Presa ao início da tarde da passada sexta-feira, no Aeroporto de El Aaiun, capital do Sahara Ocidental ocupado, quando descia do avião oriundo proveniente das Canárias, Aminetu Haidar foi detida durante horas pelas forças de segurança marroquinas após o que foi expulsa para Lanzarote, não sem que antes as forças policiais lhe tivessem apreendido passaporte, telemóvel e alguns dos seus pertences. Argumento das autoridades de ocupação: o facto da detida se recusar a declarar-se «marroquina» quando chegou ao aeroporto da sua cidade natal e onde reside junto com a sua família e os seus dois filhos.
Com esta declaração de coragem da sua nacionalidade saharaui e não marroquina, Aminetu quis, uma vez mais, reafirmar que o Sahara Ocidental é um território não autónomo pendente de descolonização que, embora ocupado pela força militar e policial do Reino de Marrocos, aguarda que a Comunidade Internacional aplique aquilo que dezenas de resoluções das e as Nações Unidas vêm consagrando há décadas: o efectivo exercício do direito à autodeterminação do povo do território da antiga colónia espanhola, que passa — tal como em Timor-Leste —, pela celebração de um referendo que inclua a independência entre as diferentes opções.
A Associação de Amizade Portugal –Sahara Ocidental:
- Vê com grande apreensão o incremento da repressão no Sahara Ocidental, de que a medida de expulsão contra Aminetu Haidar e a detenção em Outubro passado de sete activistas dos direitos humanos perpetrada pelas autoridades marroquinas é apenas uma pequena parte do sofrimento a que é sujeita a população saharaui no interior de um território onde não há liberdade de expressão e que está sujeito à mordaça do silêncio.
- Encara com forte preocupação o evoluir do estado de Aminetu Haidar, mulher de grande coragem mas de debilidade física evidente, que sofre de sérios problemas gástricos e de saúde em geral, herdados de tempos em que esteve sujeita a tortura, a «desaparecimento forçado» e anos de cárcere.
- Rejeita, incrédula e atónita, a posição do Governo de Espanha, que ao receber a cidadã saharaui em território espanhol sem passaporte e sem que fosse essa a sua vontade, mais parece desempenhar um papel de colaboração e cobertura logística à "guerra declarada" que o monarca alauita Mohamed VI claramente decretou na sua última alocução ao país contra quem ponha em questão a pretensa marroquinidade do Sahara Ocidental.
Lisboa, 17 de Novembro de 2009
Associação de Amizade Portugal – Sahara Ocidental
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