terça-feira, julho 22, 2003

Já agora, um bocadinho de sangue.....

Uma das principais motivações para participar no FSP é a visão global que podemos ter dos problemas mundiais, Europeus ou Nacionais. Por isso, o lema dos Fora sociais é “um outro mundo é possível”. Neste contexto, e no seguimento do que já aqui disse acerca da Política Agrícola Comum faz-me confusão que todos os partidos, incluindo os que mais activamente participaram no FSP, o PS, o BE e o PCP, defendam mais quotas e mais subsídios e mais etc. etc. etc. Sabendo que esta PAC é profundamente injusta para os países vizinhos da Europa, sabendo que esta PAC é também injusta na Europa e que uma pequena fatia do bolo chegava para manter a maior parte dos agricultores num possível período de transição, porque é que todos os partidos defendem mais quotas? A reforma da PAC deveria ser total, mantendo o essencial para que tenhamos um desenvolvimento sustentado, apostando naquilo em que cada país é diferente (nós no vinho, no azeite, na pêra rocha, na ameixa de Elvas, em alguns queijos, no porco preto e na vaca mertolenga e barrosã, na cortiça e outros produtos da floresta, talvez no linho; nunca na beterraba sacarina, no algodão, no milho ou no trigo, pleeeassse!) e reconvertendo uma parte importante do bolo da PAC para outras áreas possíveis de política comum, como a educação, a investigação, a cultura, o emprego, a saúde, as prestações sociais etc. Desmultiplicando o dinheiro de todos nós em campos de acção que não afectem negativamente os países à volta da Europa e melhorando efectivamente a vida dos Europeus, na esperança de um dia nivelar países como Portugal com o resto dos países Europeus. Porque é que o BE e o PCP querem ainda mais quotas e alinham nesta PAC? Porque é que não têm uma proposta alternativa mais radical? Porque é que o PS só se preocupa com as quotas de leite e de beterraba? Será que não têm consciência que o proteccionismo Europeu ( e Americano) está a condenar à morte e à pobreza milhares e milhares de pessoas por esse mundo fora? Onde é que está a coerência de defender um outro mundo possível e na assembleia da república defender um dos mecanismos que mais promove as desigualdades no mundo? Fico à espera de respostas, na esperança de me iluminarem os neurónios (ainda estou para ver se o Ulisses ainda diz que obedecemos ao PCP ou ao BE). Fica o desafio para tentarem justificar as respectivas posições.

PP

PS – Isto lembra-me o Alqueva, onde também todos estão de acordo.........

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