Pois é, somos o país das “cassetes piratas”.
A começar na feira do mais pequeno lugarejo de Portugal até à grande e mui civilizada urbe de Lisboa. Dizer “pobre país” já se me afigura pouco. Que m. de país, que também é o meu. Como devo eu sacudir a m. do capote?
Claro que o “m.” que estou a utilizar significa tão-só “medíocre”, “maledicente”, “mesquinho”, “m.m.m.m.” etc. A que se deve esta minha intervenção?
- Deve-se ao facto de estar a viver num país onde a “lei” não é igual para todos. Explico. A revista FOCUS (de quem nem sequer tenho grande admiração, pois já “pimbalhou” um pouco) foi alvo de uma “providência cautelar” para não publicar o conteúdo de umas “cassetes piratas” (uma vez que não pagavam direitos de autor e tinham sido “gamadas”) sobre o já infeliz caso da “Casa Pia”. Não sei até que ponto se pode “acautelar providencialmente” a uns órgãos de comunicação e a outros não; isto, porque o sempre “Independente” (da verdade e da mentira) publicou partes do conteúdo das “cassetes piratas”. A sua directora (ou lá o que é) disse textualmente, que eu ouvi “o que transcrevemos foi efectivamente dito”. Que grande tirada, que grande sabedoria, que energumeneria. A questão não se põe em saber se o que se transcreve foi ou não dito, põe-se sim em saber se o que se disse naquele “bocadito de conversa” corresponde ao contexto e ao que realmente foi dito: dito, é o “tudo e não a parte”. A srª. Dona I.S.L. (Inês Serra Lopes) teve um acto de coragem inquestionável:
- Pela primeira vez deve ter publicado o que efectivamente foi dito. Parabéns. Disse também que tem em sua posse mais ou menos 50 horas de gravações. Ora assim sendo como é que só transcreve parte? Só transcreve aquilo que ela entende que deve transcrever – Antigamente a isto chamava-se censura, hoje “Mero critério redactorial”, são os tempos. O grande problema é que o “censor” de hoje faz o que quer sem qualquer responsabilidade.
Vejamos porquê.
1º - Usou conversas obtidas por meios ilegítimos, segundo se diz.
2º - Usou conversas obtidas por furto, segundo se diz.
3º - Usou conversas a seu belo-prazer, segundo digo.
Assim, quanto ao ponto 1, digo: imoral, imoral. Quanto ao 2 deve ser acusada de “receptação”(aquilo que se diz de quem adquire bens roubados – que neste caso já se sabiam roubados, ao contrário de tantos outros desgraçados que fazem o mesmo tipo de aquisição na ignorância e pagam-nas bem pagas na pildra). Quanto ao 3, não acredito, sinceramente que tenha tirado grande prazer das conversas, pois ela nunca foi jornalista para se meter em casos como o da “Casa Pia”, nem o seu pai está relacionado com tal caso, nem sequer foi envolvida no famoso caso dos “Sósias” do C.C. . Bravo, D. Inês, está a fazer o seu melhor, só que num país a sério as “cassetes piratas” trar-lhe-iam grandes incómodos, a começar pelo facto de deixar de ser jornalista, pois são os seus pares que dizem que a divulgação de tais conteúdos seria a violação do segredo profissional a que cada jornalista está vinculado. Ou agora a preservação da fonte já não interessa. Então interessa nuns casos e noutros não? Haja vergonha, seriedade intelectual e jornalística.
Aqui, tudo ficará em “águas de bacalhau”. Sempre o “Fiel Amigo”. Quero acreditar que o meu país não é uma m.
José Cordeiro
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