Ainda do Aborto

Ontem, mais estatísticas macabras relativas ao Aborto: 12% das mulheres afirma já ter abortado; 10% afirma que teve pelo menos um aborto espontâneo. Relativamente à primeira estatística já correu muita tinta, mas não é demais re-afirmar que a actual legislação em nada diminuiu este número, apenas fez com que em vez de ser feito em hospitais, o aborto é feito em sítios muito piores, muitas vezes sem médico, ou então, fora do país.

Mais interessante e reveladora é a segunda estatística: é que se há 10% de abortos espontâneos (o que é um número muito significativo), e se pelo menos 50% das mulheres que sofreram uma aborto espontâneo são católicas (e este número é bastante conservador), para onde é que vão os milhares de pequenos nados-mortos todos os anos?
Esta questão não é apenas um pequeno detalhe, já que o principal argumento dos auto-intitulados "pró-vida" é afirmar que o embrião já é um ser consciente logo após a fecundação do óvulo. A acreditarem nos seus próprios argumentos, então os nado-mortos espontâneos (os tais 10%) deveriam ser enterrados segundo os ritos fúnebres da Igreja Católica, já que são pessoas completas. Mas não é isso que acontece; eu nunca vi em nenhum cemitério pequenas campas de 10 ou 20 centímetros. Mais: na lei Portuguesa estes embriões nem sequer estão contemplados, pelo que com menos de 500 gr (acho eu), ninguém sabe o que é que se faz com os embriões. Pior: para as mulheres católicas, um nado-morto é uma vergonha que deve ser escondida de toda a sociedade...

Então afinal o embrião é vida, mas depois não é tratado condignamente quando há um aborto espontâneo? há por aí muita hipocrisia e falsidade. Há aqui uma enorme contradição entre o que dizem e o que praticam os "pró-vida", que deve ser urgentemente denunciada, a bem de todas as mulheres que fazem abortos em condições sub-humanas.


Manifestação em Londres no FSE