sábado, julho 23, 2005

É o conservadorismo, estúpido

Segundo um livro que o Das Neves leu, "Uma pessoa estúpida é uma pessoa que causa um dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo"

Vai daí, mais abaixo, diz que a OTA e o TGV são actos estúpidos sofisticados (custa-me estar de acordo com o abominável, mas neste particular estou) e depois, aproveitando a embalagem de dizer umas coisas acertadas com que toda a gente está de acordo, chama estúpidos a todos os alternativos: “Na política actual há, por exemplo, pessoas estúpidas fazendo manifestações contra a globalização, condenando o que não entendem nem podem alterar.” (DN) Isto é apenas o que propaga a corrente única de pensamento, afirmando vezes sem conta que nada se pode fazer, que os biliões de pobres fazem parte da ecologia económica actual, blá blá blá; este encadeamento de ideias faz parte da sua estratégia argumentativa, misturando deliberadamente as coisas, tipo homosexualidade com pedofilia e incesto, e relações carnais com bestialismo, para ver se as pessoas engolem a patranha.

O curioso é que esta definição de estúpido vem do homem que afirmou:

Enfraqueceu-se o matrimónio pelo divórcio e as uniões de facto. Agora pretende-se descaracterizá-lo com o casamento de homossexuais.

O feminismo radical é paralelo ao marxismo, que destruiu a condição dos trabalhadores em nome da defesa dos seus interesses.

A opressão actual da condição feminina é fácil de demonstrar. Quais as principais vítimas da degradação da família? Da liberalização do aborto? Da banalização da pornografia?

Mas a igualdade radical e o libertarismo familiar deram agora mais um passo e os termos da questão estão a mudar. Recusa-se já a existência de atitudes típicas de cada sexo. Vive-se a própria negação da identidade feminina, exaltando homens efeminados e mulheres másculas. Na nebulosidade de conceitos, deixam até de existir "sexos" e aparecem "géneros". Estas questões estraçalham hoje a sociedade espanhola.

Há 100 anos as senhoras não podiam mostrar o tornozelo e hoje estamos a falar da homossexualidade. Hoje são os homossexuais que querem legalizar a sua união como igual ao casamento. Amanhã será a poligamia, depois o incesto, depois – porque não? – a bestialidade. Fiz uma extrapolação a partir da evolução dos últimos 100 anos.

A nossa sociedade não é mais feliz, porque se entregou completamente ao prazer carnal. Com o preservativo a relação sexual passa a ser a mesma coisa que comer um pastel de nata. [Para evitar ter filhos o casal] deve estudar o seu ciclo reprodutivo e centrar as relações sexuais fora do momento fértil. JCN

“[A homosexualidade] é um comportamento anormal. Há 30 ou 40 anos, a homossexualidade e a pedofilia eram consideradas iguais. Hoje a homossexualidade é uma coisa normalíssima e a pedofilia é uma coisa horrível. Provavelmente, daqui a uns tempos serão as duas normais. Na Grécia Antiga era isso que se passava. Foi exactamente isto que eu disse. Fiz simplesmente uma previsão.” JCN

São hoje esquecidas e atacadas as duas razões mais próprias da glória feminina, o encanto da virgindade e a grandeza da maternidade. (...) A virgindade e a maternidade brilham ainda neste tempo confuso. E, juntas na mesma pessoa, cintilam no mais alto dos céus, acima de toda a criatura. JCN

Mas então não há ninguém que defenda o OE 2005 para além de Santana Lopes e Bagão Félix? Há. Chama-se João César das Neves, foi assessor de Cavaco Silva e é um reputado economista. Mas é pouco, poucochinho. E faz lembrar a história daquela mãe que, orgulhosa, vê o filho a marchar com o passo trocado na parada militar e diz toda contente para a vizinha: «Só o meu João é que vai com o passo certo!» Nicolau Santos

Depois de avivarmos a memória do que escreveu o abominável, vemos que ele não se cansa de causar dano a outra pessoa ou grupo de pessoas, sem que disso resulte alguma vantagem para si, ou podendo até vir a sofrer um prejuízo (como ter sido levado atribunal pelos LGBT). O que mais magoa nas singelas linhas de JCN é nem sequer sermos considerados estúpidos sofisticados. Em chegando ao fim, já podem tirar a vírgula do título do post...

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