Possível causa para a brutalidade dos soldados de Tio Sam no Afeganistão, denunciada pela Human Rights Watch: como a URSS há 20 anos, Washington não controla o país que ocupo. Wilson Sobrinho
Com ou sem Osama e Omar capturados para que Bush possa apresentar mais um trunfo eleitoral, a realidade é que a situação no Afeganistão não é nada animadora. O presidente afegão Hamid Kazai chegou a decretar o fim dos Talibã, logo após a visita do secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, ao país, em final de fevereiro. "Eles desapareceram", disse Kazai, que conta com um exército de pouco mais de 5 mil soldados e sofreu uma taxa de deserção superior aos 20% no ano passado.
Mas fora de Cabul, o resto do país está completamente fracturado, com cada território entregue ao controle de líderes tribais -- os chamados "senhores da guerra", tão truculentos como os antigos os talibãs. Mais: o ópio começa a ressurgir. Proibido sob o regime talebã, 75% da produção mundial de heroína deve vir das cerca de 3,6 mil toneladas de ópio que o país pode produzir neste ano. Segundo a Time, 60% dos senhores da guerra lucram com os dois bilhões de dólares anuais produzido pelo tráfico.
Se o presidente do país não pode movimentar-se livremente, não podemos esperar que a população esteja livre, como gosta de afirmar a propaganda norte-americana. Mesmo que a burca e outros símbolos de opressão tenham caído, casamentos forçados, expropriação de terras e outros abusos que, nas palavras da Time, são "quase comparáveis aos cometidos pelo Talibã", prosperam na região.
No último domigo -- no mesmo dia em que os nove "suspeitos de colaborar com o Talibã" foram mortos -- a ONG Human Rights Watch, publicou um relatório de 59 páginas onde acusa os EUA de desrespeitar as leis internacionais, ao manter a ocupação. O documento acusa o exército de praticar torturas, usar força excessiva, promover detenções arbitrárias e manter pessoas presas por tempo indefinido.
Ex-detidos denunciam que teriam sido colocados nus, impedidos de dormir por semanas, espancados até a inconsciência, entre outras práticas desumanas e ilegais. Segundo o relatório, muitos dos casos envolvem civis que nada têm a ver com o regime Talibã, o que torna os abusos "indesculpáveis mesmo no contexto da guerra".
Resumido daqui.
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