quarta-feira, maio 05, 2004

O pesadelo de Sharon I

Feroz na aposição às políticas extremistas de Ariel Sharon e duro nas críticas à continuidade das políticas de Iasser Arafat, Barghouthi vem chamando a atenção da comunidade internacional para o problema Palestiniano.
O movimento hoje liderado por ele quer, acima de tudo, a retirada das tropas de Israel e a restituição dos direitos dos palestinos. Mas luta, ao mesmo tempo, pela realização de eleições em todos os níveis. Promove, em pleno conflito, a discussão de políticas para a moradia, educação e saúde -- e sobre o tipo de governo que os palestinos querem construir. Para Barghouthi, o futuro do país e o modo como se deve posicionar no conflito com Israel são assuntos do povo palestino, hoje praticamente apartado das decisões políticas.

Outras Palavras

Enquanto Ariel Sharon ouvia na Casa Branca a declaração de apoio do Presidente Bush ao seu plano de desocupação, podíamos vê-lo inchar de triunfo.

De um só golpe, o Presidente havia varrido do mapa décadas de diplomacia norte-americana, todas as leis proibindo a aquisição de terras por conquista, e as numerosas resoluções da ONU relativas aos direitos dos refugiados palestinianos e à situação ilegal dos colonatos israelitas na Margem Ocidental.

No momento em que a comunidade internacional, e o mundo árabe em particular, engasgavam de horror frente à inédita e sísmica mudança política feita pelo presidente, Sharon vangloriava-se por realizar a ambição de toda uma vida.

O remate final procurado por ele para negociar o frágil processo de paz tinha sido enfim dado. O direito de retorno tinha sido revogado, e a condição dos maiores colonatos na Margem Ocidental, assegurada. A construção de seu muro poderia continuar a expropriar territórios e a destruir a possibilidade física de um Estado palestino, enquanto se assegurava ao presidente norte americano que se trata de uma medida temporária. As tropas poderiam ser movimentadas de Gaza mantendo o controlo total sobre os acessos aéreo, marítimo e terrestre da faixa, além de sua água, importações e electricidade. Era possível, resumindo, que fosse iniciada a escravidão final do povo palestino, toda ela sob o disfarce da legitimidade norte americana.

Mustafá Barghouthi (continua)

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