terça-feira, novembro 16, 2004

Os novos direitos sexuais

O presidente da Opus Gay, António Serzedelo, criticou hoje "o alheamento" do Presidente da República dos problemas da comunidade homossexual e desafiou Jorge Sampaio a defender os "novos direitos sexuais".

Intervindo num debate no âmbito do I Congresso da Democracia, que decorre na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, António Serzedelo criticou "o alheamento presidencial em relação às problemáticas" que afectam a comunidade homossexual, em particular "a discriminação" por causa da orientação sexual.

"O Presidente da República diz que o segundo mandato serve para corrigir os erros do primeiro. É a altura", desafiou o responsável, que defendeu uma lei específica contra a discriminação sexual.

No debate, moderado pela deputada socialista Helena Roseta, António Serzedelo considerou que existe "falta de cooperação" entre os diferentes "grupos minoritários" que se debatem com a "discriminação".

No entanto, a forma como o presidente da Opus Gay colocou o problema, incluindo as mulheres nos chamados "grupos minoritários", provocou polémica entre a assistência, maioritariamente feminina.

Helena Roseta foi a primeira a discordar do dirigente, sublinhando que "as mulheres não são um grupo minoritário", mas António Serzedelo reafirmou a sua formulação, ao frisar que se não são minoritárias, "são assim consideradas".

Depois de outras intervenções de várias representantes do Movimento Democrático das Mulheres, reagindo com indignação contra a posição de António Serzedelo, Helena Roseta sugeriu que "em vez de minorias, deve falar-se em democracia plural".

"Há uma constelação de causas que podem e devem trabalhar-se em conjunto. É que as minorias, se formos a fazer as contas, acabam por ser maiorias. Há bairros em que as chamadas minorias étnicas são a maioria étnica", frisou.

Regina Marques, do Movimento Democrático das Mulheres, argumentou que "não deve falar-se apenas em direitos sexuais", mas também em "direitos reprodutivos".

"Vivemos numa democracia truncada, quando não se permite que as mulheres decidam se querem ou não viver a maternidade e quando são julgadas em tribunal" por terem optado pela Interrupção Voluntária da Gravidez, disse.

No debate, o responsável do SOS Racismo, José Falcão, abordou os problemas dos imigrantes, e as dificuldades das associações de imigrantes defenderem os seus associados.

"O Estado gere os dinheiros destinados às associações como um merceeiro. Consoante as associações estão ou não de acordo com as suas políticas. Se não protestas contra a lei da imigração, se não criticas o PER (Plano Especial de Realojamento) então já podes ter uma sede ou ter a sede melhorada", afirmou.

in Diario Digital

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