terça-feira, agosto 31, 2004

Picnic Vegetariano


Questão encerrada por decreto

Paulo Portas considera encerrada a controvérsia "Women on Waves"; é melhor o Público (que na versão on-line tem esta notícia em destaque) e os restante Media nacionais fecharem o bico, porque se não ainda levam com uma fragata em cima...

O homem caiu na esparrela, e deu imenso eco a uma acção de propaganda que tinha por objectivo levantar ondas: aproveitaram-se da instransigência da direita Portuguesa para pôr toda a Europa a falar nas práticas mediavais Portuguesas que interditam a IVG (interrupção voluntária da Gravidez).

Se eu fosse um dos do Barco, em vez de ficar no mar alto a ver fragatas, atracava na foz do rio Minho, do lado Espanhol. Sempre queria ver o nosso Ministro do Mar a tentar impedir as moças que estão condenadas a abortar clandestinamente a embarcar nos carochos (embarcação tradicional do rio Minho que antes era profusamente utilizado no contrabando) para ter assistência médica gratuita no barco maldito.

Pena foi que Sampaio não tenha feito uma IVG quando teve oportunidade para isso.... estou a falar da interrupção voluntária do governo (ideia respigada da crónica de Alberto Matos).

É caso para reciclar este cartaz:



É verdade, já me esquecia:

CONCENTRAÇÃO DE PROTESTO CONTRA A DECISÃO DO GOVERNO DE IMPEDIR A ENTRADA EM ÁGUAS PORTUGUESAS DO NAVIO DAS WOMEN ON WAVES: 4ª FEIRA, DIA 1, 18H, FRENTE À RESIDÊNCIA OFICIAL DO PRIMEIRO-MINISTRO

O melhor era mesmo fazer uma RAVE ou uma festarola à maneira, com bifanas, cerveja e sandochas de córatos pra uns e pic nic vegetariano para outros; é que ainda estamos no Verão, e a acção política generosa é só lá mais para o Outono (já sei que há o convívio e mais não sei quê; mas conviver sem uma cerveja na mão e uma sandes de coratos na outra torna-se enfadonho). Só não percebo porque é que nestas coisas ninguém me dá ouvidos... e depois é o que se vê: manifs com meia dúzia de activistas e uma dúzia de jornalistas. Eu é mais festas-protesto, almoços-protesto, pic nics-protesto, bailaricos-protesto e outros protestos do género. Para a próxima proponho uma concentração de protesto pelo menos com um DJ e 10 000 wats de som.

Apoios

Sócrates, o candidato, recebeu ontem o apoio explícito do Major Valentim Loureiro, que deseja ardentemente que seja Sócrates o defensor das cores Socialistas.

O que disse o Major:

"o país num quadro de uma possível alternância ao PSD, continuará a ter um líder sério, competente e responsável".

"Não tendo nada a ver com a oposição, mas muito gostaria que ele [José Sócrates] ganhasse as próximas eleições no partido porque acho que é um homem sério, capaz e com uma visão de futuro"

"José Sócrates é um homem com uma visão de futuro e com preocupações sociais e isso é que é o socialismo moderno. O socialismo moderno é ter preocupações sociais concretizáveis e não românticas"

"Sócrates não é um socialista romântico, é um socialista, do meu ponto de vista, concreto"

"os românticos querem que haja sol todos os dias, mas toda a gente sabe que isso não é possível, e por isso é que eu acho que quem deve assumir a liderança do PS deve ser uma pessoa pragmática, mas também amiga e grata"

Está tudo dito... Sócrates é um socialista concreto, de betão. E ainda por cima tem assim umas preocupações sociais; a ver vamos se os desempregados também lhe tiram o sono, como acontece com o actual líder "sério, competente e responsável" que temos à frente do país...

PS - a qualquer momento esperamos o apoio a Sócrates por parte de Alberto João Jardim, Dias Loureiro e Cavaco Silva.

Tragédia Interminável

No Sudão, em resultado dos ataques das milícias “Janjawid”, apoiadas pelo Governo, cerca de um milhão de pessoas na região de Darfur ficou desalojado. A UNICEF tem procurado garantir-lhes o abastecimento de água potável e o Governo diz-se disposto a controlar as milícias. Contudo, cerca de 700 mil pessoas ainda estão sem acesso àquele bem essencial. Após a chacina, surge agora o fantasma das epidemias.

UNICEF - in Boletim da Latitude zero

Batalha naval?



Portas devia estar à rasquinha para brincar às batalhas navais; não é à toa que o designaram ministro do Mar...

Alguns links interessantes:

Site da organização Women on waves (tel: +351 - 91 4477774).

Assine a petição contra a posição assumida pelo governo Português!

segunda-feira, agosto 30, 2004

Pela participação cívica

Por políticas de fomento de participação cívica e cidadã
(Uma contribuição)

Os signatários, não filiados no PS, mas conscientes da importância política de uma definição à esquerda sobre a abordagem dos profundos problemas actuais da sociedade portuguesa, acompanham com interesse o debate a propósito da escolha de nova Direcção para o PS.

Para nós é clara a importância de destacar e tomar posição sobre alguns temas que podem ser tidos (e têm-no sido), como laterais à política de quem se candidata a dirigir o Estado, em que Portugal tem sido destacado pela negativa no seio da União Europeia, e que as vossas moções parecem omitir , em particular os Direitos Humanos, que são um barómetro da qualidade das Democracias ,os novos direitos sexuais, e políticas de família, o combate às exclusões sociais, que é um dever do Estado, e um imperativo comunitário.

Ou outras que são caras a todos no verbo, mas demoram a ter consequências práticas, como as relações justas com os países de Língua Oficial Portuguesa e a defesa da Cultura e Língua Portuguesas no mundo, (e até em Portugal). Neste sentido interpelamo-vos , na esperança de vos estimular a serem reflexivos, mas firmes, nos caminhos por muitos apontados, mas não praticados pelo Estado Português.

Finalmente, queremos chamar a atenção de que está a crescer – e irá continuar a crescer – em Portugal, o movimento social, as apetências de intervenção cívica e cidadã nos mais diversos domínios, mas esse tipo de actividades estão dificultadas a quem deseje fazê-lo descomprometidamente, relativamente às orientações religiosas, ou partidárias que dominam o meio do associativismo. Há, neste domínio, discriminações evidentes, que dificultam o diálogo e a implementação da Cidadania, que seria benéfico ultrapassar, nomeadamente propondo políticas nacionais e autárquicas activas, de apoio e estímulo a iniciativas autónomas de cidadãos, com vista a enfrentar ou ajudar a regular problemas internacionais, nacionais e locais, ou de outro âmbito ou, simplesmente, pela resolução dos obstáculos à legalização das associações, que começam logo na burocracia notarial.

Cidadãos activistas pelas causas do movimento social em que acreditam,

António Pedro Dores
António Pinto Pereira
António Serzedelo

Lisboa, 25 de Agosto, 2004

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NOTA: esta mensagem foi enviada às três candidaturas para SG do PS.

Paradoxo

O caso Clínica dos Arcos – Barco do Aborto, cria um interessante paradoxo que convém analisar.

Por um lado, toda a gente sabe que pode ir a Badajoz para interromper a gravidez (quer dizer, toda a gente que tiver guito para isso; mas essas ainda são mais discretas do que as que vão à clínica dos Arcos, excepto quando vão parar à morgue); a livre concorrência dita que os insistentes anunciosinhos amarelos apareçam todos os dias diante dos nossos olhos (com tanta insistência como os anúncios do Professor Caramba e do Detective Correia); mas é uma coisa aceite, tipo combinação de uma sociedade secreta qualquer: se chamarmos tratamento voluntário, nós fechamos os olhos, vocês fazem o vosso negócio, e ninguém se chateia. Pensando outra vez no livre mercado, a tal Clínica dos Arcos deve ter muita clientela Portuguesa, já que justifica pagarem anúncios diários nos principais jornais Portugueses. Aliás, o negócio em Espanha floresce, aparecendo hoje no Público a Clinica del Bosque, em Madrid, a oferecer o mesmo tipo de tratamento às grávidas Portuguesas.

Por outro lado, o mesmo tipo de coisa feito por um Barco do Aborto, que vem por aí adentro com toda a cobertura mediática, cria um celeuma impressionante em certos governantes, muito ciosos do cumprimento da lei. Porquê?
Pois, a única explicação possível é a natureza populista deste governo e de certos governantes: tudo o que tenha a ver com uma certa projecção mediática de uma ideia que contradiga a posição do governo, tem que ser combatido com unhas, dentes, proibições, marinhas, ministros do mar, e tudo o que estiver à mão. Essa é a fraqueza dos Populismos: vivem pela Media e morrem por ela... e por isso, o Paulinho já deve ter começado a estrebuchar, no seu submarino amarelo, a defender as águas Portuguesas dessas malandras que não tiveram a descrição de não fazer ondas....

Pacto de regime ou o fim de uma época?

“As negociações entre o Governo, a maioria parlamentar e a oposição para a concretização de um pacto de regime na Justiça ainda não arrancaram mas existe já uma sintonia entre PS e PSD sobre muitas das matérias que deverão ser alvo daquele acordo.”

Inês David Bastos e Joana Horta, “PSD e PS sintonizados em relação ao pacto de regime” em Diário de Notícias, 2004-08-26

No início dos anos oitenta, um sindicalista, acabado de chegar de umas férias em La Havana – que adorou e vivamente recomendou –, pedia-me para estar calado.
Olhando para trás, imagino-me no futuro, a contar aos meus filhos adultos como era o regime acabado de cair. Será assim que começarei a história.
Na banca nacionalizada em que trabalhava, já nessa altura à espera da privatização, os dirigentes – todos de esquerda, claro – rivalizavam e aliavam-se entre si para encontrarem a melhor posição para participar, no presente ou no futuro, na distribuição de benesses e alcavalas. Uma das condições óbvias era a de colaborarem com os partidos do poder, os partidos que mais tarde entraram numa lógica de rotativismo clientelar ou corporativo ou caciqueiro. Ao sindicalista, cioso dos seus pregaminhos, restava – imagino eu – resistir à degradação do ambiente, já nos anos oitenta se podia sentir, como um fado. Defender as nacionalizações poderia ser o seu mote, isto é, esconder as incompetências mas também as trafulhices, mesmo dos dirigentes e mesmo dos (ainda candidatos a?) partidários do PS e do PSD.
No tempo da evidente decadência esclerosada do regime fala-se da ausência de política, da corrupção e da impunidade. Não foram os partidos que orientaram a sociedade para a modernização, foram os partidários que negociaram entre si os benefícios que poderiam tirar da necessidade de implantação partidária na sociedade, em concorrência mas principalmente em conjunto. Assim se foram construindo teias cada vez mais densas de ofertas de financiamento ilícito a partir dos postos de influência pública, de que os angariadores eram compensados em bens próprios e impunidade geral.
Nalguns casos verificou-se mesmo existirem regimes de monopólio, partilhado por alianças principalmente entre “partidários” de partidos centrais, sempre no poder, uma vez um outra vez outro. Chamava-se a isto estabilidade.
Inquietos ficaram os mandantes quando o orçamento deixou de aguentar tamanha erosão e tantos areeiros. Foram-se desculpando com a crise económica global, mas de tão fixados no vil metal não quiserem (nem poderam) dar atenção à moral, à justiça, à desigualdade social, nem às aspirações culturais e educativas de um povo resignado por três décadas de crescimento económico e atado de pés e mãos a silêncios comprometidos. Os ancestrais, os obscurantistas e os democráticos. Não compreenderam como é que o segredo de justiça que lhes iria dar as dores de cabeça finais.
No futebol, depois de muitos anos de suspeitas de coisas feias na Federação, lá se reorganizaram e começaram até a pagar alguns impostos, e tudo sossegou. Mas a justiça, apesar da sua independência da política estar garantida por lei – ou será por “sugestão” do Estado? – estava destinada a servir de elo fraco do regime. Vá lá agente compreender os desígnios da História.
Quando deram por ela, os governantes à vez decidiram – finalmente – celebrar um pacto de regime para anular o poder de destruição dos disfuncionamentos judiciários. Simplesmente, certamente por alguma falha na gestão da imagem, decidiram celebrá-lo ao mesmo tempo que num dos partidos signatários se ensaiava uma campanha para escolha do lider, o que revelou a todos os portugueses como as decisões políticas mais importantes se fazem entre os angariadores de recursos para os partidos. Sendo uma garantia de estabilidade, precisamente por ser antecipada relativamente aos morosos processos democráticos, não se compreende como os seus resultados acabaram por ser desastrosos... Terá sido por falta de verbas?

António Pedro Dores

Açúcar Amargo

Cada euro de açúcar exportado custa à União Europeia (UE) 3,3 euros em apoios aos seus produtores. As subvenções ao açúcar criam excedentes anuais de cinco milhões de toneladas - uma concorrência imbatível para os países em desenvolvimento, que ainda enfrentam restrições à exportação para o mercado europeu. Cerca de 40% do 100 biliões de Euros do Orçamento anual da Comunidade é gasto na Política Agrícola Comum (PAC),isto apesar de a população ligada ao sector primário representar apenas 4% da população europeia.

Oxfam in Boletim da Latitude zero

sábado, agosto 28, 2004

Barco do Aborto...

Governo Português vai interditar a entrada do barco do aborto em Portugal; ontem, eram uns quantos deputados do PSD que levantavam a voz; hoje, já são vários ministros.



A bem da eficácia deste tipo de bloqueio, aconselho os ditos deputados a fazerem uma espera na Clínica dos Arcos, em Badajoz, que não vêm de barco mas entram todos os dias por Portugal a dentro, através de discretos anúncios amarelos no Público, no Correio da Manhã, e outros jornais, com o intuito de capturar inocentes jovens que querem interronper a gravidez.

Os anúncios de cor amarela saltam à vista de quem folheia as páginas dos classificados de alguns dos principais jornais portugueses. «Tratamento Voluntário da Gravidez» e «Interrupção Voluntária da Gravidez». A publicidade constitui ilegalidade aos olhos de todos mas é permitida pelas autoridades.
Esta é, aliás, uma prática comum, de acordo com o Intituto do Consumidor (IC). «Estes anúncios existem há mais de dez anos», explicou fonte do IC ao PortugalDiário
.

Este pequeno épisódio é a máxima da avestruz elevada a uma potência astronómica (quer dizer, a avestruz é nesta história toda a que menos finge que nada está a acontecer; parece que o mito de enfiar a cabeça na areia é uma pura invenção). Fica aqui o apelo: senhores ministros, vão para Badajoz impedir que as Portuguesas entrem nessas clínicas; façam vigílias, caça às bruxas, e outras coisas assim, que a malta já se esqueceu de como é que era....

sexta-feira, agosto 27, 2004

MANIFesta 2005

A MANIFesta 2005 vai realizar-se na vila de Trancoso de 25 a 29 de Maio de 2005

“Pelas 15 horas do dia 9 de Julho, nas instalações da Casa do Povo de S. Torcato, localidade próxima de Guimarães, reuniu o Conselho MANIFesta para apreciar e deliberar sobre as candidaturas à realização da MANIFesta de 2005. Em apreciação estiveram três propostas: a da ADIBER – Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra, sediada em Góis; a do consórcio constituído pelo Município de Idanha-a-Nova, o Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento e o Centro Cultural Raiano daquele município e a associação transfronteiriça La Raya/A Raia; e a vencedora, proposta pela Associação de Desenvolvimento Raia Histórica.
Na decisão da assembleia pesou, relativamente à candidatura da ADIBER, o facto de não se estar perante uma candidatura, mas sim de uma pré-candidatura que remetia para 60 dias após a atribuição da responsabilidade pela realização da MANIFesta, a formalização do consórcio organizador.
Quanto à do Município de Idanha-a-Nova, proposta de grande solidez e muito bem elaborada, pesou contra si o facto de ter sido entregue após o fecho do prazo limite para a entrega de candidaturas e não ser patrocinada por nenhuma associada da ANIMAR.
A candidatura da responsabilidade da Raia Histórica acabou por ser a inevitável vencedora. Não só cumpriu os prazos e os requisitos constantes no Caderno de Encargos, como apresentou a solidez e as garantias necessárias ao êxito da VI Assembleia, Feira e Festa do Desenvolvimento Local. Pelo que a decisão da Assembleia Manifesta foi unânime, tendo havido um período de consulta aos processos das candidaturas. Assim, a próxima MANIFesta vai realizar-se na vila de Trancoso, Beira Interior, entre os dias 25 e 29 de Maio.

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Nota: retirado do número de Julho 2004 de A Folha, Boletim de Ligação e Informação, uma edição da Animar.

Razões para viver no campo

Depois da desponta do milho, as pontas postas a secar desprendem um cheiro forte a campo que todas as manhãs nos enche os sentidos.



No outro dia vimos um par de Melros d’água (Cinclus cinclus ssp cinclus), a subir alegremente o rio paiva. Na sua inocência animal, não sabem concerteza que o seu futuro depende dos rios com água limpa...



Hoje é dia de lua cheia. Aconselha-se um passeio ao luar.


Cruzadas

Quando os Cruzados "libertaram" Jerusalém, dos 60 000 habitantes sobraram apenas 10 000. Cada cruzado matou em média 12 habitantes da cidade. Olhando retrospectivamente, os novos cruzados até são bastante comedidos...

DE ABERRAÇÃO EM ABERRAÇÃO, ATÉ À SOLUÇÃO FINAL!

Maria Filomena Mónica, MFM, é uma historiadora, cujos textos geralmente aprecio, ou que, pelo menos, me fazem pensar. O seu último artigo para o “Público”, um jornal de referência, Zé Maria, Nádia, e o Big Brother” que quase podia subscrever integralmente, até porque, sem ser snob, também sou daqueles que pouquíssima televisão vê, causou-me um espanto, e uma perplexidade que não posso calar.
Nao posso calar quando chama a um ser humano, publicamente, de forma acintosa, insultuosa e degradante, uma “aberração da natureza”. Não posso calar em nome da Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Constituição Portuguesa, das mútiplas Directivas e campanhas Comunitárias, contra a exclusão social, trans incluídos, das regras básicas de humanismo, do Livro de Estilo do próprio jornal, em nome das ideias de que me reivindico, e até do ideal Cristão.
Habituei-me a que se chamassem “aberrações da natureza” aos vitelos de duas cabeças, os borregos de seis patas, uma couve de 20 quilos, dos lados do Entroncamento.
A seres humanos, em pleno século XXI, em Portugal, não esperava ver esse epíteto aplicado, sobretudo, por alguém com responsabilidades sociais, qualquer que fosse a razão, e, ainda menos, só por ter vencido um concurso pateta de televisão, num confronto público transparente, num país estrangeiro.
Porém não posso deixar de lhe recordar, dolorosamente, que foi em nome dessa “aberrância” que muitos homossexuais foram condenados à morte pela fogueira, depois a campos de concentração nazis, em alguns países ainda são decapitados, e no caso da transsexualidade, no passado dia 17 de Agosto morreu na Argentina, a transsexual Lorena Calixto, sem tratamento hospitalar, e há quatro dias, tive de enviar um e-mail de protesto para o Governo Argentino, porque tem presas sem culpa formada, desde 10 de Junho, Diana e Johana Sacayan, por liderarem o movimento transsexual do seu país.
O seu texto insulta todos @s transsexuais, que assim nasceram, em Portugal e em toda a parte, que não o são por gosto, ou por opção, dado o enorme sofrimento porque passam, porém, sobre isso quem lhe deve dar melhor dar testemunho, pois eu não sou transsexual, embora me sinta tão ofendido com o seu texto, como se o fosse, é a associação “@t” d@s transsexuais portugues@s. O seu texto, apela à exclusão, incita ao ódio e ao desprezo social.
O seu texto aberrante, alimenta estas discriminações, e de aberração em aberração, chegamos à discriminação total.
Por isso, venho defendendo que Portugal precisa de uma lei contra o ódio homofóbico, e contra o sexismo, como a conservadora França, já está em vias de produzir, para impedir casos destes.
Mas M. F. M não está só. Há pouco tempo foi a vez de outra “individualidade”, apelando-se da psicologia, de seu nome célebre, Villas Boas, vir também dizer que uma lésbica, não é uma mulher na verdadeira acepção do termo. Mais uma aberrância!
Outros ilustres académicos de formação marxista ou dita de esquerda ignoram a nova realidade que os circunda, talvez ainda formados no espírito estalinista, e com eles muitos intelectuais, que analisam a sociedade por grelhas pré-formatadas, tem sérias dificuldades em lidar com estas questões da diferença, da diversidade, que são a nossa riqueza, dos Direitos Humanos reivindicados pelas minorias sexuais, e que são afinal, uma luta cívica que importa a todos, heteros ou homos, como a luta das mulheres, importa tanto às mulheres como aos homens, ou luta anti racista, aos brancos e negros.

A Revolução social e política levada a cabo entre nós a partir de Abril 1974, que iniciou a chamada 3ª vaga de revoluções, e que leva à nossa entrada na Comunidade Europeia, a muitas importantes conquistas sociais, (algumas em vias de se perderem), mal deixou espaço para a sexualidade, mas a maioria dos intelectuais e académicos portugueses, agarrados a uma visão estática e reaccionária da sociedade, nem uma palavra tem querido gastar com estas questões, muito menos sobre os novos direitos sexuais, que essa terceira vaga de revoluções democráticas veio dar à luz, e que em outros paises, começou a dar frutos, como é o caso Espanhol.
Helás!Entre nós, os intelectuais homens continuam à procura de uma “mulher” que já não existe, e as mulheres intelectuais de um “Homem” que está para nascer.

António Serzedelo
Opus Gay

Medalha de Latão

Segundo o primeiro relatório da WWF (World Wild Life Fund) sobre os custos e benefícios dos Jogos Olímpicos de Atenas, que decorrem durante este mês de Agosto, a organização já perdeu a oportunidade de ganhar uma medalha pelo que foi feito em relação ao ambiente. Numa escala de 0 a 4, WWF atribui à componente ambiental destes Jogos apenas 0,77. Tal deve-se à falta de planeamento e avaliação ambiental, à falha na protecção de recursos naturais frágeis, gestão do lixo e conservação da água e também à rara utilização de tecnologias de construção com reduzido impacto ambiental.

WWF

Boletim da

quinta-feira, agosto 26, 2004

Quanto vale um morto?

A terrível progressão geométrica da cobertura Mediática dos mortos deste mundo:

1 civil Americano = 2 soldados Americanos = 4 Jornalistas ocidentais = 8 civis raptados ocidentais = 16 Jornalistas não ocidentais = 32 civis raptados não ocidentais (mas sem ser Iraquianos ou Afegãos ou Africanos) = 64 crianças iraquianas = 128 camponeses executados por paramilitares na América Latina = 256 “desaparecidos” nas ditaduras Latino Americanas = 512 civis Iraquianos = 1024 civis Afegãos = 2048 terroristas manhosos = 4096 vítimas do urânio empobrecido = 8192 crianças de Darfur = 16384 civis em Darfur (estima-se em 192 000 o número de pessoas que já morreu assassinada) = 32768 civis no Genocídio do Ruanda (mais de 1 milhão morreu assassinada).

E isto é por baixo! Por exemplo, no Expresso (sacado daqui), vem esta pérola: "na segunda semana de Agosto, entre os dias 9 e 15, as tropas da coligação registaram 18 baixas. No mesmo período nas estradas portuguesas faleceram 37 pessoas. Desde o inicio do ano morreram no Iraque 510 soldados; nas estradas portuguesas perderam a vida 730 pessoas." O Expresso dizia que as Estradas Portuguesas matam mais que a Guerra do Iraque. Nesta equação macabra, esqueceram-se dos mais de 10 000 Iraquianos que entratanto perderam a vida estupidamente, por estar no país errado, à hora errada, a ser libertos pelos amigos Americanos do fardo da vida...

PS – ainda hoje, mais 25 fieis Iraquianos foram Libertos pelos Americanos, numa Mesquita de Kufa... Imaginem só se tivessem lançado um par de morteiros para dentro da Basílica de São Pedro e morto 25 católicos apostólicos romanos...

O Grande Irmão

26 August 10:17 United States Army, United States

Às 10:15 publiquei um texto onde citava Hugo Chavez. Às 10:17, o exército dos Estados Unidos visitou pela primeira vez o BSP (que eu tivesse reparado); Coincidência? Gostaria que fosse; a não ser, é apenas assustador.... Eles andem aí, à cata de terroristas e outros elementos perigosos, que questionem o domínio do mundo...

Os nosso Chavistas

Muitos são os criticos de Chavez. Pessoalmente, não conheço sificientemente bem a realidade da coisa para ter uma opinião bem formada. Mas no nosso país, o IPJ está pensar em cortar o apoio à Associação Jovens pela Paz (AJP), por esta se afirmar a favor do aborto, a propósito da passagem do barco do aborto por terras Lusas. Entretanto, Paulo Portas, paladino da moral e dos bons costumes, já prometeu interditar a atracagem do barco. Curiosamente, se estivéssemos na Venezuela, este governo vergonhoso já teria sido referendado. E o resultado teria ditado o fim do duo PS, Portas-Santana, à frente dos destinos de Portugal. Neste preciso momento, quem me dera ter os mesmos direitos (mandar o Pedro e o Paulo às urtigas através de um referendo) e as mesmas liberdades (dizer que se é a favor do aborto) que na Venezuela de Hugo Chavez...

Indignação

Sou professor há vinte anos, tenho uma licenciatura e um mestrado, daqui a três anos atinjo o topo da carreira docente e aufiro actualmente de um vencimento líquido de 1683 euros (nada mau, confessaria uma grossa percentagem de portugueses). Marta Guimarães, que "terá a seu cargo as questões de imagem" do primeiro-ministro, "receberá quase 3000 euros líquidos", de acordo com o vosso jornal. Depois digam que não percebem as razões das altas taxas de abstenção, dos baixos índices de produtividade e dos míseros níveis de motivação no trabalho. É difícil calar a indignação; é duro travar o descontentamento; é uma tarefa ciclópica manter a motivação perante a precariedade ética dos exemplos que nos chegam de cima.

João da Costa Magalhães, no Público

Na sombra do Olimpo II

Na sexta-feira, dia 13 de Agosto de 2004, cerca de 4 biliões de pessoas assistiram, por televisão, à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas. Contudo, esta incrível quantidade de pessoas não terá a oportunidade de saber o que foi necessário para tal acontecer. Quantos dos 4 biliões alguma vez tomarão conhecimento das histórias dos 15 trabalhadores que morreram para que o milagre de acabar os estádios a tempo pudesse acontecer? E que é que aconteceu aos mendigos e toxicodependentes de Atenas? Desapareceram assim de repente, ou será que a necessidade de tornar Atenas mais agradável aos turistas levou a que estes fossem transportados para outras regiões?

Para não "incomodar" os turistas estrangeiros, calcula-se também que terão sido envenenados cerca de 50 mil cães vadios, conforme denúncia de organizações como a IDA (in Defense of Animals) e outras. O pesadelo Orwelliano no pára aqui. O plano de segurança para Atenas levou à ocupação da cidade: entre 70 000 e 80 000 polícias e pessoal de segurança, helicópteros, forças especiais, dois zeppelins de vigilância, forças militares da NATO, e cerca de $300m gastos em sistemas electrónicos de vigilância fizeram da célebre trégua olímpica, uma piada de mau gosto.

Juntamente com o resto da populaçaão ateniense e grega, iremos deixar o espectáculo para os dirigentes das multinacionais de armamento e de segurança, bem como para os senhores do mundo que tentam ocultar a pobreza, a desigualdade, a guerra com a organização de eventos multimilionários.

Indymedia

Na Sombra do Olimpo

Há uma realidade sombria atrás dos Jogos Olímpicos de Atenas: as condições de trabalho na indústria dos equipamentos desportivos. Ásia, África e Europa de Leste – é todo um mundo de exploração e violência, psicológica e física. Aqui não há fair play. Em Portugal, o debate público deste tema é impulsionado pela Coordenação Portuguesa do Comércio Justo.

Play Fair at The Olympics

Campanha Jogo Limpo

Boletim da Latitude zero

quarta-feira, agosto 25, 2004

Procurado


Faça-se o Baile!

Entre 3 e 5 de Setembro, bailar-se-á em Amieira do Tejo.
No âmbito da semana cultural da Amieira do Tejo, freguesia do Concelho de Nisa, a dança tradicional vai estar na berlinda! Para além de trilhar os caminhos onde as memórias da dança tradicional se cruzam com os gestos e ritmos ainda vivos, almejamos ainda integrar os vários níveis da realidade local (a cultura, o ambiente, o património humano e arquitectónico) - o rio Tejo, a ligação ferroviária, o castelo, as pessoas, os costumes locais, as estórias...

texto

Música sobre Carris...
Com partida no Entroncamento, viajar-se-á de comboio, bem junto ao Tejo, ao som de música tradicional. A viagem será gratuita, uma cortesia da CP. Chegados ao apeadeiro de Barca da Amieira, a animação continuará enquanto se atravessa o rio na barca.

No outro lado, em Amieira...
entre oficinas de dança e bailes, desenhar-se-á o espaço de encontro informal entre quem desde sempre conheceu a música e as danças tradicionais, e quem deseja aprendê-las. Assim, tocadores e bailadores de outrora orientarão as oficinas de dança e liderarão os bailes à noite, agindo como transmissores de património cultural.

Haverá igualmente oportunidade para trocar e debater ideias, falar e ouvir falar sobre a dança. A partir do tema “Bailes de Antanho”, convidou-se os investigadores Carla Nunes, José Alberto Sardinha e Lia Marchi, para discutir o fenómeno do "baile", articulado-o numa perspectiva dinâmica (desde a memória do baile em tempos idos até à sua configuração no mundo contemporâneo) e contextualizando-o relativamente ao seu papel na construção da identidade pessoal e colectiva.

Paralelamente, outras actividades marcarão também outros ritmos - uma expedição fotográfica, um peddy-paper, um piquenique, observação de morcegos e uma inovadora caça aos gambuzinos ...

A Freguesia da Amieira do Tejo ardeu em 100% no ano passado. Simbolicamente, a PédeXumbo propõe-se aceitar uma árvore como bilhete de inscrição. Os participantes envolver-se-ão depois na plantação destas mesmas árvores, uma pequena contribuição para a oxigenação do planeta.

Experimente procurar um viveiro (todas as câmaras municipais possuem um), consiga uma árvore, deixe o carro em casa (mas leve a família!), anime-se à beira-Tejo, e descubra como são as pequenas coisas que fazem o mundo melhor.

PédeXumbo

Organização: Associação PédeXumbo, Câmara Municipal de Nisa, Associação Rumo, Junta de Freguesia da Amieira, Sociedade Musical Nisense.
Apoios: Instituto das Artes (Ministério da Cultura), CP, LEADER + , REFER, Região de Turismo do Norte Alentejano, Santa Casa da Misericórdia de Amieira do Tejo

Pobres advogados!

Os advogados pagam em média 308 contos de impostos (Correio da Manhã ). Ou seja, em Portugal os advogados ganham menos de 200 contos por mês (os advogados declaram em média menos de 10 000 euros por ano, que por coincidência é o limite para se passar a cobrar IVA...).

Mas desenganem-se os mal-pensantes, não se trata de fuga aos impostos, népias disso. Está cá o dótor Rogério Alves, candidato a bastonário da Ordem dos Advogados, para nos abrir os ólhinhos:

“Os dados do inquérito à profissão, realizada em 2004, mostram de uma forma insufismável que existem muitos advogados a viver mal, com dificuldades financeiras".

É de certeza isso, os advogados lusos andam praí insufismavelmente aos caídos, a recorrer à sopa dos pobres e a ter que fazer umas horas extra como arrumadores para sacar uns cobres a mais e assim poder viver menos mal... Rogério Marques acertou na mosca. Nós, os outros, já reparamos que os filhos desses advogados andam sempre com brutos carrões e mesmo assim conseguem ter bolsas Universitárias para alunos carenciados. Devem ser mesmo muito poupadinhos, e quando assim é, o graveto dá para tudo, sobrando sempre um restinho para comprar um bólide de 7000 contos para o filho necessitado.

Curiosomente (ou não), a maioria dos nosso governantes declara-se como advogado, contribuindo insufismavelmente para engrossar as hostes dos advogados miseráveis...

Obikwelo

Obikwelo trabalhou nas obras, ganhou vinte contos por mês quando se iniciou no atletismo e para que muitos não se possam esquecer de tudo quanto ele representa ainda mal fala a língua portuguesa. Obikwelo representou Portugal, mas também representou os emigrantes, também representou os que trabalham nas obras; Obikwelo é um novo herói de Portugal, mas é também um herói dos pobres.
Obikwelo mostrou quanto se pode quando se quer, e o seu compromisso com Portugal nada tem que ver com o compromisso de outros, ele deu a Portugal algo que era quase inimaginável sem pedir nada em troca.


O Jumento

terça-feira, agosto 24, 2004

2 = 0

Alegre diz que Sócrates tem apenas duas ideias . Ou Manuel Alegre está a ser simpático ou irónico. Vejamos então se conseguimos descobrir:

"Da candidatura do dr. José Sócrates apenas conheço duas ideias: quer ser primeiro-ministro e a sua preocupação com o choque tecnológico." Quem o diz é Manuel Alegre, um dos três candidatos à liderança do PS. A Capital

Duas ideias? uma preocupação e uma ambição não podem ser qualificadas como "ideias"... Ao ler o cabeçalho quase me surpreendi: afinal, confirma-se a ironia de Alegre e a total ausência de ideias de Sócrates. Estava a ver que as inusitadas chuvas de Agosto tinham feito germinar ideias no cortex desértico de Sócrates. Mas não, era apenas o brincalhão do Alegre a pregar sustos à malta...

É que uma coisa já aprendi com Santana Lopes: mais vale um populista sem ideias do que um populista com ideias peregrinas.

O Povo: questionário

À questão (no programa um contra todos):
"Segundo a Constituição a quem pertence o poder político?" e dadas três hipóteses de resposta, "O Presidente da República, o Primeiro Ministro ou o Povo", todos responderam mal, apenas oscilando entre o Presidente e o Primeiro (tento não pronunciar nem escrever esses nomes malditos, para não estragar a minha boa disposição estival), mas nunca pensando que poderia ser o povo!

Este acontecimento, sacado do Abrupto, pode ter várias explicações possíveis (EPn na chave), umas triviais, outras técnicas, organizadas numa chave de identificação dicotómica:

A1 - O universo estatístico de onde foi sacada a amostra (mais de trinta manfios, afirmou quem viu) estava enviesado, já que apenas canastrões de pouca cultura e ainda menos conhecimentos têm tempo para ir a concursos manhosos de televisão - EP1 Explicação do Universo manhoso.

A2 - O universo estatístico era um bom universo; a amostra é representativa da esmagadora maioria dos Portugueses - passe para a letra B.

B1 - Desde sempre que o povo Português é um pau mandado, desconhecendo por completo o significado da palavra democracia; as idas às urnas seriam apenas um reflexo condicionado, respondendo ao apelo do Presidente e do Primeiro - EP2 Explicação pseudo-histórica ancestral.

B2 - O povo Português até há muito pouco tempo sabia que o poder ao povo pertence, e por isso é que ia responsavelmente às urnas. A razão será outra... passe para a letra C

C1 - Com saudades da monarquia e do fascismo, 99,9% dos Portugueses transferiu as figuras do "Rei" e do "ditador" para o Presidente e para o Primeiro - EP3 Explicação completamente idiota.

C2 - Depois do presidente ter decidido que determinado sujeito seria primeiro, mesmo contra a vontade do povo, a maioria dos Portugueses rendeu-se à evidência de que quem manda são eles, não nós - EP4 Explicação empírica pura.

Pessoalmente, acho que as coisas não são assim tão simles, e são vários os factores que contribuiram para o descalabro das respostas, com um bocadinho de EP1 e EP2, talvez 2 ou 3 EP3, tudo isto agravado com a situação EP4. A solução seria por isso mutivariada, faltando ainda umas 5 ou 6 variáveis explcativas que de momento nos estão a falhar... Mas mesmo assim, depois destas racionalizações todas, não deixa de impressionar.....

Para além da agricultura industrial



A missão da coligação "Au-delá de l'agriculture industrielle" é promover a produção animal favorecendo a soberania alimentar, a saúde ecológica, humana e animal, o desenvolvimento sustentável à escala local, a viabilidade das comunidades e a escolha livre e esclarecida dos cidadãos e consumidores.

Objectivos:

1 - Limitar a expansão das explorações intensivas de produção de carne.
2 - Obter uma lei que defenda a qualidade da água.
3 - Proibir a sobreutilização de antibióticos.
4 - Promover a sensibilização urbana.
5 - Apoiar as comunidades rurais.
6 - Expor os esforços de globalização das grandes multinacionais e o seu domínio no sector da produção animal.

Site oficial.

Sem título

Balanços do Inferno III

Escolas destruídas ou saqueadas

Os autores afirmam que 151 bilhões (os 126 gastos e os 25 previstos) poderiam diminuir para metade a fome no mundo, fornecer água tratada e remédios para tratamento da AIDS no mundo subdesenvolvido por dois anos. Nos EUA, dizem os autores, o dinheiro poderia pagar salários para três milhões de professores primários, ou dar cobertura de saúde para 82 milhões de crianças ou ainda para 27 milhões de adultos.

O documento cita ainda como impacto económico da guerra, o aumento do preço do barril de petróleo. O estudo afirma que, no caso de manter-se o preço do petróleo em torno dos 40 dólares o barril, o produto interno bruto dos EUA cairia em 50 bilhões anuais.

Já no Iraque, os custos económicos da guerra são bem mais dramáticos. O desemprego, que era de 30% antes da invasão, chegou a 60% na metade do ano passado. Segundo o estudo, apenas 1% da mão de obra iraquiana está envolvida nos projetos de reconstrução. Outro impacto directo na economia do Iraque derivado da guerra é a queda da produção do petróleo. De uma média 2,04 milhões de barris diários em 2002, a produção despencou para cerca de 1,33 milhões de barris em 2003.

Mas nem todos os custos são imediatos e dizem respeito ao petróleo. O sistema educacional iraquiano, dizem os autores, sofre com o baixo comparecimento dos alunos, que temem a falta de segurança. Além disso, segundo dados da Unicef citados no documento, cerca de 200 escolas teriam sido destruídas no conflito. E muitas acabaram saqueadas depois do início dos conflitos.

O documento afirma ainda que a insegurança chegou a níveis assustadores. O registro de mortes violentas passou de uma média de 14 por mês em 2002 para 357 por mês em 2003.

No campo geopolítico, os autores afirmam que a decisão de ir à guerra sem o aval da ONU, além de enfraquecer o organismo, abre um “perigoso precedente” para que outros países sigam o exemplo, declarando “guerra preventiva” a algum inimigo. Estados pouco comprometidos com os direitos humanos também herdam a licença de tratar seus presos e inimigos como os presos de Abu Ghraib, afirma o documento.

Leia documento na íntegra (PDF) ou um resumo aqui.

Balanços do Inferno II

Os números

No período analisado, ocorreram 952 mortes entre os membros da coligação liderada pelos EUA. Destes, 836 eram militares norte-americanos, e, do total, 693 foram vitimados após o famoso discurso de “missão cumprida” feito em 1o de Maio de 2003 pelo presidente George W. Bush. Além disso, 5134 militares foram feridos no conflito (4593 depois de Maio de 2003).

Morreram ainda no Iraque: entre 50 e 90 civis contratados para actuar no conflito ou na reconstrução do país e 30 jornalistas. Não existem dados exactos sobre os civis, diz o estudo, pelo facto das baixas serem registradas pelas companhias que os empregava. Destes civis, 36 eram norte-americanos. Já em relação aos jornalistas, mais de um terço (21) tombaram após maio de 2003.

Do lado iraquiano, o estudo estima entre 9436 e 11317 baixas e 40 mil feridos. Entre iraquianos e estrangeiros, o número mínimo de mortos chega, portanto, a 10468 pessoas. O documento ainda coloca nesta conta os impactos futuros do uso do urânio empobrecido no armamento das forças invasoras. Avalia-se que entre 1200 a 2200 toneladas de munição contendo este material foram usadas no actual conflito. O urânio empobrecido, diz o estudo, é apontando como um dos responsáveis pelo aumento da taxa de câncro na população iraquiana, após o confronto do começo da década de 1990. E os efeitos desta vez podem ser ainda maiores, pois em 1991 os combates não estavam concentrados em áreas urbanas como agora.

Balanços do inferno I

Estudo analisa os custos do conflito no Iraque: em 15 meses, 10468 pessoas morreram e mais de 40 mil foram feridas


Wilson Sobrinho (Outras palavras)

Quanto custou a aventura militar dos EUA no Iraque? Quantas pessoas morreram para que Saddam Hussein fosse deposto e preso? Qual a diferença entre o Iraque de hoje e o de antes de março de 2003? Quantas escolas foram bombardeadas no país que, segundo Washington, se encaminha – ainda que com alguns percalços – para uma democracia ao melhor estilo ocidental? O que é que os últimos 17 meses significaram para a geopolítica mundial?
Um relatório dos centros de estudos norte-americanos Foreign Policy In Focus e Institute for Policy Studies tenta responder de modo claro e direto a estas perguntas e muitas outras. Baseando-se num caleidoscópio de artigos, análises e reportagens sobre o conflito que, no último ano e meio, monopolizou as atenções do planeta -- ainda que sob protestos generalizados da maior parte dos seus habitantes – o documento foi publicado pouco antes do fim de junho, com pouca publicidade dos Media.

“Estamos pagando um preço muito alto por essa guerra e temos menos segurança nos EUA e no resto do mundo”, avaliam os autores logo na introdução. “A desestabilização do Iraque desde a invasão pelos EUA criou um porto para os terroristas que não existia anteriormente no país, enquanto que o sentimento antiamericano cresceu em larga escala pelo mundo”. O documento de 54 páginas chamado "Os Crescentes Custos da Guerra do Iraque" abarca um período de quase 15 meses que vai de 19 de março de 2003 a 16 de junho de 2004 e é dividido em três partes: custos para os EUA, para o Iraque e para o Mundo. (continua)

segunda-feira, agosto 23, 2004

sexta-feira, agosto 20, 2004

Um Projecto português



CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE



Encontro internacional
CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE
Serpa e Moura, 23-25/Setembro/2004

O Encontro Internacional "Civilização ou Barbárie", a realizar-se no fim de Setembro nas cidades de Serpa e Moura , no sul de Portugal, destina-se a debater os grandes desafios e problemas do mundo contemporâneo. O nome escolhido para o evento — Civilização ou Barbárie — simboliza as ameaças que impendem sobre o Mundo no início do século XXI.

A iniciativa é do sitio web resistir e da revista portuguesa "Vértice". Ela conta com o patrocinio de instituições culturais da Europa e da América e com o apoio de municipalidades do Alentejo.

Os promotores do encontro consideram que a humanidade atravessa uma crise global — simultaneamente económica, social, financeira, energética, ecológica, militar e cultural — inseparável de um projecto de dominação planetária que configura uma ameaça à propria continuidade da vida na Terra.

O Encontro tem por objectivo aprofundar a reflexão sobre os efeitos devastadores de uma estratégia de poder que, pela sua ambição e desumanizaçao somente encontra precedente na desenvolvida pelo III Reich alemão. Ao mesmo tempo, pretende contribuir para a tomada de consciência do perigo, respondendo assim aos objectivos do Forum Social Mundial, e para a mobilização da combatividade dos povos nas grandes lutas que se aproximam.

A convicçao de que a crise do capitalismo, na sua actual fase, tendo assumido um caracter estrutural, encaminha a humanidade para o abismo, através de guerras de agressão ditas "preventivas ou antecipativas", orientadas para o saque dos recursos naturais de povos do Terceiro Mundo, é hoje compartilhada por um numero crescente de historiadores, escritores, sociólogos e economistas de prestígio mundial.

Entre as personalidades estrangeiras convidadas ou apoiantes do Encontro — muitas já confirmaram a sua presença — incluem-se o egípcio Samir Amin, os franceses George Gastaud, François Chesnais, Georges Labica, Henri Alleg e Remy Herrera, o canadiano Michel Chossudovsky, o hungaro-britânico István Mészaros, a cubana Isabel Monal, os argentinos Julio Gambina e Nestor Kohan, os mexicanos Arturo Huerta e Octavio Rodriguez de Araujo, a chilena Marta Harnecker, os brasileiros Joao Pedro Stedile e César Benjamin, o venezuelano Rodolfo Sanz, o estadunidense John Catalinotto. Órgãos de comunicação prestigiados, como "Rebelión" e "Resumen Latino-Americano", terão os seus directores, Luciano Alzaga e Carlos Asnarez, presentes ao encontro.

Entre os portugueses que intervirão contam-se: o ex Primeiro Ministro general Vasco Gonçalves, José Barata Moura, Silas Cerqueira, Urbano Tavares Rodrigues, Jorge Cadima, Francisco Melo, Rui Namorado Rosa, Miguel Urbano Rodrigues, Jorge Figueiredo, Abilio Fernandes, Cláudio Torres.

Clique em Programa para ver os oradores, os temas e a distribuição por salas e cidades.


Para descarregar o poster do Encontro nas suas dimensões originais (formato A1, escalável) clique um dos links abaixo com o botão direito do rato e faça "Save As..." (descarregamento lento):
cartaz_grande_def.jpg (1831 kB)

Resistir

quarta-feira, agosto 18, 2004

Omissões...

Na biografia de Santana, exposta na página oficial do PSD, a sua passagem recente pela CM de Lisboa é omitida...

A dita biografia começa com:

"48 anos, pai de 5 filhos"

E acaba com:

"Foi Presidente do Sporting Clube de Portugal."

Nos intermédios destas duas linhas, o homem foi ou é presidente de muita coisa, vice-presidente de outras tantas, deputado, assessor, secretário de estado, adjunto, mas a sua passagem pela CM de Lisboa desapareceu. Omisso também está o facto de ser Presidente do PSD e Primeiro ministro de Portugal. Será um lapso ou é uma tentativa deliberada do PSD reescrever a história cedo demais?

Por que é que Chávez venceu

Num texto especial sobre o referendo venezuelano, Tariq Ali sustenta: a vitória do presidente terá repercussões em toda a América Latina.

Tariq Ali (Outras Palavras)

O ida às urnas no domingo, na Venezuela, foi enorme: 94,9% dos eleitores votaram no referendo. A Venezuela, com sua nova Constituição, permitiu aos cidadãos o direito de revogar o mandato presidencial antes do seu fim. Nenhuma democracia ocidental garante este direito constitucional.

A vitória de Chávez terá repercussões além das fronteiras do país. É o triunfo dos pobres contra os ricos e é uma lição que Lula, no Brasil, e Kirchner, na Argentina, deveriam estudar atentamente. O conselho de Fidel Castro, não o de Jimmy Carter, foi fundamental para levar o referendo adiante. Chávez depositou a sua confiança nas pessoas, dando-lhes o poder, que responderam de modo generoso. A oposição apenas irá ficar mais desacreditada ao desconfiar do resultado.

As oligarquias venezuelanas e os seus partidos, que foram contra esta Constituição num referendo (tendo antes falhado em derrubar Chávez através de um golpe preparado pelos EUA e por uma greve petrolífera liderada pela burocracia sindical corrupta) utilizaram-no agora para tentar livrar-se do homem que fez avançar a democracia na Venezuela. Eles falharam. Apesar de seu choro e angústia, na verdade todo o país sabe o que aconteceu.

Uma série de vitórias nas urnas

Chávez derrotou os seus adversários democraticamente e por quatro vezes seguidas. A democracia na Venezuela, sob os revolucionários bolivarianos, surgiu no meio de um sistema corrupto de dois partidos favorecidos pela oligarquia e seus amigos ocidentais. E isto ocorreu apesar da total hostilidade dos donos dos Media privados: os dois jornais diários, Universal e Nacional, assim como os canais de TV de Gustavo Cisneros e a CNN não fizeram esforços para mascarar o seu apoio à oposição.

Alguns correspondentes estrangeiros em Caracas convenceram-se de que Chávez é um caudilho opressor e estão desesperados para transformar as suas fantasias em realidade. Eles não conseguiram fornecer provas da existência de prisioneiros políticos. Nada de prisões ao estilo de Guantánamo ou de demissões de executivos de TVs ou de editores de jornais.

Há poucas semanas tive, em Caracas, uma longa conversa com Chávez. Fomos do Iraque a pormenores da história da Venezuela e ao programa bolivariano. Ficou claro para mim que Chávez não está tentando nada além de criar uma democracia social radical na Venezuela, que dê poderes aos sectores mais desfavorecidos da sociedade. Nestes tempos de desregulamentação, privatização e modelos políticos anglo-saxões, os objectivos do presidente parecem revolucionários, muito embora as suas medidas não sejam diferentes das apresentadas pelo Partido Trabalhista britânico no pós-guerra: Um pouco do lucro do petróleo gasto para dar saúde e educação aos pobres.

Um pouco menos de um milhão de crianças de favelas e vilas pobres agora têm educação de graça; 1,2 milhões de analfabetos aprendem a ler e escrever; o ensino secundário está ao alcance de 250 mil jovens, que não tinham este privilégio antes devido a seu status social; três novos campus universitários entraram em funcionamento em 2003, e a eles se juntarão outros seis até 2006.

Saúde, Educação, Habitação

Relativamente à saúde, 10 mil médicos cubanos, que foram enviados para ajudar o país, têm mudado a situação em locais pobres, onde clínicas de bairro foram abertas com um orçamento de saúde triplicado. Adicione-se a isso o apoio financeiro aos pequenos negócios, as novas casas construídas para os pobres, a lei da reforma agrária que foi assinada e levada adiante apesar da resistência (legal ou violenta). No final do ano passado, 2,26 milhões de hectares haviam sido distribuídos para 116.899 famílias. As razões para a popularidade de Chávez são óbvias. Nenhum regime anterior tinha este compromisso com os mais pobres.

Mas não se trata de uma mera divisão entre ricos e pobres, é também uma questão de cor de pele. Os chavistas tendem a ter a pele mais escura, reflectindo os seus ancestrais escravos e índios. A oposição tem pele mais clara e alguns de seus apoiantes mais abjectos chamam Chávez de "macaco preto". Um teatro de bonecos com um macaco fazendo o papel de Chávez foi montado na embaixada dos EUA em Caracas. Mas Colin Powell não achou graça e o embaixador teve de pedir desculpas.

O argumento sustentado no editorial hostil do The Economist esta semana chega a ser bizarro. Segundo a revista, tudo isso foi feito para ganhar votos. Na verdade, é o contrário. Os bolivarianos querem o poder para que verdadeiras reformas possam ser implementadas. E tudo o que as oligarquias têm a oferecer é o retorno ao passado e a remoção de presidente. A cobertura da Venezuela no The Economist e no Financial Times consistiu em argumentos pró-oligarcas. Raras vezes repórteres responderam, no cumprimento de suas actividades, de modo tão pouco crítico às vontades dos proprietários dos veículos onde trabalham.

Em vez do dogma, a revolução

É ridículo sugerir que a Venezuela está à beira de uma tragédia totalitária. É a oposição que tenta levar o país nesta direção. Os bolivarianos têm-se mostrado incrivelmente contidos. Quando perguntei a Chávez sobre sua filosofia, ele respondeu:

"Não creio nos postulados dogmáticos da revolução marxista. Não aceito que estejamos vivendo um período de revoluções proletárias. Tudo isso precisa ser revisto. A realidade nos diz isso todos os dias. Estamos buscando na Venezuela a abolição da propriedade privada e a sociedade sem classes? Não creio. Mas se me disserem que por causa dessa realidade não se pode fazer nada para ajudar os mais pobres, as pessoas que tornaram este país rico através de seu trabalho -- sem esquecer que alguns fizeram trabalho escravo --, para eles eu digo: 'Aqui nos separamos'. Nunca aceitarei que não possa haver redistribuição de rendimentos na sociedade. As classes mais abastadas não gostam nem mesmo de pagar impostos. Está é uma das razões pela qual me odeiam. Nós dizemos: 'vocês precisam pagar seus impostos'. Eu acredito que é melhor morrer na batalha, ao invés de levantar uma bandeira revolucionária pura e não fazer nada. Faça sua própria revolução. Vá ao combate: avance, mesmo que seja um milímetro, na direção certa -- ao invés de sonhar com ilusões".

Foi por isso que ele venceu

terça-feira, agosto 17, 2004

As “Cassetes Piratas”!

Pois é, somos o país das “cassetes piratas”.
A começar na feira do mais pequeno lugarejo de Portugal até à grande e mui civilizada urbe de Lisboa. Dizer “pobre país” já se me afigura pouco. Que m. de país, que também é o meu. Como devo eu sacudir a m. do capote?
Claro que o “m.” que estou a utilizar significa tão-só “medíocre”, “maledicente”, “mesquinho”, “m.m.m.m.” etc. A que se deve esta minha intervenção?
- Deve-se ao facto de estar a viver num país onde a “lei” não é igual para todos. Explico. A revista FOCUS (de quem nem sequer tenho grande admiração, pois já “pimbalhou” um pouco) foi alvo de uma “providência cautelar” para não publicar o conteúdo de umas “cassetes piratas” (uma vez que não pagavam direitos de autor e tinham sido “gamadas”) sobre o já infeliz caso da “Casa Pia”. Não sei até que ponto se pode “acautelar providencialmente” a uns órgãos de comunicação e a outros não; isto, porque o sempre “Independente” (da verdade e da mentira) publicou partes do conteúdo das “cassetes piratas”. A sua directora (ou lá o que é) disse textualmente, que eu ouvi “o que transcrevemos foi efectivamente dito”. Que grande tirada, que grande sabedoria, que energumeneria. A questão não se põe em saber se o que se transcreve foi ou não dito, põe-se sim em saber se o que se disse naquele “bocadito de conversa” corresponde ao contexto e ao que realmente foi dito: dito, é o “tudo e não a parte”. A srª. Dona I.S.L. (Inês Serra Lopes) teve um acto de coragem inquestionável:
- Pela primeira vez deve ter publicado o que efectivamente foi dito. Parabéns. Disse também que tem em sua posse mais ou menos 50 horas de gravações. Ora assim sendo como é que só transcreve parte? Só transcreve aquilo que ela entende que deve transcrever – Antigamente a isto chamava-se censura, hoje “Mero critério redactorial”, são os tempos. O grande problema é que o “censor” de hoje faz o que quer sem qualquer responsabilidade.
Vejamos porquê.
1º - Usou conversas obtidas por meios ilegítimos, segundo se diz.
2º - Usou conversas obtidas por furto, segundo se diz.
3º - Usou conversas a seu belo-prazer, segundo digo.
Assim, quanto ao ponto 1, digo: imoral, imoral. Quanto ao 2 deve ser acusada de “receptação”(aquilo que se diz de quem adquire bens roubados – que neste caso já se sabiam roubados, ao contrário de tantos outros desgraçados que fazem o mesmo tipo de aquisição na ignorância e pagam-nas bem pagas na pildra). Quanto ao 3, não acredito, sinceramente que tenha tirado grande prazer das conversas, pois ela nunca foi jornalista para se meter em casos como o da “Casa Pia”, nem o seu pai está relacionado com tal caso, nem sequer foi envolvida no famoso caso dos “Sósias” do C.C. . Bravo, D. Inês, está a fazer o seu melhor, só que num país a sério as “cassetes piratas” trar-lhe-iam grandes incómodos, a começar pelo facto de deixar de ser jornalista, pois são os seus pares que dizem que a divulgação de tais conteúdos seria a violação do segredo profissional a que cada jornalista está vinculado. Ou agora a preservação da fonte já não interessa. Então interessa nuns casos e noutros não? Haja vergonha, seriedade intelectual e jornalística.
Aqui, tudo ficará em “águas de bacalhau”. Sempre o “Fiel Amigo”. Quero acreditar que o meu país não é uma m.

José Cordeiro

quinta-feira, agosto 12, 2004

Os piores políticos de todos

aqueles que assassinam o seu próprio povo: Darfur, o primeiro genocídio do séc XXI.

Número estimado de pessoas assassinadas em Darfur:
texto

texto
600.000 pessoas contam apenas connosco

quarta-feira, agosto 11, 2004

Adopção e casamento Gay

O jornal Correio da Manhã , de Domingo, traz uma grande e inédita sondagem sobre as questões da adopção, e sobre o chamado casamento gay.Ver, em Sociedade. A maioria dos portugueses, de acordo com a sondagem, 55% está contra alegalização de casamentos entre homossexuais, e 53,8% a favor da adopção por homos!!!! Costuma ser o contrário. Recorda-se que há bem pouco tempo uma sondagem do jornal Publico, sobre a questão da adopção dava cerca de 30% de pessoas como favoráveis. O "C.M." diz que no interior, classes mais baixas e menos instruídasmanifestam reservas à legalização. (Por isso, a Opus Gay tem tentado, ejá conseguiu parcialmente, sempreconceitos, passar o seu discurso nas rádios e jornais dointerior, mas nem sempre tem sido fácil. Esperemos agora, que alguns leitores deste texto, face a estes resultados, e que tenham acesso ajornais/rádios locais, também abram a discussão a esse nível, e a outros pontos mais consensuais da chamada agenda gay, para o que podem contar connosco , se o pretenderem,é claro!). São depois pedidas reacções partidárias: P.Popular, Pires de Lima, mostra-se contrário, em nome dos sentimentos da denominada maioria, o Partido Social Democrata, não se mostrou disponível para comentar, o P. Socialista , com Vitalino Canas, refere que o PS está aberto à legalização, mas ainda não discutiu a questão da legalização das adopções , o P. Comunista, refere que a sondagem mostra a crescente preocupação social por estas matérias, mas acrescenta que não lhe parece significativo o resultado. Por razõoes não referidas, não ouviram, o Bloco deEsquerda, tradicionalmente apoiante das nossas posições. Também há um testemunho ocupando grande espaço , de D. Antonio Marcelino, bispo de Aveiro, que diz que "união entre homossexuais não é casamento", mostra-se contra a adopção por homos, e afirma que a lei como está, está bem (lembro que já nao se opõe à Lei das Uniões deFacto/Parceria Civil, já em vigor desde 2001). A Opus Gay também ouvida,e a quem deram um espaço igual ao do bispo, e superior à dos 4 partidos ouvidos , declarou:

Correio da Manhã - O que acha dos resultados?
António Serzedelo - Sugere uma mudança de atitudes. Apesar de a maioria ser contra a legalização, há um terço que é a favor, se fosse há uns anos, eram 90 por cento contra.
CM-Entende então que há uma maior abertura?
AS - É altura de se lançar de novo o tema à discussão pública. Nada há atemer que as diferentes comunidades, científica, civil e 'gay' façam ouvir as suas vozes.
CM-A Igreja continua a ser frontalmente contra?
AS - Estamos a falar de um casamento civil! A Igreja não deve pronunciar-se, como não se pronuncia sobre os divórcios. O casamento civil é um contrato. Por outro lado, a própria constituição diz que uma pessoa não deve ser discriminada pela sua orientação sexual. É uma questão de direito. Se depois o exerce é outra questão. Até costumo brincar e dizer que os 'gays' são os únicos que ainda acreditam no casamento.

António Serzedelo (Opus Gay)

terça-feira, agosto 10, 2004

O país "pertence" aos políticos

Soube nos Açores que os americanos tinham desmantelado uns depósitos nucleares que mantinham há décadas nas "nossas" ilhas... Claro que os políticos portugueses deviam ter conhecimento disto, "nós" é que não. O poder de facto está a milhas dos cidadãos, que não sabem da missa a metade...

uma corrida à presidência

As Andanças 2005

Acabaram-se as Andanças....

O crescimento está controlado (esperemos)...

Para o ano, será num novo local, pensado de raiz para o festival (mas mantendo-se em Carvalhais).
Como será feito a partir do zero, a utopia pode ser possível. Por isso, tentaremos fazer um Andanças 2005 sustentável e ecológico, com reciclagem, reutilização, diminuição de lixo, tratemento de esgotos do festival (terciário), utilização de energias alternativas (por ex. para aquecer àgua), utilização de produtos biológicos, construções em terra (adobe), estruturas em madeira sem químicos, etc.

Para pensar o novo festival, que será feito em campos agrícolas abandonados rodeados de carvalhal, está previsto um Workshop para que todos possam dar ideias para realizar o Andanças ecológico. Mas como as ideias por si só não chegam, lá mais para o ano, haverá um campo de trabalho, para realizar algumas das ideias que entretanto tenham germinado.

O Andanças está aberto a sugestões!

segunda-feira, agosto 09, 2004

Notas de Cozinha de Leonardo da Vinci

COMO SENTAR CORRECTAMENTE À MESA OS COMENSAIS ENFERMOS

Os convidados que sofram das mais terríveis doenças (e não me refiro à peste, mas à escrófula ou à varíola), tal como os que forem dados à perda de peso, bem como outros que exibam chagas ou feridas abertas, não devem ser sentados em lugares próximos do senhor Ludovico, meu Amo (a menos que sejam filhos de Papas ou sobrinhos de Altos Cardeais), mas a sua companhia é tolerável para outros de classes inferior e para dignatários estrangeiros, entre os quais podem tomar assento.

Relativamente aos que sofram ataques de soluços, aos que funguem constantemente, aos que padeçam de tremores e espasmos ou de alucinações, o meu Amo prefere que se sentem longe dele (a menos que sejam filhos de Papas ou sobrinhos de Altos Cardeais importantes) porque, com eles, a conversa corre o risco de ser aborrecida. Pela mesma razão, não é conveniente que estas pessoas fiquem ao lado umas das outras, mas entre elas deve colocar-se o "fermento" constituído por membros menores da corte. Todavia, os convidados furunculosos, os anões, os corcundas e os coxos, bem como os que não se possam deslocar por sua própria vontade e que tenham de ser levados até à mesa, tal como os que tenham cabeças inchadas ou mirradas, encontram aceitação por parte do Amo e são bem recebidos a seu lado.

Consideremos, então, os pestilentos. Estes devem tomar assento afastados dos restantes, sendo posta mesa para eles à vista do meu Amo (mas não em contacto com ele), feita de madeira menos nobre, porque logo será queimada, bem como serão destruídos todos os utensílios com que comerem; todo o pessoal que os sirva é dispensado das suas funções durante trinta dias; e se, passado esses tempo, estão bem de saúde, são readmitidos; no caso de estarem contaminados, no entanto, serão imediatamente despedidos, para bem de todos os restantes.

In "Notas de Cozinha" de Leonardo da Vinci (Codex Romanoff)

quarta-feira, agosto 04, 2004

Autarcas que metem água

No mesmo dia em que os munícipes de Évora recebiam uma carta do presidente da Câmara, José Ernesto d'Oliveira, alertando para o buraco financeiro em que a mesma se encontra, motivo que teria levado o Presidente a tomar a medida drástica de cortar a água a todos os consumidores com contas em atraso, aparecia na revista Lux esta reportagem:

texto


Diz a Lili Caneças: "Já vim a este evento três vezes, sempre a convite do dr José Ernesto Oliveira, que é um querido(!!). Fui recebida como Cléopatra, a rainha do Egipto, com direito a carro com motorista e tudo. Deu-me a melhor suite do hotel da Cartuxa, com mais de 200 m2 e banheira com jacuzzi(...)"

Não pagar a conta da água é feio, mesmo tendo em consideração que a Câmara também arrasta dívidas para com alguns desses munícipes, mas há com certeza aqueles que não pagam porque não têm mesmo dinheiro. Os tais das reformas miseráveis, por exemplo. E o Zé Ernesto priva-os de água, o recurso mais essencial à vida, para poder pagar mordomias a uma senhora que, ao que sei, tudo o que faz é animar festas. Extraordinário.

mpf