Na "batalha do volfrâmio", época de contrabandos e candongas, essas imagens de "dedos recheados de anéis, fatos de senhor da cidade, contando aventuras de olhos esbugalhados" e de mineiros aburguesado derretendo os ganhos a comprar chita por seda, correm a par de outro mundo que o volfro não desnorteou, o de milhares de trabalhadores e mineiros, ex-lavradores e jornaleiros, morrendo novos com o mal do pó ou atabafados do tufo, estropiados nos desastres frequentes pela ânsia do ganho e míngua de cuidados, entalados entre pensões de miséria e negaças dos seguros, comendo na mina "pão e faca". Mundo pouco visível como outros, mobilizadores de tecnoculturas e terminologias importadas, as quais relevando de saberes técnicos e formalizados iriam ser reapropriados e objecto de misceginação com práticas e saberes leigos.
Maria Otília Pereira Lage (Nas memórias do Volfrâmio um sociolecto luso-galaico)
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