Por trás de uma aparente distinção técnica, os termos software livre e código aberto, criados por Richard Stallman e Eric Raymond, escondem diferenças políticas e ideológicas
Rafael Evangelista
Afinal, há alguma diferença entre dizer Linux ou GNU/Linux? Ou entre um adepto do movimento pelo software livre ou do movimento de código aberto? Há sim, e muita. Para além das respostas simplistas e pragmáticas, a solução pode ser encontrada na história do movimento. Ninguém nega que tudo saiu das mãos e da cabeça do guru Richard Stallman que, ainda na década de 1980, delineou os princípios éticos do movimento. Na época, Stallman, fundador da Free Software Foundation (FSF, Fundação do Software Livre, em inglês), estabeleceu as quatro liberdades que fundamentam o movimento: o software deve ser livre para ser modificado, executado, copiado e distribuído. Ambos, o código aberto e o software livre, respeitam esses parâmetros.
A partir de 1991, emerge uma jovem estrela da Finlândia, Linus Torvalds. Carismático, empreendedor e sabendo usar melhor a internet, ele conseguiu solucionou um problema que a FSF se dedicava há anos, construir um kemel que suportasse um sistema operacional alternativo. O kernel é uma parte central do sistema, responsável pela configuração e gerenciamento dos dispositívos (teclado, mouse, monitor etc). A FSF já tinha todo o resto da estrutura do sistema pronta e trabalhava no desenvolvimento de seu kernel. Linus foi mais rápido e, mantendo a filosofia livre, adoptou soluções tecnicamente mais eficientes, criando o Linux, essa parte essencial do sistema.
O método de desenvolvimento adoptado por Linus está no livro "A Catedral e o Bazar", escrito por Eric Raymond, em 1997. A obra é também uma alfinetada em Stallman, acusado de adoptar uma postura centralizadora de desenvolvimento. Raymond descreve o desenvolvimento GNU como se fossem catedrais, monumentos sólidos, construídos a partir de uma grande planificação central. Já o desenvolvimento adoptado por Linus seria como um bazar, com uma dinâmica altamente descentralizada. Diz Raymond: "Penso que a criação mais engenhosa e de maiores consequências não foi a construção do kernel em si, mas a invenção do modo de desenvolvimento Linux".
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