Milhares de Pessoas manifestaram em Granada solidariedade ao povo saharaui
e protestaram contra a concessão de parceiro privilegiado a Marrocos
- Os manifestantes reclamaram que a UE não pode conceder o estatuto de avançado a um país que viola o Direito Internacional, ao ocupar o Sahara Ocidental, território que está pendente de descolonização; Que viola de forma sistemática os Direitos Humanos; Nem firmar acordos que envolvem a participação na espoliação e rapina dos recursos naturais de um território, cujo povo, ao fim de 34 anos de ocupação, espera ainda a oportunidade de exercer o seu direito de autodeterminação.
- A participação e intervenção da activista saharaui dos direitos Humanos Aminetu Haidar, que fez o seu primeiro aparecimento público num grande fórum internacional após a sua longa greve de fome no aeroporto de Lanzarote, que obrigou Marrocos a retroceder na sua intenção de a expulsar do Sahara Ocidental, impedi-la de regressar à sua cidade de El Aiun, à sua família e ao combate pelo respeito dos DH e da autodeterminação do território, foi um ponto alto da Conferência que precedeu a realização da Manifestação.
- Outro acontecimento importante e com enorme significado foi a presença durante os trabalhos da Conferência dos jornalistas marroquinos Ali Amar, Ali Lambert e do cartoonista Khalid Gueddar, recentemente impedidos de exercer a sua profissão em Marrocos ou que viram os seus jornais encerrados pelo regime e obrigados a exilarem-se, que quiseram também associar-se à denúncia das violações dos DH em Marrocos e à proibição de livre expressão no país.
- Uma delegação de cinquenta portugueses solidários com a causa saharaui esteve presente em Granada, assim como o deputado europeu da Esquerda Europeia, Miguel Portas. CGTP, FenProf, Juventude Socialista, e vários sindicatos e ONG portuguesas enviaram moções de solidariedade à conferência.
Milhares de pessoas manifestaram-se durante o fim-de-semana em Granada denunciando a concessão pela União Europeia de estatuto avançado a Marrocos, o que faz daquele país magrebino parceiro privilegiado da EU, em clara transgressão aos próprios princípios fundadores da EU relativamente a acordos com países terceiros: respeito pelo Direito Internacional e pelos Direitos Humanos.
Os manifestantes e muitas personalidades de toda a Europa que se concentraram em Granada para denunciar a Cimeira entre a União Europeia e o Reino de Marrocos apelaram à independência e liberdade do povo saharaui e ao fim da ocupação por parte do Reino de Marrocos do território daquela que foi a última colónia de Espanha no norte de África.
Sob o lema Sem Liberdade nem Direitos Humanos; Não ao estatuto com Marrocos!, os manifestantes percorreram um longo percurso no centro da cidade de Granada onde viriam a ser aprovados dois manifestos.
O porta-voz da Coordenadora Estatal de Associações Solidárias com o Sahara de Espanha, Francisco Guerrero, afirmou que a realização da Conferência Internacional e a manifestação foi a forma de dizer ao Governo Espanhol — que exerce neste semestre a presidência da União Europeia —, e à UE "que Marrocos não tem qualquer direito de estar no Sahara Ocidental", território que ocupa à revelia daquilo que é o Direito Internacional e os princípios da Carta das Nações Unidas.
Sob uma chuva contínua, os cerca de 10 mil manifestantes – cobriram as ruas de Granada de milhares de bandeiras da RASD (República Árabe Saharaui Democrática), agitando uma floresta de bandeirolas e panos com palavras-de-ordem a favor do direito à autodeterminação e independência do povo saharaui.
"O estatuto avançado acordado a Marrocos pela UE reforça a vergonha da Europa e constitui as maior das violações que podemos fazer aos direitos humanos", declarou Cayo Lara, o líder da Esquerda Unida, a terceira força política de Espanha.
"Usurpar a pátria, participar na espoliação dos seus bens e negar a vida aos Saharauis é a maior violação dos direitos do Homem que pode ser feita", acrescentou.
Por seu lado, Aminetu Haidar congratulou-se com a organização deste evento e a mensagem "muito forte" enviada pelos milhares de pessoas aos os governos espanhol e marroquino.
Notícia enviada pela
Associação de Amizade Portugal-Sahara Ocidental
08-03-2010
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