quarta-feira, junho 30, 2004

Diz-se

De repente, com a crise política aberta pela ida de Durão Barroso para Bruxelas, o país descobriu que o velho partido do sistema é já maioritariamente o partido de Santana Lopes. Que a mudança de geração que se está a operar desde a saída de Cavaco Silva ameaça trazer com ela um outro partido. Populista, "berlusconiano" à portuguesa - sem o aparato novo-rico do "cavallieri", nem os seus meios colossais - , ainda temperado pela peso da tradição social-democrata e conservadora do PSD. Mas muito mais próximo do PP de Paulo Portas.

Teresa de Sousa

O PSD PORTUGUÊS FOI UM DOS QUATRO ou cinco partidos europeus (de um número superior a 100!) mais penalizados e que mais votos perdeu nas últimas europeias. (...)Os quatro primeiros-ministros mais derrotados da Europa escolheram para presidir à Comissão um quinto igualmente derrotado! Eis quanto basta para demonstrar o "défice democrático" europeu. Quem perde, ganha! Não há nada que o eleitorado compreenda melhor. Não há nada que afaste tanto os eleitores quanto saberem que as suas escolhas não têm qualquer influência nas decisões e nas nomeações que se seguem.

António Barreto

No respeitante à questão governativa, é evidente que, face às dificuldades que o Executivo enfrentava e ao divórcio que as recentes eleições revelaram entre o Governo e a opinião pública, a substituição do primeiro-ministro originário por outro que não detém nem a mesma legitimidade partidária nem eleitoral não podia deixar de criar dificuldades quanto à sua credibilidade e autoridade política.

Vital Moreira

Acresce que o país está em crise política, económica e social. O próximo Governo precisa de plena legitimidade política. Se Durão Barroso foi escolhido pelo voto de sete milhões de portugueses, deveremos achar bem que o seu sucessor - com todas as dificuldades que vai enfrentar - seja escolhido por 70 dirigentes partidários? E alguém pode garantir-nos que um novo primeiro-ministro, escolhido sem eleições terá legitimidade política e autoridade institucional suficientes para assegurar estabilidade ao país?

Freitas do Amaral

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