quinta-feira, junho 24, 2004

A guerra do Ópio



Em 1995, o antigo director das operações da CIA no Afeganistão, Charles Cogan, admitiu que a CIA tinha efectivamente sacrificado a guerra à droga pela Guerra Fria.

Tal como foi revelado pelos escândalos do Irão-Contras e do Banco de Comércio e de Crédito Internacional (BCCI), as operações clandestinas da CIA de apoio aos mujaidines tinham sido financiadas através do branqueamento do dinheiro da droga.

O semanário Time revelava, em 1991, que, “pelo facto de quererem fornecer aos rebeldes mujaidines do Afeganistão mísseis Stinger e outros equipamentos militares, os Estados Unidos tinham necessidade da total cooperação do Paquistão”. A partir de meados dos anos de 1980, a presença da CIA em Islamabad era uma das mais importantes do mundo. Um oficial do serviço de informações americano havia confiado ao Time que, então, os Estados Unidos fechavam voluntariamente os olhos ao tráfico de heroína no Afeganistão.

De acordo com MacCoy, este tráfico de droga era secretamente controlado pela CIA. À medida que ganhavam terreno no Afeganistão, os mujaidines ordenavam aos camponeses que plantassem ópio, como taxa revolucionária. Nessa época, as autoridades americanas recusaram-se a investigar vários casos de tráfico de droga dos seus aliados afegãos. Em 1995, o antigo director das operações da CIA no Afeganistão, Charles Cogan, admitiu que a CIA tinha efectivamente sacrificado a guerra à droga pela Guerra Fria.

A reciclagem do dinheiro da droga pela CIA era utilizada para financiar as insurreições pós-Guerra Fria na Ásia Central e nos Balcãs, incluindo a Al Qaeda.

Os rendimentos gerados pelo tráfico da droga afegã patrocinado pela CIA são consideráveis. O comércio afegão dos opiáceos constitui, à escala mundial, uma grande parte dos rendimentos anuais dos narcóticos, avaliados pelas Nações Unidas num montante da ordem dos 400 ou 500 mil milhões. Na altura em que estes números da ONU foram tornados públicos (1994), calculava-se que o comércio mundial da droga era da mesma ordem de grandeza que o do petróleo.

Segundo os números de 2003, publicados por The Independent , o tráfico de droga constitui o terceiro comércio mais importante em dinheiro, depois do petróleo e da venda de armas.


Artigo completo no Resistir, por Michel Chossudovsky (traduzido por MJS)

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