terça-feira, julho 22, 2003

Carta aberta a Ulisses Garrido
Caro Ulisses,

Li a tua interessante entrevista no Publico .
Subscrevo muito do que nela dizes, e foi importante que tenhas dito algumas coisas que estavam por dizer .
Não tenho dúvidas nenhumas de que a CGTP fez um enorme esforço para que não acontecesse o que sucedeu. Que foi mau!
Tentaste ser Salomónico, e por isso, com esta salomização do forum social, afirmaste dois pontos em que não posso, de forma nenhuma, subscrever o que dizes:

1- A tua referência a de que uns eram controlados pelo PCP, e outros pelo BE.
Juro :) pela parte que nos toca, que a Opus gay não era ,nem por uns, nem por outros! Somos visceralmente desobedientes, e por isso, algo incómodos.
Foi, aliás, por isso que houve uma ruptura visível, em pleno FSP, pelos que nos queriam controlar, liderados pelo GTH-PSR, integrante do BE , ainda que maquilhado com as outras organizações glbt, quando viram que não o conseguiam.
Bem sei , que só uma andorinha , e gay, não faz a Primavera, mas, na verdade havia também um outro bando de andorinhas heteros , que não a conseguiram fazer, e esse foi o nosso erro, por inexperiência, e algum espanto com aquilo a que assistíamos, coisa que vamos seguramente, tentar emendar no processo de realização do próximo Fórum Social.
Assim, a ideia que deixaste na entrevista, foi muito redutora, como se só houvesse estas duas obediências, e tudo reduzido aos Partidos. E pergunto-te, então, algo provocatoriamente: a qual dos dois blocos a CGTP pertence? PCP ou BE?
Ou seria, no teu entender, a única organização independente de todo o FSP ?
E as outras, seriam "desventuradas" orfãs de pai e mãe, partidário?
Acho que o movimento social é mais do que isso, e quer sobretudo, sê-lo! E não duvido que haja, como se viu, quem o queira controlar, ou não queira que seja.

2 - O outro ponto em que não estou de acordo contigo, é na questão do Fórum Social como um evento datado, exclusivamente datado durante uns determinados dias. Acho que ele deve ir sendo pensado como movimento de movimentos, de acordo, aliás, com o espírito do Fórum Mundial. Portanto, deverá ser o culminar de uma série de acontecimentos descentralizados, sobre vários temas que devemos levar à discussão do país. Dar a voz a quem não a tem, deve ser a nossa preocupação. E marcar uma nova agenda politica.
Só assim surgem novas "personalidades que dêem a cara pelo FSP", de que muito precisamos, tal como dizes.

3 - Fico muito satisfeito por saber que a CGTP dá o sinal que se vai empenhar no próximo Fórum Social. Qual a estratégia também?
Não queremos que seja só, de novo, uma maratona de nomes para "brilharem" nas conferências, a ponto de se tirarem conferências quando não há nomes de consenso, ou inventarem nomes de conferências, para saírem com os nomes. Desmobiliza e desacredita! São os tais protagonismos que começam a ser insuportáveis, e nos são fatais!

Creio que devíamos re-discutir tudo isto, pondo o mais possível, os partidos simpaticamente no limbo, sem hostilizações anti.
Devemos, portanto, tod@s voltar à mesa de discussões, ainda antes de Setembro.
Pela parte que nos, e me toca, como glbt, ou sem glbt, à frente, estou interessado nisso.

AS

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