BALANÇO DO 1º FSP FEITO PELA CPADA – II parte
A PREPARAÇÃO DO FÓRUM
A preparação de um evento deste cariz não foi, nem poderia ser fácil. A diversidade das organizações, a ainda ausência de relações de confiança entre elas e, sobretudo, a presença dos partidos políticos e organizações satélite na discussão, constituíam algumas fortes barreiras naturais ao exigente processo baseado em decisões por consenso. Felizmente, muitas organizações estavam já alertadas para a possibilidade de algumas manobras político-partidárias dentro do FSP, devido ao que se havia passado durante as mobilizações contra a guerra no Iraque, com a tentativa de apropriação de um movimento plural da sociedade civil por parte de um partido político.
Muitos activistas do FSP, principalmente os que participaram activamente nas reuniões do Grupo de Programa (o que incluiu a escolha dos conferencistas), viveram uma situação de grande desgaste. Estas reuniões constituíram autênticas provas de resistência. As críticas que surgiam raramente tinham o objectivo de construir soluções de consenso, antes tinham o objectivo de cansar aqueles que menos estão habituados a estes combates de gladiadores - os activistas dos genuínos movimentos sociais, muitos deles sem qualquer experiência político-partidária.
Em muitos casos, foi o cansaço e não o bom senso que determinou as soluções aprovadas. A percentagem de jovens conferencistas no FSP é um exemplo claro e vergonhoso do desprezo pelos critérios consensualizados que sempre tentámos defender. Estas discussões fizeram-se com prejuízo da vida profissional e privada dos activistas (que não são funcionários políticos) e, em definitivo, em prejuízo do próprio Fórum. As pessoas em vez de estarem a trabalhar para o alargamento e para a divulgação do Fórum, por exemplo, perdiam o tempo com falsas questões políticas. Muitos jovens tomaram consciência deste tipo de dificuldades e, pela sua militância, garantiram que o Fórum manifestasse a sua independência e autonomia face aos partidos, não se deixando manipular.
Este constituiu um aspecto da maior importância para a implantação e alargamento do Fórum na sociedade portuguesa.
Entretanto, à medida que a data do Fórum se aproximava tornava-se cada vez mais difícil chegar a consenso com o PCP e com o conjunto das organizações que lhe estão próximas. Na preparação da manifestação com que se encerrou o Fórum tentaram desligar a sua convocação deste, fazendo uma distinção entre o plenário das organizações e o plenário do Fórum. Saímos da preparação da manifestação sem conseguir um consenso: o PCP recusava-se a indicar em que lugar da manifestação se iria incorporar; não aceitou que se criasse uma comissão de manifestação; não aceitou manifestar-se sem as bandeiras do partido; não aceitou que a manifestação terminasse na "Festa da Diversidade".
Nesta sua posição contou com o apoio inestimável da União de Sindicatos de Lisboa, da CGTP, que, de resto, tinham estado mais ou menos ausentes da organização do Fórum. Horas e horas de discussão porque o PCP e os Sindicatos queriam que a palavra de ordem da manifestação fosse "Um outro Portugal é possível" em substituição do lema do Fórum "Um outro mundo é possível".
Devido à necessidade de chegar a consenso, cedemos, aceitando como palavra de ordem para a manifestação "Um outro mundo e um outro Portugal são possíveis ".
GBB
Sem comentários:
Enviar um comentário