quinta-feira, março 16, 2006

Disparidades

Por cá, as OPAS e contra-OPAS deixam os da bolsa aos saltos, andando uns quantos felizes com o rumo dos acontecimentos. Se todos os Portugueses fossem accionistas, já se tinha acabado a crise, mas a realidade não é essa. A Bolsa e as suas especulações afecta poucos de nós (não sei a percentagem, mas diria que a quantidade de Portugueses a beneficiar da euforia da bolsa deve ser ínfima). Quer dizer, pelo menos afecta 3000 almas: é que um dos bancos, para "estimular" os accionistas, prometeu que a primeira medida a tomar seria despedir 3000 trabalhadores.

Entretanto em França, centenas de milhar de estudantes saem para a rua, para evitar a lei do primeiro emprego: esta nova invenção permite às empresas despedir empregados sem justa causa, se estes tiverem menos de 26 anos. Ao trabalho precário e à MacDonaldização dos empregos junta-se agora o terrorismo de estado, que defende que os trabalhadores, por serem jovens, são um bem dispensável, com poucos ou nenhuns direitos direitos. Por este caminho, os dias da escravidão não estão longe.

Se calhar já não há classes; o que há é accionistas, massa laboral tratada como peões sacrificáveis no tabuleiro da Bolsa, jovens tratados como cidadãos de segunda, salários de miséria nas grandes superfícies, muito carro de luxo. E entretanto os que especulam na bolsa, continuam a encher os bolsos. A crise, essa, lá continua, indiferente à bolsa e aos seus malabarismos.

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