Carta aberta
A todos os que nos apoiaram, saudamo-los cordialmente.
Em primeiro lugar, queremos pedir-vos desculpas pelo atraso no agradecimento a todos os que nos apoiaram. Isso não se deveu, certamente, às dificuldades quotidianas por que passámos após termos suspendido a greve de fome, mas à nossa consciente percepção sobre a nossa incapacidade em redigir um comunicado que linguística e intelectualmente possa garantir um mínimo de justiça para com vós todos.
Por outras palavras, foi muito difícil para nós qualificar adequadamente a excepcional acção militante que vocês levaram a cabo. Foi excepcional, pela sua honestidade e perseverança; uma acção que se caracterizou pela sua constante criatividade para pôr fim a uma atmosfera de aparente satisfação face a uma realidade inaceitável no Sahara Ocidental, em flagrante vulnerabilidade do Direito Humanitário e do Direito Internacional.
A realidade está sendo ocultada a todo o mundo. Foi etiquetada sob a expressão “estabilidade e desenvolvimento”. Mas esconde crimes inimagináveis e, pior que isso, todo está realidade está sendo orquestrada pela França, país que pretende ter uma fundada legitimidade na defesa das liberdades. Mas, infelizmente, a França oferece a Marrocos o seu escudo protector para continuar a sua perseguição aos pacíficos saharauis na parte ocupada do Sahara Ocidental.
O vosso impagável apoio no só nos ajudou, como prisioneiros saharauis em greve de fome nos cárceres marroquinos a ultrapassar as nossas dificuldades e a prosseguir na nossa luta, mas também a pôr em marcha uma ampla dinâmica que agregou diferentes defensores da dignidade humana para denunciar, de modo colectivo e firme, os crimes inumanos perpetrados contra os civis saharauis na parte ocupada do Sahara Ocidental.
Daí que uma nova medida, adoptada tão rápido quanto possível, se tornou premente e indispensável: a necessidade urgente de adequar as leis relativas à protecção dos direitos humanos. Um mecanismo para vigiar os direitos humanos no Sahara Ocidental deve ser incluído no mandato da MINURSO.
Por todas estas razões, queremos dirigir os nosso agradecimentos às organizações de direitos humanos marroquinas e internacionais, em especial à Amnesty International (que realizou uma forte campanha através das suas secções), Frontline, Human Rights Watch, R.F. Kennedy Center for Justice and Human Rights nos Estados Unidos, a Associação Marroquina dos Direitos Humanos, Organização Marroquina de Direitos Humanos, Fórum Marroquino « Verdade e Justiça», Sociedade nacional marroquina de solidariedade com os presos políticos, grupo de advogados defensores que seguiram a nossa detenção desde o início, os Comités saharauis e organizações como o Comité local de Salé (integrado por defensores saharauis e estudantes universitários), os parlamentos nacionais e continentais, como o Parlamento Europeu, o Parlamento Africano, os Parlamentos nacionais da Alemanha, Portugal, Itália, Espanha, Suécia, África do Sul, Nigéria, etc.
O nosso agradecimento dirige-se também a vários organismos não governamentais, ao Comité nacional responsável pelo seguimento das condições dos presos políticos saharauis em greve de fome nas prisões marroquinas, ao Comité de coordenação em Espanha, aos diferentes partidos políticos, sindicatos e associações na Europa, América do Sul, África e Austrália, à sociedade civil de Espanha e Argélia, ao Comité Nacional Argelino de Solidariedade com o Povo Saharaui, ao partido marroquino Annay Addimoqrati (Via Democrática) e a alguns eminentes jornalistas marroquinos. Obrigado ao Movimento Religioso Cristão em todo o mundo, aos Prémios Nóbel nos mais diversos domínios, aos Comités e associações de solidariedade com o Povo Saharaui, aos meios de comunicação (canais de TV, rádios, jornais, páginas web), aos juristas, aos activistas de direitos humanos, aos jornalistas, artistas, poetas, actores, cineastas, músicos, desportistas, às famílias dos desaparecidos e sequestrados e aos presos políticos.
Finalmente, um enorme agradecimento ao valente povo saharaui onde quer que esteja e aos estudantes saharauis que frequentam as Universidades marroquinas e de outros países.
A todos estes, e a todos aqueles que não pudemos mencionar, enviamos milhões de agradecimentos. A vossa ajuda comoveu-nos profundamente e nunca esqueceremos o vosso histórico apoio. Acreditamos na firme vontade de todas as nobres pessoas deste mundo de lutar pela prevalência dos valores humanos honestos até que triunfe a dignidade do ser humano.
De novo, muito obrigado….
Longa vida ao movimento internacional de solidariedade em todo mundo a favor do respeito dos direitos humanos no Sahara Ocidental e no mundo.
Os Defensores Saharauis dos Direitos Humanos, os seis presos de consciência:
- Ali Salem Tamek,
- Brahim Dahan
- Ahmed Naciri
- Yahdih Ettarruzi
- Rachid Sghayar
- Saleh Lebaihi
30 de Abril de 2010
Prisão local de Salé, Marrocos.
Informação divulgada pela
Associação de Amizade Portugal - Sahara Ocidental
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