Dadas as circunstâncias de colapso anunciado do Estado português, e a evidência das responsabilidades políticas das classes dominantes em democracia, nomeadamente os beneficiários do sector de obras públicas e do sector financeiro, e dos respectivos consultores e governos, no uso dos incentivos à modernização, desde 1986 – antes disso era a instabilidade política e o FMI – as campanhas políticas de recuperação de imagem e de abandono das práticas até aqui consideradas democráticas emergem.
Uma das vertentes vai no sentido de dizer que o nosso atraso actual se deve às nacionalizações de 1975. Parece óbvio. Mas de facto merece ser um pouco melhor explicado, para não parecermos os governos pós-coloniais que se queixam do colonialismo para justificar as suas tendências cleptocráticas actuais. Qualquer explicação deve passar por saber os custos que o Estado encaixou – nomeadamente em reformas antecipadas e outras indemnizações – e pela apreciação dos resultados (parece que temos o sector financeiro dos mais modernos do mundo.
Outra vertente é menos ideológica e mais pragmática: o velho dividir para reinar. No caso, denegrir para prevenir reacções populares. Refiro-me à campanha de xenofobia e de promoção do racismo levada a cabo vergonhosamente pela maior parte da comunicação social no fim desta Primavera, através da inventona de um arrastão de praia. De facto, como se prova, a concentração da comunicação social nas mãos de pessoas e organizações comprometidas com o status quo, numa altura de necessidade de mudança radical, só pode ser perniciosa. Iremos, com certeza, assistir a mais episódios vergonhosos daqui para a frente: onde falte informação há-de sobrar imaginação “objectiva”, pois não!
Uma terceira vertente é o apelo ao colaboracionismo de classes, grupos profissionais, sindicatos, organizações de toda a espécie, cuja actividade normal irá ser estigmatizada – como se fossem eles os responsáveis pelas políticas “consensuais” desenvolvidas consistentemente durante os últimos vinte anos.
Uma quarta vertente será a manipulação, para efeitos domésticos, da crise europeia das políticas neo-liberais, que tudo indica se irá agudizar.
António Pedro Dores - 2005-06-22
Uma das vertentes vai no sentido de dizer que o nosso atraso actual se deve às nacionalizações de 1975. Parece óbvio. Mas de facto merece ser um pouco melhor explicado, para não parecermos os governos pós-coloniais que se queixam do colonialismo para justificar as suas tendências cleptocráticas actuais. Qualquer explicação deve passar por saber os custos que o Estado encaixou – nomeadamente em reformas antecipadas e outras indemnizações – e pela apreciação dos resultados (parece que temos o sector financeiro dos mais modernos do mundo.
Outra vertente é menos ideológica e mais pragmática: o velho dividir para reinar. No caso, denegrir para prevenir reacções populares. Refiro-me à campanha de xenofobia e de promoção do racismo levada a cabo vergonhosamente pela maior parte da comunicação social no fim desta Primavera, através da inventona de um arrastão de praia. De facto, como se prova, a concentração da comunicação social nas mãos de pessoas e organizações comprometidas com o status quo, numa altura de necessidade de mudança radical, só pode ser perniciosa. Iremos, com certeza, assistir a mais episódios vergonhosos daqui para a frente: onde falte informação há-de sobrar imaginação “objectiva”, pois não!
Uma terceira vertente é o apelo ao colaboracionismo de classes, grupos profissionais, sindicatos, organizações de toda a espécie, cuja actividade normal irá ser estigmatizada – como se fossem eles os responsáveis pelas políticas “consensuais” desenvolvidas consistentemente durante os últimos vinte anos.
Uma quarta vertente será a manipulação, para efeitos domésticos, da crise europeia das políticas neo-liberais, que tudo indica se irá agudizar.
António Pedro Dores - 2005-06-22
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