sexta-feira, janeiro 14, 2005

Começar de novo

Por quanto tempo vai o mundo manter-se à cabeceira dos povos que foram vítimas da colossal tragédia que se abateu sobre o Índico? Os precedentes não deixam alimentar grandes esperanças. Como lembrou em Jacarta Kofi Annan, os países ricos ficaram quase sempre muito aquém das suas promessas noutros momentos trágicos que afectaram outros povos. Dir-se-á que, desta vez, a dimensão da catástrofe é demasiado grande, levou o luto a demasiados países, incluindo os que são normalmente poupados a dramas desta natureza, para que possa manter-se na mira do mundo ainda por mais algum tempo. (...)

Mas, se estivermos apenas perante a má consciência dos ricos ou a rivalidade entre potências, muito depressa esta tremenda onda de solidariedade global deixará de existir. Apagadas nos televisores as imagens insuportáveis da tragédia, o mundo regressará aonde estava antes: dividido, indiferente, egoísta, incerto quanto ao futuro.

Provavelmente é isto que vai acontecer. Mas há também uma esperança, legítima, de que desta vez as coisas venham a ser diferentes. Ela fundamenta-se na identificação de milhões e milhões de pessoas com o sofrimento daquelas que foram vítimas do tsunami, com a emoção que existe em cada pequeno milagre de sobrevivência, com a dor de cada drama individual. A dimensão apocalíptica desta tragédia "igualou" a humanidade de uma forma rara. (...)

Talvez por isso, o historiador britânico Timothy Garton Ash perguntava nas páginas do "Guardian" se o drama da Ásia pode vir a revelar-se para a guerra à pobreza o que o 11 de Setembro foi para a guerra contra o terrorismo. (...)

Teresa de Sousa (leia o artigo completo do Público)

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