(...) de facto, [São Martinho] considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies), donde os modernos dias em língua portuguesa (Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado e Domingo), caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã; com efeito, mesmo o idioma mais aparentado com o português, o galego, manteve formas relacionadas com as latinas (Luns, Martes, Mércores, Xoves, Venres, Sábado e Domingo), ainda que fortemente influenciadas pelo castelhano.
Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, e a data de começo do ano (que para ele seria lá para a Primavera, nunca em Janeiro) mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje chamamos os ditos pelos seus nomes clássicos pagãos [vá lá, não chamamos a Marte 3ª Feira e à Lua 2ª feira; estamos cheios de sorte: imaginem o que era dizer que hoje está 2ª feira cheia e que o Domingo já vai alto] e festejamos o fim de ano em Dezembro [Martinho defendia que o começo de ano não fosse festejado com grandes comezainas, como era prática pagã, para que todos os dias do ano fossem tão fartos como o primeiro].
São Martinho de Dume e o Rei Suevo Miro
1 comentário:
Olá, em arcaico Galego-Português acho que os dous sistemas ainda eram em uso, ainda que tenho visto em páginas que não há textos arcaicos com palavras como "l~ues", "joves" ou "venres", acho que sim é que há. Na Galiza essas formas perviveram por influência do espanhol. Em textos galegos do S. XIX ou empregavam a forma comum (-feira, mesmo com dialetalismos como corta-feira por quarta-feira), ou o nome do dia em espanhol (lunes, martes, miércoles...). Acho que isso de "luns", "martes", "mércores" é um "invento" linguístico dos isolacionistas tirado, precisamente, desses textos medievais.
Enviar um comentário