quinta-feira, junho 24, 2004

Futebolite aguda, uma doença nacional

Confesso que o excesso de exposição ao nacionalismo barato consegue retirar-me entusiasmo em torcer pela selecção nacional de futebol.
Cheguei mesmo a marcar uma consulta no dentista para uma hora perigosamente próxima do início da partida (Freud explica).


Rui (Adufe)

Para mim a gota de água foi hoje a abertura dos telejornais, com Hinos, prognósticos em forma de comentários histéricos, ainda mais bandeiras, relatos da vida dos petizes que hoje deram em craques, etc. etc. etc.

Faz-me lembrar a guerra do Iraque, onde de repente toda a gente se transformou em comentador especializado em confrontos armados, armas de destruição maciça, guerra biológica, terrorismo internacional e estratégia bélica.
O que mais irrita é ver pessoas que nunca ligaram ao futebol aparecerem a falar de futebol durante horas a fio. Até Durão Barroso disse que o dia em que Portugal venceu a Espanha foi o Dia mais feliz da vida dele (quando ouvi isto até tive pena do homem: fazer de um jogo de futebol o seu dia mais feliz é no mínimo triste). Haja paciência...

É que eu que até gosto de futebol (tenho a certeza que a maioria dos fervorosos neo-adeptos aprendeu os nomes dos jogadores de futebol nos últimos meses); neste momento sinto-me como aqueles condutores de carros comerciais que fazem 100 000 Km por ano, a ver os condutores de fim-de-semana a aparecer de todos os lados, fazendo de uma auto-estrada deserta uma segunda circular em hora de ponta, todos a quererem ir na frente, a apitar, buzinar, numa eufórica e frenética corrida de automóveis...

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