terça-feira, janeiro 10, 2006

Intelectuais I

Neste momento Mario Soares é a voz mais audível na defesa de que Cultura é Literatura e Filosofia. Curiosamente numas eleições em que metade dos candidatos são doutorados, Mario Soares pertence à metade não-doutora, junto com o poeta e o metalúrgico – não há problema nenhum nisso, só queria frisar que os doutores são os outros. Mas ele há muitos mais intelectuais da nossa praça que debitam Proust e Wittgenstein na maior ignorância de Darwin, Faraday ou Lavoisier. Ainda pior: gabam-se disso, fazendo juz ao velho ditado português: “não sei, não quero saber, e tenho raiva de quem saiba”.

Um caso por demais conhecido é o de Eduardo Prado Coelho (EPC). No suplemento Mil Folhas do Público este senhor procedeu à recensão do último livro de João Lobo Antunes (JLA) “Sobre a mão e outros ensaios”. Eu, que não vejo qualquer interesse na promoção de duas Culturas (letras e ciências), se tivesse que debitar o nome de um português culto, JLA poderia ser um dos que me ocorreria, sim. Entre outros. Pois nesta crítica, EPC tem a lata de escrever que “apesar de algumas derivações mais científicas ou sociológicas”, o dito ainda se pode considerar um “livro de cultura”. Oh senhor Coelho, tenha paciência... que tal tentar perceber as achegas estatísticas de JLA? Assim no meio de tanta prosa culta nem custa nada, vá lá, tente.
mpf

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