Outro argumento [a favor da barragem do Sabor] falacioso é o que utiliza, demagogicamente, a importância da barragem como promotora do desenvolvimento regional. Ora numa região em que abundam as barragens, como é o caso de Trás-os-Montes, vale a pena questionarmos qual o verdadeiro benefício desta primazia. Mas a impudência dos argumentos vai tão longe que, a par da construção da nova barragem, se anunciam como medidas de minimização dos seus impactes e em jeito de estratégia de desenvolvimento regional a criação de novas dinâmicas de conservação da natureza, envolvendo as áreas afectadas pela barragem. Não se pode apoiar a destruição de um sistema ecológico desta qualidade e importância ao mesmo tempo que se anunciam benevolentes intenções conservacionistas. É mais uma desonestidade para com os portugueses.
Com excepção do argumento energético, mesmo este apenas pela inépcia em fazer mais e melhor com o que já está edificado, nenhum dos argumentos justifica a opção pela construção de mais uma barragem. Em relação à opção pelo Baixo Sabor, é inquestionável que todos os argumentos ambientais e legais justificariam uma opção diferente. Aliás, foram estes mesmos argumentos que, por serem válidos, sustentaram a classificação destas áreas no âmbito de directivas comunitárias, subscritas e propostas pelo próprio Ministério do Ambiente. É pois legítimo conjecturar sobre a verdadeira razão para esta decisão: se prevalecem eventuais compromissos do passado ou se é apenas mais um sintoma de soçobro do Governo perante um grupo económico.
Helena Freitas (Plataforma Sabor Livre)
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