Stallman sempre foi uma figura politicamente muito activa, não apenas no campo da informática. Mais velho, tendo vivido toda a experiência da luta pelos direitos civis nos EUA, Stallman tem um discurso pouco amigável com as empresas. No seu site pessoal, por exemplo, ao lado de artigos a favor do software livre, encontram-se também ensaios políticos sobre temas como a invasão dos EUA ao Iraque e o muro de Israel na Palestina. Raymond, por sua vez, é um ardoroso defensor da liberalização do uso de armas, tema usualmente mais ligado às bandeiras da direita. Linus, além de ser politicamente mais moderado e pragmático, consegue criar uma afinidade maior com a nova geração de programadores abaixo dos 40 anos, da qual Raymond faz parte. Essa geração, segundo Sam Willians, autor do livro Free as in Freedom, é mais energética e ambiciosa.Desde a ascensão do trabalho de Linus, boa parte do tempo de Stallman tem sido gasta em pedidos para que todos se refiram ao conjunto do software como GNU/Linux e não apenas Linux. Quer somente que seu trabalho, e de toda FSF, seja reconhecido.
Se o discurso politizado e a integridade radical de Stallman nunca foram de fácil digestão para os programadores da nova geração, ambos são ainda mais indigestos para os empresários. Raymond teve um papel decisivo na criação de uma alternativa mais ao gosto do paladar corporativo. Em A Catedral e o Bazar, ele descreveu um processo de produção inovador e descentralizado, em que as alterações no software são rapidamente entregues à comunidade. Esta, testando e avaliando o produto, estabelece uma espécie de seleção natural em que as melhorias sobrevivem e as soluções falhas são logo identificadas. O descrição encantou os executivos da Netscape, dona de navegador de internet que havia sido destruído pela ofensiva agressiva - e anti-competitiva, segundo os próprios tribunais dos EUA - da Microsoft e do seu Internet Explorer. Em 1998, Raymond foi a peça chave no processo de convencimento dos executivos da Netscape para que libertassem o código.
O prestígio adquirido por Raymond, somado ao do carismático Linus, foram essenciais para que o movimento de código aberto (open source, em inglês) pudesse se estabelecer. Frequentemente, Stallman procurava - e procura até hoje - deixar claro que o free de free software (do termo original em inglês), não significa grátis mas livre. A confusão entre livre e grátis tornou-se a justificação perfeita para que surgisse o termo código aberto, neutralizando a reivindicação política do movimento.
Não há diferenças substanciais entre o que os termos software livre e código aberto pretendem definir. Ambos estabelecem praticamente os mesmos parâmetros que uma licença de software deve conter para ser considerada livre ou aberta. Ambas estabelecem, na prática, que o software deve respeitar aquelas quatro liberdades básicas que a FSF estabeleceu. Mas os defensores do termo código aberto afirmam que o termo fez com que os empresários percebessem que o software livre também pode ser comercializado. Teriam sido mudanças pragmáticas e não ideológicas.
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