COMUNICADO
CONJUNTO DAS ORGANIZAÇÕES MÉDICAS
A
situação na área da saúde tem conhecido uma preocupante e
dramática degradação nos últimos meses que está a limitar o
acesso aos cuidados de saúde a uma parte muito significativa da
população. O direito à protecção da saúde para todos os
portugueses está consagrado no artigo 64º da Constituição
Portuguesa e é dever de todos, e em particular dos nossos
governantes, defendê-lo e promovê-lo.
A
Saúde é, no nosso país, um exemplo marcante de capacidade de
desempenho de um serviço público ao ter atingido excelentes
indicadores que o colocam nos primeiros lugares a nível mundial. O
SNS, como instrumento de garantia do direito constitucional à saúde,
tem desempenhado um papel central na concretização da coesão
social e constituído um sólido pilar do Estado Social.
Os
médicos, ao longo de diversas décadas, têm apoiado a
universalidade dos cuidados de saúde e têm garantido um elevado
nível de exigência formativa que confere ao exercício da profissão
médica uma inquestionável qualidade técnico-científica,
reconhecida claramente no plano internacional.
A
política desenvolvida pelo atual Ministério da Saúde, com o
obsessivo pretexto da crise, tem generalizado os cortes sistemáticos
sem qualquer preocupação com a qualidade dos cuidados de saúde, e
consequentemente com elevado impacto negativo humano e social.
Embora
o Ministro da Saúde se desdobre em profusas declarações públicas
de suposto apego ao SNS, as medidas práticas em execução mostram
que os resultados vão todos no sentido da sua integral destruição.
A
mais recente medida do Ministério da Saúde, ao publicar um concurso
para entregar a empresas privadas as contratações de médicos dos
serviços públicos, para além de pretender destruir a contratação
colectiva e as carreiras médicas, visa eliminar também a qualidade
e a segurança da profissão médica e dos cuidados prestados.
Nos
últimos 5 meses, o Ministério da Saúde adoptou um comportamento
negocial deplorável e revelador de uma evidente falta de seriedade
política ao protelar a apresentação de propostas concretas,
enquanto preparava medidas de desarticulação e de destruição do
SNS e da qualidade assistencial.
Num
momento desta gravidade e com as medidas ministeriais em curso, a
Ordem dos Médicos, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a
Federação Nacional dos Médicos (FNAM) consideram que se tornou
inadiável desencadear um conjunto de medidas enérgicas em defesa do
SNS, do direito dos cidadãos à saúde e da qualidade da Medicina no
nosso país.
Assim,
vêm divulgar as seguintes medidas ontem decididas em reunião
conjunta:
-
Exigir o respeito pelo direito dos doentes a uma medicina qualificada
e cuidados médicos credenciados, defendendo a qualidade da formação
médica pré-graduada, pós-graduada e contínua.
-
Pelos direitos dos Doentes, pela Qualidade da Medicina portuguesa e
pela qualificação profissional médica, exigir a imediata anulação
do concurso ministerial de contratação de empresas privadas e a
implementação dos concursos legais de recrutamento dos médicos,
aplicando na prática a legislação sobre as Carreiras Médicas.
-
Desencadear contactos com o Movimento “Médicos Unidos”, com a
Associação Nacional dos Estudantes de Medicina (ANEM) e com outras
associações sectoriais médicas para colaborarem com esta
plataforma, numa perspectiva de ampla unidade dos médicos em defesa
do SNS e da qualidade dos cuidados médicos.
-
Desenvolver contactos imediatos com as várias organizações de
doentes e utentes dos serviços de saúde, com o objectivo de
articular acções na defesa do SNS.
-
Contactar as Centrais Sindicais para analisar as formas de cooperação
na defesa do SNS e da Contratação Colectiva.
-
Contestar pelas vias judiciais possíveis uma medida que viola os
direitos constitucionais da contratação colectiva, do acesso à
Função Pública e do direito ao trabalho.
-
Solicitar uma audiência ao Senhor Provedor de Justiça para apelar à
sua acção quanto ao pedido de inconstitucionalidade do citado
concurso.
-
Solicitar uma audiência ao Senhor Presidente da República.
-
Solicitar uma audiência à Comissão Parlamentar da Saúde.
-
Desencadear a muito curto prazo, a nível nacional e regional,
reuniões de médicos nos principais locais de trabalho com o
objectivo de proceder à mais ampla mobilização de esforços na
defesa dos objectivos reivindicativos definidos.
-
Efectuar 3 plenários regionais de médicos no Porto, em Coimbra e em
Lisboa em data a designar.
As
duas organizações sindicais médicas decidiram também convocar uma
Greve Nacional dos Médicos
para os dias 11 e 12 de Julho e face à qual a Ordem dos Médicos,
compreendendo e partilhando as preocupações dos Sindicatos Médicos,
não pode deixar de se solidarizar com esta e as outras medidas
decididas, certa que está que os interesses dos doentes estarão
sempre defendidos.
Lisboa,
6 de Junho de 2012
Federação
Nacional dos Médicos – FNAM
Ordem
dos Médicos – OM
Sindicato
Independente dos Médicos – SIM
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