrata.
Enquanto isso, os oficiais norte americanos seguem no vale-tudo da guerra ao terrorismo, atropelando Direitos humanos, Tribunais e Convenção de Genebra. “O mundo é um lugar terrível”, declarou um falcão à reportagem do The Observer. Se depender deles, não parece que a coisa vá melhorar muito.
Festa no Lux
Agradecimentos
Agradeço ao Avatares (que entretanto também já tem um aninho), ao Memória Virtual, à Alcofa, à Rua da Judiaria, à Causa Nossa (ontem em grande estilo no Lux, a sociabilizar com os restantes mortais - estive para lá dar um pulinho, mas acagacei-me no último minuto de fazer os 780 quilómetros necessários a tão apetecível sociabilização), aos Dias Estranhos, à Arte de Opinar, ao Thelma e Louise, ao Adufe, ao Nylson, ao Major Alvega, ao João, ao Luís Lavoura, à Maria João, ao António Pedro Dores, à Anabela, ao António Serzedelo, à Ana Roque e a todos os que com o seu estímulo e palavras encorajadoras ao fim deste primeiro ano de existência, se tornaram também responsáveis pela existência deste Blog. Agradeço ainda ao Gato Fedorento, uma das primeiras inspirações para me meter e arrastar um quantos para esta maluquice; dou por findas as Lamechices.
Guerra à Infância
Um novo relatório divulgado pela Amnistia Internacional denuncia a existência na Libéria de 21.000 meninos e meninas soldado, crianças às quais se proporcionaram armas de fogo e obrigaram a combater; crianças sequestradas, violadas e obrigadas a prestar serviços sexuais. Todas as partes do conflito - ex-governo, Liberianos Unidos para a Reconciliação e para a Democracia e o Movimento para a Democracia na Libéria - utilizaram crianças soldado.
Latitude Zero
Latitude Zero
Salvar a Europa
A Agência Europeia para o Ambiente (EEA) e o Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP) anunciaram que a União Europeia não conseguirá atingir o objectivo de travar a perda de algumas espécies até 2010, se não tomar mais medidas para prevenir a diminuição das suas zonas agrícolas de elevado valor natural. Estas zonas, caracterizadas por reduzida actividade agrícola, ocupam cerca de 20% da paisagem rural, com maior incidência na Europa de Leste, do Sul e no norte da Grã-Bretanha.
Latitude Zero
Latitude Zero
terça-feira, junho 22, 2004
Viva Portugal!
Numa noite pós-vitória previsível, as televisões deram imagens dos festejos dos Portugueses, essencialmente nas grandes cidades; e nos outros lados, não se festejou? no Portugal profundo, no cimo das Serras, não se festejou?
Claro que sim; seguindo a vocação alternativa deste Blog, falaremos dos festejos que existirem nas aldeias da Serra da Arada, em Freguesias com menos de 500 (as grandes) ou 200 (as pequenas) habitantes. São Freguesias tão pequenas que os votantes das últimas eleições não eram secretos: em Covas do Rio, 35 votaram PS e 3 PSD (toda a gente deve saber quem são estes últimos); na Candal, houve um votante no PCP e outro no BE (de certeza que lá na aldeia sabem quem são), e os outros votaram no PSD e PS.
As notícias chegadas à redação do BSP informam que um carro andou a passear por todas as aldeias da Serra, e em cada Aldeia onde parava, punha a música a altos berros, e toda a gente da Aldeia se juntava aos festejos, a dançar e a bracejar, numa alegria contagiante que ecoava na solidão noturna da Serra. Não é o mar de gente do Marquês de Pombal ou dos Aliados, mas devem ter sido dos melhores festejos que Portugal viu...
Claro que sim; seguindo a vocação alternativa deste Blog, falaremos dos festejos que existirem nas aldeias da Serra da Arada, em Freguesias com menos de 500 (as grandes) ou 200 (as pequenas) habitantes. São Freguesias tão pequenas que os votantes das últimas eleições não eram secretos: em Covas do Rio, 35 votaram PS e 3 PSD (toda a gente deve saber quem são estes últimos); na Candal, houve um votante no PCP e outro no BE (de certeza que lá na aldeia sabem quem são), e os outros votaram no PSD e PS.
As notícias chegadas à redação do BSP informam que um carro andou a passear por todas as aldeias da Serra, e em cada Aldeia onde parava, punha a música a altos berros, e toda a gente da Aldeia se juntava aos festejos, a dançar e a bracejar, numa alegria contagiante que ecoava na solidão noturna da Serra. Não é o mar de gente do Marquês de Pombal ou dos Aliados, mas devem ter sido dos melhores festejos que Portugal viu...
Viva la España!!!
Depois de uma prolongada luta que durou mais de 14 anos, o plano dos transvases dos Rios Espanhóis foi metido na Gaveta.
O plano previa a canalização de quilómetros de Rios, obras imensas de engenharia, que iriam redistribuir a àgua em Espanha, transferindo àgua do Norte Chuvoso para o Sul desértico. Na sua filosofia, lembra remotamente o Alqueva, mas na prática, seria uma obra com um impacto 10, 50 ou mesmo 100 vezes maios. Os transvases Espanhóis implcariam o fim dos Ecossistemas Ribeirinhos como os conhecemos, destruindo a vegetação ripícola, artificializando uma área impressionante de Habitats e criando inúmeros obstáculos à circulação da fauna dos Rios, o que levaria inevitavelmente ao seu desaparecimento. Grandes ventos de mudança estes que sopram de Espanha, já que esta [infeliz] ideia foi lançada pelo Governo Socialista precedente (o de Filipe Gonzalez) e o plano foi encetado por Aznar, prevendo a construção de mais de 100 barragens e centenas de quilómetros de canais de irrigação desde o Ebro até ao Sul.
Grande coragem de Zapatero, a bem da Natureza e das gerações vindouras...
O plano previa a canalização de quilómetros de Rios, obras imensas de engenharia, que iriam redistribuir a àgua em Espanha, transferindo àgua do Norte Chuvoso para o Sul desértico. Na sua filosofia, lembra remotamente o Alqueva, mas na prática, seria uma obra com um impacto 10, 50 ou mesmo 100 vezes maios. Os transvases Espanhóis implcariam o fim dos Ecossistemas Ribeirinhos como os conhecemos, destruindo a vegetação ripícola, artificializando uma área impressionante de Habitats e criando inúmeros obstáculos à circulação da fauna dos Rios, o que levaria inevitavelmente ao seu desaparecimento. Grandes ventos de mudança estes que sopram de Espanha, já que esta [infeliz] ideia foi lançada pelo Governo Socialista precedente (o de Filipe Gonzalez) e o plano foi encetado por Aznar, prevendo a construção de mais de 100 barragens e centenas de quilómetros de canais de irrigação desde o Ebro até ao Sul.
Grande coragem de Zapatero, a bem da Natureza e das gerações vindouras...
Bandeiras
Nos últimos dias, aprendemos o que significam as cores da bandeira e o disco armilar, ficámos a saber razão de ser dos pequeninos escudos, disseram-nos a forma correcta de expôr a bandeira, soubemos quem faz hoje em dias as bandeiras Portuguesas, com que tecido.... Lembro-me ainda do tempo em que tinha uma colecção de cromos com as bandeiras de todo o mundo, e desde esse momento, em que coleccionei estéticas multicoloridas nos meandros dos meus neurónios, fiquei sempre com a sensação que a nossa bandeira não tinha grande beleza: as cores não combinam bem, aquela coisa no centro não tem jeito nenhum (é um arcaísmo da nossa bandeira, que se perdeu na maioria das outras bandeiras), o design é muito fraquinho e era um dos cromos mais fáceis (difíceis era as bandeira do Botão ou de Nauru, já não sei). As minhas preferidas eram a da Coreia do Sul e a do Nepal.
É pena que o Filipão, o Rebelo de Sousa e outros não se tenham lembrado de ter dito a todos os Portugueses para ler a constituição Europeia... A bem da nação...
Timor
Nepal
Nauru
Portugal
Coreia
Botão
É pena que o Filipão, o Rebelo de Sousa e outros não se tenham lembrado de ter dito a todos os Portugueses para ler a constituição Europeia... A bem da nação...
Timor
Nepal
Nauru
Portugal
Coreia
Botão
Microsoft: "Eles querem viciar"
Em entrevista exclusiva, Richard Stallman, um dos pais do software livre, defende o brasileiro Sérgio Amadeu, alvo da Microsoft.
Rafael Evangelista (Outras Palavras)
Se alguém goza de prestígio dentro da comunidade de software livre esse alguém é Richard Stallman. O próprio Linus Torvalds, o pai do Linux, coloca-se na posição de um simples engenheiro e chama Stallman de "grande filósofo". No início dos anos 80, Stallman sistematizou os princípios básicos da filosofia de partilha e liberdade contidas no movimento software livre. Liberdade para usar, alterar, copiar e distribuir tornou-se um mantra para aqueles que escrevem códigos de computadores mas também teve um efeito explosivo para toda a produção cultural. O chamado copyleft (antónimo do copyright) está a transformar-se na utopia possível para toda a produção alternativa e libertária.
No campo da tecnologia da informação, o sistema operacional GNU (criação de Stallman) /Linux incomoda a gigante monopolista Microsoft já há algum tempo. A actuação do governo brasileiro, que vem insistindo em dar preferência aos programas livres, foi a gota de água. Na semana passada, a Microsoft iniciou um processo judicial que pode dar origem a um processo por calúnia contra Sérgio Amadeu, o director do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). Amadeu teria comparado a oferta gratuita do Windows da Microsoft à prática dos traficantes, que oferecem a primeira dose de graça.
O próprio Amadeu, durante o último Fórum Internacional de Software Livre, já tinha dito que as próximas batalhas seriam jurídicas. A viabilidade técnica do uso dos sistemas livres já está comprovada e, ao monopólio, só restaria tentar travá-los legalmente.
Nesta entrevista exclusiva ao Planeta Porto Alegre, Stallman comenta os passos do gigante para travar a adopção do software livre pelos brasileiros. Grande conhecedor do Brasil, o qual já visitou diversas vezes, Stallman considera as escolas brasileiras como um ponto-chave. A iniciativa certamente terá um efeito multiplicador e outros países a tomarão como exemplo.
Não é por acaso que o gigante está-se a mexer.
Você classificaria a atitude da Microsoft como um acto de desespero ou como uma manobra estratégica?
Eu classificaria como um movimento tático, já que estratégia refere-se a algo em grande escala. Eu acredito que a Microsoft ainda não tenha chegado ao desespero, acho que eles ainda acreditam que vão ganhar e que manterão um império permanente sobre os utilizadores de computadores do mundo.
Qual a importância da preferência brasileira pelo software livre?
Se o Brasil adoptar verdadeiramente uma política completa e consistente de apoio ao software livre, este pode ser o ponto-chave de nossa campanha pela liberdade. Por exemplo, uma política clara para que as escolas usem apenas software livre nas salas de aula colocaria o Brasil no caminho da liberdade e serviria de modelo e inspiração para outros países.
Você concorda com a comparação entre a Microsoft e os traficantes de drogas?
O próprio Bill Gates parece concordar com essa comparação, de acordo com essa citação:
"Embora três milhões de computadores sejam vendidos cada ano na China, as pessoas não pagam pelo software. Um dia eles pagarão, penso eu. E mesmo enquanto eles estão roubando, queremos que eles nos roubem. Eles ficarão como que viciados e um dia, de algum modo, vamos descobrir como cobrá-los na próxima década."
Citação retirada da revista Fortune, dia 20 de julho de 1998.
No entanto, prefiro comparar a Microsoft com a indústria do cigarro, esses vendedores de drogas legalizadas. Eles distribuem amostras grátis e cigarros de chocolate para fazer com que as crianças comecem a fumar. Hoje, a Microsoft dá amostras grátis do Windows para escolas e estudantes. As escolas deveriam recusar-se a fazer parte desse jogo.
Rafael Evangelista (Outras Palavras)
Se alguém goza de prestígio dentro da comunidade de software livre esse alguém é Richard Stallman. O próprio Linus Torvalds, o pai do Linux, coloca-se na posição de um simples engenheiro e chama Stallman de "grande filósofo". No início dos anos 80, Stallman sistematizou os princípios básicos da filosofia de partilha e liberdade contidas no movimento software livre. Liberdade para usar, alterar, copiar e distribuir tornou-se um mantra para aqueles que escrevem códigos de computadores mas também teve um efeito explosivo para toda a produção cultural. O chamado copyleft (antónimo do copyright) está a transformar-se na utopia possível para toda a produção alternativa e libertária.
No campo da tecnologia da informação, o sistema operacional GNU (criação de Stallman) /Linux incomoda a gigante monopolista Microsoft já há algum tempo. A actuação do governo brasileiro, que vem insistindo em dar preferência aos programas livres, foi a gota de água. Na semana passada, a Microsoft iniciou um processo judicial que pode dar origem a um processo por calúnia contra Sérgio Amadeu, o director do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). Amadeu teria comparado a oferta gratuita do Windows da Microsoft à prática dos traficantes, que oferecem a primeira dose de graça.
O próprio Amadeu, durante o último Fórum Internacional de Software Livre, já tinha dito que as próximas batalhas seriam jurídicas. A viabilidade técnica do uso dos sistemas livres já está comprovada e, ao monopólio, só restaria tentar travá-los legalmente.
Nesta entrevista exclusiva ao Planeta Porto Alegre, Stallman comenta os passos do gigante para travar a adopção do software livre pelos brasileiros. Grande conhecedor do Brasil, o qual já visitou diversas vezes, Stallman considera as escolas brasileiras como um ponto-chave. A iniciativa certamente terá um efeito multiplicador e outros países a tomarão como exemplo.
Não é por acaso que o gigante está-se a mexer.
Você classificaria a atitude da Microsoft como um acto de desespero ou como uma manobra estratégica?
Eu classificaria como um movimento tático, já que estratégia refere-se a algo em grande escala. Eu acredito que a Microsoft ainda não tenha chegado ao desespero, acho que eles ainda acreditam que vão ganhar e que manterão um império permanente sobre os utilizadores de computadores do mundo.
Qual a importância da preferência brasileira pelo software livre?
Se o Brasil adoptar verdadeiramente uma política completa e consistente de apoio ao software livre, este pode ser o ponto-chave de nossa campanha pela liberdade. Por exemplo, uma política clara para que as escolas usem apenas software livre nas salas de aula colocaria o Brasil no caminho da liberdade e serviria de modelo e inspiração para outros países.
Você concorda com a comparação entre a Microsoft e os traficantes de drogas?
O próprio Bill Gates parece concordar com essa comparação, de acordo com essa citação:
"Embora três milhões de computadores sejam vendidos cada ano na China, as pessoas não pagam pelo software. Um dia eles pagarão, penso eu. E mesmo enquanto eles estão roubando, queremos que eles nos roubem. Eles ficarão como que viciados e um dia, de algum modo, vamos descobrir como cobrá-los na próxima década."
Citação retirada da revista Fortune, dia 20 de julho de 1998.
No entanto, prefiro comparar a Microsoft com a indústria do cigarro, esses vendedores de drogas legalizadas. Eles distribuem amostras grátis e cigarros de chocolate para fazer com que as crianças comecem a fumar. Hoje, a Microsoft dá amostras grátis do Windows para escolas e estudantes. As escolas deveriam recusar-se a fazer parte desse jogo.
segunda-feira, junho 21, 2004
Sherman por Portugal
Para festejar a vitória de Portugal, deixo-vos com mais uma tira do Sherman; cada um festeja como lhe apetece. E a moda das bandeiras realmente não me cativa por aí além... Seria bom mesmo era que o Filipão pedisse a todos os Editores para pendurarem uma tira do Sherman no final do seu jornal...
Vá de férias para outro mundo
E com o Verão nasceu, para o bem e para o mal, a primeira agência de viagens no espaço...
O Cônsul injustiçado
Do documentário Aristides Sousa Mendes, o Cônsul Injustiçado, o que mais me chocou foi já nos anos 80, hesitarem em recuperar a memória do homem pelo seu procedimento ser um mau exemplo para o Funcionalismo Público... Mau exemplo? com o seu sacrifício pessoal, por ter desobedecido aos seus superiores, salvou mais de 30000 refugiados (na sua maioria Judeus). Mau exemplo? Se todos seguissem o "mau exemplo" de Sousa Mendes, de certeza que o Mundo seria um lugar bem melhor... Se na altura outras 200 pessoas tivessem seguido o seu "mau exemplo", o holocausto nunca teria existido...
Mais informação sobre Aristides Sousa Mendes
V Fórum Social Mundial
Consulta temática já está no ar!
Já está disponível neste site, o questionário-consulta que inaugura o processo de preparação para o V Fórum Social Mundial, que ocorrerá em Porto Alegre, Brasil, entre 26 e 31 de janeiro de 2005. Mudanças importantes marcam esta nova etapa do processo FSM e, para isso, a participação de todos e todas é fundamental. Por meio deste questionário-consulta, serão identificados que lutas, questões, problemas, propostas e desafios as diversas organizações que participam do processo FSM consideram importante discutir no FSM 2005, e que atividades pretendem desenvolver em Porto Alegre.
Em 2005, busca-se manter a diversidade do evento e transformá-lo num espaço cada vez mais capaz de facilitar as articulações e ações comuns entre os que dele participam. Para isso, é preciso aperfeiçoar tanto o processo de definição das “grandes atividades” (conferências, painéis, testemunhos e mesas de diálogo e controvérsias, definidas pelo Conselho Internacional) quanto a inscrição de centenas de oficinas e seminários, que podem ser propostos por qualquer entidade inscrita para o encontro. Veja a seguir algumas das novidades do processo.
Maiores possibilidades de aglutinação
Permitir que pessoas e organizações interessadas em lutar pelos mesmos objetivos possam efetivamente se encontrar, articular-se e planejar ações comuns durante os Fóruns Sociais Mundiais e entre eles é tão importante quanto preservar o compromisso com a pluralidade e a diversidade de idéias, lutas e projetos, uma característica fundamental do sucesso do FSM. A consulta temática irá facilitar esse processo de aproximação. Ao preencher a consulta via internet, cada organização poderá saber com antecedência quais as lutas, questões, problemas, propostas ou desafios as demais organizações acreditam que seja importante debater no FSM ou que atividades elas pretendem organizar durante o evento. Essas informações alimentarão este grande banco de dados, ao qual todos têm acesso. Por meio deste banco, será possível realizar diversas pesquisas sobre o que uma determinada organização está propondo ou listar todas as organizações interessadas em realizar atividades sobre um determinado assunto, assim como obter seus contatos.
Grupos aglutinadores
A partir de julho, serão constituídos grupos de trabalho aglutinadores para tratar dos temas em que há grande concentração de actividades previstas, onde a unificação ou articulação de oficinas e seminários é mais complexa. Eles serão compostos pelas próprias organizações interessadas em organizar Seminários e Oficinas sobre aquele assunto - ou por uma parte delas, com a concordância das demais.
Sua tarefa será a de propor, sempre de forma inclusiva e com respeito pleno à diversidade, agendas de múltiplas atividades em Porto Alegre. A partir das respostas à consulta, as comissões de Metodologia e de Conteúdos e Temáticas do CI começarão a entrar em contato com cada organização para propor que formem grupos aglutinadores.
Grandes actividades
Os grupos aglutinadores não se limitarão a propor aglutinações e articulações entre Oficinas e Seminários que os participantes pretendem realizar. Em 2005, as chamadas "grandes atividades” (conferências, painéis, testemunhos e mesas de diálogo e controvérsia), que eram definidas, até 2003, apenas pelo Conselho Internacional, serão construídas a partir das consultas.
Autonomia e diversidade asseguradas
Ao registrar uma atividade, o que poderá ser feito a partir de setembro, cada organização poderá usar como referência de trabalho as primeiras propostas de agenda já elaboradas pelos diversos Grupos Aglutinadores, que começam a trabalhar em julho. Essas propostas de agenda estarão disponíveis, com destaque, na página web do Fórum Social Mundial. Será possível verificar se de fato incorporaram as múltiplas visões sobre cada tema. Haverá tempo para propor eventuais acréscimos ou mudanças. Mas nenhuma aglutinação será imposta. Aqueles que o desejarem poderão manter, durante todo o processo, atividades não-aglutinadas, ou aglutinadas sem a interferência dos Grupos Aglutinadores.
- Clique aqui para acessar o manual do usuário de preenchimento da consulta.
- Clique aqui para ler a carta de inauguração do processo.
Para mais informações, utilize este mail: fsmconsulta@forumsocialmundial.org.br
Já está disponível neste site, o questionário-consulta que inaugura o processo de preparação para o V Fórum Social Mundial, que ocorrerá em Porto Alegre, Brasil, entre 26 e 31 de janeiro de 2005. Mudanças importantes marcam esta nova etapa do processo FSM e, para isso, a participação de todos e todas é fundamental. Por meio deste questionário-consulta, serão identificados que lutas, questões, problemas, propostas e desafios as diversas organizações que participam do processo FSM consideram importante discutir no FSM 2005, e que atividades pretendem desenvolver em Porto Alegre.
Em 2005, busca-se manter a diversidade do evento e transformá-lo num espaço cada vez mais capaz de facilitar as articulações e ações comuns entre os que dele participam. Para isso, é preciso aperfeiçoar tanto o processo de definição das “grandes atividades” (conferências, painéis, testemunhos e mesas de diálogo e controvérsias, definidas pelo Conselho Internacional) quanto a inscrição de centenas de oficinas e seminários, que podem ser propostos por qualquer entidade inscrita para o encontro. Veja a seguir algumas das novidades do processo.
Maiores possibilidades de aglutinação
Permitir que pessoas e organizações interessadas em lutar pelos mesmos objetivos possam efetivamente se encontrar, articular-se e planejar ações comuns durante os Fóruns Sociais Mundiais e entre eles é tão importante quanto preservar o compromisso com a pluralidade e a diversidade de idéias, lutas e projetos, uma característica fundamental do sucesso do FSM. A consulta temática irá facilitar esse processo de aproximação. Ao preencher a consulta via internet, cada organização poderá saber com antecedência quais as lutas, questões, problemas, propostas ou desafios as demais organizações acreditam que seja importante debater no FSM ou que atividades elas pretendem organizar durante o evento. Essas informações alimentarão este grande banco de dados, ao qual todos têm acesso. Por meio deste banco, será possível realizar diversas pesquisas sobre o que uma determinada organização está propondo ou listar todas as organizações interessadas em realizar atividades sobre um determinado assunto, assim como obter seus contatos.
Grupos aglutinadores
A partir de julho, serão constituídos grupos de trabalho aglutinadores para tratar dos temas em que há grande concentração de actividades previstas, onde a unificação ou articulação de oficinas e seminários é mais complexa. Eles serão compostos pelas próprias organizações interessadas em organizar Seminários e Oficinas sobre aquele assunto - ou por uma parte delas, com a concordância das demais.
Sua tarefa será a de propor, sempre de forma inclusiva e com respeito pleno à diversidade, agendas de múltiplas atividades em Porto Alegre. A partir das respostas à consulta, as comissões de Metodologia e de Conteúdos e Temáticas do CI começarão a entrar em contato com cada organização para propor que formem grupos aglutinadores.
Grandes actividades
Os grupos aglutinadores não se limitarão a propor aglutinações e articulações entre Oficinas e Seminários que os participantes pretendem realizar. Em 2005, as chamadas "grandes atividades” (conferências, painéis, testemunhos e mesas de diálogo e controvérsia), que eram definidas, até 2003, apenas pelo Conselho Internacional, serão construídas a partir das consultas.
Autonomia e diversidade asseguradas
Ao registrar uma atividade, o que poderá ser feito a partir de setembro, cada organização poderá usar como referência de trabalho as primeiras propostas de agenda já elaboradas pelos diversos Grupos Aglutinadores, que começam a trabalhar em julho. Essas propostas de agenda estarão disponíveis, com destaque, na página web do Fórum Social Mundial. Será possível verificar se de fato incorporaram as múltiplas visões sobre cada tema. Haverá tempo para propor eventuais acréscimos ou mudanças. Mas nenhuma aglutinação será imposta. Aqueles que o desejarem poderão manter, durante todo o processo, atividades não-aglutinadas, ou aglutinadas sem a interferência dos Grupos Aglutinadores.
- Clique aqui para acessar o manual do usuário de preenchimento da consulta.
- Clique aqui para ler a carta de inauguração do processo.
Para mais informações, utilize este mail: fsmconsulta@forumsocialmundial.org.br
Santana perde confiança dos LGBT
SANTANA PERDE DEFINITIVAMENTE OS VOTOS DA COMUNIDADE GAY
Santana Lopes ao declarar que não deseja ver a Marcha do Orgulho desfilar na Avenida da Liberdade, em Lisboa, soltou definitivamente os
seus preconceitos homofóbicos, e desmente as suas promessas eleitoralistas em que afirmava "ver com naturalidade" estas temáticas. Isto é grave!
De facto, desde que tomou conta da Câmara Municipal de Lisboa temos vindo a assistir a uma restrição sistemática, em força, da visibilidade Gay de várias formas conjugadas, e com pretextos diferentes, mas que visam sempre diminuir a expressão de toda a Cidadania com diversidade, na cidade de Lisboa, de forma geral, e da cidadania Gay, em particular.
Assistimos à expulsão do Arraial do Orgulho Gay, que se realiza no mesmo dia, para as matas de Monsanto, à redução drástica dos apoios ao Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa , ao terminus da divulgação da existência das associações Gays, no Boletim de turismo da ATL, Follow Me, à tentativa de ultrapassar a Marcha do Orgulho com a Electro Parade (que foi um fracasso, e um despesismo..) no mesmo dia da Marcha, no ano passado e, agora, faltava a oposição ao desfile cívico que anualmente realizamos em Lisboa, como expressão da nossa visibilidade pública, e política, um direito de que não prescindimos .
Em todas as cidades de países livres e civilizados estas marchas e estes eventos tem realização nas praças ou avenidas principais das suas capitais, todas com forte representação dos políticos locais ou nacionais, Paris, Berlim, Amesterdão, Londres, Roma, Madrid, etc.
Na base do pensamento desta Administração da CML está infelizmente uma ideologia neo-conservadora, cultural e moral, pretendendo restaurar valores antigos, profetas nostálgicos do passado, que tentam terminar com o sentido laico da vida pública, a descriminação positiva a favor dos excluídos.
Por tudo isto a Opus Gay organização Gay independente, desde o início, promotora da Marcha e responsável perante a Comunidade Gay Lisboeta e Portuguesa, denuncia esta atitude provocatória do Presidente da Câmara de Lisboa que assim perde definitivamente o voto Gay, em quaisquer eleições em que se apresente, a menos que mude radicalmente de atitude.
A Marcha do Orgulho é de Lisboa, é dos país, é dos Gays e Lésbicas, e é de todos os Cidadãos independentemente, da orientação sexual, e cor politica, ou religiosa, é de todos os que se revêem nas Liberdades Constitucionais, e na Europa cujo novo lema é "União na Diversidade".
A Direcção da Opus Gay
António Serzedelo
Santana Lopes ao declarar que não deseja ver a Marcha do Orgulho desfilar na Avenida da Liberdade, em Lisboa, soltou definitivamente os
seus preconceitos homofóbicos, e desmente as suas promessas eleitoralistas em que afirmava "ver com naturalidade" estas temáticas. Isto é grave!
De facto, desde que tomou conta da Câmara Municipal de Lisboa temos vindo a assistir a uma restrição sistemática, em força, da visibilidade Gay de várias formas conjugadas, e com pretextos diferentes, mas que visam sempre diminuir a expressão de toda a Cidadania com diversidade, na cidade de Lisboa, de forma geral, e da cidadania Gay, em particular.
Assistimos à expulsão do Arraial do Orgulho Gay, que se realiza no mesmo dia, para as matas de Monsanto, à redução drástica dos apoios ao Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa , ao terminus da divulgação da existência das associações Gays, no Boletim de turismo da ATL, Follow Me, à tentativa de ultrapassar a Marcha do Orgulho com a Electro Parade (que foi um fracasso, e um despesismo..) no mesmo dia da Marcha, no ano passado e, agora, faltava a oposição ao desfile cívico que anualmente realizamos em Lisboa, como expressão da nossa visibilidade pública, e política, um direito de que não prescindimos .
Em todas as cidades de países livres e civilizados estas marchas e estes eventos tem realização nas praças ou avenidas principais das suas capitais, todas com forte representação dos políticos locais ou nacionais, Paris, Berlim, Amesterdão, Londres, Roma, Madrid, etc.
Na base do pensamento desta Administração da CML está infelizmente uma ideologia neo-conservadora, cultural e moral, pretendendo restaurar valores antigos, profetas nostálgicos do passado, que tentam terminar com o sentido laico da vida pública, a descriminação positiva a favor dos excluídos.
Por tudo isto a Opus Gay organização Gay independente, desde o início, promotora da Marcha e responsável perante a Comunidade Gay Lisboeta e Portuguesa, denuncia esta atitude provocatória do Presidente da Câmara de Lisboa que assim perde definitivamente o voto Gay, em quaisquer eleições em que se apresente, a menos que mude radicalmente de atitude.
A Marcha do Orgulho é de Lisboa, é dos país, é dos Gays e Lésbicas, e é de todos os Cidadãos independentemente, da orientação sexual, e cor politica, ou religiosa, é de todos os que se revêem nas Liberdades Constitucionais, e na Europa cujo novo lema é "União na Diversidade".
A Direcção da Opus Gay
António Serzedelo
sexta-feira, junho 18, 2004
Microsoft contra Brasil
A Microsoft abriu um processo contra o Brasil, acusando o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), na pessoa do seu presidente, Sérgio Amadeu, de difamação.
Há três anos, McNealy afirmou: "A primeira dose de heroína é sempre de graça", referindo-se à dependência dos utilizadores britânicos relativamente aos produtos da Microsoft para aceder à página do governo (a quem foi gentilmente cedido o Software, mas que só funciona com o Internet Explorer). Amadeu teria comparado a doação de software para programas governamentais de inclusão digital à "prática dos traficantes", à semelhança do que McNealy tinha dito anteriormente. Ou seja, ambos afirmam que a Microsoft é muito generosa no início, para deixar os utilizadores e os países “agarrados” ao seu produto. Obviamente que o crime de Amadeu não foi a difamação (que horror, a Microsoft a utilizar estratégias de traficante), mas sim o facto de o Brasil apostar no software livre, desafiando o monopólio da Microsoft.
Em clara resposta às acusações da Microsoft, Amadeu afirma em comunicado que a preferência dada pelo governo Brasileiro aos softwares livres e abertos é uma questão ligada ao princípio democrático. "Se a democracia é um valor repleto de ideologia, não é jamais um valor insignificante. Se a democracia é um sonho, é um sonho do qual este País jamais acordará novamente. O futuro é livre", completa.
Apoie Sérgio Amadeu, assinando esta petição.
Informação retirada de Outras Palavras
Há três anos, McNealy afirmou: "A primeira dose de heroína é sempre de graça", referindo-se à dependência dos utilizadores britânicos relativamente aos produtos da Microsoft para aceder à página do governo (a quem foi gentilmente cedido o Software, mas que só funciona com o Internet Explorer). Amadeu teria comparado a doação de software para programas governamentais de inclusão digital à "prática dos traficantes", à semelhança do que McNealy tinha dito anteriormente. Ou seja, ambos afirmam que a Microsoft é muito generosa no início, para deixar os utilizadores e os países “agarrados” ao seu produto. Obviamente que o crime de Amadeu não foi a difamação (que horror, a Microsoft a utilizar estratégias de traficante), mas sim o facto de o Brasil apostar no software livre, desafiando o monopólio da Microsoft.
Em clara resposta às acusações da Microsoft, Amadeu afirma em comunicado que a preferência dada pelo governo Brasileiro aos softwares livres e abertos é uma questão ligada ao princípio democrático. "Se a democracia é um valor repleto de ideologia, não é jamais um valor insignificante. Se a democracia é um sonho, é um sonho do qual este País jamais acordará novamente. O futuro é livre", completa.
Apoie Sérgio Amadeu, assinando esta petição.
Informação retirada de Outras Palavras
Tudo sobre o Sabor!
Embora nasça em Espanha, na Serra da Parada (Zamora) a uma altitude de 1 600m, o rio Sabor entra pouco depois em território português, atravessando a serra de Montesinho sob a forma de pequeno rio de montanha. Depois de 100 km por terras do Nordeste português, desagua no rio Douro a 97m de altitude, junto à localidade de Torre de Moncorvo.
A diversidade de habitats naturais, assim como de espécies de fauna e flora presentes no vale do Sabor, é notável. Apenas no Baixo Sabor, são encontrados 20 tipos de habitats naturais incluídos na Directiva Comunitária Habitats, dos quais 4 são considerados de conservação prioritária.
Flora
Uma das particularidades deste rio é a vegetação existente no seu leito de cheias que, devido à fisiografia do vale, ocupa o patamar bioclimático termomediterrânico. O planalto transmontano, situado a mais de 600 m de altitude e formando parte da Submeseta Norte, nas áreas em que se vê cortado pelos rios Douro, Sabor e seus afluentes, pode descer abaixo dos 300 m. Este facto fez com que estes vales servissem de refúgio para numerosas espécies vegetais e animais durante os sucessivos períodos glaciares. Em todo o vale do rio Douro, assim como nos restantes rios de Portugal, esta vegetação particular, característica dos leitos de cheia, tem vindo a ser erradicada devido à construção de numerosas obras hidroeléctricas. Pelo contrário, no vale do Sabor, as espécies que formam essa comunidade vegetal permaneceram até aos nossos dias, constituindo verdadeiras relíquias vivas, endémicas destes vales ou sob a forma de disjunções biogeográficas. Também aqui subsistem os mais extensos e bem conservados azinhais e sobreirais do Nordeste de Portugal, restos do bosque mediterrânico que outrora dominou toda a região. Ao longo do vale pode-se encontrar um elevado número de endemismos associados à presença de substratos calcários e ultrabásicos. A importância florística do vale do Sabor levou à inclusão de grande parte da sua área na lista de sítios propostos para integrar a Rede Natura 2000 (PTCON0021).
Todas estas evidências demonstram o elevado interesse da bacia do Sabor para a conservação da biodiversidade e, especificamente, da diversidade genética. Neste sentido, acrescenta-se ainda a presença de importantes núcleos de videira e oliveira brava, exemplos de um potencial genético muito valioso para a melhoria de variedades utilizadas na agricultura e no combate a pragas agrícolas. Destaque-se, a título exemplificativo, que a videira brava sobreviveu no vale do Sabor aos ataques de filoxera que afectou a maioria das vinhas europeias nos finais do séculos XIX e princípios do século XX.
Fauna
A importância faunística do vale do Sabor levou à classificação de grande parte da sua área numa ZPE (Zona de Protecção Especial – PTZPE0037), e numa IBA (Important Bird Area – PT004) segundo os critérios da BirLife International. A diversidade e riqueza de habitats, associado aos reduzidos níveis de perturbação, permitem a presença de uma diversificada comunidade de animais que inclui numerosas espécies protegidas por convenções internacionais. Os ecossistemas rupícolas presentes ao longo de todo o rio, albergam importantes populações nidificantes de aves com estatuto de conservação, como a águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus), a águia-real (Aquila chrysaetos), o abutre do Egipto (Neophron percnopterus), a cegonha-negra (Ciconia nigra), o falcão-peregrino (Falco peregrinus), o bufo-real (Bubo bubo) e o chasco-preto (Oenanthe leucura).
A orientação do vale, que corta o Nordeste de Portugal no sentido norte-sul, assim como a sua escassa alteração, permite que este desempenhe um papel importante como refúgio e corredor ecológico para a fauna terrestre. Entre os mamíferos aí presentes, destacam-se o lobo-ibérico (Canis lupus signatus), a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), a lontra (Lutra lutra), o gato-bravo (Felis sylvestris) e o corço (Capreolus capreolus). Na zona do Baixo Sabor, situa-se ainda o principal local de desova e alevinagem de uma importante comunidade de peixes de uma grande área da bacia do Douro.
História
Em tempos bastante remotos, o ser humano já aproveitava as condições particulares deste rio, tal como o testemunham as figuras rupestres encontradas em várias zonas do Baixo Sabor que datam do período Paleolítico. Uma velha aldeia abandonada – Cilhades - apresenta vestígios de ocupação que remontam à Idade do Ferro, e ao longo do vale têm sido encontrados diversas marcas de romanização e vestígios pertencentes à Idade Média. Duas pontes do século XVII constituem notáveis monumentos da região e são ainda utilizadas como importantes pontos de travessia do rio, cujo caudal pode chegar a ser torrencial durante alguns períodos invernais.
Agricultura
Nalgumas zonas localizadas junto ao rio Sabor, encontram-se actualmente extensos cultivos de oliveiras e amendoeiras. O azeite produzido aqui é de elevada qualidade e representa uma importante fonte económica para as populações locais. Como exemplo, o vale do Felgar – uma das zonas mais férteis de toda a província de Trás-os-Montes – produz anualmente cerca de 60 000 litros de azeite de qualidade.
Projecto para a construção da Barragem do Baixo Sabor
Em 1996, após a tentativa de construção de uma grande barragem no vizinho rio Côa, abandonada devido ao descobrimento de importantes núcleos de arte rupestre, ressurge um antigo projecto de características similares para o rio Sabor. Esta gigantesca obra, que se situaria na parte terminal do rio Sabor (Baixo Sabor), iria afectar aproximadamente 50% da extensão total do rio, inundando uma área máxima prevista de 3660 ha (ver mapa). O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da barragem do Baixo Sabor é concluído e divulgado em 1999 e, apesar de classificar a área como apresentando “características peculiares e mesmo únicas no contexto nacional”, acaba, curiosamente, por concentrar as suas conclusões nas potenciais vantagens associadas ao empreendimento. Durante o período de discussão pública do EIA, as principais associações ambientalistas portuguesas (Quercus, LPN, Geota, Fapas e SPEA) elaboraram documentos técnicos onde identificaram numerosas omissões a nível dos dados de referência e conclusões altamente tendenciosas. A comunidade científica portuguesa ligada ao estudo da fauna e flora mobilizou-se de forma inédita no nosso país e elaborou um manifesto público, assinado por mais de 260 investigadores, onde afirma peremptoriamente a importância de manter este rio isento de qualquer barragem.
A área afectada pela albufeira projectada está classificada como ZPE, e faz parte da lista de sítios propostos para integrar a Rede Natura 2000. Assim, qualquer obra de grandes dimensões dentro dos seus limites só poderia ser aprovada caso fosse demonstrado o seu interesse público e caso não existissem outras alternativas. Foi então que, a meados de 2000, a Comissão de Avaliação do EIA da Barragem do Baixo Sabor, suspendeu o empreendimento, por considerar que a sua construção implicaria grandes impactos sobre o ambiente e por não existir qualquer estudo sobre possíveis alternativas a este projecto. O Ministério do Ambiente anunciou que seria necessário estudar uma localização alternativa, recaindo esta, uma vez mais, sobre o vale do rio Côa, desta vez no Alto Côa. No entanto, restringir a decisão final à avaliação das duas alternativas em análise, não foi, de forma alguma, a melhor estratégia em termos ambientais – o vale do Alto Côa encontra-se também classificado como ZPE, e por isso proposto para integrar a Rede Natura 2000.
Durante o seguinte período de espera, entre a finalização do EIA dos dois empreendimentos em análise e a divulgação dos seus resultados, foi constituída a Plataforma Sabor Livre, um movimento inter-associativo constituído pelas principais ONGAs portuguesas (Quercus, LPN, Fapas, Olho Vivo, SPEA e Geota) em defesa do rio Sabor sem barragens.
No final do ano passado, foram finalmente divulgados os resultados do EIA da Avaliação Comparada dos Aproveitamentos Hidroeléctricos do Baixo Sabor e do Alto Côa. A Plataforma Sabor Livre, com a colaboração de diversos investigadores, elaborou um documento técnico alertando para a existência de erros frequentes e grosseiros ao longo de todo o EIA que desacreditam as suas conclusões.
Ausência de um plano energético
Actualmente, o consumo de energia em Portugal cresce em média 6% por ano, enquanto que o crescimento da economia, medido através do aumento do produto interno bruto, ronda apenas os 3%. Esta diferença, uma das mais acentuadas de toda a União Europeia, demonstra a ausência de uma estratégia de combate ao desperdício energético. Para piorar ainda mais este cenário, mais de 70% da energia consumida em Portugal tem origem em combustíveis fósseis comprados a outros países, constituindo a maior importação do país e implicando a emissão de mais de 50 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Até 2010, Portugal terá de cumprir as metas comunitárias de aumentar até 39% a utilização de energias renováveis e diminuir a emissão de CO2 equivalente em 27% desde 1990. A construção de grandes barragens – como o recente caso do Alqueva – continua a ser apontada como a principal solução para atingir esses objectivos. No entanto, face ao aumento de consumo de energia previsto para os próximos anos, as poucas barragens que pudessem ainda vir a ser construídas nos já colmatados rios portugueses, não seriam, de forma alguma, suficientes para os atingir. Cabe-nos lembrar que a produção energética associada à barragem do Baixo Sabor, representaria uma parcela do consumo previsto de electricidade em Portugal inferior a 0.6%, o qual é reconhecido pelo próprio EIA como “pouco significativo a nível nacional”. Da mesma forma, a redução da emissão de CO2 associada a esta barragem (100 000 toneladas) representaria apenas 0.17% do total de emissões em Portugal. A tudo isto, deve-se ainda acrescer o facto da barragem do Baixo Sabor nunca vir a estar em pleno funcionamento antes de 2010, pelo que não contribuirá para o atingir dos patamares propostos.
Pelo contrário, existe um conjunto de medidas custo-eficazes (cujo investimento financeiro inicial é totalmente amortizado no final de alguns anos de funcionamento), a nível da indústria, transportes e habitações, que pode ultrapassar a poupança de cerca de 12 000 GWh/ano de electricidade, ou seja, quase 1/3 do total de consumos do país. Este valor é substancialmente superior ao correspondente à produção de electricidade associada à barragem do Baixo Sabor – 250 GWh/ano. Um outro exemplo é o apresentado pelo projecto comunitário SAVE e identificado pela própria EDP/REN, onde é assumido que através da utilização de apenas 12% de um total de medidas propostas de economia de electricidade (introdução de lâmpadas de alto rendimento, introdução de sensores de presença em edifícios públicos e de motores mais eficientes a nível de indústria), se pode poupar mais energia por ano, do que aquela que seria produzida pela barragem do Baixo Sabor.
Em Portugal, continua a imperar a denominada gestão da oferta energética e não a gestão da procura, que hoje em dia é considerada como aquela que melhor se enquadra numa lógica de desenvolvimento sustentável. Portugal, não tem uma política de incentivo à poupança de energia, nem de implementação de energias renováveis, exceptuando a de construção de grandes empreendimentos hidroeléctricos, precisamente a que promove maiores impactos ambientais e que já se encontra em desuso nos países mais desenvolvidos (E.U.A. e França, que actualmente desenvolvem planos de desmantelamento de algumas barragens).
Desta forma, seria prioritário e fundamental, elaborar um plano energético nacional que contemplasse uma estratégia a médio prazo de gestão da produção e consumo de energia em Portugal, de modo a que o país consiga dar uma resposta eficaz aos seus problemas energéticos e se evite a arbitrariedade a nível da planificação de obras de carácter meramente pontual.
Desinformação das populações locais
A atitude das autoridades locais sobre o tema da barragem do Baixo Sabor tem vindo a ser conduzido de forma lamentável, apostando claramente na desinformação das populações da região. Em sessões públicas de “esclarecimento” e em artigos publicados na imprensa, defendem o progresso associado à barragem, quando na região se encontra o maior número de barragens do país, sem nenhuma evidência de desenvolvimento das populações locais, que continuam num estado de contínua desertificação. Defendem um turismo associado à barragem, quando as grandes alterações do nível das águas da albufeira e a esperada má qualidade da água armazenada (recorde-se que se trata de uma zona termomediterrânica) limitará fortemente a sua utilização para fins balneares, bem como as limitações inerentes ao seu estatuto de ZPE impedirão a práticas de desportos náuticos motorizados. Propõem a criação de um Parque Natural no vale do Sabor tendo como base a construção da barragem, que prejudicaria a maior parte dos seus valores naturais. Discutem as vantagens de presença de uma reserva de água como resposta às condições de seca e para permitir o regadio na região, quando a utilização prevista para a água desta albufeira (situada num vale extremamente profundo e isolado para viabilizar a construção de um sistema de transporte de água) se limitará à produção de energia. Dizem ainda que o Baixo Sabor nunca foi considerado importante pela comunidade científica, que o estudo de impacte ambiental nunca chegou a ser contestado, que o impacto da barragem é mínimo e muitas outras mentiras que em nada contribuem para um debate sério sobre este problema.
Impactos da barragem
Actualmente, os graves impactos das grandes barragens são bem conhecidos: submersão de habitats importantes e campos de cultivo, isolamento de populações (p.ex. impedindo a reprodução de peixes migradores), retenção de sedimentos e nutrientes, deterioração da qualidade da água, deslocação de populações humanas (entre 30 e 60 milhões em todo o mundo), etc. Recentemente, um estudo realizado numa barragem do Brasil (barragem de Balbina) concluiu que a decomposição da matéria orgânica em profundidade produzia 25 vezes mais gases produtores de efeito de estufa que numa central térmica! E além de tudo isto, as barragens têm um tempo de vida útil muito reduzido, normalmente entre 50 e 70 anos, tornando-se a sua posterior manutenção muito cara e o desmantelamento extremamente complicado e com custos associados elevadíssimos.
A construção da barragem do Baixo Sabor, afectaria 20 habitats naturais de interesse comunitário, dos quais 4 são de conservação prioritária. A albufeira submergiria uma das zonas mais importantes de vegetação de leitos de cheias de Portugal, várias plantas endémicas e uma extensa área dos melhores azinhais e sobreirais do Nordeste do país.
A barragem iria também afectar negativamente várias espécies de aves rupícolas protegidas. As aves de rapina que nidificam no Baixo Sabor passariam a ter muitos dos seus locais de nidificação submersos, os seus territórios irremediavelmente afectados e uma parte importante das suas áreas de caça inundadas. A albufeira criada limitaria o contacto e fluxo genético entre populações de vertebrados terrestres das duas margens, o que a longo prazo constituiria uma factor adicional de ameaça para as espécies com reduzidos efectivos populacionais. Como exemplo, e segundo o estudo de impacte ambiental, existem na zona dois grupos de lobos, um de cada lado do rio, cujo contacto seria muito limitado pela existência da albufeira.
A albufeira submergiria ainda extensas áreas de terras agrícolas, e particularmente um dos vales mais férteis de toda a província de Trás-os-Montes – o vale do Felgar -, o que segundo o EIA afectaria o rendimento de mais de 1/3 das famílias da zona. A nível do património cultural, seriam destruídos cerca de 200 pontos de interesse etnográfico, histórico e arqueológico.
Futuro alternativo para o vale do rio Sabor
A importância natural do vale do rio Sabor justifica amplamente a sua classificação como área protegida de interesse nacional, embora a conjuntura política e económica actual não será a mais favorável para esta solução.
Sem dúvida alguma que a crescente promoção do património natural, paisagístico e cultural, juntamente com a valorização de alguns produtos agrícolas de qualidade, podem permitir que o vale do rio Sabor encare o futuro sob uma perspectiva realista de desenvolvimento sustentável. A sua proximidade ao Parque Natural do Douro Internacional/Parque Natural de Arribes del Duero (Espanha), ao Parque Natural de Montesinho e ao Parque Arqueológico do Vale do Côa, poderia ser aproveitada para um desenvolvimento articulado de toda a região baseada na importância dos seus valores naturais e culturais. As paisagens únicas do vale, a sua rica fauna e flora e as excelentes condições do rio para a prática de desportos de águas bravas, constituem recursos valiosos para um turismo de contacto com a natureza, em grande expansão em toda a Europa. Os próximos Quadros Comunitários de Apoio poderão ser utilizados como ajudas à implementação de medidas agro-ambientais e ao turismo no espaço rural, especialmente nas zonas de comprovado interesse ambiental. Estas medidas, ao contrário da destruição dos principais campos de cultivo e valores naturais e culturais da região, contribuirão para a fixação das populações no meio rural.
O que se encontra em causa no vale do rio Sabor é a preservação da história e património natural de Portugal. O vale do Sabor guarda vestígios únicos da memória da evolução da vida nesta região e desempenha um importante papel para a manutenção da biodiversidade. Agora, somos nós que temos a tarefa de aprender com a escola da natureza existente neste vale e unir esforços no sentido de conseguir conservá-lo sem barragens, valorizá-lo, divulgá-lo e utilizá-lo numa óptica de desenvolvimento integrado e sustentável.
Epílogo
A opção construção da barragem do Baixo Sabor acabou por vencer.
Iniciou-se uma nova fase do combate contra a barragem do Sabor.
Bárbara Fráguas, José Teixeira e Carlos Aguiar
Plataforma Sabor Livre
A diversidade de habitats naturais, assim como de espécies de fauna e flora presentes no vale do Sabor, é notável. Apenas no Baixo Sabor, são encontrados 20 tipos de habitats naturais incluídos na Directiva Comunitária Habitats, dos quais 4 são considerados de conservação prioritária.
Flora
Uma das particularidades deste rio é a vegetação existente no seu leito de cheias que, devido à fisiografia do vale, ocupa o patamar bioclimático termomediterrânico. O planalto transmontano, situado a mais de 600 m de altitude e formando parte da Submeseta Norte, nas áreas em que se vê cortado pelos rios Douro, Sabor e seus afluentes, pode descer abaixo dos 300 m. Este facto fez com que estes vales servissem de refúgio para numerosas espécies vegetais e animais durante os sucessivos períodos glaciares. Em todo o vale do rio Douro, assim como nos restantes rios de Portugal, esta vegetação particular, característica dos leitos de cheia, tem vindo a ser erradicada devido à construção de numerosas obras hidroeléctricas. Pelo contrário, no vale do Sabor, as espécies que formam essa comunidade vegetal permaneceram até aos nossos dias, constituindo verdadeiras relíquias vivas, endémicas destes vales ou sob a forma de disjunções biogeográficas. Também aqui subsistem os mais extensos e bem conservados azinhais e sobreirais do Nordeste de Portugal, restos do bosque mediterrânico que outrora dominou toda a região. Ao longo do vale pode-se encontrar um elevado número de endemismos associados à presença de substratos calcários e ultrabásicos. A importância florística do vale do Sabor levou à inclusão de grande parte da sua área na lista de sítios propostos para integrar a Rede Natura 2000 (PTCON0021).
Todas estas evidências demonstram o elevado interesse da bacia do Sabor para a conservação da biodiversidade e, especificamente, da diversidade genética. Neste sentido, acrescenta-se ainda a presença de importantes núcleos de videira e oliveira brava, exemplos de um potencial genético muito valioso para a melhoria de variedades utilizadas na agricultura e no combate a pragas agrícolas. Destaque-se, a título exemplificativo, que a videira brava sobreviveu no vale do Sabor aos ataques de filoxera que afectou a maioria das vinhas europeias nos finais do séculos XIX e princípios do século XX.
Fauna
A importância faunística do vale do Sabor levou à classificação de grande parte da sua área numa ZPE (Zona de Protecção Especial – PTZPE0037), e numa IBA (Important Bird Area – PT004) segundo os critérios da BirLife International. A diversidade e riqueza de habitats, associado aos reduzidos níveis de perturbação, permitem a presença de uma diversificada comunidade de animais que inclui numerosas espécies protegidas por convenções internacionais. Os ecossistemas rupícolas presentes ao longo de todo o rio, albergam importantes populações nidificantes de aves com estatuto de conservação, como a águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus), a águia-real (Aquila chrysaetos), o abutre do Egipto (Neophron percnopterus), a cegonha-negra (Ciconia nigra), o falcão-peregrino (Falco peregrinus), o bufo-real (Bubo bubo) e o chasco-preto (Oenanthe leucura).
A orientação do vale, que corta o Nordeste de Portugal no sentido norte-sul, assim como a sua escassa alteração, permite que este desempenhe um papel importante como refúgio e corredor ecológico para a fauna terrestre. Entre os mamíferos aí presentes, destacam-se o lobo-ibérico (Canis lupus signatus), a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), a lontra (Lutra lutra), o gato-bravo (Felis sylvestris) e o corço (Capreolus capreolus). Na zona do Baixo Sabor, situa-se ainda o principal local de desova e alevinagem de uma importante comunidade de peixes de uma grande área da bacia do Douro.
História
Em tempos bastante remotos, o ser humano já aproveitava as condições particulares deste rio, tal como o testemunham as figuras rupestres encontradas em várias zonas do Baixo Sabor que datam do período Paleolítico. Uma velha aldeia abandonada – Cilhades - apresenta vestígios de ocupação que remontam à Idade do Ferro, e ao longo do vale têm sido encontrados diversas marcas de romanização e vestígios pertencentes à Idade Média. Duas pontes do século XVII constituem notáveis monumentos da região e são ainda utilizadas como importantes pontos de travessia do rio, cujo caudal pode chegar a ser torrencial durante alguns períodos invernais.
Agricultura
Nalgumas zonas localizadas junto ao rio Sabor, encontram-se actualmente extensos cultivos de oliveiras e amendoeiras. O azeite produzido aqui é de elevada qualidade e representa uma importante fonte económica para as populações locais. Como exemplo, o vale do Felgar – uma das zonas mais férteis de toda a província de Trás-os-Montes – produz anualmente cerca de 60 000 litros de azeite de qualidade.
Projecto para a construção da Barragem do Baixo Sabor
Em 1996, após a tentativa de construção de uma grande barragem no vizinho rio Côa, abandonada devido ao descobrimento de importantes núcleos de arte rupestre, ressurge um antigo projecto de características similares para o rio Sabor. Esta gigantesca obra, que se situaria na parte terminal do rio Sabor (Baixo Sabor), iria afectar aproximadamente 50% da extensão total do rio, inundando uma área máxima prevista de 3660 ha (ver mapa). O Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da barragem do Baixo Sabor é concluído e divulgado em 1999 e, apesar de classificar a área como apresentando “características peculiares e mesmo únicas no contexto nacional”, acaba, curiosamente, por concentrar as suas conclusões nas potenciais vantagens associadas ao empreendimento. Durante o período de discussão pública do EIA, as principais associações ambientalistas portuguesas (Quercus, LPN, Geota, Fapas e SPEA) elaboraram documentos técnicos onde identificaram numerosas omissões a nível dos dados de referência e conclusões altamente tendenciosas. A comunidade científica portuguesa ligada ao estudo da fauna e flora mobilizou-se de forma inédita no nosso país e elaborou um manifesto público, assinado por mais de 260 investigadores, onde afirma peremptoriamente a importância de manter este rio isento de qualquer barragem.
A área afectada pela albufeira projectada está classificada como ZPE, e faz parte da lista de sítios propostos para integrar a Rede Natura 2000. Assim, qualquer obra de grandes dimensões dentro dos seus limites só poderia ser aprovada caso fosse demonstrado o seu interesse público e caso não existissem outras alternativas. Foi então que, a meados de 2000, a Comissão de Avaliação do EIA da Barragem do Baixo Sabor, suspendeu o empreendimento, por considerar que a sua construção implicaria grandes impactos sobre o ambiente e por não existir qualquer estudo sobre possíveis alternativas a este projecto. O Ministério do Ambiente anunciou que seria necessário estudar uma localização alternativa, recaindo esta, uma vez mais, sobre o vale do rio Côa, desta vez no Alto Côa. No entanto, restringir a decisão final à avaliação das duas alternativas em análise, não foi, de forma alguma, a melhor estratégia em termos ambientais – o vale do Alto Côa encontra-se também classificado como ZPE, e por isso proposto para integrar a Rede Natura 2000.
Durante o seguinte período de espera, entre a finalização do EIA dos dois empreendimentos em análise e a divulgação dos seus resultados, foi constituída a Plataforma Sabor Livre, um movimento inter-associativo constituído pelas principais ONGAs portuguesas (Quercus, LPN, Fapas, Olho Vivo, SPEA e Geota) em defesa do rio Sabor sem barragens.
No final do ano passado, foram finalmente divulgados os resultados do EIA da Avaliação Comparada dos Aproveitamentos Hidroeléctricos do Baixo Sabor e do Alto Côa. A Plataforma Sabor Livre, com a colaboração de diversos investigadores, elaborou um documento técnico alertando para a existência de erros frequentes e grosseiros ao longo de todo o EIA que desacreditam as suas conclusões.
Ausência de um plano energético
Actualmente, o consumo de energia em Portugal cresce em média 6% por ano, enquanto que o crescimento da economia, medido através do aumento do produto interno bruto, ronda apenas os 3%. Esta diferença, uma das mais acentuadas de toda a União Europeia, demonstra a ausência de uma estratégia de combate ao desperdício energético. Para piorar ainda mais este cenário, mais de 70% da energia consumida em Portugal tem origem em combustíveis fósseis comprados a outros países, constituindo a maior importação do país e implicando a emissão de mais de 50 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Até 2010, Portugal terá de cumprir as metas comunitárias de aumentar até 39% a utilização de energias renováveis e diminuir a emissão de CO2 equivalente em 27% desde 1990. A construção de grandes barragens – como o recente caso do Alqueva – continua a ser apontada como a principal solução para atingir esses objectivos. No entanto, face ao aumento de consumo de energia previsto para os próximos anos, as poucas barragens que pudessem ainda vir a ser construídas nos já colmatados rios portugueses, não seriam, de forma alguma, suficientes para os atingir. Cabe-nos lembrar que a produção energética associada à barragem do Baixo Sabor, representaria uma parcela do consumo previsto de electricidade em Portugal inferior a 0.6%, o qual é reconhecido pelo próprio EIA como “pouco significativo a nível nacional”. Da mesma forma, a redução da emissão de CO2 associada a esta barragem (100 000 toneladas) representaria apenas 0.17% do total de emissões em Portugal. A tudo isto, deve-se ainda acrescer o facto da barragem do Baixo Sabor nunca vir a estar em pleno funcionamento antes de 2010, pelo que não contribuirá para o atingir dos patamares propostos.
Pelo contrário, existe um conjunto de medidas custo-eficazes (cujo investimento financeiro inicial é totalmente amortizado no final de alguns anos de funcionamento), a nível da indústria, transportes e habitações, que pode ultrapassar a poupança de cerca de 12 000 GWh/ano de electricidade, ou seja, quase 1/3 do total de consumos do país. Este valor é substancialmente superior ao correspondente à produção de electricidade associada à barragem do Baixo Sabor – 250 GWh/ano. Um outro exemplo é o apresentado pelo projecto comunitário SAVE e identificado pela própria EDP/REN, onde é assumido que através da utilização de apenas 12% de um total de medidas propostas de economia de electricidade (introdução de lâmpadas de alto rendimento, introdução de sensores de presença em edifícios públicos e de motores mais eficientes a nível de indústria), se pode poupar mais energia por ano, do que aquela que seria produzida pela barragem do Baixo Sabor.
Em Portugal, continua a imperar a denominada gestão da oferta energética e não a gestão da procura, que hoje em dia é considerada como aquela que melhor se enquadra numa lógica de desenvolvimento sustentável. Portugal, não tem uma política de incentivo à poupança de energia, nem de implementação de energias renováveis, exceptuando a de construção de grandes empreendimentos hidroeléctricos, precisamente a que promove maiores impactos ambientais e que já se encontra em desuso nos países mais desenvolvidos (E.U.A. e França, que actualmente desenvolvem planos de desmantelamento de algumas barragens).
Desta forma, seria prioritário e fundamental, elaborar um plano energético nacional que contemplasse uma estratégia a médio prazo de gestão da produção e consumo de energia em Portugal, de modo a que o país consiga dar uma resposta eficaz aos seus problemas energéticos e se evite a arbitrariedade a nível da planificação de obras de carácter meramente pontual.
Desinformação das populações locais
A atitude das autoridades locais sobre o tema da barragem do Baixo Sabor tem vindo a ser conduzido de forma lamentável, apostando claramente na desinformação das populações da região. Em sessões públicas de “esclarecimento” e em artigos publicados na imprensa, defendem o progresso associado à barragem, quando na região se encontra o maior número de barragens do país, sem nenhuma evidência de desenvolvimento das populações locais, que continuam num estado de contínua desertificação. Defendem um turismo associado à barragem, quando as grandes alterações do nível das águas da albufeira e a esperada má qualidade da água armazenada (recorde-se que se trata de uma zona termomediterrânica) limitará fortemente a sua utilização para fins balneares, bem como as limitações inerentes ao seu estatuto de ZPE impedirão a práticas de desportos náuticos motorizados. Propõem a criação de um Parque Natural no vale do Sabor tendo como base a construção da barragem, que prejudicaria a maior parte dos seus valores naturais. Discutem as vantagens de presença de uma reserva de água como resposta às condições de seca e para permitir o regadio na região, quando a utilização prevista para a água desta albufeira (situada num vale extremamente profundo e isolado para viabilizar a construção de um sistema de transporte de água) se limitará à produção de energia. Dizem ainda que o Baixo Sabor nunca foi considerado importante pela comunidade científica, que o estudo de impacte ambiental nunca chegou a ser contestado, que o impacto da barragem é mínimo e muitas outras mentiras que em nada contribuem para um debate sério sobre este problema.
Impactos da barragem
Actualmente, os graves impactos das grandes barragens são bem conhecidos: submersão de habitats importantes e campos de cultivo, isolamento de populações (p.ex. impedindo a reprodução de peixes migradores), retenção de sedimentos e nutrientes, deterioração da qualidade da água, deslocação de populações humanas (entre 30 e 60 milhões em todo o mundo), etc. Recentemente, um estudo realizado numa barragem do Brasil (barragem de Balbina) concluiu que a decomposição da matéria orgânica em profundidade produzia 25 vezes mais gases produtores de efeito de estufa que numa central térmica! E além de tudo isto, as barragens têm um tempo de vida útil muito reduzido, normalmente entre 50 e 70 anos, tornando-se a sua posterior manutenção muito cara e o desmantelamento extremamente complicado e com custos associados elevadíssimos.
A construção da barragem do Baixo Sabor, afectaria 20 habitats naturais de interesse comunitário, dos quais 4 são de conservação prioritária. A albufeira submergiria uma das zonas mais importantes de vegetação de leitos de cheias de Portugal, várias plantas endémicas e uma extensa área dos melhores azinhais e sobreirais do Nordeste do país.
A barragem iria também afectar negativamente várias espécies de aves rupícolas protegidas. As aves de rapina que nidificam no Baixo Sabor passariam a ter muitos dos seus locais de nidificação submersos, os seus territórios irremediavelmente afectados e uma parte importante das suas áreas de caça inundadas. A albufeira criada limitaria o contacto e fluxo genético entre populações de vertebrados terrestres das duas margens, o que a longo prazo constituiria uma factor adicional de ameaça para as espécies com reduzidos efectivos populacionais. Como exemplo, e segundo o estudo de impacte ambiental, existem na zona dois grupos de lobos, um de cada lado do rio, cujo contacto seria muito limitado pela existência da albufeira.
A albufeira submergiria ainda extensas áreas de terras agrícolas, e particularmente um dos vales mais férteis de toda a província de Trás-os-Montes – o vale do Felgar -, o que segundo o EIA afectaria o rendimento de mais de 1/3 das famílias da zona. A nível do património cultural, seriam destruídos cerca de 200 pontos de interesse etnográfico, histórico e arqueológico.
Futuro alternativo para o vale do rio Sabor
A importância natural do vale do rio Sabor justifica amplamente a sua classificação como área protegida de interesse nacional, embora a conjuntura política e económica actual não será a mais favorável para esta solução.
Sem dúvida alguma que a crescente promoção do património natural, paisagístico e cultural, juntamente com a valorização de alguns produtos agrícolas de qualidade, podem permitir que o vale do rio Sabor encare o futuro sob uma perspectiva realista de desenvolvimento sustentável. A sua proximidade ao Parque Natural do Douro Internacional/Parque Natural de Arribes del Duero (Espanha), ao Parque Natural de Montesinho e ao Parque Arqueológico do Vale do Côa, poderia ser aproveitada para um desenvolvimento articulado de toda a região baseada na importância dos seus valores naturais e culturais. As paisagens únicas do vale, a sua rica fauna e flora e as excelentes condições do rio para a prática de desportos de águas bravas, constituem recursos valiosos para um turismo de contacto com a natureza, em grande expansão em toda a Europa. Os próximos Quadros Comunitários de Apoio poderão ser utilizados como ajudas à implementação de medidas agro-ambientais e ao turismo no espaço rural, especialmente nas zonas de comprovado interesse ambiental. Estas medidas, ao contrário da destruição dos principais campos de cultivo e valores naturais e culturais da região, contribuirão para a fixação das populações no meio rural.
O que se encontra em causa no vale do rio Sabor é a preservação da história e património natural de Portugal. O vale do Sabor guarda vestígios únicos da memória da evolução da vida nesta região e desempenha um importante papel para a manutenção da biodiversidade. Agora, somos nós que temos a tarefa de aprender com a escola da natureza existente neste vale e unir esforços no sentido de conseguir conservá-lo sem barragens, valorizá-lo, divulgá-lo e utilizá-lo numa óptica de desenvolvimento integrado e sustentável.
Epílogo
A opção construção da barragem do Baixo Sabor acabou por vencer.
Iniciou-se uma nova fase do combate contra a barragem do Sabor.
Bárbara Fráguas, José Teixeira e Carlos Aguiar
Plataforma Sabor Livre
Novos desafios para a gestão do espaço
Vai realizar-se no próximo mês de Dezembro, em Valencia - Espanha, o Forum Mundial sobre a Reforma Agrária 2004, dedicado ao tema "Novos desafios para a gestão do espaço e o acesso aos recursos naturais no século XXI". O Forum inscreve-se na dinâmica gerada pelo Forum de Porto Alegre e pela Carta de Princípios do Forum Social Mundial.
Hoje, no contexto da globalização, os grandes desafios do planeta exigem novas politicas de acesso e gestão da terra, e é urgente retomar a reflexão sobre as Reformas Agrárias. O Forum é um local para essa reflexão e diálogo.
Hoje, no contexto da globalização, os grandes desafios do planeta exigem novas politicas de acesso e gestão da terra, e é urgente retomar a reflexão sobre as Reformas Agrárias. O Forum é um local para essa reflexão e diálogo.
Ilhas desertas
Porque é que os sábios loucos que querem conquistar o Mundo escolhem sempre uma ilha remota, de preferência deserta, no meio do pacífico, para arquitectar os seus planos maquiavélicos?
Talvez as paisagens de sonho levem os sábios à loucura; pode ser que a brisa marítima seja benfazeja para arquitectar planos maléficos; talvez seja mais fácil ter grandes laboratórios apetrechados com a mais moderna tecnologia nas Ilhas desertas, especialmente se forem paraísos fiscais com grandes aeroportos (convenientemente dissimulados, se o sábio for realmente esperto).
Talvez as paisagens de sonho levem os sábios à loucura; pode ser que a brisa marítima seja benfazeja para arquitectar planos maléficos; talvez seja mais fácil ter grandes laboratórios apetrechados com a mais moderna tecnologia nas Ilhas desertas, especialmente se forem paraísos fiscais com grandes aeroportos (convenientemente dissimulados, se o sábio for realmente esperto).
O Exemplo da Responsabilidade
A fundação espanhola “Ecologia e Desenvolvimento” pôs em marcha uma iniciativa de autocrítica e responsabilidade ambiental contra as alterações climáticas: mediu as suas próprias emissões de CO2 em 2003 e propôs estratégias de redução das mesmas. Com esta acção pretende-se dar o exemplo e realçar o facto de que certas medidas podem ser tomadas por todos os cidadãos.
Latitude zero
Latitude zero
Bambu na Corda Bamba
Mais de metade das 1200 espécies de bambu existentes no planeta estão em perigo de extinção, revela um estudo das Nações Unidas. É necessário actuar já, de modo a proteger as espécies que dependem do bambu para sobreviver, tais como a dos gorilas e a dos pandas gigantes (estes últimos necessitam de cerca de 38 quilos diários de bambu). Além dos animais, milhões de pessoas utilizam esta planta na alimentação. O bambu também é usado como mobiliário e material de construção.
Latitude zero
Latitude zero
Activismo Empresarial
Há alguns anos, a organização ecologista Greenpeace comprou acções da petrolífera Shell em quantidade suficiente para ter assento na assembleia de accionistas. Uma vez aí, expôs formas de a empresa reduzir a utilização de combustíveis fósseis em favor de energias renováveis. Centenas de pequenos accionistas apoiaram estas propostas. A Greenpeace vendeu de seguida as suas acções. Eis o activismo empresarial, uma nova via para pressionar as empresas no sentido da responsabilidade social e ambiental.
Latitude zero
Latitude zero
quinta-feira, junho 17, 2004
Feira de São João, repousa em paz...
Aqui está o Programa completo da Feira de São João 2004.
Estou mesmo mortinho é pelos UHF e Tony Carreira!! Quem enche dois dias seguidos o Pavilhão Atlântico não pode ser má pessoa!
eerrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
António Torres
Quando já pensava que as coisas em Évora não podiam estar piores, no que toca à Cultura, eis que surge da Cartola do José Ernesto este Coelho...
Évora conseguiu em muito pouco tempo destruir uma imagem de forte aposta cultural na diferença e na originalidade (a este propósito, vejam o artigo triste Évora); a banalização deste Programa cultural é de tal ordem que mais parece um programa de uma das Queimas das fitas, mas uma das piorzinhas:
David Fonseca
Luís Represas
Tony Carreira
UHF
Salsa
Flamengo (cá pra mim é mais Sevilhanas, a bem da coerência do programa)
Tunas com fartura
Salva-se o António Chainho e o Carlos do Carmo; quem não gostar de Fado, azar, tem que apanhar com os UHF (e os amigos do Nico), o incontornável Tony Carreira e o monocórdico Luís Represas. A salvar a honra do convento, os macacos das Ruas de Évora (grupo da cidade, que devia parecer mal não convidar).
Para rematar esta fantástica programação, até os grupos estrangeiros têm ar de ser Pimba:
Com tanto grupo bom de salsa e ritmos latinos e vão logo trazer a FARAH das não sei quantas...
Estou mesmo mortinho é pelos UHF e Tony Carreira!! Quem enche dois dias seguidos o Pavilhão Atlântico não pode ser má pessoa!
eerrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
António Torres
Quando já pensava que as coisas em Évora não podiam estar piores, no que toca à Cultura, eis que surge da Cartola do José Ernesto este Coelho...
Évora conseguiu em muito pouco tempo destruir uma imagem de forte aposta cultural na diferença e na originalidade (a este propósito, vejam o artigo triste Évora); a banalização deste Programa cultural é de tal ordem que mais parece um programa de uma das Queimas das fitas, mas uma das piorzinhas:
David Fonseca
Luís Represas
Tony Carreira
UHF
Salsa
Flamengo (cá pra mim é mais Sevilhanas, a bem da coerência do programa)
Tunas com fartura
Salva-se o António Chainho e o Carlos do Carmo; quem não gostar de Fado, azar, tem que apanhar com os UHF (e os amigos do Nico), o incontornável Tony Carreira e o monocórdico Luís Represas. A salvar a honra do convento, os macacos das Ruas de Évora (grupo da cidade, que devia parecer mal não convidar).
Para rematar esta fantástica programação, até os grupos estrangeiros têm ar de ser Pimba:
Com tanto grupo bom de salsa e ritmos latinos e vão logo trazer a FARAH das não sei quantas...
Sabor IV
Os outros invadem o Iraque para o "Libertar"; os de cá querem "Prender" o Sabor (que ainda por cima não fez mal a ninguém nem andava a esconder ADM) para melhor sustentabilizar.
Bem podiam deixar o Sabor em paz, já que não tem necessidade de ser liberto: ele hoje vive em liberdade, sem prisões nem ditadores. E de sustentabilizadores destes está o Inferno cheio...
Arlindo Cunha deve ter acordado ontem bem cedinho e pensado para com os seus botões: "Vou sustentabilizar Portugal, assim, sem mais nem menos"; vai daí, fez como o Baltazar (lembram-se dos desenhos animados? Bal, Bal, Bal-ta-zar, etc.), pensou, pensou, pensou, e finalmente, achou a solução!
"Para sustentabilizar Portugal e Pacificar o efeito de estufa, nada melhor do que fazer uma barragem no Sabor! é isso mesmo: a minha primeira decisão política como Ministro do Ambiente será destruir o riquíssimo Ecossistema do Sabor. Sim perderemos um Rio, mas ganharemos a sustentabilidade da região, de Portugal e talvez da Europa. O protocolo de Quioto já está no papo!"
E Arlindo, confortado com as suas acertadas decisões, foi dar a boa notícia ao mundo. É que ele tinha encontrado a solução...
Bem podiam deixar o Sabor em paz, já que não tem necessidade de ser liberto: ele hoje vive em liberdade, sem prisões nem ditadores. E de sustentabilizadores destes está o Inferno cheio...
Arlindo Cunha deve ter acordado ontem bem cedinho e pensado para com os seus botões: "Vou sustentabilizar Portugal, assim, sem mais nem menos"; vai daí, fez como o Baltazar (lembram-se dos desenhos animados? Bal, Bal, Bal-ta-zar, etc.), pensou, pensou, pensou, e finalmente, achou a solução!
"Para sustentabilizar Portugal e Pacificar o efeito de estufa, nada melhor do que fazer uma barragem no Sabor! é isso mesmo: a minha primeira decisão política como Ministro do Ambiente será destruir o riquíssimo Ecossistema do Sabor. Sim perderemos um Rio, mas ganharemos a sustentabilidade da região, de Portugal e talvez da Europa. O protocolo de Quioto já está no papo!"
E Arlindo, confortado com as suas acertadas decisões, foi dar a boa notícia ao mundo. É que ele tinha encontrado a solução...
Sabor III
O discurso demagógico de Arlindo é muito semelhante ao da Coligação, que defendia que a guerra do Iraque iria pacificar a região. Na nossa diminuta dimensão, Arlindo faz o mesmo: destrói metade de um dos rios mais interessantes da Europa para levar mais sustentabilidade à região. Pelos vistos as acções paradoxais são comuns no seio da coligações, lá como cá.
Toda a gente sabe que temos que fazer a guerra para promover a paz, de destruir ecossistemas únicos para promover a sustentabilidade. Eles já aprenderam a dizer as palavras politicamente correctas, como paz e sustentabilidade; não aprenderam foi a utilizá-las no contexto correcto.
Assine a petição promovida pela plataforma Sabor livre.
Subscrever:
Mensagens (Atom)