O
lema da administração do Centro Hospitalar Lisboa Central:
Sr.
Ministro, encolhi o Hospital!!!
O
tipo de gestão decorrente das diretrizes mercantis em voga, e que há
largo tempo é também adotado no referido centro hospitalar, é
inexplicável e tem usufruído de uma escandalosa impunidade por
parte de várias equipas ministeriais.
As
únicas preocupações são números abstratos e despidos de qualquer
avaliação clínica e humana, não havendo qualquer controlo da
eficácia nem de uma responsabilização efetiva pelos resultados
obtidos.
Como
todas as denúncias efetuadas e devidamente fundamentadas suscitam
sempre desmentidos atabalhoados, esta nossa tomada de posição não
irá ser exceção.
Estamos
a assistir a novo surto de encerramento de serviços, de encerramento
de blocos operatórios, à eliminação de camas de internamento e à
preocupante saída de profissionais.
O
objetivo claro é tornar este grande centro hospitalar num pequeno
estabelecimento de saúde, com um diminuto número de profissionais
dos vários estratos laborais, mas com muitos assessores e
consultores.
Esta
é a perspetiva dominante para quem está a dirigir o centro
hospitalar por mera nomeação política, ou seja, um hospital com
poucos doentes torna-se menos dispendioso!
A
recente saída de mais de 60 enfermeiros implicou a eliminação de
mais de 25 camas e o encerramento simultâneo de várias salas dos
blocos operatórios.
A
enfermaria destinada ao tratamento do pé diabético foi encerrada
com o argumento verbal de que são doentes com internamentos muito
prolongados e muito dispendiosos.
Quando
os profissionais de saúde têm questionado o que fazer a estes
doentes, as instruções, sempre verbais, são para enviar para
outros hospitais.
Do
ponto de vista desta lógica fundamentalista de mercado, a que
obedecem as administrações hospitalares nomeadas por critérios
político-partidários, não importam quaisquer resultados humanos e
sociais: quantas amputações foram evitadas, quantos doentes
beneficiaram desses tratamentos e quantos beneficiaram da
reintegração social e da reabilitação laboral.
A
eliminação sucessiva de camas de internamento tem agravado toda a
situação com múltiplos doentes sem vagas nos serviços e que se
mantêm vários dias no serviço de urgência.
As
listas de espera das cirurgias vão aumentando a um ritmo
preocupante.
A
nível dos blocos operatórios a escassez de material coloca
situações angustiantes a muitos profissionais.
Entretanto,
o que assume dimensões escandalosas é que este centro hospitalar
terá gasto mais de 2 milhões de euros para pagar cirurgias a
entidades privadas, segundo os insistentes rumores que proliferam em
todos os corredores deste centro.
Os
cirurgiões do centro hospitalar não podem operar, e os doentes são
encaminhados para entidades privadas.
As
próprias unidades de cuidados intensivos não escapam a esta
ofensiva, com diversas alterações dos quadros de profissionais
afetados a esta área, criando uma preocupante situação em que o
mesmo número de médicos que assumia o funcionamento de uma dessas
unidades passa agora a ser responsável por 3 unidades de cuidados
intensivos em simultâneo, tendo ainda de se deslocar entre 2
hospitais durante cada período de trabalho.
Por
outro lado, têm sido gastas elevadas verbas na criação de
programas informáticos que visam estabelecer um controlo burocrático
cego às várias prescrições médicas sem terem em conta as
diferenças substanciais entre as patologias, concretamente as mais
dispendiosas como, por exemplo, as doenças oncológicas e
auto-imunes.
Inclusive,
é cada vez mais frequente os medicamentos para HIV não serem
dispensados para o mês inteiro, criando graves problemas de adesão
terapêutica causados por frequentes deslocações ao hospital.
Finalmente,
as condições de trabalho têm-se degradado, de forma acelerada,
comprometendo a capacidade de funcionamento do próprio centro
hospitalar.
É
fundamental que os cidadãos saibam o que se está a passar nas
unidades de saúde e que exijam medidas de inequívoca
responsabilização dos autores diretos e indiretos por estas medidas
de liquidação do direito constitucional à saúde.
Lisboa,
26/11/2012
A Direção do Sindicato dos Médicos
da Zona Sul
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