domingo, dezembro 20, 2009

Portugal: criada Plataforma Anticapitalista

Entre Abril e Julho deste ano, algumas organizações e pessoas encontraram-se em Lisboa para debater a situação do país, particularmente a que é vivida no quadro da crise mundial do capitalismo. O seu intuito foi procurar pontos comuns de análise da situação e discutir as condições para uma actuação política conjunta.

Os que participaram nos encontros não se iludem sobre a actual fraqueza da esquerda anticapitalista. E sabem que fraca continuará a ser se não forem encontradas formas de juntar forças na base de uma plataforma política mínima, comummente aceite.

Nesse sentido, a plataforma O capital que pague a crise, aprovada nos referidos encontros, representa um passo em frente. Ela permite, com efeito, dar a conhecer, de forma mais sistematizada e alargada, posições anticapitalistas de resposta à crise actual. E cria, portanto, condições para colocar a questão da resistência dos trabalhadores, não em termos de partilha de sacrifícios ou de medidas aceitáveis pelo patronato e pelo poder, mas em termos de luta pelos interesses de classe dos assalariados.

A Plataforma Anticapitalista em que as citadas organizações convergiram é uma base de colaboração aberta a demais grupos e pessoas. O seu ponto central é combater a pilhagem a que os trabalhadores e os pobres estão a ser sujeitos, dizendo-lhes que nada têm a esperar deste regime.

Publicamos aqui um comunicado sobre os Encontros e o texto da Plataforma Anticapitalista O capital que pague a crise, apelando aos nossos leitores para que os apoiem e divulguem.

O capital que pague a crise

Patronato, governo e partidos do poder fazem-nos crer que a recuperação da presente crise capitalista exige sacrifícios partilhados por todos.

Na verdade, são os trabalhadores assalariados que estão a suportar o grosso dos sacrifícios.

O ponto central da nossa posição é de que os trabalhadores devem rejeitar pagar os custos da crise – pela acção de massas, pelo apoio mútuo, pela solidariedade de classe (nacional e, sempre que possível, internacional).

Consideramos que a resposta à crise não está na habilidade das "soluções" propostas, mas na força posta no confronto de classes.

Para os trabalhadores, o resultado depende da resistência que opuserem às medidas aplicadas por governos e patrões, das exigências que colocarem, da energia que puserem na sua defesa.

A expressão que resume esta ideia é: «O capital que pague a crise».

As exigências concretas que pretendemos popularizar são as seguintes:

  1. Trabalho para todos
    - Ponto final nos despedimentos;
    - Proibição do lay-off;
    - Combate ao desemprego, ao subemprego e ao trabalho precário através da redução do horário de trabalho sem redução de salários.

  2. Combate à pobreza e à degradação do nível de vida
    - Aumento geral de salários e pensões, redução dos leques salariais;
    - Uso exclusivo dos dinheiros do Estado e da Segurança Social para apoio ao emprego e ao bem-estar dos trabalhadores. Nem mais um tostão para banqueiros e especuladores.

  3. Mais justiça social em vez de polícia
    - Apoio social aos bairros pobres e às populações imigrantes;
    - Julgamento e condenação dos especuladores e corruptos;
    - Fim dos privilégios (pensões, indemnizações, carros, etc.) dos administradores, políticos e patrões que cometeram fraudes.

  4. Pôr em minoria os partidos do capital
    - Contra a maioria absoluta, contra o bloco central;
    - Não votes nos partidos de quem te explora.

Colectivo de Comunistas Revolucionários
Colectivo Mudar de Vida
Colectivo Política Operária

5 Julho 2009

Mudar de Vida - Outubro 2009

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