sábado, maio 14, 2005

CACAU DEMASIADO AMARGO II



Liberalização e Pobreza

A Costa do Marfim era, nos anos 60, um exemplo de vitalidade e desenvolvimento, baseado num sistema público bastante forte que permitia algum estabilidade e bem-estar aos produtores e trabalhadores agrícolas. As condições em que se comercializava o cacau - incluindo o preço do quilo - eram regulados por um organismo nacional (CAISTAB) que garantia alguma justiça, riqueza e dignidade aos produtores.

Nas décadas de 70 e 80, em troco de algum apoio financeiro, a Costa do Marfim cedeu à pressão do Banco Mundial e do FMI para desmantelar as instâncias públicas de regulação e liberalizar o mercado do cacau e do café (70% da economia nacional), deixando-os à mercê das leis da oferta e da procura. Em poucos anos, o preço do cacau pago aos produtores diminuiu para metade. A instabilidade crónica e a competição selvagem devastam agora o sector.

Entre 1988 e 1995, apesar de a produção e exportação de cacau na Costa Marfim ter aumentado quase para o dobro, o país mergulhou numa profunda crise económica, sendo que o produto interno bruto estagnou e a pobreza duplicou (em 1988 afectava 17% da população, em 1995, 37%). Os serviços de educação e saúde degradaram-se significativamente, a dívida pública aumentou em flecha e a guerrilha tornou-se uma constante (fonte: ILRF).

O comércio justo (CJ), através da Rede Europeia de Lojas do Mundo (NEWS) lança em 14 de Maio de 2005 uma campanha europeia, que até 2007 denunciará esta situação e apela à acção das populações e dos governantes europeus. Além disso, desenvolve um sistema comercial alternativo de diversos produtos - como o cacau - em que os produtores, organizados em cooperativas, têm condições de vida dignas e estáveis, acesso a saúde e educação – e não empregam crianças.

Colabore com este movimento: utilize produtos de comércio justo; divulgue-o em sua casa e no local de trabalho.

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