terça-feira, novembro 30, 2004

Mimos

Curiosa a troca de mimos entre os Acidentais e Pedro Mexia, e depois, destes com o Almocreve.

Se dúvidas tinha acabaram aqui mesmo: gosto da escrita de PM, e gosto da sua postura na vida e na política. E os tais "orgânicos", com juras de fidelidade acéfala e cega obediência à máquina partidária, infelizmente existem aos magotes em todos os partidos. Para os "orgânicos", a política só serve para vencer a todo o custo o adversário. Há muito que se esqueceram que devem servir as pessoas, melhorar a sua qualidade de vida, contribuir para o progresso e para o desenvolvimento sustentável, etc.
Para além dos partidos e das dicotomias fáceis, fica a certeza de que em todos os quadrantes há pessoas decentes. Que não é o caso dos Acidentais, que a única coisa decente que têm é o Blog desaparecer quando se clica nos links...

PS - acho mal é terem chamado ao Almocreve "Freitas do Amaral"...

A parábola

Depois do discurso tipo Calimero na televisão, depois da parábola da incubadora - há mais de 2000 anos que nenhum dirigente se dirigia ao seu povo por parábolas (e o último que o fez acabou crucificado) - Santana aproxima-se vertiginosamente do fim.

Deixo-vos com um post delicioso tirado do Alípio:

Caro P.
Envio-te a proposta da Comissão de Toponímia da Cidade de Lisboa, para veres se está conforme o que pediste. Lembrei-me que também se pode dizer que isto tem a ver com a vinda cá do Putin – os laços de amizade com a grande nação russa e coisa e tal....
Caso não tenhas alterações a fazer, segue para aprovação na próxima sessão da Assembleia Municipal.

Um abraço,
Carmona

“Proposta de resolução nº 37/2004 - Aos vinte e nove dias do mês de Novembro de 2004, esta Comissão decidiu por maioria qualifificada propor a alteração do nome de uma artéria da cidade de Lisboa, por razões de modernidade, progresso e ordem pública. Assim, propõe-se que a actual Av. Defensores de Chaves se passe a chamar Alameda Pedro, o Grande.
P’la Comissão de Toponímia da Cidade de Lisboa, (assinaturas ilegíveis)”

De Grandes Cabeças a Cabeçudos

texto

SIDA em números

Mais de 40 milhões de infectados com a SIDA. Na África do Sul, 670 000 crianças nasceram com a doença; numa década, a esperança de vida passou de 60 para 40 anos; o PIB já começou a decrescer por causa da doença. A África do Sul e o Brasil foram os primeiros países a fazer genéricos dos medicamentos retrovirais que tornam a SIDA uma doença crónica, enfrentando o fortíssimo loby farmacêutico, com um justificadíssimo caso de saúde pública entre mãos...

Mesmo com a SIDA a atingir porporções inimagináveis, originando uma espiral de morte (com maior incidência em África), os países ricos ainda não estão suficientemente sensibilizados para o problema.

Apenas 5% dos infectados tem acesso aos medicamentos retrovirais, porque as grandes empresas farmacêuticas, a bem dos seus copiosos lucros (afinal são 40 milhões de potenciais consumidores!), continuam a impedir o fabrico de genéricos na maioria dos países.


Alguns números I

40 milhões era o número de pessoas investigadas e controladas pela STASI (polícia secreta da Alemanha democrática, com mais de 100 000 empregados e 150 000 informadores); destes, 6 milhões e meio eram suspeitos...

50 000 conversas eram ouvidas diariamente por mais de 11 000 funcionários; a poesia era considerada suspeita...

Está-se bem na Cidade?

Hoje, TERÇA-FEIRA dia 30 de Nov. (às 21:00 h, na ordem dos arquitetos), vai decorrer o segundo debate do ciclo "Viver (n)a Cidade".

Depois de termos tentado perceber "De que são feitas as Cidades" vamo-nos dedicar à questão: "Está-se bem na Cidade?"

Para nos ajudar a responder a esta pergunta vão estar presentes:
o arquitecto Nuno Teotónio Pereira
a socióloga Maria João Freitas

Nas semanas seguites seguem-se:"Cada cabeça sua cidade?" (7 Dez)"Cidade prêt-à-porter?" (14 Dez)

Não faltem

João Almeida (ATTAC verde)

segunda-feira, novembro 29, 2004

A origem do Grande Canyon

Uma vez mais, o creacionismo vem à baila. Desta vez, querem pôr uma adenda nos livros escolares afirmando que o evolucionismo é apenas uma teoria...



Pior, no parque natural do grande Canyon, existe um livrinho a explicar uma "outra história" deste monumento natural. De acordo com o livrinho, o Grande Canyon tem apenas 6000 anos (e não as centenas de milhões de anos que os malandros dos cientistas dizem ter) e que resultou do dilúvio, o famoso evento bíblico onde um rapaz com jeito para a logística salvou a vida na terra construindo uma arca de madeira. Ou seja, à estapafúria teoria geológica que afirma que o Grande Canyon resultou de 270 milhões de anos de erosão, este livrinho contrapõe um Dilúvio Bíblico que durou umas dezenas de dias, com um tal de Noé e uma carrada de bichos a safarem-se numa barcaça mal amanhada (acho mal que o Noé não tenha salvo as plantas, mas parece que elas depois se orientaram, talvez por intervenção divina). Mais grave ainda: o livrinho é vendido nos serviços do parque, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Isto seria anedótico, se não tivesse consequências dramáticas: é que parece que a maioria dos Americanos acredita mais no criacionismo que no evolucionismo. E esta é a América de Bush. No mesmo país, convive uma elite científica na vanguarda da investigação mundial com uma sociedade fortemente conservadora, que acredita que o Grande Canyon teve origem no Dilúvio (em Portugal o dilúvio fez o Pulo do Lobo, no Guadiana, segundo reza a história).

(o link chegou via Maria João)

Bush = mau ambiente

A administração Bush e o ambiente (gracias pelo link, Maria João); pequena apresentação (muito bem esgalhada) feita por Eric Blum.

CIDAC

Centro de Intervenção Para o Desenvolvimento Amílcar Cabral

No ano em que celebra três décadas de existência, esta Organização Não Governamental de Desenvolvimento (ONGD) apresenta-se em três eixos fundamentais: Informação (centro de documentação); Educação para o desenvolvimento e Cooperação. Sediado em Lisboa, o CIDAC tem desenvolvido projectos em Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste. A sua missão é promover a solidariedade entre os povos como parte integrante de uma cidadania activa num contexto de progressivas interdependências mundiais. Boletim da Latitude zero

Cafeína Assinala Poluição

Quantidades enormes de cafeína vão parar à água, quer através dos restos que são deitados directamente para o lavatório, quer através da urina. A apesar dos tratamentos à água removerem quase 99%, a cafeína é tão abundante e quimicamente estável que se mantém detectável. Por isso, tem vindo a ser utilizada como um marcador da contaminação da água, dando indicadores quanto à percentagem de água contaminada que tem origem nos lares e não na agricultura.

Nature - Boletim da Latitude zero

sexta-feira, novembro 26, 2004

Canalizador


O Estado da Nação

texto

"Bateu no fundo?", pergunta a criatura.

quinta-feira, novembro 25, 2004

Coligação



Tropas no Iraque

Países com militares no Iraque até Abril de 2003


Países com militares no Iraque em Março de 2004


São ao todo 34 os países que contriburam com tropas; aqui está a lista de contribuições:



Os 21 últimos países contrubuem com apenas 2%; os dois primeiros (EUA e UK), com quase 90% das tropas...

Dados recolhidos aqui.

Países fora do TPI

Mapa dos países que não fazem parte do Tribunal Penal Internacional.



cria o teu próprio mapa
or vertaling Duits Nederlands

Mapa obtido via Aba de heisenberg

Queremos Justiça, justa!

A crise da justiça portuguesa prolonga de forma injusta os tramites processuais, favorecendo, ao invés do que é recomendável, as mais poderosas das partes, permitindo-lhes manipular dentro e fora dos tribunais estigmas sociais, bem como explorar efeitos de estatuto social mediaticamente projectados com poder e dinheiro. Como declarou um ex-ministro da Justiça de Portugal, isso é um dos mais graves atentados aos Direitos Humanos no nosso país.

A propósito do processo Casa Pia, bem como de todos os processos semelhantes, há que louvar a coragem das crianças abusadas e estimular a sua auto-estima, porque a cidadania existe para todos e todas. Curvemo-nos, pois, ao seu exemplo de resistência, sofrimento, dignidade e coragem. Dos seus testemunhos esperamos a verdade. Porque não há prostitutos infantis. O que houve, e continua a haver, é abuso sexual de crianças, independentemente das condições objectivas e subjectivas da existência pessoal das vítimas de tão abominável crime.

Também o Estado estará a ser julgado pelo povo, que espera justiça de quem de direito. Não que os sinais disponíveis publicamente sejam encorajadores. Ao invés. Porque o Estado se mantém aparentemente distanciado do assunto, como o demonstram as denúncias públicas e privadas de incapacidade para lidar com o assunto – ver o alheamento dos órgãos de soberania fora da judicatura, os debates sobre o papel das comissões de protecção de menores, as notícias sobre a Casa do Gaiato ou as avaliações de especialistas sobre a inexistência de uma reacção administrativamente organizada contra o fenómeno. A oportunidade do julgamento irá tornar-se, pela sua singularidade, um revelador da capacidade portuguesa de se modernizar, de fazer o mesmo ou melhor que outros Estados (EUA, Vaticano, Bélgica) fizeram em situações equivalentes.

Para além da Expo ou do Euro, haverá em Portugal vontade e coragem? Poderá Portugal dar exemplos ao mundo como tratar assuntos tão delicados e, assim, defender as potenciais vítimas e fazer justiça, com verdade. Como no futebol, os portugueses devem apoiar a justiça de um Estado de Direito. Por isso, cabe-nos exigir das instituições Justiça! Devemos isso às nossas crianças e a nós mesmos!

Plataforma Não ao Abuso Sexual de Crianças (ACED, Opus Gay, Mulheres Contra a Violência)
Movimento de Apoio às Crianças Abusadas

Energia Verde

Será que os computadores podem trabalhar com energia retirada de espinafres? Poderá parecer estranho e até impossível mas a verdade é que investigadores americanos conseguiram criar células eléctricas movidas a proteínas de plantas. Segundo Marc Baldo, do MIT - Massachusetts Institute of Technology – estas células solares biológicas, que convertem luz em energia eléctrica, podem ser bastante eficientes, baratas e fáceis de produzir.

Nature - Boletim da Latitude zero

Iraque Mais Limpo

O Programa Ambiental das Nações Unidas – UNEP – anunciou que, em parceria com o Ministério do Ambiente do Iraque, vai começar a fazer um levantamento da actual situação neste país no que respeita a níveis de poluição. Este projecto-piloto tem como principal objectivo treinar os cientistas iraquianos na identificação das ameaças para humanos, animais e plantas resultantes de décadas de desleixo ambiental e de conflitos armados.

UNEP - Boletim da Latitude zero

quarta-feira, novembro 24, 2004

Esquerda ou direita?

Porque é que se conduz pela direita nuns países e pela esquerda noutros?



Segundo a opinião de Carlos Evaristo, tudo começou com uma enchente de fieis no Vaticano por causa de uma relíquia. A negativa do Papa em mostrar a relíquia fez com que todos os fieis saissem da basílica ao mesmo tempo, pela mesma ponte. A ponte foi abaixo com o peso e muitos morreram. Então o papa decretou que para aceder à basílica deveriam entrar pela direita (ponte) e sair pela esquerda (outra ponte) e a coisa pegou...Com o movimento protestante em Inglaterra, os ditos resolveram abulir as relíquias e circular pela esquerda. Enfim, uma história um bocado rebuscada.

Segundo estes senhores, a história é bem diferente:

No começa toda a gente andava pela esquerda, porque na violenta idade média, era boa ideia passar pelos outros andarilhos pelo lado direito, já que sendo a maioria das pessoas destras, poderiam mais facilmete sacar do espadalhão com o braço direito e aviar quem lhe quisesse mal. Para os cavaleiros o mesmo, já que pela esquerda (lado do cavalo por onde se monta e desmonta) estariam resguardados pela berma da estrada de algum ataque. Mas entretanto, a partir de 1700, por causa da condução de grandes vagões em França e na América, uns quantos começaram a andar pela direita. Mais tarde, a revolução Francesa deu um grande impulso à condução pela direita: antes da revolução, a aristocracia passava pela esquerda, obrigando o povo a ir pela direita; depois da revolução, para manter a descrição, os nobres juntaram-se à plebe na direita. Em 1793, foi decretado que se circulava pela direita.

Mais tarde, Napoleão alargou o "direitismo" aos países baixos, Suiça, Polónia e Rússia, assim como a algumas partes de Espanha e Itália. Os estados que resistiram a Napoleão continuaram a circular pela esquerda, incluindo Portugal. Até à Primeira grande guerra, em Portugal continuámos a circular pela esquerda. Apenas nos anos 20 passámos a circular pela direita, exactamente no mesmo dia, em Portugal e nas colónias, excepção feita para as colónias fronteiriças a países "esquerdistas", como Macau, Goa e Moçambique. Timor mudou para a direita, mas a Indonésia em 75 obrigou ao retorno à esquerda.

A razão de se voltar para a direita nos anos 20, é para Carlos Evaristo clara: "Em Portugal, o trânsito também terá circulado em sentido contrário até 1922, altura em que alguém terá explicado as origens dessa regra de trânsito. Só então é que se começou a circular pela direita."

As duas histórias coincidem na data de inversão de circulação em Portugal. Seja qual fôr a verdadeira história, o que fica é a regra de trânsito, independentemente de ter sido por decreto papal ou fruto da revolução francesa.

Entretanto, acho que Timor não voltou a circular pela direita...

Delírios de um usurpador

Afirmações do Primeiro:

O que não faz sentido é que os não eleitos tenham muito mais tempo para falar na comunicação social que os eleitos.

Assim, textualmente, a coçar o ego como só ele sabe fazer....

Eleito? Desde quando é que o Lopes foi eleito?

Para além desta pequena minudência, uma outra recomendação emerge das ideias peregrinas do Lopes. A bem do equilíbrio da informação, o poder mediático deverá ter um peso proporcional aos resultados nas eleições. E ainda falam do Chavez, com a televisão sempre a morder-lhe os calcanhares. Se o Lopes fosse presidente da Venezuela, certamente que já teria amordaçado as televisões todas e demetido quem pudesse, para ver se tinham por lá contraditório laranja para equilibrar a informação da comunicação social... Ó sr Lopes, então não sabe que o poder mediático deve ser independente do político? Ou será que tem uma certa dificuldade em conviver com a democracia e com as suas regras estapafúrdias?

Livre acima de tudo I

Por trás de uma aparente distinção técnica, os termos software livre e código aberto, criados por Richard Stallman e Eric Raymond, escondem diferenças políticas e ideológicas
Rafael Evangelista

Afinal, há alguma diferença entre dizer Linux ou GNU/Linux? Ou entre um adepto do movimento pelo software livre ou do movimento de código aberto? Há sim, e muita. Para além das respostas simplistas e pragmáticas, a solução pode ser encontrada na história do movimento. Ninguém nega que tudo saiu das mãos e da cabeça do guru Richard Stallman que, ainda na década de 1980, delineou os princípios éticos do movimento. Na época, Stallman, fundador da Free Software Foundation (FSF, Fundação do Software Livre, em inglês), estabeleceu as quatro liberdades que fundamentam o movimento: o software deve ser livre para ser modificado, executado, copiado e distribuído. Ambos, o código aberto e o software livre, respeitam esses parâmetros.

A partir de 1991, emerge uma jovem estrela da Finlândia, Linus Torvalds. Carismático, empreendedor e sabendo usar melhor a internet, ele conseguiu solucionou um problema que a FSF se dedicava há anos, construir um kemel que suportasse um sistema operacional alternativo. O kernel é uma parte central do sistema, responsável pela configuração e gerenciamento dos dispositívos (teclado, mouse, monitor etc). A FSF já tinha todo o resto da estrutura do sistema pronta e trabalhava no desenvolvimento de seu kernel. Linus foi mais rápido e, mantendo a filosofia livre, adoptou soluções tecnicamente mais eficientes, criando o Linux, essa parte essencial do sistema.

O método de desenvolvimento adoptado por Linus está no livro "A Catedral e o Bazar", escrito por Eric Raymond, em 1997. A obra é também uma alfinetada em Stallman, acusado de adoptar uma postura centralizadora de desenvolvimento. Raymond descreve o desenvolvimento GNU como se fossem catedrais, monumentos sólidos, construídos a partir de uma grande planificação central. Já o desenvolvimento adoptado por Linus seria como um bazar, com uma dinâmica altamente descentralizada. Diz Raymond: "Penso que a criação mais engenhosa e de maiores consequências não foi a construção do kernel em si, mas a invenção do modo de desenvolvimento Linux".

Outras Palavras

Livre acima de tudo II

Stallman sempre foi uma figura politicamente muito activa, não apenas no campo da informática. Mais velho, tendo vivido toda a experiência da luta pelos direitos civis nos EUA, Stallman tem um discurso pouco amigável com as empresas. No seu site pessoal, por exemplo, ao lado de artigos a favor do software livre, encontram-se também ensaios políticos sobre temas como a invasão dos EUA ao Iraque e o muro de Israel na Palestina. Raymond, por sua vez, é um ardoroso defensor da liberalização do uso de armas, tema usualmente mais ligado às bandeiras da direita. Linus, além de ser politicamente mais moderado e pragmático, consegue criar uma afinidade maior com a nova geração de programadores abaixo dos 40 anos, da qual Raymond faz parte. Essa geração, segundo Sam Willians, autor do livro Free as in Freedom, é mais energética e ambiciosa.Desde a ascensão do trabalho de Linus, boa parte do tempo de Stallman tem sido gasta em pedidos para que todos se refiram ao conjunto do software como GNU/Linux e não apenas Linux. Quer somente que seu trabalho, e de toda FSF, seja reconhecido.

Se o discurso politizado e a integridade radical de Stallman nunca foram de fácil digestão para os programadores da nova geração, ambos são ainda mais indigestos para os empresários. Raymond teve um papel decisivo na criação de uma alternativa mais ao gosto do paladar corporativo. Em A Catedral e o Bazar, ele descreveu um processo de produção inovador e descentralizado, em que as alterações no software são rapidamente entregues à comunidade. Esta, testando e avaliando o produto, estabelece uma espécie de seleção natural em que as melhorias sobrevivem e as soluções falhas são logo identificadas. O descrição encantou os executivos da Netscape, dona de navegador de internet que havia sido destruído pela ofensiva agressiva - e anti-competitiva, segundo os próprios tribunais dos EUA - da Microsoft e do seu Internet Explorer. Em 1998, Raymond foi a peça chave no processo de convencimento dos executivos da Netscape para que libertassem o código.

O prestígio adquirido por Raymond, somado ao do carismático Linus, foram essenciais para que o movimento de código aberto (open source, em inglês) pudesse se estabelecer. Frequentemente, Stallman procurava - e procura até hoje - deixar claro que o free de free software (do termo original em inglês), não significa grátis mas livre. A confusão entre livre e grátis tornou-se a justificação perfeita para que surgisse o termo código aberto, neutralizando a reivindicação política do movimento.

Não há diferenças substanciais entre o que os termos software livre e código aberto pretendem definir. Ambos estabelecem praticamente os mesmos parâmetros que uma licença de software deve conter para ser considerada livre ou aberta. Ambas estabelecem, na prática, que o software deve respeitar aquelas quatro liberdades básicas que a FSF estabeleceu. Mas os defensores do termo código aberto afirmam que o termo fez com que os empresários percebessem que o software livre também pode ser comercializado. Teriam sido mudanças pragmáticas e não ideológicas.

Outras Palavras

Livre acima de tudo III

O próprio Richard Stallman diz não ver o grupo do código aberto como inimigo. "Nós discordamos nos princípio básicos, mas concordamos nas recomendações práticas. Então podemos trabalhar juntos em muitos projetos", diz. O fato é que a Iniciativa do Código Aberto (Open Source Iniciative, em inglês), entidade cuja criação foi proposta por Eric Raymond, significou uma polarização de poder com a FSF de Stallman. Como ambas as entidades e o movimento como um todo só cresceram nos últimos anos, isso não significou um enfraquecimento para Stallman.

"O principal argumento para o termo código aberto é que software livre deixa as pessoas inquietas. É verdade: ele fala de liberdade, ética e responsabilidade. Ele convida as pessoas a pensar sobre coisas que elas poderiam ignorar. Isso desperta desconforto e algumas pessoas podem rejeitar a ideia por isso. Mas isso não significa que a sociedade vai ficar melhor se pararmos de falar nesses assuntos".

Há exemplos de como o termo código aberto tem sido usado de maneira traiçoeira. Em resposta às crescentes acusações de que os clientes de seus produtos não tem acesso ao código fonte (as linhas de instruções que formam um software), a Microsoft tem respondido com o seu programa Shared Source (algo como código compartilhado). Por esse programa, a empresa mostra partes do código de seus produtos a clientes como universidades e governos. Na prática, ela torna parte de seu código aberto, o que não significa que ela se torne adepta dos softwares livres. Para isso, o código deveria ser aberto a todos - e não só à vistoria de seus clientes - e deveria ter sua execução, distribuição e modificação permitidas livremente.

Entre a comunidade de software, ciente de que código aberto e software livre significam praticamente as mesmas recomendações, dizer um ou outro na verdade significa tomar partido de um determinado grupo e de uma certa inclinação política. Para quem acha que, além da eficiência e da estabilidade de certos programas, é preciso construir alternativas mais justas de distribuição da produção e do conhecimento, o termo software livre parece ser a melhor opção.

Outras Palavras

FSM 2005

Última semana para propor atividades no FSM 2005

As inscrições de atividades para a quinta edição do FSM terminam nesta quinta-feira, dia 25 de novembro (18 horas do horário de Brasília). Até essa data, as organizações podem incluir uma nova proposta de actividade e também podem modificar, combinar ou excluir propostas já inscritas. O link de inscrições é http://www.inscricoesfsm.org.br/content. Podem propor actividades organizações que se revejam na Carta de Princípios do FSM.

É importante que as organizações não deixem a inscrição para a última hora, pois o sistema costuma ficar lento e instável por causa do excesso de acessos. A organização do FSM também solicita que as entidades optem pela realização de suas actividades, preferencialmente, nos dois últimos dias do evento, 29 e 30 de janeiro. Já há uma procura grande de actividades para os primeiros dias do FSM.

As datas e os horários de realização das atividades propostas serão definidos pelo Comitê Organizador do FSM 2005 e divulgadas em meados de dezembro, tendo como referência a data sugerida pela entidade proponente.

Até o dia 22 deste mês, 2.027 eventos já haviam sido inscritos por 3.293 organizações de 108 países. Conheça também como a sua organização pode participar do processo de aglutinações de atividades e da criação de novas alianças. (mais)

terça-feira, novembro 23, 2004

Putin não nos ameaça...

"Não estamos a pensar usar as novas armas nucleares em nenhum país em particular e muito menos na Europa" Vladimir Putin

Agora já estou mais aliviado (apesar da extrema particularidade que caracteriza a administração Lopes, acho que Portugal não se enquadra no perfil da coisa); agora, se vivesse num país geral, fora da Europa, não ficava lá muito descansado com as palavras do ex-KGB...

Google escolar

O Google lançou um motor de busca da Internet restrito a textos académicos. O Google Scholar, disponível ainda numa versão de testes, tem por objectivo procurar apenas artigos científicos, teses, livros ou relatórios técnicos de qualquer área da investigação.

Este sistema permitirá eliminar milhares de páginas de Internet dos resultados das pesquisas referentes a determinadas palavras-chave, que tanto dificulta as pesquisas on-line ao encontrar todo o tipo de centros, bases de dados, índices, etc.

Neste sistema todos os resultados da pesquisa poderão ser apenas artigos científicos. Para além disso, os artigos são ordenados por ordem de importância e encontra os artigos disponíveis gratuitamente. Frequentemente, por exemplo, a página que é listada em primeiro nos resultados das pesquisas, contém o artigo correspondente ao marco na área de investigação pesquisada.
Este ranking é definido por algoritmos que contabilizam as citações referenciadas nos artigos, refinado pela importância das origens desses citações, dando mais importância aos artigos mais citados e citados em sítios mais importantes.

Fonte: Naturlink, via João (gracias).

Estatísticas II

Para confirmar a utilização da estatística como ferramenta, dou um pequeno exemplo curioso. Na pesquisa com o Google, obtemos:

1º caso:
Obsessão - 106.000 resultados
Obcessão - 654 resultados

2º caso:
Detrimento - 521.000 resultados
Deterimento - 888 resultados

Ou seja, o erro ortográfico tem uma incidência de 0,61% no 1º caso e de 0,17% no 2º. O que quer dizer que com uma certeza de 99,29% a palavra certa é obsessão e com 99,83% é detrimento. Não é uma certeza absoluta, mas é uma probabilidade tão elevada que estará muito perto da realidade. É isso que nos dá a estatística: uma medida de proximidade da realidade e ainda mais importante, uma medida do erro! (como já devem ter percebido, sou um estatístico convicto).

Aplicação prática da estatística - quando não tiverem corrector ortográfico, vão ao google e descubram a palavra certa...

Sim ou não ao referendo?

Interessante a troca de ideias entre o Adufe e a Causa relativamente ao referendo para a constituição Europeia.

Sobre a polémica questão, não tenho ainda opinião formada. Por um lado, nas questões ambientais, de direitos humanos ou de saúde pública, a constituição Europeia poderia permitir dar o salto para a Europa das pessoas (sou um optimista convicto). Por outro, no texto da constituição está implícita uma Europa claramente tendenciosa, benefeciando as elites económicas em detrimento dos mais "pobres". Mas empiricamente falando (sou um empírico convicto), dos impactos das directivas Europeias em Portugal, sinto a Europa mais benéfica que maléfica.

Se a partir da constituição, se puder avançar para uma União Europeia das pessoas, e ficarmos (por exemplo) com um sistema de saúde igual ao Francês, prestações sociais iguais às dos países nórdicos, uma política ambiental igual à da Noruega, uma dinâmica de investigação científica igual à Inglesa, então a resposta será claramente "sim, aceito" (lá está, sou um utópico convicto).

Se esta constituição não serve para nada disso, e nos levará a constituir uma Europa-fortaleza, com a única obsessão de ultrapassar os EUA no crescimento económico, esquecendo os milhões de Europeus e os seus direitos, então a resposta será um rotundo "não, vão antes pregar para outra freguesia".

Espero que ao contrário da regionalização e do aborto, a discussão seja inteligente, e que no fim da discussão todos tenhamos consciência do modelo de desenvolvimento preconizado por esta constituição. E nesse momento, irmos votar no referendo, com as ideias esclarecidas e pelo menos com algumas certezas. A ver vamos...

Adenda - nem de propósito: Vital Moreira hoje no Público começa a discutir a questão inteligentemente. Depois desta leitura, votaria sim; fico à espera do contraditório...

Observatório das minorias

A Opus Gay e a Ilga-p estiveram na Haia, Holanda, nos passados dias 19-20 Nov, a participar, a convite da Presidência Europeia Holandesa da UE, numa conferência dedicado ao tema “Mainstreaming policies on sexual orientation in Europe” que traduzimos por políticas integrativas da orientação sexual na Europa (mainstreaming =integração de uma perspectiva de igualdade a todos os níveis da politica e do social, para promover a igualdade de oportunidades). Nessa conferência estiveram mais de uma centena de activistas lgbt dos 25 países da UE, representantes da Ilga Europa e governamentais, investigadores, um dirigente muçulmano que falou sobre islamofobia, e do Islão para o sec XXI, um capitão da força aérea da Suécia, a titulo oficial, um representante da empresa Ford, para nos falar das políticas inclusivas levadas a cabo por esta multinacional, e um representante de uma organização desportiva. A actual Presidência Holandesa deixou já um fundo para que se organize no próximo semestre, da responsabilidade da Inglaterra, nova conferência, desta vez dedicada ao tema da luta contra a homofobia e o sexismo.

Conclui-se que para levar a cabo uma verdadeira Europa que lute contra a discriminação e pela igualdade de oportunidades há que apoiar a nova Constituição Europeia, como a Opus Gay também vem defendendo, o que vem na linha da trajectória das políticas consistentes da União Europeia, levadas a cabo nestes últimos anos, sempre a favor da defesa dos direitos humanos, e dos direitos humanos das minorias. Também se concluiu que muitos países não têm cumprido com as Directivas Europeias que apontam neste sentido, e que para fazer progredir estas políticas é necessária vontade política da parte dos Estados, vontade política que tem faltado, por exemplo, no nosso país, pelo que é necessário criar mecanismos de analise, observação e acompanhamento das diversas fases do processo, para que sejam correctamente implementadas tais políticas, não sejam hierarquizados os direitos humanos, ou não se fiquem pelas meras boas intenções.

António Serzedelo - Opus Gay

O Muro em Évora

Desde há muito tempo, que o mundo tem assistido à escalada de violência na zona do globo chamada de Médio Oriente. As tensões existentes entre os povos que habitam aquela área têm desencadeado um mal-estar a nível tanto local como global, levando a esforços de normalização e obtenção de paz nesta região. É também do conhecimento geral, que as diferenças existentes entre os povos dessa mesma zona repercutem-se em diversos palcos de guerra um pouco por todo o globo.

No sentido de perceber o ponto de situação do conflito, e no âmbito de um ciclo de conferências que pretendem ser um veículo de discussão e compreensão do mundo conturbado em que vivemos, vem a AEUE por este meio convidar V. Exa. a estar presente na 1ª sessão do ciclo de conferências subordinado ao tema do "O Muro do Médio Oriente". Esta conferência terá como oradores convidados o Sr. Embaixador Issam Besseisso, delegado-geral da Palestina em Portugal, e o investigador Carlos Almeida. No entanto, e com o intuito de perceber a abrangência da questão, será visionado um pequeno documentário intitulado "The Cage".

Esta sessão decorrerá na próxima terça-feira, dia 23 de Novembro pelas 17h no anfiteatro 131 do CES (Universidade de Évora).

Com o objectivo de promover a Universidade como escola de cidadania, este evento pretende ser um contributo da AEUE para que a academia eborense se mantenha informada e actualizada e deste modo possa ocorrer o debate e a troca de ideias no seio universitário.

Pela AEUE

segunda-feira, novembro 22, 2004

Estatísticas

Diz-se que a estatística se presta a todo o tipo de manipulações. Estou parcialmente de acordo com esta afirmação. Sou daqueles que acha que a estatística é uma ferramenta importante para analisar a realidade e encontrar soluções para os problemas. Mas claro está, como tudo na vida, tem que haver honestidade na forma como a estatística é utilizadas. Um exemplo interessante é a famosa estatística dos acidentes de aviação. Para nos convencer que não há problema nenhum em estar uns milhares de metros acima do solo, as companhias de aviação insistem na estatística mágica: é mais provável morrermos num desastre de automóvel do que num acidente de avião. O problema é que esta probabilidade é calculada em função do número de quilómetros e por cada viagem.
Se em vez disso, calcularmos a probabilidade de quilharmos (uma pessoa por viagem, independentemente dos quilómetros) ao nos aventurarmos num avião, então não sairmos vivos do avião tem uma probabilidade 10 vezes superior à de termos um acidente mortal num automóvel. O mal não está na estatística. O problema está na maneira como os dados são apresentados e a forma como a estatística é calculada...

Requiem pelas vítimas dos fascismo

Telemóvel de Bicicleta

Highway Africa, a conferência africana sobre novas tecnologias de informação e comunicação e o único evento deste género em todo o continente, realizou este ano a sua 8ª edição. As contribuições, que poderá consultar online, foram muitas e interessantes, mas um rapaz de 17 anos que apresentou um sistema de carregamento de telemóveis através do dínamo da bicicleta conseguiu ofuscar todos os restantes participantes.

Highway Africa- Boletim da Latitude zero

Mães da Paz

A ONG russa Comité das Mães de Soldados apresentou-se aos independentistas tchechenos como disponíveis para negociar com o governo russo em benefício de uma resolução para o conflito travado pelos dois territórios. Este grupo de mulheres apresenta-se como representante do povo e destacou-se já pelo seu papel na libertação de soldados russos prisioneiros naquela república do Cáucaso. Nos últimos dez anos, a guerra entre a Rússia e a Tchechénia matou cerca de 80 mil tchechenos e 25 mil militares russos.

Canal Solidario - Boletim da Latitude zero

sexta-feira, novembro 19, 2004

Pesticida no Tabaco aumenta risco de Cancro

Quer dizer, para além das outras 127 substancias cancerígenas legais que já lá se encontram (porque o tal pesticida é ilegal)... até porque um em cada dois fumadores vai morrer por causa do tabaco.

... com couves

Quando era puto, odiava coves, como a maioria os putos. Depois de uns anitos emigrado, a coisa que mais associo ao Natal (e a que mais falta me fez no estrangeiro, para além do inevitável café) são as couves. A bela da cove tenrinha, bem regada com azeite caseiro, a acompanhar um bacalhau invulgarmente espesso. Hoje, é um dos repastos que mais me agradam: couves cozidas com azeite e outra coisa qualquer. Se for depois de umas geadas valentes, a couve fica tenrinha e ainda mais saborosa. Por isso as couves da época de natal são singularmente deliciosas.

PS – Ele também há umas lagartas, das couves, mas com cuidadinho tiram-se antes de meter as couves no tacho.

PS2 – No estrangeiro não há couves como às nossas; são uma variadade endémica do nosso país, que afirma a nossa originalidade muito mais do que o fado, o vinho do Porto ou a seleção nacional.

O Bacalhau

O Natal está a chegar. A reunião familiar, os dias sem trabalho, os passeios para as compras, as prendas, a felicidade das crianças, o nascimento de Jesus e a fortificação da fé... Tudo isto torna esta época maravilhosa. Mas a grande felicidade, e nisto penso que grande maioria do povo concorda comigo, está na reunião à volta da mesa. É uma época em que a abundância e variedade é tanta que nem uma ponta de inveja nos surge no coração ao ver que o primo que não víamos há quase doze meses consegue comer mais que nós. Desde os queijos e os patés, o peru, as rabanadas e os fios de ovos. É tanta coisa... Mas, pelo menos para mim, o bacalhau é o rei. O bacalhau com todos. As batatas, as couves, o grão, o ovo, o alho, o azeite, o vinagre e, tão importante como o resto, o copo de vinho. Mas, sempre que comia o esperado bacalhau, sentia uma pontinha de infelicidade, que teimava em assumir como a nostalgia que muitas vezes caracteriza as épocas festivas.

Mas, hoje fui iluminado. Consegui compreender a razão de tal tristeza. Para vos conseguir explicar a razão da minha compreensão vocês teriam de saber que, apesar de não ser especialista, sempre fui deveras interessado as questões naturais, principalmente as biológicas. No meu sétimo ano de escolaridade, seguia com interesse as longas descrições das cadeias tróficas, para grande espanto, e algum gozo, dos meus colegas. E como as crianças são ruins! Mas tal era o meu interesse que, apesar de ser eu uma criança bastante influenciável, não lhes ligava e seguia com interesse a matéria leccionada. Desde os níveis mais baixos, as plantas, passando pelos herbívoros e acabando nos grandes predadores, tudo me interessava nestes ciclos maravilhosos. Mas acima de tudo fascinava-me um nível paralelo, regulador de toda a cadeia, talvez o mais importante de todo o sistema – o parasita. Como eu desejava ser parasita. Toda a minha vida tentei ser parasita. Ter aquele importante papel de eliminar os mais fracos, mas sobretudo sem violência, pois sou um pacifista. Os objectivos atingem-se sem ondas, sem espectáculo. Não gosto dos predadores. Ainda não consegui mas vou continuar a tentar.

E hoje compreendi aquilo que me faltava no bacalhau. Conseguia identificar toda a cadeia trófica naquele prato. As plantas, base da alimentação dos herbívoros. O ovo, da galinha, principalmente herbívora, normalmente omnívora. O bacalhau, grande predador. E... pois, faltavam os parasitas. Eles poderiam lá estar, mas eu não os via. E ficava triste. Aquele grande papel na natureza estava renegado à invisibilidade.

E hoje fui feliz. Hoje finalmente o bacalhau era com TODOS. Hoje eles estavam lá. Hoje estava lá o parasita. Mas não um parasita qualquer. Não a simples larva da varejeira que pós o seu ovinho quando o bacalhau estava a secar. Mas sim o verme. Aquele verme que o bacalhau ingeriu, provavelmente na forma de ovo dentro de uma qualquer presa com o elegante papel de portador. Aquele verme que nasceu do ovo quando se sentiu confortável dentro do seu hospedeiro. Aquele verme que regula toda uma população de bacalhaus que teima em se reproduzir descontroladamente.

Hoje fiz uma pausa na minha refeição. Hoje tirei uma fotografia. Quero partilhar a minha felicidade. Este é o Verme.



Pós Post (1): Até quando vou eu comer bacalhau. Quando é que a minha gula vai acabar para salvar os vermes dos bacalhaus da extinção. Os hospedeiros são cada vez menos...

Pós Post (2): Quando é que eu consigo escrever um texto deste tamanho para a porcaria da tese que não tem fim à vista...

José Vicente

Pelo Jornalismo Africano

Em Maio de 2003, quinze jornalistas de seis países africanos fundam o FAIR - Forum for African Investigative Reporters, com a missão de promover o desenvolvimento do jornalismo de investigação por todo o continente africano. Consciente do papel vital do jornalismo de investigação no direito dos públicos africanos à informação e, por outro lado, dos enormes entraves à liberdade de imprensa em África, FAIR pretende ligar os jornalistas numa rede de entreajuda e disponibilizar recursos para o exercício da sua actividade.

FAIR - Boletim da Latitude zero

Organização Mundial da Colonização

Maior transparência nos mercados; reforma da ajuda alimentar; permitir empresas estatais de comércio; banir o “dumping” (exportação de produtos abaixo do preço de custo) – eis algumas das 10 medidas propostas pelo Institute For Agriculture and Trade Policy (E.U.A.) à Organização Mundial do Comércio. Após 10 anos de funcionamento, a OMC tem-se revelado incapaz de deter os desequilíbrios no comércio internacional e funciona sobretudo como um instrumento de colonização económica, ao serviço das nações mais ricas e das grandes empresas transnacionais.

IATP (trade_IATP.pdf) - in Boletim da Latitude zero

quinta-feira, novembro 18, 2004

O consenso possível...

Mas então não há ninguém que defenda o OE 2005 para além de Santana Lopes e Bagão Félix? Há. Chama-se João César das Neves, foi assessor de Cavaco Silva e é um reputado economista. Mas é pouco, poucochinho. E faz lembrar a história daquela mãe que, orgulhosa, vê o filho a marchar com o passo trocado na parada militar e diz toda contente para a vizinha: «Só o meu João é que vai com o passo certo!»

Nicolau Santos

Leia o artigo completo

Saúde para Todos

A Comissão Europeia apresentou um regulamento que permite a exportação de versões genéricas de medicamentos com patentes ainda em vigor para países necessitados e incapazes de os fabricar. Para tal, basta que os respectivos governos notifiquem a Organização Mundial do Comércio, podendo então as empresas europeias pedir permissão para o seu fabrico.

Comissão Europeia


Contra a Maré

Este ano, o Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD) distinguiu cinco iniciativas de jovens que lutam contra a pobreza em países com dificuldades nos cinco continentes. Em África, a distinção foi para Moçambique. Samuel Magassosso dirige a Associação de Agricultores Chekwaedzera, que através de pequenas empresas agrícolas já beneficiou mais de seis mil pessoas desde 1997.

PNUD


quarta-feira, novembro 17, 2004

Um Santana diferente?

Um Santana diferente

Santana Lopes, de improviso, no seu melhor, mostrou três coisas essenciais:

Luis Delgado, esse paladino da isenção jornalística, diz relativamente ao Lopes, que a Economia e o Estado do país é do seu integral domínio (por isso é que estamos com as famílias endividadas a 110% e com a maior taxa de desemprego de que há memória), que conhece em pormenor os dossiers mais importantes da governação (destes dossiers não devem fazer parte a colocação dos professores nem a liberdade de imprensa; os únicos dossiers que até agora mostraram dominar são os dossiers para a renovação do parque automóvel governativo e o dossier do emprego, do emprego para os amigos), e que debates laterais não farão perder o sentido e o rumo do Executivo (mais uma vez, Delgado ataca o cerne da questão: debates laterais, como o emprego, a liberdade de imprensa ou o aborto não fazem parte das prioridades deste governo; obrigadinho Delgado, por me teres uma vez mais aberto os ólhinhos).

E claro, Delgado volta a insistir: Santana domina todos os temas - Economia, Liberdade, Justiça, Educação, Saúde e outras áreas fundamentais. Vá lá, Delgado nos seus delírios não incluiu o ambiente e a cultura na lista dos domínios do Lopes. Apesar disso, todos sabemos que o Lopes de cultura sabe a potes, com uma passagem pela secretaria de estado da dita. Para o ambiente, está lá o outro, o Guedes, que sabe a potes do assunto.

De Barcelos veio um PM diferente, mais exigente, mais determinado, e sem grandes dúvidas onde é que já ouvi isto das dúvida? de alguém que também "raramente tinha dúvidas e nunca se enganava" (talvez pela ordem inversa)? quando os políticos inspiram aos seus sabujos este tipo de discurso, é sinal que a coisa não está para durar. Sem querer, Delgado anuncia o princípio do fim deste governo (se a história de repetir).

Agora a sério, o Delgado está de dia para dia mais vomitivo (e eu que pensava que tal coisa fosse impossível). O gajo deve ganhar ao elogio, é a única explicação racional possível para os delírios do sabujo de Lopes. Ao Delgado só falta dizer que o Lopes está cada vez mais magro e bonito e irresistível e inteligente e culto e sensato e abnegado e... até parece que está a falar das qualidades e saberes de um Leonardo Da Vinci e não do camarada Lopes. O Delgado é um extraterrestre... só pode!

Manhã gelada

Hoje o dia acordou repleto de cristais de gelo. Os campos brancos de geada e a nuvenzinha que se liberta a cada expiração confirmam as baixas temperaturas desta manhã. Apesar da promoção da mulher-petroleiro a embaixadora dos EUA no Mundo ser um sinal da crescente dureza da reeleita administração Bush, os dias são cada vez mais frios à medida que nos aproximamos do solestício de Inverno. Nem tudo vai mal: ainda bem que há coisas para nos lembrar que o lento ciclo da natureza continua a ditar as sua leis, que depois do Outono vem o Inverno; e que um destes dias, inevitavelmente entra-nos pela porta adentro a Primavera...

Fallujah

Na sua primeira demonstração de força após a reeleição, Bush arrasa Fallujah. Vitória militar que pode significar mais uma derrota política no Iraque.

Wilson Sobrinho

Segundo um correspondente da BBC, após três dias da maior investida militar do ano no Iraque, já é possível sentir o "cheiro dos cadáveres em decomposição" nas ruas de Fallujah.

Mas mesmo antes de contar os corpos, os problemas para a autoridade nacional provisória já começaram. O maior partido sunita do Iraque retirou-se do governo como protesto perante o ataque e "a injustiça causada às pessoas inocentes da cidade", disse um membro do partido. Já um grupo de influentes líderes sunitas abriu campanha pelo boicote às eleições de janeiro. O pleito "não pode ocorrer por cima dos corpos dos mortos em Fallujah", declarou Harith Dhari, membro do grupo de intelectuais.

Se os problemas se limitassem ao campo político seria fácil demais para a Casa Branca. O facto é que existem ainda incógnitas em relação à eficiência da tomada de Fallujah no que diz respeito ao seu objetivo primordial: aniquilar a resistência que vem fazendo da ocupação do Iraque a Disneylândia de terroristas e fanáticos. Não se sabe ainda se os tais "líderes da resistência" ficaram à espera da chegada das tropas ou se eles simplesmente deixaram lá um punhado de "soldados" para combater os invasores, enquanto fugiam para se reorganizar mais tarde noutro lugar.

Assim como os rebeldes não se entregaram com a prisão de Saddam no fim do ano passado, nem com a passagem do "poder" para os iraquianos a meados deste ano, é impossível dizer se, ao fim das operações, as forças de ocupação terão dias melhores no Iraque.

Leia o artigo completo em Outras Palavras

Vidas Alternativas na Net

O programa de rádio Vidas Alternativas que fazemos aos Sabados na Rádio Seixal, já está disponível, como sempre desejámos, e finalmente conseguimos, no portal gay friendly www.sociofonia.net. que podem visitar, e para o qual são convidados a enviar críticas e sugestões, pois é um portal com uma agenda alternativa que se rege por princípios idênticos aos do Forum Social. Neste momento só está colocado o número experimental. Já temos o 2 pronto. Também o podem ouvir seguidamente, no sitio www.opusgay.org onde passará a ser colocado igualmente. E em breve estará o numero 3, e assim sucessivamente, à medida que forem sendo realizados. Ele é audivel a qualquer hora do dia, desde que tenham sistema audio.

Já há rádios locais interessadas em receber o programa, e eventualmente outros, que a Sociofonia venha a realizar, contudo, apesar de já estarem reduzidos ao formato mp3, a dificuldade que enfrentamos é a de os enviar, pelo peso dos ficheiros. Claro há sempre o correio, mas é razoavlmente incómodo e caro.
Esperando que oiçam alguns ou partes deles, esperamos os vosso comentários, e estamos abertos a colaborações dentro do espírito dos estatutos e regras que nos impômos, e com que certamente estarão de acordo.
Agradecemos, obviamente, que divulguem esta nossa iniciativa a tod@s os que vos parecerem interessad@s.

Antonio Serzedelo
Opus Gay

ESCUTA O BÚZIO E OUVIRÁS O MAR

texto
Na TERTÚLIA da Academia Sénior da Covilhã "VENHA TOMAR CAFÉ CONNOSCO" a realizar na sede desta Academia (Rua do Centro de Artes), no dia 19 de Novembro, pelas 21h00 e aberta ao pùblico, será conferencista a Dra. Maria João Albuquerque Simões - F.L. Univ. Coimbra, que versará o tema: UM CONVITE DE SOPHIA: "ESCUTA O BÚZIO E OUVIRÁS O MAR"

terça-feira, novembro 16, 2004

A luta continua

Depois dos inúmeros suplementos aos jornais diários, com livros, CD's, filmes, BD's, pintores, dicionários, chega agora uma nova geração de suplementos natalícios. O Jornal de notícias adiantou-se, e irá ter personagens do presépio como suplemento. Ontem, dia 15, ofereciam o menino jesus, assim, sem mais nem menos. As suculentas ovelhas virão brevemente. O que me deixa curioso é qual será a resposta do Público: enfeites de natal? bolos reis à 6ª feira com o Inimigo Público? uma árvore de natal com o público de Domingo? um pai natal insuflável na véspera de Natal? um saco de musgo? espero com ansiedade...

PS - eu até gosto de presépios, mas grandes e verdes, com muito musgo e poucas ovelhas...

Carta ao presidente Bush I

Sou um escritor de uma nação pobre, um país que já esteve na vossa lista negra. Milhões de moçambicanos desconheciam que mal vos tínhamos feito.
Éramos pequenos e pobres: que ameaça poderíamos constituir ? A nossa arma de destruição massiva estava, afinal, virada contra nós: era a fome e a miséria.

Alguns de nós estranharam o critério que levava a que o nosso nome fosse manchado enquanto outras nações beneficiavam da vossa simpatia. Por exemplo, o nosso vizinho - a África do Sul do "apartheid" - violava de forma flagrante os direitos humanos. Durante décadas fomos vítimas da agressão desse regime. Mas o regime do "apartheid" mereceu da vossa parte uma atitude mais branda: o chamado "envolvimento positivo". O ANC esteve também na lista negra como uma "organização terrorista!". Estranho critério que levaria a que, anos mais tarde, os taliban e o próprio Bin Laden fossem chamadas de "freedom fighters" por estrategas norte-americanos.

Pois eu, pobre escritor de um pobre país, tive um sonho. Como Martin Luther King certa vez sonhou que a América era uma nação de todos os americanos. Pois sonhei que eu era não um homem mas um país. Sim, um país que não conseguia dormir. Porque vivia sobressaltado por terríveis factos. E esse temor fez com que proclamasse uma exigência. Uma exigência que tinha a ver consigo, Caro Presidente. E eu exigia que os Estados Unidos da América procedessem à eliminação do seu armamento de destruição massiva.
Por razão desses terríveis perigos eu exigia mais: que inspectores das Nações Unidas fossem enviados para o vosso país. Que terríveis perigos me alertavam? Que receios o vosso país me inspiravam? Não eram produtos de sonho, infelizmente.

Mia Couto

Carta ao presidente Bush II

Eram factos que alimentavam a minha desconfiança. A lista é tão grande que escolherei apenas alguns:

- Os Estados Unidos foram a única nação do mundo que lançou bombas atómicas sobre outras nações;

- O seu país foi a única nação a ser condenada por "uso ilegítimo da força" pelo Tribunal Internacional de Justiça;

- Forças americanas treinaram e armaram fundamentalistas islâmicos mais extremistas (incluindo o terrorista Bin Laden) a pretexto de derrubarem os invasores russos no Afeganistão;

- O regime de Saddam Hussein foi apoiado pelos EUA enquanto praticava as piores atrocidades contra os iraquianos (incluindo o gaseamento dos curdos em 1998);

- Como tantos outros dirigentes legítimos, o africano Patrice Lumumba foi assassinado com ajuda da CIA. Depois de preso e torturado e baleado na cabeça o seu corpo foi dissolvido em ácido clorídico;

- Como tantos outros fantoches, Mobutu Seseseko foi por vossos agentes conduzido ao poder e concedeu facilidades especiais à espionagem americana:

o quartel-general da CIA no Zaire tornou-se o maior em África. A ditadura brutal deste zairense não mereceu nenhum reparo dos EUA até que ele deixou de ser conveniente, em 1992;

- A invasão de Timor Leste pelos militares indonésios mereceu o apoio dos EUA. Quando as atrocidades foram conhecidas, a resposta da Administração Clinton foi "o assunto é da responsabilidade do governo indonésio e não queremos retirar-lhe essa responsabilidade";

- O vosso país albergou criminosos como Emmanuel Constant um dos líderes mais sanguinários do Taiti cujas forças para-militares massacraram milhares de inocentes. Constant foi julgado à revelia e as novas autoridades solicitaram a sua extradição. O governo americano recusou o pedido.

- Em Agosto de 1998, a força aérea dos EUA bombardeou no Sudão uma fábrica de medicamentos, designada Al-Shifa. Um engano? Não, tratava-se de uma retaliação dos atentados bombistas de Nairobi e Dar-es-Saalam.

- Em Dezembro de 1987, os Estados Unidos foi o único país (junto com Israel) a votar contra uma moção de condenação ao terrorismo internacional. Mesmo assim, a moção foi aprovada pelo voto de cento e cinquenta e três países.

- Em 1953, a CIA ajudou a preparar o golpe de Estado contra o Irão na sequência do qual milhares de comunistas do Tudeh foram massacrados. A lista de golpes preparados pela CIA é bem longa.

- Desde a Segunda Guerra Mundial, os EUA bombardearam: a China (1945-46), a Coreia e a China (1950-53), a Guatemala (1954), a Indonésia (1958), Cuba (1959-1961), a Guatemala (1960), o Congo (1964), o Peru (1965), o Laos (1961-1973), o Vietname (1961-1973), o Camboja (1969-1970), a Guatemala (1967-1973), Granada (1983), Líbano (1983-1984), a Líbia (1986), Salvador (1980), a Nicarágua (1980), o Irão (1987), o Panamá (1989), o Iraque (1990-2001), o Kuwait (1991), a Somália (1993), a Bósnia (1994-95), o Sudão (1998), o Afeganistão (1998), a Jugoslávia (1999)

- Acções de terrorismo biológico e químico foram postas em prática pelos EUA: o agente laranja e os desfolhantes no Vietname, o vírus da peste contra Cuba que durante anos devastou a produção suína naquele país.

- O Wall Street Journal publicou um relatório que anunciava que 500,000 crianças vietnamitas nasceram deformadas em consequência da guerra química das forças norte-americanas.

Acordei do pesadelo do sono para o pesadelo da realidade. A guerra que o Senhor Presidente teimou em iniciar poderá libertar-nos de um ditador. Mas ficaremos todos mais pobres. Enfrentaremos maiores dificuldades nas nossas já precárias economias e teremos menos esperança num futuro governado pela razão e pela moral. Teremos menos fé na força reguladora das Nações Unidas e das convenções do direito internacional. Estaremos, enfim, mais sós e mais desamparados.

Mia Couto

Carta ao Presidente Bush III

Senhor Presidente:

O Iraque não é Saddam. São 22 milhões de mães e filhos, e de homens que trabalham e sonham como fazem os comuns norte-americanos. Preocupamo-nos com os males do regime de Saddam Hussein que são reais. Mas esquece-se os horrores da primeira guerra do Golfo em que perderam a vida mais de 150 000 homens.

O que está destruindo massivamente os iraquianos não são as armas de Saddam. São as sanções que conduziram a uma situação humanitária tão grave que dois coordenadores para ajuda das Nações Unidas (Dennis Halliday e Hans Von Sponeck) pediram a demissão em protesto contra essas mesmas sanções.

Explicando a razão da sua renúncia, Halliday escreveu: "Estamos destruindo toda uma sociedade. É tão simples e terrível como isso. E isso é ilegal e imoral". Esse sistema de sanções já levou à morte meio milhão de crianças iraquianas.

Mas a guerra contra o Iraque não está para começar. Já começou há muito tempo. Nas zonas de restrição aérea a Norte e Sul do Iraque acontecem continuamente bombardeamentos desde há 12 anos. Acredita-se que 500 iraquianos foram mortos desde 1999. O bombardeamento incluiu o uso massivo de urânio empobrecido (300 toneladas, ou seja 30 vezes mais do que o usado no Kosovo)

Livrar-nos-emos de Saddam. Mas continuaremos prisioneiros da lógica da guerra e da arrogância. Não quero que os meus filhos (nem os seus) vivam dominados pelo fantasma do medo. E que pensem que, para viverem tranquilos, precisam de construir uma fortaleza. E que só estarão seguros quando se tiver que gastar fortunas em armas. Como o seu país que despende 270 000 000 000 000 dólares (duzentos e setenta biliões de dólares) por ano para manter o arsenal de guerra. O senhor bem sabe o que essa soma poderia ajudar a mudar o destino miserável de milhões de seres.

O bispo americano Monsenhor Robert Bowan escreveu-lhe no final do ano passado uma carta intitulada "Porque é que o mundo odeia os EUA ?" O bispo da Igreja Católica da Florida é um ex-combatente na guerra do Vietname. Ele sabe o que é a guerra e escreveu: "O senhor reclama que os EUA são alvo do terrorismo porque defendemos a democracia, a liberdade e os direitos humanos. Que absurdo, Sr. Presidente ! Somos alvos dos terroristas porque, na maior parte do mundo, o nosso governo defendeu a ditadura, a escravidão e a exploração humana.

Somos alvos dos terroristas porque somos odiados. E somos odiados porque o nosso governo fez coisas odiosas. Em quantos países agentes do nosso governo depuseram líderes popularmente eleitos substituindo-os por ditadores militares, fantoches desejosos de vender o seu próprio povo às corporações norte-americanas multinacionais ? E o bispo conclui: O povo do Canadá desfruta de democracia, de liberdade e de direitos humanos, assim como o povo da Noruega e da Suécia. Alguma vez o senhor ouviu falar de ataques a embaixadas canadianas, norueguesas ou suecas? Nós somos odiados não porque praticamos a democracia, a liberdade ou os direitos humanos.

Somos odiados porque o nosso governo nega essas coisas aos povos dos países do Terceiro Mundo, cujos recursos são cobiçados pelas nossas multinacionais."

Senhor Presidente:

Sua Excelência parece não necessitar que uma instituição internacional legitime o seu direito de intervenção militar. Ao menos que possamos nós encontrar moral e verdade na sua argumentação. Eu e mais milhões de cidadãos não ficamos convencidos quando o vimos justificar a guerra. Nós preferíamos vê- lo assinar a Convenção de Kyoto para conter o efeito de estufa.

Preferíamos tê-lo visto em Durban na Conferência Internacional contra o Racismo.

Não se preocupe, senhor Presidente. A nós, nações pequenas deste mundo, não nos passa pela cabeça exigir a vossa demissão por causa desse apoio que as vossas sucessivas administrações concederam apoio a não menos sucessivos ditadores. A maior ameaça que pesa sobre a América não são armamentos de outros. É o universo de mentira que se criou em redor dos vossos cidadãos. O perigo não é o regime de Saddam, nem nenhum outro regime. Mas o sentimento de superioridade que parece animar o seu governo.
O seu inimigo principal não está fora. Está dentro dos EUA. Essa guerra só pode ser vencida pelos próprios americanos.

Eu gostaria de poder festejar o derrube de Saddam Hussein. E festejar com todos os americanos. Mas sem hipocrisia, sem argumentação e consumo de diminuídos mentais. Porque nós, caro Presidente Bush, nós, os povos dos países pequenos, temos uma arma de construção massiva: a capacidade de pensar.

Mia Couto

Os novos direitos sexuais

O presidente da Opus Gay, António Serzedelo, criticou hoje "o alheamento" do Presidente da República dos problemas da comunidade homossexual e desafiou Jorge Sampaio a defender os "novos direitos sexuais".

Intervindo num debate no âmbito do I Congresso da Democracia, que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, António Serzedelo criticou "o alheamento presidencial em relação às problemáticas" que afectam a comunidade homossexual, em particular "a discriminação" por causa da orientação sexual.

"O Presidente da República diz que o segundo mandato serve para corrigir os erros do primeiro. É a altura", desafiou o responsável, que defendeu uma lei específica contra a discriminação sexual.

No debate, moderado pela deputada socialista Helena Roseta, António Serzedelo considerou que existe "falta de cooperação" entre os diferentes "grupos minoritários" que se debatem com a "discriminação".

No entanto, a forma como o presidente da Opus Gay colocou o problema, incluindo as mulheres nos chamados "grupos minoritários", provocou polémica entre a assistência, maioritariamente feminina.

Helena Roseta foi a primeira a discordar do dirigente, sublinhando que "as mulheres não são um grupo minoritário", mas António Serzedelo reafirmou a sua formulação, ao frisar que se não são minoritárias, "são assim consideradas".

Depois de outras intervenções de várias representantes do Movimento Democrático das Mulheres, reagindo com indignação contra a posição de António Serzedelo, Helena Roseta sugeriu que "em vez de minorias, deve falar-se em democracia plural".

"Há uma constelação de causas que podem e devem trabalhar-se em conjunto. É que as minorias, se formos a fazer as contas, acabam por ser maiorias. Há bairros em que as chamadas minorias étnicas são a maioria étnica", frisou.

Regina Marques, do Movimento Democrático das Mulheres, argumentou que "não deve falar-se apenas em direitos sexuais", mas também em "direitos reprodutivos".

"Vivemos numa democracia truncada, quando não se permite que as mulheres decidam se querem ou não viver a maternidade e quando são julgadas em tribunal" por terem optado pela Interrupção Voluntária da Gravidez, disse.

No debate, o responsável do SOS Racismo, José Falcão, abordou os problemas dos imigrantes, e as dificuldades das associações de imigrantes defenderem os seus associados.

"O Estado gere os dinheiros destinados às associações como um merceeiro. Consoante as associações estão ou não de acordo com as suas políticas. Se não protestas contra a lei da imigração, se não criticas o PER (Plano Especial de Realojamento) então já podes ter uma sede ou ter a sede melhorada", afirmou.

in Diario Digital

Água pública

Água: outras soluções...

O Uruguai aprovou uma emenda á consituição que estabelece o direito à água para todos e ilegaliza a exploração privada dos serviços de água.
Esta emenda constitucional é de iniciativa popular e foi referendada no dia 31 de outubro de 2004 ...

A Holanda aprovou uma lei que ilegaliza a privatização dos serviços de abastecimento de água, e demonstra que é conforme à legislação da UE

Veja mais no sítio da Associação Água Pública

segunda-feira, novembro 15, 2004

Prestige - a memória de um desastre

Ás 15:15 do 13 de novembro de 2002 o petroleiro "Prestige", que navegaba fronte ás costas de Galiza, lanzaba un S.O.S. alertando das súas grandes dificultades. Á deriva durante seis días, acabou por afundir orixinando unha catástrofe ecolóxica e social sen precedentes na nosa historia.

Dous anos despois seguimos á espera de que sexan recoñecidas e castigadas as responsabilidades daqueles que coas súas decisións inapropriadas converteron o accidente nunha traxedia para un país.

Este blog non esquece aos culpábeis da desfeita nin comparte o discurso triunfalista das autoridades, e é conscente de que ningún governo, nin o anterior do PP nin o actual do PSOE, emprendeu as medidas precisas para evitar que algo así volva producirse no futuro. Nunca Máis



O 19 de novembro de 2002 afundía o petroleiro Prestige desencadeando unha das maiores catástrofes ecolóxicas da historia. Durante seis días o vetusto e fráxil barco fora paseado pola costa galega nun exemplo de insensatez moi proprio dunhas autoridades que en ningún momento entenderon as dimensións da traxedia que se nos vinha a todos enriba. Para daquela toneladas e toneladas de chapapote empezaban a chegar até nós, invadindo sen piedade kilómetros e kilómetros de litoral, praias e rochas. O noso prestixioso líder, o Fragasaurio, tomou nese momento unha decisión que nos revela o seu fondo compromiso coa Galiza: foise de caza a Aranjuez. (Leia a crónica completa nos Días Estranhos)



Requiem

Requiem Pelas Vítimas do Fascismo em Portugal

Data: De 27/11 até 28/11
Local: Lisboa, Aula Magna*

De Fernando Lopes Graça; Coro e Coro de Câmara da Universidade de Lisboa; Coral de Letras da Universidade do Porto; Orquestra nacional do Porto, Marc Tardue, maestro.
27 Nov: 21.30; 28 Nov: 19.00

Segunda audição nacional desta obra, tendo a primeira ocorrido a 27 de Julho de 1981. Atendendo a que se trata de uma dos composições mais relevantes e pessoais de Mestre Fernando Lopes Graça, assim como ao elevado nível dos intérpretes em questão, trata-se, seguramente, de um evento de grande importância, uma oportunidade a não perder.

*Universidade de Lisboa - Aula Magna Endereço: Alameda da Universidade 1600-214 Lisboa Telefone: 210 113 406 Fax: 217 963 151 Acessos:
Autocarros: 31, 32, 35, 38, 68
Metro: Cidade Universitária (Linha Amarela)

sexta-feira, novembro 12, 2004

COMBOIO DO AMBIENTE

O Comboio do Ambiente é uma iniciativa da responsabilidade da CP e conta com o apoio técnico da LPN.

A iniciativa consiste na realização de um percurso de comboio de ida e volta Lisboa - Coimbra, com a realização de diversas actividades a bordo tendo como tema de fundo os sectores dos Transportes e das Florestas nas Emissões de Gases com Efeito de Estufa. Pretende-se equacionar os efeitos destes sectores no fenómeno global das alterações climáticas, as vantagens do transporte ferroviário face ao rodoviário e a sensibilização para a influência humana no fenómeno das alterações climáticas. As actividades são: ateliês de actividades pedagógicas destinadas a turmas do 2º ciclo do ensino básico; um debate sobre o tema com técnicos, decisores e interessados.

Está ainda programada uma ida até Góis onde serão plantadas 100 árvores, em colaboração com a Câmara Municipal de Góis e a Associação de Produtores Florestais do Concelho de Góis, e uma visita às carruagens presidencial e real na Estação de Santarém.

Participa, a inscrição é gratuita!

PROGRAMA
24 de Novembro de 2004

8h55 Partida da composição da Estação de Santa Apolónia. Entrada de organizadores, jornalistas e participantes no debate.

9h02 Estação do Oriente. Entrada de professores e alunos. Início do debate e das actividades pedagógicas ambientais a bordo do comboio.

11h08 Paragem na Estação de Coimbra-B e viagem de autocarro até Góis.

12h00 Chegada a Góis. Encontro com duas turmas do 2º ciclo da Escola Secundária de Góis. Realização da plantação de árvores sob a orientação dos monitores e de um técnico da Associação de Produtores Florestais do Concelho de Góis.

13h00 Almoço na sede da Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra.

15h30 Partida de autocarro até à estação de Coimbra-B.

16h30 Partida da composição de Coimbra-B em direcção a Lisboa. Reinicio das actividades pedagógicas ambientais e do debate.

17h59 Chegada a Santarém e visita às carruagens presidencial e real.

18h45 Partida da composição e percurso até Lisboa.

19h35 Chegada a Lisboa.

Para os participantes que necessitarem de regressar antes do término da iniciativa a CP disponibiliza Bilhetes de regresso em comboios do serviço regular Alfa/Intercidades mediante a disponibilidade de lugar.

Para mais informações:

Liga para a Protecção da Natureza | Estrada do Calhariz de Benfica, n.º 187
1500-124 Lisboa
217 780 097 | 217 740 155 | 217 740 176
Fax: +351-21 778 32 08
lpn.natureza@mail.telepac.pt
www.lpn.pt

Sherman de fim-de-semana


Próximo plenário do FSP

Convocam-se/convidam-se, todas as organizações, para um Plenário preparatório do Fórum Social Português em 2005.

Dia 13 (sábado), pelas 14 horas
Sede da FENPROF , rua Fialho de Almeida, 3 - Lisboa(próximo do Corte Inglês, estação Metro de S. Sebastião).

Oredem de trabalhos:
Escolha da Localidade Anfitriã, definição de Grupos de Trabalho, a Associação FSP/2005 e a Página Internet do FSP.

FSM: Inscrições de actividades prorrogadas

As inscrições de actividades para a quinta edição do FSM foram prorrogadas até o dia 25 de novembro (18 horas do horário de Brasília). Quem ainda não fez sua inscrição de actividade, portanto, pode incluir uma nova proposta até essa data. Todas as organizações, as que já inscreveram actividades ou não, também podem modificar, combinar ou excluir as propostas até ao dia 25 de novembro, de acordo com a nova metodologia do evento, que visa facilitar o diálogo e as aglutinações entre as entidades participantes. Este é o link de inscrições. Mas, atenção: após este prazo, o sistema não permitirá modificações, ou seja, as organizações devem inscrever a sua proposta final de actividade até o próximo dia 25. O período de inscrições não se estenderá novamente!

Inscrições de actividades culturais e artísticas também foram prorrogadas para o dia 25 de novembro e devem ser feitas por meio de um formulário diferenciado. Para inscrever actividades culturais, antes os participantes têm que se inscrever como organização ou indivíduo. Até ao dia 11 deste mês, 1.833 eventos já tinham sido inscritos por 2.731 organizações de 102 países. Conheça também como a sua organização pode participar no processo de aglutinações de actividades e da criação de novas alianças (mais)

Boletim do FSM

Ecos do FSE III

O Activista está ele próprio a tornar-se global e a utilizar as armas do inimigo. O sentimento de guerra parece ser generalizado, apenas as armas utilizadas são diferentes de outrora, nomes como Socialist Resistance ou Globalise Resistance [www.resist.org.uk] aparecem com frequência na internet e nas manifestações. O vídeo digital tornou-se uma arma política pronto a disparar em cada mochila. Os campos de apoio fragmentam-se: de um lado, os adeptos incondicionais da não violência como princípio, das manifestações ordeiras e que tentam, dentro do sistema, propor e criar grupos de pressão para que se implementem as medidas que consideram consonantes com aquilo que defendem; do outro, aqueles que acham que as manifestações já não servem para nada, nem as denúncias. Que os tempos são de guerra aberta, que, deste sistema não querem nada e pouco se aproveita, que temos de começar de novo. Chamar-lhe-ia de Integracionistas e Revolucionários. Nestes últimos, surge um nome , ligado ao movimento do primitivismo, que ganha adeptos, John Zerzan [www.primitivism.com/zerzan.htm]. Uma bolha prestes a rebentar...

Segundo Seminário: os Foruns Sociais Locais. A profusão de línguas é ainda maior. Há que dar o mérito aos Babels (voluntários que realizam a tradução simultânea dos Foruns Sociais – www.babels.org). Denoto o mesmo problema: fala-se muito, habitualmente cada um sobre o “seu quintal”, mas depois falta a parte activa da questão. A maioria das pessoas/associações/sindicatos faz, de alguma forma, um esforço para estar presente e espera, julgo, fazer algo mais do que ouvir as apresentações “de quem somos”. Também é importante, mas hoje em dia com a Internet, podemos ter acesso a essa informação sem ter de atravessar a Europa ou o Atlântico. No espaço reservado para opiniões dos presentes (no público) a questão torna-se ainda mais preocupante. Os mesmos discursos inflamados, cassetes gravadas orais, sem qualquer ligação ao tema que estava proposto e com a tónica dominante “no meu quintal”. Cheira-me a intromissão partidária (as tácticas e a forma de discursar são as mesmas) e os sorrisos, apertos de mão e jornais que distribuem no final não deixam margem para dúvidas. Mais uma vez, estão associações presentes que, mais não são, do que megafones infiltrados dos partidos. Assim não vamos lá. Temos que saber ligar “os nossos quintais”. Nem todos os partidos são iguais é certo, pelo menos enquanto são pequenos. Quando começam a subir muitos degraus, já muitas concessões se fizeram. É pena. O Forum, enquanto espaço alternativo de discussão, arrisca-se a ser saqueado dos seus propósitos e aquilo que tinha de novidade, a lufada de ar fresco que concedeu a algumas áreas da sociedade civil, abafada ou eliminada. A ideia é apetitosa e o exemplo europeu é muito diferente da América Latina, no que diz respeito à relação entre partidos e movimentos sociais “civis”. O Forum nunca pretendeu o poder, “apenas” pretende mudar o poder e a forma dos partidos e empresas agirem. Implementar uma cidadania activa, real. Algo que os partidos, esventrados de apoio minguante, pretendem deitar a mão. Se o fizerem, arriscam-se a ficar a falar sozinhos. Veja-se um pouco o caso português. Para isso têm o Parlamento. Ouvi dizer que em Porto Alegre as coisas são diferentes. Aguardo com expectativa.

Gonçalo (PédeXumbo)

FSE: balanço

Alguns textos com o balanço do FSE.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Dias perfeitos

Dias destes, com sol e sem calor, são sinónimo de perfeição.



Hoje, junto ao rio, observando a sua força calma e resoluta, reconciliei-me com a natureza.

Veneno Corações e mentes

Como a máquina de propaganda construída pelos falcões de Bush manipula a informação para criar consensos, desestabilizar regimes e tornar o intervencionismo de Washington mais simpático aos olhos do mundo.
Tiago Soares

Alguém que procure pelo termo “propaganda” na enciclopédia online Wikipédia encontrará algo parecido com isto: “Propaganda – modo específico de se apresentar uma informação, com o objetivo de servir a uma agenda. Mesmo que a mensagem traga informação verdadeira, é possível que esta seja partidária, não apresentando um quadro completo e equilibrado do objecto em questão. A sua utilização essencial é feita no contexto político, referindo-se geralmente aos esforços patrocinados por governos e partidos políticos”. Se, por alguma hipótese, a mesma pessoa questionasse algum dos falcões de Bush sobre o significado do termo, é provável que recebesse a resposta: “Propaganda é ganhar corações e mentes”. Leie o artigo completo (Outras palavras)

2º Curso d’ATTAC

Está aí o 2º Curso d’ATTAC. Dias 19, 20 e 21 de Novembro (de sexta-feira a domingo), em Lisboa, na FCSH (*), Auditório 2, vai realizar-se um novo curso organizado pela ATTAC Portugal. Os temas são diversos; haverá debates, conferências, aulas, vídeo e um jantar convívio, por isso Inscreve-te e passa a palavra!



Inscrições: Para te inscreveres envia uma mensagem para cursoattac@clix.pt com o teu nome e contacto.

Os preços são: 5 Euros para sócios da ATTAC, e 10 Euros para outros.

O programa completo pode ser consultado no Grão de Areia.

(*) A FCSH – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - localiza-se na Av. Berna, nº 26 C, Lisboa.

Palestina

Porque com a morte (oficial, diria eu) do Arafat a Palestina está na ordem do dia, mas não só… porque o jornalismo na net é – ou deve ser – diferente do tradicional. E esta reportagem está muitíssimo bem feita.

Maria João

quarta-feira, novembro 10, 2004

Ecos do FSE II

Primeiro Seminário que decido assistir: o futuro dos Foruns Sociais. Bernard Cassen (ATTAC França, FSM, “Le Monde Diplomatique”) avança com a ideia de que o Forum Social Europeu deveria somente realizar-se de dois em dois anos (o próximo ao que parece será na Grécia) e o Forum Social Mundial (FSM) seguiria pelo mesmo caminho, sendo que seria alternado com um outro local que não Porto Alegre (que assim passaria a receber o encontro qual Jogos Olímpicos, de quatro em quatro anos). Desta forma as associações e restantes movimentos sociais teriam tempo de realizar as suas próprias actividades e implementar estratégias decorrentes dos Foruns Sociais, o que não acontece agora, pois a organização dos mesmos tornou-se uma ocupação a tempo inteiro. Algumas pessoas insurgem-se contra, alegando que o mundo como está não se arrisca a esperar dois anos e acusa até a mesa de manipulação do processo, num tom já inflamado. Sugerem ou melhor, marcam já data dos próximos protestos globais para a Escócia (cimeira do G8) e... Impasse. A mesa sugere que se acalmem, que as decisões/acções só se tomam no final dos trabalhos no Domingo (Assembleia dos Movimentos) e que se é isso que acham então “façam vocês”, eles. O silêncio instala-se. Vou procurar ideias e respostas para outro lado.

É impressionante a quantidade de pessoas vindas de tão diferentes paragens, que aqui se deslocam com o desejo de encontrar/procurar novas respostas para velhos e também novos problemas, para estabelecer parcerias e redes de actuação com os seus pares. Ou ímpares. Alguns movimentos, antes de costas voltadas, agora parecem esquecer o passado. Isto é um autêntico melting-pot de movimentos sociais que se “uniu” por uma causa, mas que para além desse factor, existem muitas discordâncias quanto ao processo, como fazê-lo.

Gonçalo (PédeXumbo)

Ecos do FSE I

Primeira constatação. Londres é realmente grande e não tendo sido possível concentrar o Forum num só local, perde-se imenso tempo em deslocações (acrescido de que o metro-tubo não ia até ao Alexandra Palace). Solução: decidir à partida o que queremos fazer. Tarefa nem sempre fácil, se tivermos em conta que, por exemplo, no Sábado dia 16 havia 32 páginas de programação, em formato de jornal, com uma média de 12 actividades por página para escolher, ou seja, à volta de 384 actividades, na sua maioria à mesma hora. É obra.
O Forum estava dividido por doze espaços (físicos), fora a programação em “Espaços Autónomos”, mas basicamente decorria em duas áreas: Alexandra Palace e diversos pólos da Universidade de Londres. No primeiro concentrava-se grande parte das conferências e plenários e, nos outros locais, sobretudo as oficinas.
Inscritos com antecedência (antes de 1 de Outubro) lá estavam a Associação de Municípios do Distrito de Setúbal, a Câmara Municipal de Setúbal e a CGTP. Mais tarde haveria de encontrar a ATTAC, o GAIA, a Pró-Urbe, o Bloco de Esquerda, SOS Racismo, e provavelmente outros que não conheço.

Chego ao Alexandra Palace e uma multidão já invadiu o espaço. Entro. Algo não bate certo: de um lado debatem-se questões ligadas à sociedade de consumo, ao gasto desmesurado e irreflectido dos recursos do planeta; do outro, é distribuído uma quantidade infindável de papel com divulgação e propaganda. Deixou-se de poder ver a cor do chão e ecopontos ou, pelo menos, papelões, nem vê-los. Aliás, caixotes de lixo é coisa que não abunda por Londres tendo em conta o actual medo de ataques terroristas. Alguns partidos e movimentos de esquerda mais esquerda (já tenho alguma dificuldade em perceber a diferença nos dias que correm) distribuem o “The Socialist” e o “Socialist Workers”. Não quero. Já tenho a mochila a abarrotar de papelada e a forma como me colocam o jornal à frente parece-me demasiado obrigacionista (não os empréstimos). Fazem-me má cara, do tipo, se não és a favor és contra. Já vejo a fogueira. Definitivamente algo não está bem.

Gonçalo (PédeXumbo)

segunda-feira, novembro 08, 2004

O internacionalismo de Bush...



Acho que na lista falta o protocolo de Quioto.... apenas mais um detalhe.

Carta a um Herdeiro de cargo Publico

Sua Excelência Primeiro-ministro de Portugal
Sua Excelência Ministra da Educação de Portugal


Como certamente é do Vosso conhecimento, às 3H30 ( três horas e trinta minutos ) da madrugada do dia 21 ( vinte e um ) de Setembro deste ano de 2004 ( dois mil e quatro ), saiu uma lista de colocação de professores. Dessa lista constava o meu nome e a colocação que me foi atribuída, sendo eu colocado na escola de código 344862, código esse referente à escola EB 2,3 de Castro Marim. Vossas Excelências decerto compreenderão a extrema alegria que para mim significou essa colocação, pelo que foi com grande pesar que tomei conhecimento que, às 4H15 ( quatro horas e quinze minutos ) da mesma madrugada, a referida lista havia sido retirada e substituída por uma curta declaração que dava como inválido todo o processo que conduziu à sua publicação.

Dado que, ao contrário do que é continuamente afirmado pelos membros do Vosso Governo, a vida está verdadeiramente difícil, dado que não pertenço às centenas de pessoas que foram por Vós nomeadas para cargos na função pública e dado o facto de não acreditar que venha a beneficiar de uma reforma milionária como o Vosso companheiro do PSD Mira Amaral ( apesar de ter sete anos de serviço ao contrário dos dois anos que ele prestou na CGD ), venho por este meio solicitar que me seja pago o salário correspondente aos 45 ( quarenta e cinco ) minutos em que estive colocado na escola EB 2,3 de Castro Marim pois esse dinheiro bem falta me faz.

Mais acrescento que, se houver algum problema com o programa informático responsável pelo processamento dos vencimentos, manifesto a minha disponibilidade para me deslocar ao Ministério das Finanças para que possa receber manualmente o que me é devido.

Muito Respeitosamente

Um Professor do 11º Grupo B

PS - Dado o facto de ter usado nesta missiva palavras ou expressões cujo significado vos possa ser estranho, elaborei um glossário que segue em anexo a esta carta. Desse glossário constam as palavras em Itálico.


Glossário

11º Grupo B - Grupo disciplinar constituído pelos professores que leccionam Biologia e Geologia ao 3º ciclo do Ensino Básico e ao Ensino Secundário.

Biologia - Ciência que estuda os seres vivos, os seus processos e as suas características.

Geologia - Ciência que estuda a matéria mineral, os seus processos e as suas características.

Matéria Mineral - Matéria que não apresenta as características dos seres vivos. A matéria mineral caracteriza-se, entre outras coisas, pela completa ausência de inteligência ou de sentimentos, mesmo nas suas formas mais primárias. Um pequeno esclarecimento, apesar de todas as evidências nesse sentido, nem o actual nem a antiga Ministra das Finanças se enquadram nesta definição.

Ensino Básico - Por muito estranho que Vos possa parecer, não está relacionado com o ensino das bases que neutralizam os ácidos. O ensino básico corresponde aos nove anos de escolaridade obrigatória em que são ministrados os saberes e desenvolvidas as competências consideradas como essenciais para o desenvolvimento pessoal, social e cognitivo dos alunos.

Ensino Secundário - Ensino de cariz mais técnico e específico que tem como função preparar os jovens para o seguimento dos estudos a nível universitário, ou para a sua inclusão numa via profissionalizante.

Professor - Pessoa que ensina algo a alguém. Profissão bastante considerada e respeitada nas sociedades desenvolvidas. Não confundir com a realidade Portuguesa em que o professor é um nómada sem direito a estabilidade profissional, reconhecimento social nem salário condizente com o seu estatuto.

Escola - Local onde é ministrado o saber e as competências essenciais ao correcto desenvolvimento pessoal, social e cognitivo dos alunos. Não confundir com a realidade Portuguesa em que as escolas são armazéns de miúdos onde professores e auxiliares de acção educativa têm que cuidar dos filhos dos papás, quando estes pensam que se educa uma criança enchendo-a de consolas, playstations, telemóveis de último modelo e roupas de marca.

Auxiliares de Acção Educativa - Profissionais que, nas escolas, auxiliam os professores na sua tarefa de formar pessoal, social e humanamente os alunos. Não confundir com a realidade Portuguesa em que os auxiliares de acção educativa são pessoas sem formação específica que, com contratos precários, salários miseráveis e diminutas hipóteses de progressão na carreira, lavam escadas, limpam casas de banho e cortam a relva das escolas.

EB 2,3 - Escolas que ministram os segundo e terceiro ciclos do ensino básico.

Reforma - Aquilo que a esmagadora maioria dos portugueses recebe depois de 35 anos de serviço ou 60 anos de idade. Excepção feita à Vossa gloriosa casta.

PSD - Também referido por alguns como PPD/PSD. Agência de empregos especializada em colocar as pessoas certas nos lugares errados e nos momentos mais inoportunos, como aliás se pode notar no Vosso caso.

Programa Informático - Software criado por técnicos especializados que, normalmente, é testado antes de adquirido. Quando manuseado por pessoas devidamente formadas para o efeito é bastante prático e poupa muito trabalho.

Manualmente - Com recurso à mão.

PS - Post Scriptum. É uma expressão latina que significa " depois do que está escrito ". Não confundir com P.S. ( Partido Socialista ) que, apesar de não se notar, é o maior partido da oposição.
(chegou à lista do FSP-info via Alberto Matos)

sexta-feira, novembro 05, 2004

E em Sesimbra...

Na praia da Califórnia, um enorme empreendimento cresceu na falésia junta à praia, com a anuência da edilidade. Para além de ser ilegal por causa do PDM, da orla costeira e de mais meia duzia de regras legais, a construção é mesmo em cima de uma população de Euphorbia pedroi, endemismo das falésias do Cabo Espichel que faz parte da directiva habitats; a sua presença seria suficiente para impedir a construção. É apenas uma questão de mandar para o tribunal europeu uma queixa...


Uruguai muda

Alguns dias antes da América do Norte escolher o presidente do planeta, ocorreram na América do Sul, eleições e plebiscito em um país ignorado, quase secreto, chamado Uruguai. Nessas eleições ganhou a esquerda, pela primeira vez na história nacional. E nesse plebiscito, pela primeira vez na história mundial, o voto popular se opôs à privatização da água, confirmando que a água é um direito de todos!

Extinção

Última ursa dos Pirineus foi morta a tiro. Os Ursos nos Pirineus estão condenados à extinção. Mais um pedaço de diversidade perdido para sempre. Restam 5 machos que vão morrer solteiros e uma cria muito provavelmente já morta. Na europa ocidental, apenas nos Picos de Europa ainda há alguns ursos. Cada vez mais, para ver ursos temos que ir a um Jardim...

AGÊNCIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

A COMISSÃO EUROPEIA PROCEDE A UMA CONSULTA PUBLICA SOBRE A CRIAÇÃO DE UMA AGÊNCIA DE DIREITOS FUNDAMENTAIS

A Comissão Europeia acaba de adoptar um documento de consulta publica relativo à instituição de uma Agência Europeia dos Direitos Fundamentais.
Esta consulta segue-se a uma decisão tomada pelo conselho europeu de Dezembro de 2003 , de alargar o mandato do Observatório Europeu dos fenómenos racistas e xenófabos, que tem base em Viena , transformando-o numa Agência de Direitos Fundamentais.
Esta agência dirige-se às ONG´s de defesa dos direitos humanos, e a toda a pessoa que seja parte interessada no desenvolvimento da protecção dos direitos fundamentais, na União Europeia.
A Comissão Europeia deseja receber contribuições até 17 de Dezembro de 2004.
Durante o ano de 2005 a Comissão Europeia apresentará uma proposta de regulamento para a criação da Agencia dos direitos fundamentais da União Europeia.
Para mais informações , consulte-se o site da DG Justiça e assuntos interiores.

Traduçao da Opus Gay
Antonio Serzedelo

quinta-feira, novembro 04, 2004

Monde Diplomatique

Hoje, número de Novembro nas Bancas



Na edição de Novembro do Le Monde diplomatique – edição portuguesa destacamos, entre outros, o editorial «Turquia», assinado, como é habitual, por Ignacio Ramonet, o artigo «Depois do 11 de Setembro: um liberalismo pós-democrático, da autoria de Manuel Villaverde Cabral, e a intervenção de Jacques Derrida, filósofo francês falecido recentemente, aquando do 50º aniversário do Le Monde diplomatique («Uma Europa da Esperança»).
O dossié deste mês, com 8 páginas, é dedicado ao tema «Mercenários». Nele se mostra como a guerra actual é feita por empresas militares privadas, que permitem contornar a questão da legitimidade das acções bélicas dos Estados. Este dossié inclui, para além do artigo «Uma actividade velha como o mundo», de Peter Warren Singer, textos de Sami Makki, Hernando Calvo Ospina, Philippe Leymarie e Barbara Vignaux.
Entre outros motivos de leitura merecem referência os artigos «A Austrália espolia Timor-Leste», de Jean-Pierre Catry, «Miséria e jihad em Marrocos», de Selma Belaala, «E Deus criou a globalização», de André Bellon, e ainda «O apagar silencioso de uma memória audiovisual», de Emanuel Hoog.

Campo da Comunicação

Mudança climática III

A juntar ao relatório que será publicado a 7 de Novembro (ver Mudança climática), um consórcio de ONG's (Oxfam, WWF, greenpeace, Friends of the eart, e mais outras 14)acaba de publicar um outro relatório, dizendo exactamente o mesmo.

Se no outro relatório, estimou-se em mais de 5º C o aumento da temperatura nas calotes polares nos últimos 100 anos (muito superior à média do planeta de 0,6º C), neste relatório alerta-se para as consequências desastrosas desta mudança climática.


Seca no Zimbabwe

O desaparecimento dos corais, uma das consequências do aquecimento global, irá tornar impossível a vida em muitos povoações tropicais que são hoje protegidas da fúria do mar pelos recifes.

O aumento da temperatura global, bem como o aumento da volatilidade atmosférica, torna cada vez mais comuns os fenómenos meteorológicos extremos. Chuvas cada vez mais fortes e prolongadas, secas e queimadas cada vez mais longas, tempestades devastadoras, tornados inesperados – tudo isso acaba afectando, directa ou indirectamente, as populações carentes, menos preparadas para lidar com fenómenos desse tipo.

Os estragos podem vir de várias formas. Secas e mudanças nos padrões pluviométricos podem afectar a agricultura, a distribuição de recursos hídricos ou contribuir para a disseminação de doenças tropicais e outras moléstias. Tornados e enchentes podem dar fim a comunidades, destruindo do dia para a noite o trabalho de gerações. Mudanças significativas em padrões climáticos podem gerar fluxos migratórios, resultando em tensões políticas e económicas. Possibilidades que, muitas, desdobram-se em ruínas várias para os países pobres e em desenvolvimento.
(Outras palavras)

A ironia maior do aquecimento global é que sendo da responsabilidade (99%) dos países desenvolvidos, quem mais sofre e sofrerá são os povos dos países pobres... mais uma globalização profundamente injusta!