quarta-feira, outubro 26, 2005

2ª feira_Lunes

Quem andou por outros países sabe que os nossos dias da semana têm nomes muito fora do comum, já que na maioria das línguas os dias da semana vêm dos nomes dos deuses pagões Romanos, como Marte, Mercúrio, Jupiter, etc, enquanto que nós temos a semana eclesiástica em todo o seu explendor: 2ª feira, 3ª feira, 4ª feira, 5ª feira, 6ª feira, Sábado e Domingo. Se derem um saltinho à Wikipedia ficarão a saber porquê. A culpa é de São Martinho de Dume, Bispo de Dume e de Braga, nascido na Panónia (Hungria) no Século VI, tendo-se revelado um dos principais instigadores do movimento monacal e da cristianização nesta região da Península (converteu à fé cristã o Reino dos Suevos).

(...) de facto, [São Martinho] considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado e Domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã; com efeito, mesmo o idioma mais aparentado com o português, o galego, manteve formas relacionadas com as latinas (Luns, Martes, Mércores, Xoves, Venres, Sábado e Domingo), ainda que fortemente influenciadas pelo castelhano.

Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, e a data de começo do ano (que para ele seria lá para a Primavera, nunca em Janeiro) mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje chamamos os ditos pelos seus nomes clássicos pagãos [vá lá, não chamamos a Marte 3ª Feira e à Lua 2ª feira; estamos cheios de sorte: imaginem o que era dizer que hoje está 2ª feira cheia e que o Domingo já vai alto] e festejamos o fim de ano em Dezembro [Martinho defendia que o começo de ano não fosse festejado com grandes comezainas, como era prática pagã, para que todos os dias do ano fossem tão fartos como o primeiro].




São Martinho de Dume e o Rei Suevo Miro

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, em arcaico Galego-Português acho que os dous sistemas ainda eram em uso, ainda que tenho visto em páginas que não há textos arcaicos com palavras como "l~ues", "joves" ou "venres", acho que sim é que há. Na Galiza essas formas perviveram por influência do espanhol. Em textos galegos do S. XIX ou empregavam a forma comum (-feira, mesmo com dialetalismos como corta-feira por quarta-feira), ou o nome do dia em espanhol (lunes, martes, miércoles...). Acho que isso de "luns", "martes", "mércores" é um "invento" linguístico dos isolacionistas tirado, precisamente, desses textos medievais.