Aumenta para 13.000 o número de pessoas desaparecidas na ditadura
Adital/Encuentro Popular/IPS
O Governo argentino notificou ao Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Bertrand Ramcharan, forncendo as novas estatísticas de desaparecidos durante o período da ditadura (1976-1983), que se aproximam de 13.000, pelos menos mais 4.000 do que o número conhecido até ao momento. A informação foi divulgada pelo subsecretário de Direitos Humanos, Rodolgo Mattarollo.
Segundo Mararollo, este novo cálculo integra as estatísticas e os depoimentos da Comisión Nacional de Sobre la Desaparición de Personas (Conadep), comissão investigadora criada no fim da ditadura. Também agrega informação de ONGs e dos Julgamentos pela Verdade que estão sendo realizados no país, acrescentando dados obtidos pela Secretaria de Direitos Humanos.
Em comemoração da jornada universal dos Direitos Humanos, Ramcharan presidiu um encontro internacional em Genebra com personalidades de todo o mundo, convidadas para se pronunciarem sobre a impunidade dos responsáveis pelos "desapareciemntos".
"Sob o mandato do presidente Néstor Kirchner, nossa secretaria aprofundou as investigações, principalmente no interior do país, e estamos recebendo novas denúncias de desaparecimentos vindas de conhecidos e familiares de vítimas da ditadura. Para isso, estamos percorrendo as cidades e organizando uma base de dados", falou o secretário.
Até o momento, a Conadep tinha contabilizados 8.234 desaparecimentos, ao que se acrescenta agora outras ocorrências constituídos e verificados pela Secretaria de Direitos Humanos, aumentando os casos para 12.986. A tarefa foi possível devido à importante contribuição dos depoimentos de 1.600 sobreviventes dos campos de concentração.
Com o novo índice, o país vai-se aproximando das estimativas antecipadas pelas ONGs de direitos humanos da Argentina que insistem em que houve 30.000 desaparecimentos no período da ditadura.
20 anos de democracia
Enquanto se revela o novo índice de desaparecidos durante a ditadura, a Argentina completou, nesta quarta-feira, 20 anos de vigência da democracia continuada. No país, segundo informa o IPS, a grande maioria dos cidadãos comemora, mas o aniversário encontra o sistema enfermo de vários males e com uma longa lista de tarefas pendentes.
"Estou orgulhosa de viver num país onde a democracia completa 20 anos. E parece-me que já não existe o risco dos militares voltarem. Mas também não estou satisfeita com o que temos. Ainda precisamos amadurecer muito", disse ao IPS a professora Nélida Colombo.
A referência a duas décadas ininterruptas de democracia tem sentido num país que passou boa parte do século XX sob a o pressão de ditaduras militares. Nestes 20 anos, a democracia resistiu a todo tipo de ameaças políticas, mas houve também terríveis sacudidas económicas e sociais: duas ondas de hiper-inflação, polémicas privatizações, um endividamento externo e o desemprego e a pobreza crescendo em proporções sem precedentes.
Em poucos anos, a pobreza passou a atingir de 30 a mais de 50% da população. O desemprego, que se mantinha em redor dos 6% no início do governo de Alfonsín, está agora em 16,4%. A dívida externa de 50.000 bilhões de dólares triplicou.
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