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Somos por este meio a comunicar que o nº 8 da revista electrónica O Comuneiro está já disponível em linha, no seu endereço habitual: www.ocomuneiro.com .
A crise geral do capitalismo vai cozendo em lume brando. O sistema vai-se sustentando inercialmente a si próprio, deslizando suavemente sobre o caos, porque no mundo não há qualquer exterior a ele. Para usar uma expressão popular portuguesa, o capital não tem onde cair morto. É ele próprio "too big to fail". Nestas últimas semanas, as bolsas até têm apresentado alguma recuperação e a CNN já apregoa "the way to recovery". Obama pegou no microfone e concita os seus fiéis ao optimismo. A cimeira do G-20 auto-proclamou-se um sucesso. Vem aí mais do mesmo FMI.
Mas não há recuperação possível para este capitalismo, tal como o conhecemos. O que o futuro nos reserva é algo de muito pior, dentro do mesmo declive a que nos conduziu o império do lucro. Ou será algo de radicalmente novo. Algo para o qual temos ainda que inventar o conceito e reunir o sujeito transformador.
Ecossocialismo é o conceito que nos propõe Michael Löwy, num ensaio seu já um tanto antigo, que não dá conta, por exemplo, de trabalhos e investigações mais recentes – de John Bellamy Foster e de Paul Burkett – a partir dos quais a questão passou a entender-se não tanto como sendo a de "esverdear Marx" ou elaborar uma boa síntese verde-vermelho, e muito mais como a de recuperar o genuíno verde original dos fundadores do marxismo. O movimento ecossocialista é já uma realidade política internacional vibrante, tendo recentemente publicado na 'Declaração de Belém' uma importante síntese de propósitos, que publicamos neste número de O Comuneiro.
Também em Belém, mas agora na própria Assembleia dos Movimentos Sociais do Fórum Social Mundial foi aprovado uma outra Declaração, que nos parece ser um claro avanço político em relação a outros documentos similares de eventos anteriores. Oxalá não nos enganemos. Para referência, publicamos também uma primeira tradução em português da 'Declaração de Bamako' (2006), que nos parece ser o documento político mais completo até hoje aprovado em qualquer instância do movimento alterglobalizador.
De Daniel Bensaïd e Olivier Besancenot publicamos 'Um plano de urgência para sair da crise', concebido claramente dentro de uma estratégia transicional anti-sistémica, com referência à realidade política europeia e ao Novo Partido Anticapitalista em gestação em França. Do nosso colaborador João Esteves da Silva publicamos uma reflexão própria sobre os direitos humanos e também a tradução de um ensaio de Jean-Claude Michéa sobre a mesma questão, recheados ambos de motivos de interesse e debate. De Ronaldo Fonseca publicamos um olhar sobre a actualidade e o método próprio da luta revolucionária anticapitalista mundial. Ângelo Novo noticia e reflecte sobre a brutal agressão perpetrada pelo Estado de Israel sobre o povo palestiniano de Gaza, enquanto Nadine Rosa-Rosso nos interroga sobre as razões de tanta hesitação, tergiversação e clamorosa recusa no apoio devido à resistência árabe (Hamas, Hezbollah) por parte da esquerda europeia.
Ângelo Novo
Ronaldo Fonseca
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