Que la pluma sea también una espada y que su filo corte el oscuro muro por el que habrá de colarse el mañana [Subcomandante Marcos]
segunda-feira, maio 30, 2005
A voz da Fátima e o Aborto
Pelo andar da carruagem pode prever–se (talvez!) que, dentro de alguns anos, os muros mais altos que separam as direitas das esquerdas políticas acabarão por se consolidarem na sede do Parlamento Europeu. Se assim chegar a ser, e as esquerdas prosseguirem no seu programa de acabar com todo o sofrimento no mundo, e sobretudo o sofrimento que na sua visão, e também no seu ódio, tem origem em convicções religiosas, vamos ter em todos os países e classes sociais, abortos aos milhões, e casamentos de homossexuais aos milhares. Os contentores de resíduos hospitalares vão transbordar de crianças mortas, muitas delas completamente formadas – no Reino Unido o aborto é permitido até às 24 semanas – e nos países mais pobres, mesmo da Europa, corpos esquartejados de bebés vão aparecer em lixeiras de toda a espécie, ao olhar horrorizado ou faminto de pessoas e de animais. Estou a recordar imagens que têm aparecido publicamente, e serão mais numerosas, à maneira que o aborto deixar de ser considerado crime. Até porque haverá sempre mulheres que não têm meios, ou não têm cara, para pedir a um estabelecimento que lhes esquarteje em pedaços o filho das suas entranhas. O aborto clandestino sempre acontecerá, porque ainda acontece nos países que o despenalizaram.
Quanto aos estabelecimentos públicos, onde tudo teoricamente se faz de graça, mas onde as listas de espera continuam a ser regra, até em urgências mais urgentes que acabam na morgue, novas repugnâncias, novas concorrências se vão então perfilar, e novas cunhas em favor de quem mais padrinhos tiver. As listas de operandos tenderão a alargar–se, as reclamações também.
Se do aborto passarmos à união de homossexuais, que as mesmas esquerdas estão a legalizar como casamento, e que o mesmo Parlamento de Estrasburgo amanhã poderá vir a impor a toda a Europa, o panorama não vai ser mais confortável para a nossa imaginação. Atendendo à militância aguerrida com que também este tema vem sendo orquestrado em todo o espaço europeu, é previsível que dentro de pouco tempo tenhamos visitas de Estado ao mais alto nível, em que uma rainha, talvez sem herdeiros, dará o braço a outra senhora com estatuto de esposa, ambas de malinha na mão, e o Presidente barbudo de uma grande República se fará maritalmente acompanhar de um outro cavalheiro, que pode ser (sem ironia!) o presidente do Parlamento, um antigo fotógrafo de um grande magazine, ou até o único marechal da República.
Mas estes casos emblemáticos e possíveis começam a aparecer como problema sério de sobrevivência civilizacional do nosso continente. Precisamente pela frequência com que situações tão estéreis provocarão a revolta do cidadão comum, que tem direito a viver em ambientes onde possa colaborar para o futuro da humanidade.
As mulheres abortistas vão ter acesso aos hospitais onde já faltam camas e serviços para as parturientes, para os doentes das urgências, e para os que estão meses ou anos à espera de serem operados? Então, por mais fortes que sejam os sentimentos de solidariedade para com os dramas alheios, esta gente vai revoltar–se, numa revolta potenciada ao máximo pela visão do sangue e dos escombros de tantos corpos inocentes atirados para as lixeiras, ou macabramente transformados em cremes de amaciar a pele das próprias mães. E esse pesadelo abrirá feridas muito mais profundas e insuportáveis do que as fissuras abertas pelos dramas das mulheres pobres que morrem em abortos clandestinos.
Os dramas são de evitar, mas quando se pretende resolver os dramas de uns à custa dos dramas de outros, torna–se inevitável comparar–lhes as razões e a amplidão. Então, talvez já tarde, dar–nos–emos conta de que, não podendo evitar todos os sofrimentos, há que ter dó antes de mais dos inocentes assassinados sem chegarem ao menos a ver a luz do sol, e dos cidadãos dos dois sexos que se unem para dar à luz os filhos necessários à sobrevivência da humanidade.
Morrerá a Europa actual? É capaz de morrer. Mas, a julgar pelas palavras finais do Segredo de Fátima, há–de haver convertidos, e não só entre os imigrantes, atentos às feridas da alma europeia, hão–de colmatar as brechas e fazer a opção pela vida e pelo futuro. Não sem sofrimento. Mas só com o sofrimento necessário.
P. Luciano Guerra, no editorial da "Voz da Fátima" de 13 de Maio (tiragem: 118.000 exemplares)
O jornal chegou via Maria João. Para a coisa ter mais impacto, foi no dia 13 de Maio que saiu este editorial. Mistura de catolocismo profundo, anti-progressismo, homofobia, conservadorismo e muita mentira, para garantir que os peregrinos não se enganem na cruzinha quando houver um novo referendo. Pior que isto só a mentira propagada a partir do vaticano de que os preservativos já vêm furados de propósito para que as pessoas fiquem contaminadas com SIDA. Na América Latina, Filipinas e África esta mentira vingou, e a Igreja jura a pés juntos que é verdade.
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