Que la pluma sea también una espada y que su filo corte el oscuro muro por el que habrá de colarse el mañana [Subcomandante Marcos]
domingo, março 09, 2008
O diário Público e o rigor da informação
Carta enviada hoje ao director do Público, em nome do Comité de Solidariedade com a Palestina, a propósito de um artigo sobre o boicote às feiras do livro de Paris e Turim.
O Comité de Solidariedade com a Palestina não pode deixar de reagir ao artigo publicado ontem no Público e assinado por André Cabrita Mendes (ACM), com o título Países islâmicos boicotam Salão do Livro de Paris.
O artigo publicado no dia 6 de Março considera que "o Salão do Livro de Paris está a ser alvo de controvérsia devido ao facto de vários países muçulmanos se terem declarado contra o convidado de honra deste ano, Israel". Na verdade, e como bem deve saber ACM, não apenas países muçulmanos, mas vários autores de renome, nomeadamente muitos autores israelitas, têm-se manifestado a favor do movimento de boicote. Um deles é Benny Ziffer, responsável das páginas literárias do jornal israelita Haaretz. Outro é o israelita John Berger, romancista, pintor, crítico de arte e guionista. Outro ainda é o poeta israelita Aharon Shabtai, que considerou a distinção de Israel no evento de Paris como "um acto bárbaro cinicamente camuflado de cultura". E entre outros mais está o conhecido historiador israelita Ilan Pappe.
Entretanto, a feira do livro de Turim também está a ser alvo de um boicote. A escolha de Israel como convidado de honra não é "uma pura coincidência", mas foi feita justamente a pretexto da comemoração do seu 60º aniversário. Em Itália, o filósofo, escritor e antigo eurodeputado Gianni Vattimo, juntou-se ao boicote contra a feira de Turim, protestando contra a manipulação da memória do Holocausto "para justificar a política israelita de liquidação dos palestinianos". Tariq Ali (conhecido autor britânico) e Tariq Ramadan (islamólogo de renome) também são apresentados por ACM como "autores muçulmanos". Tariq Ali, que ninguém senão ACM considera muçulmano, fundamentou o seu boicote contra o mesmo evento, lembrando que o 60º aniversário do Estado de Israel é também o "60º aniversário daquilo que os palestinianos chamam de 'Nakba', a catástrofe, que lhes caiu em cima nesse ano, quando foram expulsos das suas aldeias, alguns foram mortos, mulheres foram violadas pelos colonos".
E um último reparo: Amos Oz, que ACM apresenta com um "autor de esquerda favorável à criação de um Estado palestiniano", explicava numa entrevista à rádio A voz de Israel em 12 de Fevereiro que não era partidário de uma invasão de Gaza porque "um único dia de invasão causaria mais perdas para Israel que sete anos de Qassams". Oz também declarou que "neste momento não vejo nada de melhor que o actual governo" israelita – sim, esse mesmo governo que acaba de matar mais de cem palestinianos, quase todos civis, num fim-de-semana. Convém ainda lembrar ao Público que Amos Oz, o “pacifista”, apoiou a invasão do Líbano em 2006, convidando todos os israelitas "tanto falcões como pombas a contribuir para a vitória".
Pelo Comité de Solidariedade pela Palestina
Elsa Sertório
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