quinta-feira, junho 26, 2003

Nota musical II - (extraída da capa do Disco dos Telectu - só 'pra mostrar aí a algum pessoal que não é à toa que nos chamam elitistas iluminados vanguardistas) -
"Preliminares da Música mimética" (extractos)

"Hoje a música é plural. Novas tendências, linguagens, ideoletos, estilos, escolas, correntes, discursos. Assim as sistematizações musicais dogmáticas não interessam, interessa apenas a forma como são usadas. Todos os instrumentos acústicos têm uma morfologia estável. Ora os instrumentos eletrónicos têm um espectro-morfologia infinita. (...) Ao aceitarmos a classificação de música clássica temos de reconhecer a criação de vanguarda. (...) Mimese é imitação, representação, simulação, mas também inter-relação de isomorfismos. A mimese é a simulação de elementos de comunicação esquematizados e catalogados. (...) Na natureza a mimese é estruturação e simplificação de informações proxémicas. (...) A mimese na psicanálise de Jung é Imago, protótipo inconsciente, sobrevivência imaginária, esquema adequerido, um cliché (...) A dança é um isomorfismo ritualístico (...) já que mimetiza ritmos exteriores aos critérios de tempo musical. Na semiologia de Metz o cinema é uma transferência da realidade (...). A obra aberta é a comunicação estética como função sugestiva e referencial, como tal, mimesis; mas também a sua negação (..). A sinfonia 73, dita "a caça", de Haydn é uma mimese musical venatória. O "voo do moscardo" é um simulacro musical etológico. O mágico-ritual é, em música, representado por isomorfismos codificáveis. (..) A Música contemporânea improvisada consiste numa discursividade mímica de músicas escritas, superadas pela negação destas mesmas. Nas músicas Audio-tácteis, orais, como a africana ou o jazz, a aprendizagem é imitativa. "
E p'ra rematar:
"A música mimética não é portanto mais um compartimento da Música de Hoje, por ser mimesis ela transforma-se, representa, imagina, recria sobre discursos ou códigos musicais já instituídos, sem qualquer restrição semiótica que não seja de criar obras-simulacros, irremissivelmente díspares, mas morfologicamente afins. "
Os Telectu é muito á frente. Até ‘tava a conseguir seguir o fio à meada, mas aqui mais p'ró fim, os meus neurónios emaranharam-se todos, num semiótico nó cego, mimesis da cauda de um Marsupilami, isomórfico ele também de um protótipo inconsciente de informações irremissivelmente díspares mas paradoxalmentre proxémicas....

PP

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