sexta-feira, setembro 26, 2003

Relatório de desenvolvimento humano 2003 (relatório das Nações Unidas): América Latina e Caraíbas

Uma década de estagnação

Os anos 90 foram uma década de estagnação para grande parte da América Latina, onde aproximadamente metade dos países viu a componente rendimento do Índice de Desenvolvimento Humano baixar ou estagnar. A região chegou ao fim desse período com uma taxa de pobreza mais elevada do que a de 1990.
• O crescimento lento comprometeu a capacidade de diversos países de superarem as crises económicas e políticas durante a década de 1990 e no início da de 2000 (Brasil, Argentina, Venezuela). Também prejudica os esforços em prol da consecução de muitos dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, como o de reduzir a fome para metade, que só serão alcançados cerca de 2020, se o ritmo dos avanços se mantiver.
• Dos 59 países identificados como países “prioritários”, quatro ficam situados na América Latina e nas Caraíbas.

A Única Região Determinada a Alcançar o Objectivo da Educação,
Caso se Mantenha a Tendência Actual


Estão ainda a ser feitos progressos muito importantes para realizar alguns Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. No domínio da educação, a América Latina é a única região que alcançará o Objectivo. Actualmente, apresenta a taxa de escolarização primária mais elevada de todas as regiões (é inclusivamente mais elevada do que a da Europa Central e Oriental e da CEI). Entre os países que obtiveram bons resultados na esfera da educação figuram os seguintes: Brasil, Colômbia, Barbados e Panamá.
• A América Latina já realizou o Objectivo de garantir a igualdade entre os sexos nas escolas.
• Todavia, em muitos países a proporção de crianças que atingem o quinto ano de escolaridade ainda é baixo

Uma Distribuição Assimétrica
Mas a riqueza está distribuída de uma forma assimétrica. No Brasil, os 10% mais ricos têm um rendimento 70 vezes superior ao dos 10% mais pobres. As diferenças entre as taxas de analfabetismo dos estados mais ricos do Sul e os estados mais pobres do Norte e do Nordeste acentuaram-se, a taxa de pobreza subiu efectivamente e o país, no seu conjunto, não alcançará provavelmente o Objectivo de reduzir para metade a pobreza até 2015. No México a desigualdade agravou-se, tendo os 10% mais ricos 35 vezes superiores aos dos 10% mais pobres. Os estados mais pobres ficam no Sul, por exemplo Chiapas, encontrando-se mais longe da fronteira com os Estados Unidos e, por isso, privados de oportunidades de comércio e de emprego.

Soluções
Esta região, tal como o Leste Asiático, não precisa de injecções maciças de ajuda, Com boas políticas, muitos dos problemas de desenvolvimento que a região enfrenta podem ser superados, mesmo no contexto de recursos muito limitados. Por exemplo, o Peru conseguiu progressos notáveis no domínio da redução da fome, a Bolívia no da redução da mortalidade de crianças, a Bolívia e o Equador no do melhoramento do saneamento. Os governos que tenham vontade de atribuir prioridade aos interesses dos pobres podem dar um contributo enorme para uma melhoria da situação. Além disso, as medidas tomadas pelos países ricos do Norte para abrirem os seus mercados à região, partilharem as suas tecnologias e para a redução da dívida dos países mais pobres terão uma importância fundamental.

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