quinta-feira, setembro 18, 2003

Editorial do “Le Monde”
A prova "non superada" de Cancun
LE MONDE | 16.09.2003 |

A quinta cimeira da OMC falhou na tentativa de encontrar consenso entre todos os países membros relativamente a dois grandes eixos. O primeiro engloba os denominados “temas de Singapura” que interessam essencialmente aos países ricos (investimento estrangeiro, transparência dos mercados públicos, serviços públicos e facilitação das trocas comerciais) foram bloqueados pelos PMA (países menos avançados) e os mais mobilizados (Índia e Malásia).
Relativamente ao 2º eixo, a agricultura, os países ricos opuseram-se à determinação dos G21 conduzidos pela China, a Índia, o Brasil e a África do Sul, que exigiam à UE, aos EUA e ao Japão que pusessem termo aos imensos subsídios à agricultura (mais de mil milhões de euros por dia), que distorcem o mercado penalizando fortemente os agricultores do sul. A Europa parecia inclinada a fazer um esforço de compromisso propondo isolar os subsídios que inequivocamente prejudicam os países pobres. Mas acabou por recusar fixar uma data para a supressão dos ditos subsídios. A UE ficou desde esse momento refém da intransigência [justificada] dos países do Sul.
Nesta contrariedade, podemos encontrar uma razão para estarmos contentes: a capacidade cada vez maior dos países do sul de se organizarem para defender os seus interesses. A sua intervenção resoluta, que levou ao colapso da cimeira demonstra, paradoxalmente, que a OMC, longe de estar unilateralmente ao serviço do Norte e do Liberalismo, pode-se transformar num lugar de negociações a sério [e não apenas ao serviço dos poderosos], com a finalidade de regular o comércio mundial.

Artigo completo aqui
Traduzido e adaptado por PP

PS – Curiosamente, o resultado desta cimeira teve muito pouco impacto mundial, nem merecendo um editorialzinho depois do fim da conferência na imprensa nacional; porque será?

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