A primeira loja de Comércio Justo surgiu em Portugal em 1999.
Após uma primeira fase de expansão observa-se hoje, à semelhança do que está a acontecer noutros países europeus, o encerramento de várias destas lojas. O Comércio Justo está, também ele, em crise.
Mas o que é o Comércio Justo?
O conceito nasceu como reacção à crescente concentração, num número cada vez mais restrito de empresas, dos mecanismos de controlo do mercado, onde as transacções nas bolsas são o instrumento determinante para a fixação dos preços a pagar aos produtores.
As consequências desta lógica estão documentadas e são conhecidas: degradação das condições de trabalho e de vida de milhões de seres humanos.
Foi a verificação desta realidade que serviu de ponto de partida à construção do compromisso, comercial e ético, entre produtores, importadores e retalhistas. E embora ainda marginal no conjunto do comércio internacional, o Comércio Justo tem provado que os ganhos económicos, o respeito pelos direitos humanos e pelo meio ambiente não são objectivos incompatíveis.
Mas o Comércio Justo não se limita a pagar um preço mais elevado ao produtor. Do compromisso faz igualmente parte o respeito por um conjunto de regras económicas e sociais básicas.
Assim, os produtores são motivados a aplicar uma parte dos seus lucros na satisfação das necessidades básicas das comunidades onde estão inseridos: na educação, na saúde, na formação profissional.
São também estabelecidas relações comerciais de longo prazo, pagando-se parte do valor dos produtos antecipadamente, permitindo às comunidades planear o seu desenvolvimento.
E é promovida a participação de todos na tomada de decisões e no funcionamento democrático, a igualdade entre mulheres e homens e a protecção do meio ambiente.
Para sabermos das dificuldades que esta actividade enfrenta e de quais os caminhos para a saída da crise que estão em debate, fomos falar com Stéphane Laurent do CIDAC – Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, uma das organizações promotoras do Comércio Justo em Portugal.
Sem comentários:
Enviar um comentário