A flauta de tamborileiro
Textos e fotografias - Extraído e adaptado do livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses", de Ernesto de Oliveira e Benjamim Pereira, Gulbenkian, 2000, por Paulo Pereira.
Virgílio Cristal com Tamboril e flauta; como se pode observar, o tamborileiro toca com a mão esquerda a flauta, apenas com os três primeiros dedos, enquanto a mão direita acompanha a melodia percutindo no tamboril.
Contexto social e musical da flauta de tamborileiro
As flautas, entre nós, são, na maioria dos casos, instrumentos de passatempo individual, que o homem do campo, e sobretudo o pastor, toca, sozinho, nas suas horas vagas. Mas, mesmo onde assim sucede, vemo-las por vezes figurar ao lado de certos conjuntos — gaiteiros trasmontanos, Zés-pereiras, etc. —, que podem até ter carácter cerimonial.
O tamboril e flauta, tocados por uma só pessoa, num conjunto instrumental unitário e coerente, é, em Portugal, uma forma rara e pouco representativa, que existia em duas regiões (Trás-os Montes e Alentejo) mas persistindo nos dias de hoje apenas em Trás-os Montes (em St Aleixo da Restauração, Alentejo, ainda resiste um tocador).
Os tamborileiros trasmontanos e alentejanos, são um conjunto de uma certa importância, incluso no plano cerimonial, onde a flauta é o instrumento melódico e preponderante. Por exemplo, em certas aldeias de Miranda, o tamborileiro mirandês figurava (do mesmo modo que a Gaita de Foles) com funções cerimoniais nas celebrações e nas ocasiões de baile da gente nova, onde o seu “rugir” secundava ou substituía o toque dos gaiteiros.
O Tamborileiro Virgílio Augusto Cristal a tocar na Eira para um grupo de bailadores.
Hoje em dia, os tocadores existentes não são mais que uma mão cheia deles; em Nisa, no II encontro de tocadores, o número de tocadores de flauta de tamborileiro triplicou.....
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