Caros
amigos,
Assistimos
a
mais
um Golpe de Estado que ocorreu na Guiné-Bissau na noite de
ontem, dia 10 de Maio, a menos de um mês do Golpe ocorrido a 12 de
Abril, desta vez desferido por representantes da CEDEAO. Vieram aqui
impor um Presidente de Transição que já tinha sido escolhido pelos
militares que deram o Golpe, sob pretexto dele ser o 1º Vice Presidente
da Assembleia Nacional Popular. Isto enquanto o Presidente da ANP está
vivo e mantido em detenção informal na Costa do Marfim, um dos 2 países
que enviaram ontem seus Ministros e Chefe de Estado Maior, impor tal
solução. Ironicamente, o Presidente de Transição que nos impõem desta
forma, é um dos candidatos às presidenciais interrompidas, mas que nem
sequer se classificou para a segunda volta, com menos de 15% dos votos
e quando o partido que o elegeu para o Parlamento, aquele que ganhou as
eleições, lhe retirou sua confiança política; e ainda mais, quando a
própria ANP tinha sido declarada destituída pelo Comando Militar.
Queridos
amigos,
precisamos
mais uma vez do vosso apoio. Interpelamos e pedimos
a organizações da sociedade civil, intelectuais, homens e mulheres de
bem, que preparem, assinem e façam circular uma denúncia pública e um
repúdio a tal decisão, tomada em nome de uma comunidade regional que
trai as aspirações democráticas de todos os guineenses que comungam dos
valores da democracia.
Contamos
convosco
como
referência em cidadania e solidariedade. Para além dos
nossos Chefes de Estado que continuam a tomar posições a nível regional
em nome dos nossos povos, nós, simples cidadãos, intelectuais, homens e
mulheres da cultura, das letras e das artes, organizações da sociedade
civil, devemos levar o nosso posicionamento e a nossa solidariedade com
o povo da Guiné-Bissau ao conhecimento não apenas da nossa sociedade,
nos nossos países, mas também das instâncias sub-regionais, africanas e
internacionais, que de uma forma direta ou indireta podem contribuir
para o restabelecimento da verdadeira ordem democrática na
Guiné-Bissau: reposição na governação do Presidente e Primeiro Ministro
saídos das urnas e de acordo com o que consta na Constituição da
Guiné-Bissau, retoma das eleições interrompidas pelo golpe de Estado de
12 de Abril 2012!
Pedimos
que
tornem
publica esta tomada de posição de repúdio de uma tal
intervenção por parte de representantes da CEDEAO, imposta à
Guiné-Bissau na calada da noite de ontem, num momento em que o direito
de opinião e de manifestação é negado aos cidadãos guineenses pela
Junta militar. Esta medida não deverá ser corroborada por nenhuma
instância legal de outros países e instituições internacionais, a
oposição frontal a ela deve ser manifestada a todos os níveis das
nossas sociedades: pelas instâncias de soberania, pelas organizações da
sociedade civil, pelos intelectuais, homens e mulheres de cultura,
pelos cidadãos que conhecem e dão valor à democracia.
A
globalização nos impõe organizações regionais. Se somos parte delas
devemos poder também exprimir sobre elas e nos manifestar em relação a
tudo o que ameaça a democracia no espaço regional de nossa pertença. É
nosso direito e nossa responsabilidade!
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