quinta-feira, setembro 18, 2003

Hans Blix denuncia a Guerra contra o Iraque
LEMONDE.FR | 18.09.03 |

Segundo Hans Blix, Washington e Londres deveriam admitir que não havia armas de destruição maciça no Iraque.
O ex-responsável dos inspectores para o desarmamento da ONU, Hans Blix, criticou dia 18 de Setembro (5ª feira), na BBC, a guerra do Iraque e a atitude dos Americanos e dos Britânicos em relação à ameaça Iraquiana.
“Eu não acho que” a guerra do Iraque fosse justificada; os Americanos e os Britânicos “poderiam ter esperado e deixado continuar as inspecções por mais alguns meses. A paciência que agora eles pedem a todo o mundo [ainda não se encontraram armas nenhumas] nunca estiveram antes dispostos a tê-la quando estávamos nós a fazer inspecções, antes da guerra.

Segundo Hans Blix, Americanos e Britânicos “exageraram” na interpretação da informação a eles chegada: “eles estavam convencidos que Sadam” desenvolvia armas de Destruição maciça (ADM) e “creio que até pode ser compreensível, dado o passado deste homem”.
Washington e Londres deveriam admitir hoje que não havia ADM no Iraque: “Eles tiveram todo o tempo que queriam para interrogar as pessoas que já não estavam sob pressão, puderam ir a todo o lado, mas mesmo assim não encontraram nada”. “É por isso que me inclino cada vez mais para a inexistência de ditas armas; e penso também que Americanos e Britânicos já chegaram à mesma conclusão.”

Caça às bruxas

Blix comparou a guerra do Iraque a uma “calça às bruxas”. “Na idade média, quando as pessoas estavam convencidas que havia bruxas, procuravam-nas e encontravam-nas.” Blix disse ainda que EUA e Inglaterra auto-convenceram-se da certeza das suas suspeitas, fundamentadas nas “provas” que se revelaram mais tarde serem muito frágeis ou mesmo falsas, como foi o caso da compra do Urânio à Nigéria.
Blix considerou que o dossier contra o Iraque apresentado por Londres antes da Guerra “tinha conduzido o leitor a tirar conclusões muito para além” dos conteúdos reais do documento. Como a famosa menção dos 45 minutos [o tempo necessário para que Sadam nos atirasse com o arsenal todo encima], se lermos bem o texto, ficamos com a sensação de que o seu objectivo era conduzir o leitor a conclusões que vão muito para além do teor real do documento”
“De uma certa forma, o que aqui está em causa é a cultura do sensacionalismo. Nós sabemos que os publicitários vão de tal forma gabar um frigorífico que chegamos a um ponto em que deixamos de acreditar, mas sempre pensamos que os governos fossem mais sérios e mais credíveis”, disse o especialista sueco, que ultimamente têm-se desmultiplicado em declarações contra o processo que levou ao início do conflito.

Voltando à reunião do Concelho de Segurança de 7 de Março, antes da guerra do Iraque, o antigo diplomata considerou ter sido desprezado pelos Americanos e Britânicos: “A resposta deles, mais ou menos foi – Vocês são bons rapazes, mas não têm na mão toda a informação que nós temos”

Artigo traduzido daqui por PP

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