Outra CAP é possível IV
Algumas considerações pessoais acerca do artigo do Washington Post)
Ontem viam-se as manifestações contra a reforma da PAC, mas não pelas razões aqui expostas. Hoje CApoula dos Santos queixa-se de não haver quotas para a Baterraba ou para o Algodão. Claro que é sempre complicado dizer não a todas as pessoas que vivem da agricultura, seja em Portugal ou no resto da Europa.
O que me questiono é se uma política de investigação comum ou cultural comum ou de educação comum não teria muito mais vantagens para os Europeus; porque neste momento, mais de 50% dos dinheiros europeus vão para agricultura, que em última análise beneficia muito poucos e algumas enormes multinacionais como a Nestlé, criando paralelamente uma situação desastrosa em muitos países pobres seus vizinhos. Esta PAC de certeza que não é um bom exemplo da justa redistribuição da riqueza de todos nós, e quase de certeza que em nada contribui para um outro mundo mais justo e equitativo. E caro que é possível: gastemos o dinheiro da PAC nas nossa agricultura específica (raças autóctones, azeite, vinho, enchidos, cortiça, etc....) e com o que sobra, nivelemos o nosso país com os restantes países em áreas como a educação, a investigação, a segurança social, a cultura, os salários, etc. etc. etc.
Os EUA com os OGM e com outros proteccionismos (a recente história do aço) também tem efeitos profundamente nefastos nos países vizinhos, mas isso é outra história que não interessa muito ser contada pelo Washington Post....
Com este exemplo, é fácil perceber que os livres mercados só são realmente livres quando isso interessa aos poderosos. Quando não interessa, existem sempre outros mecanismos para manter as diferenças entre ricos e pobres, sejam elas medidas proteccionistas, monopólios, chantagem financeira, dívidas externas ou outras invenções. Quase que acredito que se a globalização não tivesse estes mecanismos perversos, mesmo com o sistema de livre mercado liberal, outro mundo seria possível!
PP
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